Marcela retornou para a sala encontrando Carmem ainda na janela. Aproximou-se perguntando carinhosa.
– Devo mandar servir o nosso jantar?
– Sim, por favor.
– Giana?
Chamou e a criada surgiu na hora.
– Pode servir o jantar, por favor.
Enquanto caminhava para a mesa com ela, Carmem comentou:
– Giana parece sempre um fantasma surgindo assim do nada.
– É só impressão sua.
Respondeu aproximando-se de Carmem.
– Sentiu saudades minhas?
– Imagine.
Carmem sorriu surpresa fugindo dos olhos dela por um segundo. Fugiu só o tempo para esconder suas emoções. Voltou a fitá-la em seguida ao ouvir a pergunta feita num tom ansioso.
– O que é que te perturba tanto?
– Nada, que ideia! Por que sempre acha que algo me perturba?
Inquiriu sustentando lhe os olhos segura.
– Porque normalmente sinto você incomodada com alguma coisa.
– Por acaso agora você acertou, incomodou-me o fato da minha mãe julgar que estou agindo como uma prostituta. Ela perguntou-me se você me paga. Tenho sempre que ter mais paciência do que tenho.
– Se ela me conhecesse saberia que isto não é verdade. Nunca te tratei desta forma. Ou será que tratei?
– Agora não importa.
Respondeu puxando a cadeira.
Sentadas, ficaram observando Giana servindo a mesa. Quando ela saiu, Carmem provou um dos suculentos camarões que lhe deram água na boca.
– Está do seu gosto?
Carmem ergueu os olhos brilhantes encarando-a com um sorriso.
– Certamente! Adoro camarão.
– Eu também.
Voltou a comer tentando ignorá-la. Estava sempre tentando ignorá-la. Fazia isto porque sofria o dia todo desejando estar nos braços dela. Temia parecer óbvia demais. Não queria que Marcela soubesse da intensidade do seu desejo, muito embora não o fizesse questão de disfarça-lo na intimidade.
– Tia Telma tem mesmo um grande amor. Foi se encontrar com ela agora.
– Ela?
– Sim. Ela também é lésbica, não fazia ideia?
– Não. Sou lésbica desde que me entendo por gente, mas não sou especialista em perceber quem é lésbica e quem não é. Até que se prove o contrário, todo mundo para mim é à primeira vista heterossexual. Tirando aqueles rapazes muito animados e os travestis, porque eles são óbvios demais.
– É um raciocínio seguro.
Marcela admitiu pegando um camarão sem deixar de fitá-la.
– Não é da minha natureza julgar as pessoas tão rapidamente.
Segurando o camarão pela cauda, Marcela o mergulhou ao molho. Levou-o à boca num movimento tão sensual que Carmem desviou os olhos soltando um suspiro.
– Ah.
– Algum problema?
Marcela perguntou pousando os olhos curiosos sobre ela.
– Oh, nada.
Respondeu sem conseguir encará-la.
– Eu adoro está nossa intimidade. Estamos aqui jantando e mal posso esperar a hora em que estarei entre suas pernas, te fazendo gozar intensamente.
Desta vez Carmem ergueu os olhos paralisando. Sentiu as coxas sendo inundadas. Engoliu em seco depositando o garfo sobre a mesa. Pegou o guardanapo comentando aparentemente controlada.
– Sei que diz essas coisas para me fazer perder o controle.
– Não exatamente.
– Podíamos jantar simplesmente. O que acha?
– Você como sempre tentando se controlar, isto não é bom.
Marcela pegou outro camarão mergulhando novamente no molho. Levou-o à boca mordendo e sugando com os olhos fixos nela. Carmem gemeu sem se conter.
– Aiiii…
– Não imagina o que estou pensando?
– Lógico que não.
– Pois eu te conto.
Sorriu resvalando os olhos pelo colo dela lentamente.
– Imagino minha língua descendo pelo seu corpo até chegar à sua buceta. Primeiro percorro suavemente sua carne macia. Depois vou bebendo cada gotinha preciosa do seu gozo como se estivesse em um deserto. Quero brincar no seu clitóris até senti-la explodindo enlouquecida.
– Eu… Eu não aguento isto…
Não conseguiu terminar de falar. Marcela afastou a cadeira se aproximando rapidamente. Virou-a para si, erguendo o vestido de Carmem afastando as pernas dela. Carmem desceu as mãos segurando lhe o rosto assustada.
– Não, por favor… Giana pode aparecer e…
– Ela só aparecerá se eu a chamar.
Marcela estava com os olhos brilhando tamanho o desejo que sentia. Suas mãos começaram a acariciar as coxas firmes de Carmem. Com delicadeza tirou a calcinha escorregando-a lentamente pelas pernas. Puxou o corpo de Carmem mais para a beirada da cadeira mergulhando a boca na buceta encharcado. Passou a língua ao longo dela por alguns instantes. Então afastou o rosto procurando os olhos de Carmem sem esconder seu prazer.
– Eu sabia que você estava assim, chamando por mim. Temos que começar a vencer estes obstáculos. Quando é que vai se habituar a sentir prazer sem precisar correr para a cama? Estamos juntas há seis meses, Carmem. Você precisa descartar a vergonha, a timidez, tudo.
Carmem pensou que estavam juntas há seis meses e ainda assim não se beijavam.
Marcela voltou a percorrer a língua lentamente pela buceta. Fez a língua ir e vir várias vezes. Parou começando a chupá-la enlouquecida. Carmem estava com o corpo jogado para trás. As pernas completamente abertas quando a língua passou a brincar no clitóris cada vez mais rápida. Soube quando o orgasmo chegou que nunca tinha gozado tão intensamente como naquele instante. Não em uma situação incomum como aquela.
– Aaaaaaaaiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii…
Marcela ajoelhou-se à sua frente com um sorriso confiante. Segurou o rosto de Carmem perguntando com a voz arrastada.
– Agora diga o que quer fazer comigo.
Carmem achou que nunca conseguiria pronunciar aquelas palavras. Mas abriu a boca falando com toda a vontade do seu ser.
– Eu quero te comer e você sabe muito bem disto.
Marcela sorriu soltando o rosto dela enquanto se erguia.
– Uma coisa é certa Carmem, se não me comer eu como você. Vamos para a cama. O jantar…
Sorriu olhando a mesa por um segundo.
– Fica para mais tarde se tivermos fome. Venha!
No quarto, Carmem arrancou o vestido enquanto Marcela se livrava de suas roupas.
Caíram juntas na cama. Carmem cobriu-a com seu corpo enquanto a mão desceu em busca dela. Tentou beijá-la na boca, mas Marcela evitou virando o rosto mergulhando a boca no pescoço dela. Começou a chupar o pescoço completamente fora de si. Carmem entrava e saía da buceta tão louca quanto ela. Suas pernas já tentavam se encaixar entre a coxa de Marcela quando ela subiu a mão tocando-a ansiosa. Carmem gemeu acelerando os movimentos da mão até explodirem juntas.
– Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii…
– Ooooooooooooooooooooooooooooooooooo…
Após gozarem, Carmem não saiu de cima de Marcela. Ficou ali recobrando a respiração. Seu corpo ainda estava ardendo. O sexo voltou a latejar pedindo por mais. Suavemente encaixou o sexo contra a coxa de Marcela, mas esta se afastou avisando.
– Assim não.
– Mas…
– Me chupa. Vou te dar também.
Pediu trêmula.
Carmem virou o corpo para cima levando o sexo na direção do rosto dela. Então afundou a boca na buceta. Marcela estava enlouquecida quando começou a chupá-la. Devorava-a com a língua, chupando e gemendo.
Carmem fez o mesmo. Chupava perdida no sexo delicioso. Metia a língua ali se excitando cada vez mais. Elas ficaram assim, cada uma enlouquecendo mais a outra. O gozo veio intenso atingindo-as ao mesmo tempo.
– Uuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu…
– Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa…
Carmem caiu para o lado com a respiração ainda ofegante.
– Carmem?
– Sim, Marcela.
Respondeu toda mole ao lado dela.
– Você gostou?
– Gostei.
– Poucas palavras como sempre.
Carmem começou a pensar em todas as vezes que tinham transado, era sempre muito bom. Nunca tinha sentindo tanta falta de beijos como sentia agora. Por que Marcela não a beijava e nem permitia que a beijasse? Ela mesma afirmara que estavam juntas há seis meses. Estavam e porque insistia naquela abstinência de beijos? Quem é que aguentava viver sem beijos? Qual seria o problema com beijos? Precisava saber a razão. No entanto, não queria que ela percebesse o quanto necessitava deles. Ao mesmo tempo aquilo era ridículo, ela tinha que saber. A boca de Marcela era bonita demais. Cheia, carnuda, tentadora. Sempre que tinha oportunidade viajava naquela boca, infelizmente, apenas com os olhos. Seu sonho era chupar aqueles lábios até não aguentar mais. E a língua então, queria se acabar naquela língua. Nossa como adorava beijo de língua, beijo longo, profundo, daqueles que dava para sentir até a alma. Seis meses transando sem poder beijar era demais. Virou de lado falando baixo.
– Não é que eu fale pouco. Quando o assunto é muito íntimo fico tímida. Isto te incomoda muito, não é?
– Incomoda sim. Preciso saber se foi bom de verdade. Porque se não foi faço de novo até você ficar satisfeita.
– Mas estou satisfeita, foi delicioso.
Confessou emocionada.
– Você gosta de me comer?
– Sabe que eu gosto.
– Preciso que me diga. Preciso ouvir mais, Carmem.
– Vou tentar.
– Não quero que tente. Quero que me diga, vai, fala comigo.
Pediu alterando o tom de voz.
Carmem sorriu ali no escuro. Estendeu a mão tocando os cabelos dela com suavidade.
– Você é bem mandona, sabia?
– Desculpe, é o meu jeito.
Marcela respondeu suavizando como por encanto.
– Parece tensa.
Carmem comentou atenta às reações dela.
– Se não percebe isto está me matando!
– O que está te matando?
– Este desejo, Carmem! Não tem um minuto que eu não pense em transar com você. Fico louca de vontade o dia todo. Tenho ímpetos de te ligar e pedir que venha para casa, para que possamos fazer várias vezes.
– Mas não precisa ficar assim perturbada. Nunca disse que não o poderia fazer. Por que não me liga?
– Você viria se eu ligasse?
– Não sei, quem sabe. Tente amanhã e a gente vê.
– Carmem?
– Sim.
– Você pensa em outras mulheres?
– Na verdade…
– Não!
Marcela a cortou sentando na cama agitada.
– O que foi?
– Se vai falar sobre outras eu não quero ouvir! Não se atreva!
– Que ideia, eu hein Marcela. Nem comecei a falar e você já está tirando suas próprias conclusões.
Carmem começou a sorrir divertida.
– Você ia falar de outra! Foi o que pareceu e não estou achando a menor graça.
– Não, não ia falar. Só ia te contar que penso que não faria mal nenhum se eu desse uns beijos em alguma mulher. Não tiraria nenhum pedaço, não é?
– Pensa em beijar outra mulher? Que mulher?
– Ninguém em especial.
Sorriu virando de costas.
– Você não gosta de beijar e eu sinto falta de beijos, Marcela. É apenas isto.
– Eu falei que não gosto de beijar?
– Nem precisa falar, vejo como se esquiva quando tento te beijar. É que sinto falta, mas você me corta.
– Acho que não devemos nos beijar.
Marcela respondeu tocando o ombro de Carmem, virando-a para si.
– Por que não?
– Você vive dizendo que quando terminar de me pagar nunca mais vai voltar aqui, já esqueceu?
– E o que isto tem a ver com beijos?
– Se te beijar não vou ter mais paz. Viverei sonhando com seus beijos para sempre. Nem vou conseguir deixar você ir embora da minha vida.
– Isto é a coisa mais ridícula que eu já ouvi.
Carmem respondeu surpresa.
– Você não tem que deixar, porque não sou a sua prisioneira. Nada me fará ficar presa aqui. É uma prisão sem grades, mas ainda assim me sinto presa.
– Já falamos tantas vezes sobre isto. Você sabe que é livre.
– Sei que sou livre, mas vivo sobre as suas vontades.
– É natural não acha? Fui eu que te quis. Se dependesse de você nunca mais teríamos nos encontrado depois daquela noite em que trocamos olhares. Eu quis você e deixei muito claro o meu desejo. Poderia ter deixado a sua família ir embora e nós teríamos…
– Sinto muito, mas você era uma completa estranha.
– Ah, sei! Nunca transou com uma estranha antes? Conta outra!
– Por acaso até transei, mas conversei com ela. Estou falando que nunca transei com uma só pelo fato de flertar para ela.
– Teria sido ótimo se tivéssemos transado naquele dia.
– Que diferença faz isto agora? Nenhuma! Você esperou até que eu estivesse completamente desesperada para jogar a sua rede sobre mim.
– Não nego que esperei sim.
– Agiu com um sangue-frio que até hoje me eta.
– Eu te queria e te quero muito mais agora e você volta e meia me condena.
– Sem essa, você me comprou como compra tudo que deseja!
– Está certo, comprei mesmo.
– Se a sua mãe estivesse viva e te comparasse com uma prostituta eu aposto que você não iria gostar.
– Não iria gostar mesmo, mas por acaso a sua mãe é louca? Você acha que eu sou burra? Quando aceitou se tornar minha amante você o fez também pela sua família. Você nem sabia como eu era fisicamente. Sua mãe jogar este tipo de coisa na sua cara, olha, vou-te falar, fico que não me aguento.
– Pois é Marcela, mas a minha mãe não faz a mínima ideia que aceitei sem saber como você era. Se ela sonhasse aí que pensaria que sou uma puta de fato.
– Me incomoda que ela fale isto com você. Eu sei que nunca te tratei como uma.
– Se está esperando por elogios, esqueça!
– Ok, eu já notei que você prefere acabar comigo a me elogiar.
– Não precisa se fazer de vítima.
– Não estou. Você escutou tudo que eu acabei de falar?
– Escutei e você ainda não percebeu que eu continuo sem entender porque você nunca me beijou.
– Acha que não vivo louca para te beijar, Carmem? Pensa que é fácil fugir da sua boca quando nos amamos?
– Não nos amamos, nós apenas transamos! Não venha querer-me falar que tem sentimentos por mim. Eu jamais acreditaria! Nunca conheci nenhuma filha da puta que tenha me impedido de beijá-la!
– Mas que droga de coisa está falando agora? Está me chamando de filha da puta?
– Estou sim!
– Só faltava você me mandar me ferrar.
– Era o que eu devia fazer por ter que aguentar transar com você sem beijos.
– Acha que vou ficar sonhando com seus beijos quando você sair correndo daqui?
– Vai sonhar da mesma forma com o meu corpo e com os orgasmos que eu te dou. Qual é a diferença?
– Então é isto que você quer que aconteça?
– O que eu quero? Acabei de falar o que eu quero. Aliás, tenho certeza que você sabe o que eu quis todas as vezes que transamos. Beijos! Até estranhos se beijam. E nós, eu, mais do que você, sou obrigada a me privar porque se recusa a me beijar. Quer ouvir? Então ouça muito bem o que vou falar agora, eu odeio que me deixe tarada por beijos que sabe que não vai me dar! Quando penso nisto tenho até vontade de não transar mais com você.
– Eu já disse as minhas razões e você deveria respeitar.
Marcela explodiu irritada.
– Que são ridículas e não me convenceram.
– Mais um minuto e você vai falar que o sexo comigo é péssimo!
– Não, vou falar só a verdade. O seu objetivo sempre foi me deixar fissurada, porque você é uma sacana comigo!
– Ora…
Marcela não terminou a fala. Louca da vida deitou sobre Carmem. A boca caiu num dos seios dela. Carmem tentou afastá-la falando incomodada.
– Me deixe-me em paz!
– Ah, não! Não deixo não!
A boca voltou a sugar o seio, mas desta vez o toque suavizou. Desceu a mão tocando a buceta. Carmem fechou os olhos sentindo-se sufocada. Tentou permanecer fria para não sentir nada, mas seu corpo já estava reagindo. A buceta já se movia em busca do prazer que aquela mão maravilhosa sabia dar. Marcela afastou-se descendo rápido mergulhando a língua. Lambeu a buceta inteira sentindo o corpo queimando de desejo.
Carmem arqueou o corpo passando a seguir os movimentos da língua deliciosa rebolando contra ela. Não tinha como parar e entregou-se até gozar abundantemente na boca dela.
– Ahaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa…
Depois de gozar, Carmem já estava dominada demais pelo desejo para voltar à razão. Girou o corpo deitando sobre Marcela. Desceu a boca pelo corpo desvairada. Sua boca tremia de tanta vontade quando chegou à buceta. Marcela ergueu o corpo, abrindo mais as pernas. Suas mãos acariciavam os cabelos dela. Carmem não tinha consciência de nada. Ficou ali chupando até Marcela gozar.
– Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii…
Quando se afastou Marcela puxou-a de frente para o seu corpo. Com um movimento rápido buscou-lhe a buceta. Carmem gemeu tombando a cabeça sobre o ombro dela. Ficou assim enquanto Marcela entrava e saia dominando-a completamente. Carmem teve a certeza que ficaria a noite toda transando com ela sem se queixar. No instante em que começou a gozar, Marcela pegou sua mão fazendo com que ela também a tocasse da mesma forma até explodirem juntas.
– Ooooooooooooooooooooooooooooooooooooo…
– Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa…
O fogo de Carmem mal se apagou voltando a acender. Desta vez nem parou para se refazer. Forçou Marcela para a cama caindo louca de desejo sobre ela. Não soube que horas eram quando fechou os olhos desmaiando de cansada.
Continua…
Notas da autora: Marcela, tão poderosa nem conseguiu reagir à altura quando Carmem a chamou de filha da puta. Teve que dormir com este barulho.
Continua…