Paula trabalha todas as manhãs e apenas três vezes a tarde, até às 16 horas. Como péssima cozinheira assumida, acaba conhecendo muitos restaurantes. Apesar de ser nova na cidade e ainda não ter feito amizade, sempre sai para almoçar ou jantar sozinha.
Lembrou que uma professora comentou sobre um bistrô maravilhoso que ficava no centro da cidade, numa quinta-feira resolve ir jantar lá. Quando passa na porta vê que está lotado e tem fila de espera, desiste e resolve ir a um restaurante japonês.
A semana no bistrô começava a fervilhar na quinta-feira, era uma loucura, parecia que todos combinavam de chegarem juntos. Apesar de ser extenuante, Clara sentia imenso prazer. Na sexta-feira o movimento maior sempre era à noite, resolveu testar fazer um menu vegetariano para o almoço.
Era 13:30h e o restaurante tinha movimento, mas não estava lotado, Paula resolve entrar.
– Boa tarde, seja bem vinda! – diz a garçonete.
– Olá, mesa para uma pessoa.
Marcela leva Paula até uma mesa perto da janela que dá para a rua.
– Aqui está bom ou prefere afastada da janela?
– Está ótimo.
– Hoje temos uma novidade, almoço vegetariano. – e fala sobre os pratos do dia.
Paula aceita a sugestão e pede sopa de batata doce com alho-poró e uma salada de figo e peras com rúcula e molho de queijo, e um suco de abacaxi com capim cidreira.
Ao pedir a conta, Paula pede para falar com o chef, um costume que sempre teve quando morava na capital e frequentava os melhores restaurantes. Está distraída saboreando o tiramisù, quando Clara se aproxima e se apresenta.
– Boa tarde, gostaria de falar comigo?
– Boa tarde, meu nome é Paula e é minha primeira experiência no bistrô. Quero elogiar a excelente comida. – diz se levantando e estendendo a mão para Clara.
– Ah obrigada, hoje tive a ousadia de fazer menu vegetariano e de fato não esperava um elogio. – cumprimenta Paula com sorriso sincero.
– Ontem à noite vim aqui, mas estava tão cheio que desisti. – Paula fala com um ar de decepção.
– Ah as noites de quinta até domingo são lotadas, temos que fazer reserva.
– Bom, vou ligar quando quiser vir jantar.
Como o movimento estava tranquilo e já tinha feito sua parte, Clara resolve oferecer um café gourmet. Paula aceita e pede para que a chef aprecie a bebida com ela, o que é prontamente atendido.
– Nossa que delicioso!
– É uma receita antiga, mas que agora com a moda, alguns lugares estão fazendo. Com certeza você já deve ter provado.
– Sim já provei o café Turco, mas esse é o melhor que tomei até hoje e, olha que frequentei muitos bons restaurantes.
– Obrigada! O segredo é o café que usamos, é de uma fazenda da região e seu cultivo é do modo antigo, sem uso de qualquer produto químico.
Clara explica a receita e a conversa se prolonga por mais de uma hora.
– Nossa eu aqui tomando seu tempo, me desculpe! – Paula diz se levantando.
– Foi ótimo, precisava descansar um pouco. Fico feliz que tenha apreciado a comida e espero que volte sempre!
– Com certeza voltarei e vou reservar para uma noite dessas!
– Infelizmente até domingo não temos mais mesas…
– Ah tudo bem, deixo marcado para a próxima sexta.
Se despedem, Paula sai do restaurante feliz, Clara por sua vez fica um tempinho sentada pensando que gostaria de conhecer melhor aquela mulher.
