UM AMOR SURREAL

2. Algumas formas que imaginei te encontrar pela primeira vez

  1. Sentada numa cafeteria

Na faculdade de psicologia que comecei,

descobri que quero ir para a área clínica

voltada aos familiares de doentes com

demências diversas, por isso estou correndo

atrás de todos os cursos e palestras que se

refiram ao assunto. Quis o destino, se ele

existir, que uma dessas palestras

acontecesse em outra cidade, à bem da

verdade, na sua cidade. Juro que tentei ver

no calendário da palestrante outras opções,

mas a próxima ocorreria só daqui a três

meses. Por uma semana inteira pesei todos

os pontos que me faziam ir e que me

impediam de sair de casa. Por fim, cheguei à

conclusão que não deveria deixar de realizar

meus sonhos por sua causa, mesmo que

nunca houvesse me pedido nada do tipo.

Talvez fosse meu orgulho fingindo ser você.

Enfim chegou o dia de embarcar. Em

nenhum momento cedi à imensa vontade de

te avisar que no dia seguinte estaria tão

próxima a você. Resisti bravamente. Chego

na sexta-feira, por volta das seis da tarde e

vou direto para o hotel que reservei. Lugar

simples, porém agradável. Arrumo minhas

coisas e resolvo dar uma volta e comer algo

na rua. Me dá certa claustrofobia ficar só no

quarto, gosto de conhecer lugares e ver

pessoas diferentes. Pelo que me lembro das

nossas conversas, a possibilidade de cruzar

com você nessa região da cidade é remota,

mesmo que intimamente desejasse que isso

acontecesse.

Passo em frente ao shopping e resolvo entrar

para procurar um lugar para comer, acabo

encontrando um lugar agradável, o Café do

Museu. Entro e peço um café. O ambiente é

colorido e muito bem decorado, bom lugar

para passar um tempinho e relaxar da longa

viagem. No caminho acabei parando numa

banca e comprei uma dessas revistas que

fala sobre como desacelerar e curtir a vida.

Num certo momento sinto como se alguém

me olhasse e um arrepio sobe pelas minhas

costas. Foi uma sensação estranha, mas não

ruim. Resolvo olhar discretamente à minha

volta para ver se encontro o olhar que tirou

minha concentração. Quando levanto a

cabeça e olho para o lado direito, levo um

susto e o coração parece que vai sair

correndo de dentro de mim. Olho por mais

tempo do que deveria para ter certeza, mudo

a direção do olhar e depois de alguns

segundos volto a olhar. Não é um fantasma e

nem alucinação, o destino ou o que for, quis

que o improvável acontecesse, estarmos no

mesmo local e no mesmo momento.

Me sinto estancar, sem reação e duvidando

que isso estivesse acontecendo. Acho que

você não me notou, tem outras pessoas à

mesa e o papo parece alegre. O lugar está um

pouco cheio e, muitas conversas preenchem

o ambiente. Discretamente levanto e vou ao

banheiro. Sei lá porque resolvo ir e lavar o

rosto, vai ver que vi tantos filmes em que os

personagens faziam isso para se acalmar,

que fiz mecanicamente. Fico uns minutos e

volto, mas me sento de costas para a mesa

que você está, acho que autoproteção. Peço a

conta ao garçom e de repente me dá um

desespero para sair dali. Só me vem uma

frase na cabeça: “na vida real nem pensar”.

Me sinto covarde, mas resoluta me levanto e,

quando vou pegar minha revista e bolsa,

sinto uma mão segurando meu braço. Me

viro com receio e dou de cara com você atrás

de mim, numa distância razoável mas para

mim, perto demais. Você sorri e me diz:

– Oi! Já saindo?

A voz apenas não sai, depois de uma

eternidade que deve ter durado 30 segundos,

digo:

– Oi, eu estava aqui há um tempo e preciso

fazer algumas coisas…

– E que tal você ao menos, me cumprimentar

antes de ir embora?

E você vem me dando um beijo no rosto sem

soltar meu braço. Sinto um perfume

agradável, não sei se é shampoo, perfume,

creme ou minha imaginação, só sei que é

bom. Não sei se correspondi ao beijo.

Quando você se afasta, me olha de um jeito

diferente e me diz mais baixo do que antes:

– Me espera, vou me despedir do pessoal e te

dou uma carona até onde tem que ir.

E simplesmente se vira e vai até a sua mesa.

Juro que penso em sair correndo, tipo

maratonista quando tá quase perto da linha

de chegada e dá seu derradeiro trote, mas

você brota na minha frente outra vez e diz:

– Vamos?

Por meu corpo passam as mais diversas

sensações, pela cabeça milhões de

pensamentos e respostas, mas apenas digo:

– Sim.

O caminho até seu carro é tenso, ao menos

para mim, mas conseguimos trocar algumas

palavras sobre amenidades, coisas como o

tempo, que hoje o trânsito é intenso por ser

sexta e outras bobeiras.

Você entra e abre a porta, sento no lado do

passageiro e todas as coisas e assuntos

somem da minha cabeça. Você liga o rádio, tá

tocando alguma música do Skank, acho que é

Te Ver. Respiro fundo, solto o ar e tento

relaxar. Não sei o que você está sentindo ou

pensando, não consigo captar nem em seu

olhar e nem em sua expressão. Apenas te

ouço cantarolar quase toda a música, de

repente você para no farol e me olha. Um

olhar firme e indecifrável. E diz:

– Por que não me avisou que viria pra cá?

– Achei que o “nem pensar” estivesse valendo

e não quis insistir, fora que não vim pra isso.

– E por que veio então?

– Uma palestra importante.

– Onde é seu hotel?

Leio o cartão e falo o endereço, pelo que

andei sei que é perto. Você dirige até lá e

estaciona na rua ao lado. Desliga o carro, tira

o cinto e diz:

– Acho que seria bom conversarmos, mas não

no carro, posso subir?

Não esperava por isso e fico confusa, mas…

-Claro.

Respondo e já me arrependo, queria ter dito

não, não temos nada pra conversar, etc, mas

apenas digo sim. Vai entender. Pego a chave

na recepção e vou até elevador, você me

segue e entramos no elevador que está vazio.

O quarto fica no 8º andar e parece que vai

levar uma eternidade para fazer esse

percurso, até que você aperta o botão e o

elevador para. Te olho com estranheza e,

antes que eu pudesse falar qualquer coisa,

você vem na minha direção, puxa minha

nuca com a mão e me dá um beijo. Longo,

intenso e demorado beijo, tão sonhado e

desejado. Com uma mão eu enlaço sua

cintura e puxo seu corpo pra colar no meu, a

outra levo até seu pescoço e acaricio seu

rosto. Naquela hora tudo fica como que em

câmera lenta, fora do mundo real. Sinto sua

mão apertando a minha nuca e a outra

percorre minhas costas, me puxando. Não

me pergunte como, mas quando me dou

conta o elevador volta a subir. Saímos e

vamos até o quarto mais rápido do que seria

normal. Mal abro a porta e já fecho com o pé

mesmo, te encosto contra a parede sem

parar de te beijar.

O beijo é bom, não me lembro de ter sentido

algo tão intenso e doce ao mesmo tempo, que

dá vontade de nunca mais sair de dentro

dele. Minhas mãos querem mapear cada

parte do seu corpo, sentir o calor, textura e

curvas. A sua respiração fica cada vez mais

forte e ouço me dizer baixinho:

– Faz tudo o que um dia me prometeu… agora…

Essa ordem faço questão de obedecer. Desço

minha boca para o seu pescoço, beijo e depois

passo a língua devagar em volta dele. Minha

mão esquerda entra por baixo da sua blusa,

sobe pela barriga e encontra seu colo, passo

entre seus seios até chegar ao pescoço. Desço

devagar e paro nos seu seio, brinco com

meus dedos em volta dele. Seguro inteiro,

depois passo em volta do bico, ouço seu

gemido e sinto suas mãos nas minhas costas.

Paro para tirar sua blusa, você levanta os

braços, eu tiro e jogo em algum canto. Seguro

suas mãos contra a parede e vou com a boca

até seus seios. Passo a língua entre eles,

primeiro o esquerdo, lambo e dou uma

mordida de leve, passo de novo a língua e

sugo. Acho que você me diz para não parar

ou algo do tipo. Sei que não vou parar. Faço o

mesmo com o outro, com calma, mas de

forma intensa. Minhas mãos descem pelos

seus braços, passam pelas laterais do seu

corpo. Te sinto arrepiar. Com a mão direita

vou até sua calça, abro o botão e depois o

zíper, encaixo minha mão dentro dela, acho

que você geme mais alto. Escorrego a mão

por dentro e sinto o calor e umidade. Com a

outra mão fico brincando com seus seios,

barriga, aperto e acaricio seu corpo. Eu beijo

sua boca e você corresponde com

voracidade, sinto sugar minha língua e

arranhar minhas costas. Tenho a impressão

que está gostando…..na verdade não há

espaço pra dúvidas quanto a isso…

Você me empurra, levo um susto, mas em

seguida você arranca o resto da roupa e num

passe de mágica, me vejo nua também.

Quando olho seu rosto e vejo sua expressão

de tesão, não aguento e me ajoelho, abro

suas pernas com delicadeza, flexiono uma

delas até apoiá-la no meu ombro. Olho pro

lugar onde desejei tanto sentir o gosto, sinto

um desejo louco e te ouço dizer:

– Não aguento mais, vem …

Passo minha língua molhada e quente por

suas coxas, uma de cada vez, quando mordo

de leve ouço seu gemido e sinto que puxa

meus cabelos. Quando fico bem perto dela,

minha vontade é devorar de uma vez, mas

vou com calma. Primeiro lambo toda a sua

volta, depois na parte de dentro, para sentir

todo o sabor. Devagar desvendo cada parte,

até que você meio que suplica:

– Me chupa por favor!

Então eu sugo sua clitóris, puxo com força e

prendo com meus lábios. Você grita e puxa

minha cabeça pra mais perto.

Com as mãos abro seus lábios e encaixo a

língua dentro deles, beijo como beijei sua

boca, primeiro delicado e depois com

intensidade. Sinto seu corpo tremer e você

começa a rebolar, diz algumas coisas que já

não entendo mais. Sinto o líquido que desce

de você vir num fluxo maior, seguro suas

coxas com minhas mãos e volto pro seu

clitóris, preciso sugá-la e percebo que isso te

faz estremecer ainda mais. Agora a pressa e

urgência me invadem e aumento a

velocidade, e encaixo meu dedo dentro de

você num vai e vem devagar e aos poucos

aumentando a velocidade e intensidade. Não

sei quanto tempo se passa, não sei onde

estou e nem meu nome mais, apenas sinto

você e a necessidade de te fazer flutuar.

Seu gozo vem feroz, você agora geme e fica

ainda mais ofegante, seu corpo todo

estremece e eu subo devagar, lambendo sua

barriga, seios, até chegar a sua boca. Nos

abraçamos e o beijo agora vem mais

tranquilo porém longo e carinhoso. Nossos

corpos molhados de suor, colam um no

outro. Agora te trago pra cama, te deito de

costas e passeio minha mão por você inteira.

Sinto sua respiração se acalmar e você fecha

os olhos. Enquanto se refaz, beijo cada parte

do seu corpo. Afinal, não sei se essa será não

apenas a primeira, mas também a última vez.

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