– Aconteceu uma vez na sua vida e você era jovem. Dependia de seu pai. E não foi por você se deixar levar e sim, por seu pai ser um homem intolerante. Ele, sim tem problemas sérios!
– Não, Olívia. No dia em que tive o colapso, foi quando meu pai falou que mandou me vigiar. Fez fotos comigo e com Leonor. – Retesei meu corpo diante do que ela me falava. – Eu tinha marcado com ela para poder desabafar, falar com alguém. Eu tinha feito amor com você e estava perdida… confusa. Precisava falar. Ele ameaça constantemente contar para minha filha e…
– E acha que Pepa deixaria de amar você?
– Meu pai deixou de me amar, não deixou? – Ela começou a se agitar. Desprendeu-se de meus braços, virando de costas. – Ele passou a me odiar. Ele me odeia, Olívia!
– Calma, Eva! Calma. Desculpa. O que falo para você é a minha forma de enxergar. Não é para você ficar nervosa. – Aproximei-me e a abracei novamente. Senti seu corpo retesar sob meu abraço. – Não vamos discutir. – Falei baixo em seu ouvido. – Vamos resolver tudo aos poucos.
– Eu não posso nem ter um relacionamento com você, mesmo que fosse às escondidas, Olívia. Ele arma, ele vem atrás…
– Shii… Calma.
Ela tremia e deixou que lágrimas viessem sem controle. Outra vez me via presa na angústia de Eva.
“Que homem odioso!”
Eu pensava, enquanto trazia Eva para recostar no meu peito e acariciar suas costas, num afago confortador. Ela foi se acalmando aos poucos e cessando o choro. Após um tempo, puxei seu rosto para olha-la e secar suas lágrimas. Ela pareceu envergonhada e virou o rosto de lado.
– Tudo bem. – Eva falou. – Desculpa. Às vezes ainda me descontrolo, mas estou… estou caminhando aos poucos para melhorar.
– Vem. Deita um pouco. – Puxei-a para a cama. – Vou pegar minhas coisas e levar para o quarto de hóspedes, enquanto dorme um pouco.
– Não!
– Não?
Perguntei não entendendo o que ela queria dizer com aquilo.
– Fica aqui comigo um pouco.
-Tem certeza?
Indaguei hesitante e Eva meneou a cabeça, afirmativamente. Recostou-se no travesseiro e me puxou para deitar a seu lado.
– Às vezes fico insegura e, quando penso em tudo, acabo exacerbando esses sentimentos que me engoliram esses últimos dias. Me desculpa se assustei você. – Ela falava com o rosto ainda crispado.
Passei a mão sobre seu cabelo e vi seu semblante abrandar. Recostei minha cabeça ao lado da dela.
– Você não precisa se desculpar. Pode não parecer, mas entendo o que você sente. Bom, pelo menos acho que alcanço um pouco. Acredito que se eu tivesse ficado na casa de meu avô, passaria por coisas similares as suas. A verdade é que meu avô me fez um favor me colocando para fora de casa. Apesar da dor, pude traçar minha vida com o apoio de minha mãe.
– Pepa está sendo mais forte do que eu…
– Ela não passou o que você passou. Você a protegeu dele.
Eva sorriu.
– Pelo menos eu tentei. Não queria que ela sofresse com ele. – Eva sorriu, mais uma vez, porém seu sorriso tinha um vislumbre de satisfação. – Ela disse que ele não pode fazer nada sem o consentimento dela. Ele fez uma grande burrada dando plenos poderes à Pepa. Ela tem personalidade…
Eu ri junto com Eva. Sorri da alegria dela ao entender que fez um bom trabalho na educação da filha.
– Pepa é fruto de sua educação e de sua personalidade, Eva. Você a amou e a criou com carinho, na contramão do que estaria delineado. Você poderia ter odiado sua filha e não o fez.
– Quando penso que cheguei a odiá-la nos dois primeiros meses de gravidez, me arrependo tanto…
– Normal. Ela não foi fruto de um amor.
– Eu pensei em abortar. Quase fiz. Não estou fazendo apologia a nada e, acho que a mulher tem o direito de decidir e escolher sobre o que quer. Eu escolhi ficar com ela.
Ela sorriu. Estávamos deitadas de lado, uma de frente para a outra. Eu não sei o que me deu. Eu estava me transformando numa mulher “molenga”. Uma emoção preencheu meu peito. Algo que não conseguia definir.
– Obrigada. – Falei.
– Pelo quê? – Perguntou intrigada.
– Por se abrir comigo… por confiar em mim.
Ela sorriu e tocou meu rosto.
– Eu que devia agradecer. Você, depois de Pepa, é a pessoa em que mais… – Ela suspirou, interrompendo a sua fala.
– Mmm. Interessante insinuação. – Mexi com ela, abrindo um sorriso. – Seria a pessoa que mais confia? Ou a pessoa que mais quer por perto? – Ela gargalhou como há tempos não via. Continuei a brincar. – Ou seria a pessoa que mais faz suas vontades?
Ela deu um tapa em meu braço e ouvi outra risada. Coloquei a mão no meu queixo olhando para cima, dissimulando estar pensativa.
– Seria a pessoa que você mais quer para esquentar seu jantar?
Meu rosto assumiu um jeito travesso e continuei a elaborar frases para diverti-la.
– Ou seria a pessoa que…
– … que mais quero para ficar ao meu lado.
Quando ela falou, eu congelei. Olhei para ela num misto de choque e felicidade. Estava paralisada e as palavras ecoavam no meu cérebro e me aqueciam. Não sabia o que falar. Ela mirou meus lábios e se aproximou aos poucos. Hesitava e eu fiquei estática. Queria muito beijar aqueles lábios que me encantava, que me prendiam e me enchiam de amor, mas não sabia se podia. Não queria vê-la se debatendo com as bestas que povoavam a sua mente.
Ela pousou seus lábios de leve. Era quase uma lufada de brisa, tão suave, que mal percebi quando se afastou, no entanto, foi poderoso. Preencheu minha alma de forma tão pungente, quanto bela. Uma centelha, transformando minhas dúvidas em esperança. Abri meus olhos que nem havia percebido que fechara. Ela me olhava, sorrindo.
– O que eu faço com você, Olívia?
– Por quê? – Perguntei tolamente.
– Porque quando eu penso que não posso ficar com você e lhe encontro, sinto uma esperança e uma força incontrolável.
Ela se lançou sobre mim, arrebatando meus lábios num beijo urgente. Eu tinha medo dela enlouquecer depois. Medo de seus receios e de sua depressão, pelo estado que a vida lhe impôs, mas não tinha forças para deter. Eu a queria tanto… O fato de saber que eu era importante para ela, me fez querê-la mais. Querer que ela visse a sua vida por outro prisma. Ver a vida pelos olhos do meu amor.
Segurei-a delicada, passeando minhas mãos pelo corpo estirado sobre o meu. Recebi sua saliva doce em minha boca e deixei que ela satisfizesse seus anseios da forma que lhe aprouvesse. Eu era segura do que sentia e do que queria com ela, porém ela teria que estar segura do que queria comigo e de mim.
– Ah, droga, Olívia! Eu não consigo ficar longe do seu toque. – Eva falou entre nossos lábios, voltando a arrebatar minha boca. – Faz amor comigo.
– Não, Eva. Não faz isso…
Eu não queria que ela surtasse, mas ela invadia minha boca impaciente, enfraquecendo minhas barreiras.
– Tem certeza? – Perguntei com medo do que poderia vir depois.
– Não, mas eu quero muito e não me importo se tiver que passar horas falando com minha terapeuta. Quero suas mãos me tocando. Eu preciso…
Ela continuava me beijando e deslizando seu corpo sobre o meu. O ritmo que ela imprimia começava a me descontrolar. Segurei sua cintura, enquanto beijava sua boca. Apoiei um de meus pés no tornozelo dela, e a virei de uma só vez me colocando por cima e entremeando minhas pernas nas dela, a imobilizando. Ela riu.
– Isso não é justo. – Falou, percebendo que eu a prendia e não deixava que ela se movesse. – Não vale aplicar suas técnicas numa hora dessas, para me prender.
Eu ri a olhando diretamente.
– E por que não? Pode ser muito interessante, sabia? – Impliquei com ela.
– Interessante para quem? – O sorriso permanecia em seus lábios.
– Para nós duas.
Sorri e logo depois, fiquei séria.
– Eva, eu quero que você fique bem.
– Eu vou ficar bem. Mas vou ficar melhor ainda se você me amar.
Desisti de convencê-la. Aliás, eu queria ser convencida a não parar.
Segui com meu rosto até o pescoço de Eva. Comecei a espalhar beijos por toda a extensão, enquanto passava um de meus braços por baixo do dela, imobilizando. Aos poucos fui me movendo, no mesmo tempo que acariciava seu corpo com a minha boca e a outra mão. Prendi também uma de suas pernas entre as minhas. Ela era minha. Eva não se moveria se eu não permitisse. A mão livre desceu pelo abdômen que eu amava, segurando a barra da blusa. Suspendi-a, deixando seu dorso e seios amostra.
Adorava a tez, o gosto e o perfume da pele de Eva. Meus sentidos aguçavam na medida que escutava os pequenos gemidos que ela começava a emitir. Desci minha mão sob cós da calça de algodão, tateando o ventre sedoso. Os pelos curtos que meus dedos encontraram, davam a noção de que estava próxima ao meu objetivo. Deslizei mais um pouco, enquanto minha boca encontrava alento no bico do seio, intumescido pelo contato de minha língua que burilava o pequeno cume.
Eva se contorceu, gemendo mais forte. Vi seu rosto se transformar em prazer e a respiração acelerar, quando minha mão alcançou as dobras molhadas. Respondi com um gemido também forte, alegre por vê-la reagir tão prontamente ao meu toque. Ela tentou se mover. Imobilizei-a. Tinha-a segura entre minhas pernas, numa “chave”. Cinzelei o clitóris com meus dedos e, novamente, travei os movimentos de Eva, que tentava se soltar de meu agarro.
– Olívia!
Ela me chamou com a voz afetada. Quando a olhei, soltei-a imediatamente e galguei o espaço ao lado dela, abraçando-a. Seus olhos estavam ejetados, o semblante assustado e ela respirava com dificuldade. Doeu muito ao vê-la com medo.
– Desculpa, meu amor! – Falei apressada e preocupada. – Era uma brincadeira. Não pretendia te assustar.
A respiração dela voltava ao normal, aos poucos. Ela me abraçou e deixou que eu acariciasse o rosto alvo.
– Não. Eu é que peço desculpas. De repente, me vi presa e comecei a ficar agoniada, não sei por que…
Segurei sua cabeça, trazendo-a para perto de meu peito, que contraía numa aflição sem tamanho. Sofri ao ver que tinha feito algo que a magoou, ou machucou.
– Ei! – Ela chamou minha atenção. – Não foi nada. Está passando…
– Eu te machuquei. Desculpa… Desculpa.
– Tudo bem. Eu me agoniei, apenas isso. Só acho que essa brincadeira não vai acontecer entre a gente. – Riu. – Não achei bom, “isso”, de ficar presa.
– Se não é bom para você, não é gostoso para mim também. Acredita em mim?
Falei preocupada que ela pensasse que eu pudesse fazer algo contra a vontade dela. Poderia fazer milhões de coisas na cama, mas nunca contra a vontade de alguém.
– Acredito.
Beijei seus lábios. Ela moveu sua mão para acariciar meu pescoço e seguiu até a nuca, pousando-a ali, num carinho tranquilo. Olhou minha face reparando em detalhes. Puxou minha cabeça para outro beijo, descendo a mão para um de meus seios, fazendo-o eriçar de imediato. As mãos de Eva me enfeitiçavam, como uma bruxa que, em um simples bater de dedos, captura sua presa. Meu corpo reagiu, eriçando dos pés à cabeça.
Segurei sua cintura, trazendo-a para cima de mim. Enfiei minhas mãos sob a blusa dela, tateando a pele quente de seu tronco. Alisei as costas, descendo até chegar ao quadril e as alojei sobre os glúteos empinados. Apertei-os com gana. “Ah!” O gemido que aflorou da garganta de Eva, era seguido pelo gesto de ajustar a pelve sobre a minha, apertando para firmar o contato entre nossos sexos. “Issss”!” Puxei o ar entre meus dentes, na tentativa de malograr a dor aguda que senti em meu ventre. Impossível resistir a vontade de senti-la outra vez.
Enfiei minha mão entre nossos corpos e no afã, não consegui entrar dentro de sua calça, resvalando por cima do tecido e apertando sua intimidade. Ela afastou as pernas encaixando em uma de minhas coxas, pressionando seu sexo de encontro a minha mão. “Mais forte, Olívia”. A voz arfante, chegava a mim num tom de urgência. Mexi minha mão cadenciada, sentindo o calor que emanava das dobras e o fino tecido começava a permear a umidade, molhando meus dedos através dele. “Ai, Eva! Quero sentir você, toda!” Empurrei o quadril, para me dar espaço de forma a colocar minha mão por dentro da calça. Naquele momento, tirar a roupa dela, poderia ser uma eternidade para que eu a tivesse.
Deslizei minha mão e encontrei a minha felicidade entre as coxas dela. Esfreguei meus dedos sobre o clitóris, arrancando mais sons vindos de Eva. “isssss, Olívia… Entra! Bota em mim”! O quadril de Eva bamboleava em minha mão, apertando o sexo cada vez mais, de encontro à ela. Entrei com meu dedo, sentindo as paredes de Eva dilatarem. Retirei acrescentando mais dois. Ela mordeu o lábio contendo um urro, cerrou os olhos e deixou escapar o ar que prendera, por momentos, nos pulmões. Eu amava ver seu rosto, enquanto fazíamos amor. Todas as preocupações ficavam de fora. Não havia nada mais importante do que nós.
Eu quase não conseguia mexer meus dedos, pela limitação da calça, mas ela o fazia. Movimentava a pelve sobre mim e eu enlouquecia, assistindo ela extrair prazer deles. Meu ventre contraía a cada gemido, cada movimento, gesto em que ela executava e colhia de mim o que podia doar para o nosso prazer. Quando ela veio à borda, regando meus dedos, segurei sua cabeça e trouxe para um beijo, sorvendo o amor e o desespero, por acreditar que não a teria em tão breve tempo.
Ela se deixou cair sobre mim, saboreando minha boca em meio aos espasmos que atravessavam seu corpo. Me retirei de dentro, passando meus braços em torno dela, num abraço apertado. Ela se desprendeu de minha boca, relaxou sobre mim, inspirando forte em meu pescoço e exalando em seguida. Eu sorri satisfeita de vê-la tão à vontade, aninhada em mim.
– Tudo bem?
Perguntei sem muita preocupação, pois ela acariciava meus cabelos, displicente, com o rosto ainda escondido em meu pescoço. Ela sempre se escondia depois do gozo e eu queria sempre ver como a fisionomia dela ficava.
– Não. – Retesei meu corpo, achando que ela entraria em alguma paranoia qualquer. – Ainda não senti seu gosto. Então não está tudo bem, ainda. Mas vai ficar.
Falou, enquanto levantava a cabeça para me olhar, sorrindo, beijando brevemente meus lábios.
– Que brincadeira mais boba, essa sua… – Respondi, sentindo meu coração acelerado.
Eva elevou seu corpo, encaixando-se em meu quadril. Me observava calada, com um leve sorriso.
– Eu adoro te ver nua.
Dizendo isso, segurou a barra de minha blusa, puxando para me despir. Segurei suas mãos, impedindo-a e sorri, sacana.
– O que eu ganho se deixar que você me veja nua? – Brinquei.
Ela se debruçou sobre mim, segurando o lóbulo de minha orelha em seus lábios, libando com a língua molhada. Depois, sussurrou em meu ouvido:
– Você ganha minha língua em seu sexo e eu, o seu gozo em minha boca. O que acha? Você quer?
“Caralho! Ou melhor, nada de caralho!” Pensei. Em que brincadeira eu fui me meter com ela. Eva não sabia o que havia feito, falando daquele jeito! Não fui nem um pouco romântica depois. Me desprendi dela, retirando minha blusa sem sutilezas. Ela riu com gosto. Se ajoelhou na cama, observando, enquanto me despia.
De repente, eu estava toda nua e ajoelhada em frente para ela. O sorriso dela foi se desfazendo e seu rosto assumiu uma expressão de apetite, como quando alguém que tem fome e vê uma mesa repleta de iguarias. Ela me fazia sentir desejada. Segurei seu rosto e ela juntou seu corpo ao meu, me beijando e tocando meus seios. Peguei a barra de sua blusa e suspendi. Ela elevou os braços para que eu retirasse. Desprendemos os lábios, por segundos, apenas para eliminar a peça e voltamos a selar num forte beijo. Ela desceu sua boca por meu queixo, pescoço e, depois, abarcou um de meus seios me empurrando para que me deitasse, outra vez. Me perdi na suavidade dos lábios dela, que amava todo meu corpo, descendo por meu ventre e roubando meu fôlego.
Sentia suas carícias em todas as partes. Ela não mentiu para mim. A língua pincelava meu clitóris, enquanto seus dedos brincavam dentro de mim. Mal conseguia respirar, tamanho desejo que crescia a cada movimento de sua boca ou de seus dedos. Retirou-os para escorregar sua língua até a minha entrada. Se satisfez como queria. Lambeu minhas coxas e tornou a varrer toda extensão de meu sexo, voltando a se colocar dentro de mim com os dedos e a pincelar meu bulbo com a ponta da língua. Contrai meu ventre sentindo molhar a mão dela. Eva sugou forte e eu a afastei, não suportando a agonia do gozo. Ela se colocou a meu lado me abraçando, como eu havia feito com ela.
Suspirou forte e eu, finalmente, sai da minha inércia e a olhei, acariciando o braço que me envolvia. Ela fechou os olhos apreciando o carinho e, por fim, beijou minha cabeça e me encarou, com um pequeno sorriso.