Who You Are

Capítulo 31 – Uma acusação revoltante

Já que estamos falando de confirmar informações, o que tem a declarar sobre o fato de estar usando sua privacidade como desculpa para não ser ligado a um casal de lésbicas para o público em geral por vergonha ou medo de se assumir? – foi o que disse o repórter desconhecido fazendo meus pés pregarem no chão e um sentimento de raiva e revolta se apossar de mim.

Me obriguei a respirar fundo para me controlar ao notar que minhas mães haviam sido atingidas por sentimentos provavelmente parecidos com os meus. Alex se levantou tão rápido que sua cadeira, além de fazer aquele som irritante ao se arrastar pelo chão, caiu com um barulho estrondoso. Só não foi mais chamativo porque ao mesmo tempo Erika se levantou acertando as duas mãos fechadas em punhos na mesa.

– Eu espero não ter compreendido corretamente a sua pergunta – falei antes que uma das minhas mães avançasse sobre o repórter e me virei o mais lentamente possível enquanto me controlava para não ser eu a fazê-lo.

– Não precisa ter entendido, nem certo nem errado – Tia Melissa falou alto com sua raiva transparecendo em sua voz claramente – As perguntas já se encerraram, todos podem se retirar.

– Então vai continuar fugindo disso? – falou o tal repórter que finalmente identifiquei ao fundo do salão, era um rapaz magro com um gravador erguido a altura de seu peito se pronunciou me encarando.

Melissa, Alex e Erika estavam para reagir da forma mais explosiva possível. Eu provavelmente estava para reagir de forma similar, um tanto menos contida, mas outra voz surgiu preenchendo o salão e fazendo o foco de todos os jornalistas se virarem para o canto onde meus amigos tinham estado assistindo.

– Você teve algum problema em se assumir? – Jill perguntou e todos os olhos, inclusive os meus, se viraram para ela – Porque, realmente, é comum que isso aconteça trazendo diversos tipos de problemas. O que não é comum é você desejar tão fortemente que todos tenham os mesmos que você. É bem egoísta da sua parte exigir que todos passem por dificuldades em se assumir aos pais só porque você passou por isso.

Um silêncio pareceu congelar o ambiente e as pessoas ali, o repórter estava encarando minha amiga com olhos arregalados e assustados. Ele parecia não saber como reagir ao que ela falava, na verdade, ninguém parecia saber como reagir a fala dela. Voltei a encarar o rapaz e o resto dos jornalistas e respirei fundo, tanto para me acalmar quanto para me recuperar da surpresa com a fala de Jill. Mas, antes que eu pudesse pensar em algo para dizer, vi James se levantar.

– Mas, se quer mesmo uma informação de uma fonte confiável – meu amigo começou a falar cruzando os braços sobre o peito com uma expressão séria – Pode ouvir a mim que sou amigo do Arthur desde que tinha 6 anos. Aquele cara ali – disse apontando pra mim com o indicador esquerdo – É uma das pessoas mais corajosas que eu já conheci na vida. E se tem algo de que eu tenho certeza absoluta é que ele nunca, jamais, por motivo algum, teria vergonha de ser quem é ou de estar com quem quer estar. Se qualquer um aqui conhecesse 1% do que eu sei dele perceberiam o quão estúpidas são essas coisas que vieram aqui perguntar hoje quando poderiam questionar assuntos muito mais relevantes além de mentiras pobres e sem nenhuma sustentação.

– Mas pelo que acabou de acontecer, não é surpresa alguma que ele tenha passado a vida toda longe disso tudo – Jill voltou a falar parando ao lado de James e encarando os repórteres – Olha só pra esse circo que vocês montaram? A bagunça que fizeram na vida dele só nesses poucos dias. Quem é que iria querer isso pra si mesmo? Ele fugir de vocês e das suas câmeras inconvenientes era além de lógico, muito previsível. E ainda assim vocês veem aqui supondo motivos idiotas pra algo que está mais do que na cara.

– Qualquer um fugiria dessa perseguição de vocês – James voltou a falar – Mas Arthur nunca fugiria de quem ele é. Por isso estamos todos aqui hoje.

Novamente o silêncio, mas eu não conseguia me impedir de sorrir, principalmente quando vi todos os meus outros amigos se levantarem e se posicionarem junto de James e Jill; todos acenando positivamente e concordando com as falas dos dois. Dos meus lados minhas mães tinham sorrisos orgulhosos e surpresos e senti Erika colocar uma mão sobre meu ombro. Diminui meu sorriso e respirei fundo me virando para os repórteres boquiabertos que não sabiam nem para onde olhar.

– Eu não tenho vergonha de nada na minha vida – disse me voltando aos repórteres – Principalmente das pessoas incríveis e maravilhosas que me criaram e me deram todo o amor que alguém poderia receber. Se eu for homossexual também não terei vergonha disso, porque não é nenhum motivo para se envergonhar e, pelo que vi nos últimos dias, vocês com certeza descobririam isso bem rápido. Então não se preocupem com esse furo de reportagem por enquanto. E eu sei que não vou conseguir mais fugir de vocês, mas espero que não se tornem um incômodo na minha vida e, principalmente, na vida de quem está a minha volta. Porque essa situação eu não irei permitir e mesmo que não existam maneiras de impedi-los de me seguirem a cada passo que eu der, ainda posso faze-los se arrependerem disso.

Assim que terminei de falar Tia Melissa fez sinal aos seguranças que começaram a colocar os repórteres para fora do salão. Eu sorri para minhas mães e me virei indo na direção dos meus amigos. James foi o que alcancei primeiro e sua mão esquerda se colocou sobre meu ombro, no meu passo seguinte Jill me alcançou colocando sua mão direita não meu pescoço e eu coloquei minhas mãos nas cinturas dos dois enquanto nos puxávamos para um abraço que se tornou um abraço em grupo logo em seguida.

Respirei aliviado pela primeira vez desde que tudo aquilo havia começado na minha vida. A mão de Jill apertava minha nuca me passando segurança enquanto que o braço de James, que havia envolvido meus ombros, me trazia uma sensação de conforto que particularmente eu só encontrava no meu melhor amigo. O resto do meu pequeno grupo nos envolveu e, em pouco tempo, senti os cheiros das minhas mães quando elas se aproximaram pelas minhas costas e abraçaram aquele pequeno monte de corpos. Nunca me senti tão ‘em casa’ quanto naquele momento. Depois daquilo todos fomos para minha casa onde resolvemos fazer uma noite de pizzas e nos organizamos, de forma nada bem organizada, para preparar a comida nós mesmos e encerrarmos a noite com cada um indo para sua casa com as barrigas cheias e mais tranquilos do que começamos o dia.

O resto daquela semana se passou o mais arrastado que era possível. O empenho dos repórteres em falar comigo diminuiu consideravelmente e as entradas da escola não tiveram mais problemas, mas sempre havia uma câmera ou uma lente apontada para mim quando saia de perto da minha casa. Tentei não me incomodar com isso, mesmo que realmente me incomodasse, e seguimos as nossas vidas da forma como estávamos acostumados. Haviam sempre pessoas que se aproximavam para fazer perguntas, algumas ingênuas e tímidas e outras absurdas que eu simplesmente ignorava.

Meus amigos estavam sempre comigo, mesmo que não todos ao mesmo tempo. Sempre tinha um deles comigo, Jill e James eram os que menos ficavam longe, mesmo que ele tivesse seus treinos e ela tivesse que trabalhar. Nesse meio tempo Carlos aceitou que minha mãe e eu fossemos até a casa dele conversar com seus pais sobre a proposta que Erika havia lhe feito naquela tarde na Academia. Minha mãe parecia realmente animada com isso e disposta a ajudar meu amigo.

Ficou combinado que na sexta a noite, quando seu pai chegasse em casa do trabalho, iriamos até lá para ter essa conversa. Carlos não falou muito naquela sexta durante as poucas vezes em que conversamos, mas eu mantive uma discreta conversa com Lillian por mensagens a respeito da reunião entre os pais deles e minha mãe. Segundo ela o irmão estava nervoso, muito nervoso, e ansioso, mas tentava a todo custo disfarçar isso. Mas ela disse também que ele estava com pouca confiança na resposta dos pais e, de certa forma, ela sentia que ele não tinha esperanças de algum dia conseguir seguir por esse caminho dos esportes.

De toda forma, só saberíamos o que ocorreria a seguir após aquela noite e não valia de muita coisa ficar nos martirizando por um não que ainda era uma suposição. Foi com esse pensamento que fui para casa após as aulas para esperar a hora de ir com Erika até a casa dos Garcia. Esperaria com paciência pelo resultado dessa séria conversa.

 

N/A: Acharam que eu não chegaria a tempo é??? Kkkkkk Pois eu cheguei.

Pessoinhas, eu sinto muito que o capítulo esteja pequeno, mas não consegui fazê-lo maior, mas eu vou recompensar vocês ok? Confiem kkkkk Eu tardo, mas não falho =P

Mas espero que tenham gostado desse capítulo porque eu adorei as últimas cenas desses momentos tão difíceis.

Bjs pessoinhas e até o próximo

;]



Notas:



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