– Então você é realmente filho de duas famosas – falou Frederick que ainda estava no chão, a expressão surpresa continuava em seu rosto.
Depois do desmaio de Louis nós rimos muito, mas quando ele acordou as perguntas se sobrepuseram e ninguém entendeu nada. Quem pediu calma foi Erika e logo depois ela e Alex se sentaram em outra poltrona. Alex no braço do móvel se deixando recostar sobre Erika e tendo sua cintura abraçada. As duas estavam sorrindo e pareciam se divertir muito com a cena dos meus amigos confusos fazendo dezenas de perguntas ao mesmo tempo e parecendo receosos de se aproximarem delas.
Eu sabia que no fundo elas se culpavam por eu ter poucos amigos. Sentiam-se mal porque, durante toda minha vida, tive apenas James e sempre fiquei receoso em me aproximar de outras pessoas. Podia ver que elas estavam felizes com a quantidade de pessoas que estavam naquela sala. Pessoas nas quais eu confiava e que eu não estava disposto a perder por conta de uma insegurança inicial minha. Eu precisava admitir a mim mesmo que nunca havia esperado algo assim, mas estava contente que as coisas correram da forma que foram. Era bom ter amigos.
Com os ânimos um pouco mais calmos eles se ajeitaram novamente. Apenas Jill se levantou e se sentou no chão também, mas perto de mim porque era a única sem perguntas e parecia estar se divertindo tanto quanto minhas mães com aquela situação. Louis recuperou-se e era o que mais estava ansioso com tudo aquilo, não parava de olhar em direção a Alex e cobrir a boca com as mãos enquanto seus olhos permaneciam arregalados.
– Sim, Frederick – concordei e eles tentaram olhar para mim, mas ficavam sempre desviando os olhares para as duas – Vocês podem pedir autógrafos e abraços se quiserem – falei e no segundo seguinte todos eles estavam se levantando ao mesmo tempo e se atrapalhando uns com os outros ao tentarem ir até as duas ao mesmo tempo.
– Acho que eles precisam fazer uma fila – falou Jill rindo deles o que causou gargalhadas em minhas mães.
Elas se levantaram e Alex disse ter uma boa ideia. Pediu para todos esperarem e subiu as escadas correndo. Enquanto isso Carlos e Lillian se aproximavam de Erika e receberam um abraço cada um, os outros também fizeram um círculo em volta dela soltando perguntas sobre as lutas, os treinamentos e tudo o mais sobre o mundo do UFC. Logo depois Alex voltou e tinha nas mãos alguns encartes. Eram folhetos distribuídos geralmente nos M&G dos shows que ela deixava assinado para serem entregues para alguns eventos especiais.
Ela veio também com duas canetas e então Erika e ela se sentaram no chão, próximo à mesa de centro da sala, e começaram a autografar os folhetos deixando dedicatórias na parte de trás. Eles se sentaram em volta delas pedindo dedicatórias especiais e as duas fizeram questão de atender a todos os pedidos. Cada um sairia dali com um dos folhetos que poderiam exibir a quem quisessem. E eu sabia que cada um deles guardaria aquilo com muito carinho. Só depois de terminarem e de todos ganharem seus abraços foi que eles se acalmaram e voltaram a sentar. Minhas mães decidiram ficar no chão mesmo, Alex com as costas contra a poltrona onde estavam antes e Erika sentada entre suas pernas.
– Eu tenho que dizer que compreendo porque manteve em segredo sobre quem eram suas mães – falou Georgia me encarando, mas dividindo a atenção com os autógrafos que tinha nas mãos – Mas porque nos falar agora? – ela quis saber e pareceu realmente curiosa.
– Bom – comecei e acabei olhando para Jill, ela me encorajou com um aceno de cabeça e eu respirei fundo antes de começar a explicar o que havia acontecido ontem – Não sei se todos sabem exatamente o que aconteceu ontem. O ponto é que eu fui a delegacia prestar queixa sobre Mattheus, o que ele fez além de errado é um crime e não vou permitir que ele continue agindo dessa forma com outras pessoas. Mas para sair da delegacia e realmente registrar o acontecido, por ser menor de idade, eu precisava da presença delas. Não sei quando, mas tenho certeza de que não vai demorar, os jornais e revistas vão começar a falar disso. Será impossível esconder quem são minhas mães. Haverá fotos nossas e especulações sobre o que elas faziam numa delegacia. Não vai demorar para descobrirem que eu sou filho delas e logo fotos minhas vão começar a surgir também – falei um tanto desanimado, odiava o fato da mídia ter que se meter na vida das pessoas – Eu já pretendia contar a vocês. Durante esses meses em que convivemos eu passei a confiar em todos vocês. Me aceitaram por quem eu realmente sou e me conhecem de verdade. Eu já pretendia contar, mas com tudo isso decidi que tinha que fazer logo. Não queria que vocês ficassem sabendo sobre minhas mães pelas revistas e reportagens. Queria ser eu a dizer quem sou e mostrar a vocês que não escondi por não acreditar que realmente fossem meus amigos.
– Ele sabe desde quando? – perguntou Carlos apontando para James que estava sentado mais longe deles.
– Arthur e eu somos amigos desde o jardim de infância – meu melhor amigo disse dando de ombros, mas mantendo seus braços cruzados – Somos melhores amigos desde os 6, 7 anos. Eu sempre soube. E pra deixar claro, ele confia em vocês, mas eu ainda não. Se alguém fizer ou falar alguma besteira que prejudique ele ou tia Alex e tia Erika podem ter certeza de que vão sofrer as consequências pelas minhas mãos.
– Ninguém vai fazer nada disso – falou Lillian séria e encarando meu melhor amigo – Não faríamos nunca. Nem antes quando ele começou a ficar com a gente e muito menos agora depois do que ele fez por nós ontem – ela completou me encarando e dando um sorriso.
– Ele ser filho de Erika Anderson só vai aumentar o respeito que eu tenho pelo Arthur – disse Carlos me encarando – Ele é um cara excepcional. Fez por nós coisas que ninguém nunca faria.
– Pois nós teremos que fazer o mesmo agora – disse a voz de Jill soando mais alto que todos os murmúrios de concordância – Os abutres da mídia vão cair em cima dele como se o Arthur fosse um nada. Cada um querendo uma informação nova e que os faça vender mais. Não me surpreenderá nada que eles falem mentiras só para terem fama.
– Eu tenho que lembra-los também que, se continuarem próximos a mim vão acabar se tornando um alvo deles também – falei encolhendo os ombros.
O que eu menos queria era a vida dos meus amigos sendo atrapalhada pelos repórteres e fotógrafos. Tinha que deixá-los cientes de que isso aconteceria se eles continuassem junto a mim. Por um tempo eles se entreolharam, pareciam absorver aquela informação. Vi que estavam realmente se dando conta das complicações que toda aquela situação poderia trazer. Com certeza não era algo com o que eles estivessem preparados para lidar. Provavelmente não era algo com que eles estariam dispostos a lidar. Mas me surpreendi quando o primeiro deles se pronunciou.
– Se fosse eu – começou Louis olhando para o chão entre seus pés – Se fosse eu a sofrer com algum boato ou alguém falando mentiras sobre mim ou até mesmo com algum grupo me dizendo coisas ruins ou me incomodando e ameaçando. Eu tenho certeza de que você ainda continuaria do meu lado como meu amigo – ele continuou e ergueu o olhar para mim – Você ainda iria estar lá por mim. Seria uma das únicas pessoas a enfrentar os outros por mim. Para me defender. E sei também que você faria o mesmo por qualquer um de nós.
– Louis está completamente certo – concordou Georgia.
– Você nunca desistiria de nós nem deixaria nada nem ninguém nos colocar par abaixo – afirmou Lillian com um sorriso orgulhoso.
– Você nunca nos abandonaria – quem falou dessa vez foi Carlos.
– Posso dizer por todos nós, sem medo de estar errada – falou Jill me fazendo olhar para o outro lado, onde ela estava – Nenhum de nós vai abandonar você, Arthur. Somos e continuaremos sendo seus amigos independente de qualquer coisa.
Eu não sabia o que dizer. Estava emocionado, mas completamente sem reação. Talvez devesse estar igual minhas mães que disfarçadamente limpavam algumas lágrimas depois das frases dos meus amigos. Ou como James que tinha um sorriso orgulhoso no rosto, mas eu só conseguia encarar cada um deles em surpresa e admiração. Eu definitivamente não esperava que eles escolhessem ficar do meu lado assim, mas me aquecia o peito saber que eles estavam dispostos a me apoiar.
Jill foi a primeira a se mover depois de eu ficar encarando-os por vários segundos. Ela se aproximou de mim e me abraçou apertado demonstrando que estava ali por mim. Eu envolvi a cintura dela com meus braços e me deixei ser abraçado colocando meu rosto no pescoço dela. Logo depois todos os outros se levantaram para me abraçar no que virou um enorme abraço em grupo. E eu nunca estive tão feliz em ter aberto minha vida para alguém quanto estava naquele momento.