UM AMOR SURREAL

9. Das canções de amor que quis cantar pra você – Sentindo o fim

Siga em Paz

E vem você dizer
Que o meu calor já não te aquece mais
O que devo fazer
Se nesse travesseiro já não dorme a paz
E quando amanhecer
E o dia me encontrar tão só com meus botões
Eu não vou entender
Meu corpo só conhece a língua das paixões

Saiba meu amor meu coração só sabe se entregar
Basta um chamado seu que eu não demoro a chegar
Tudo que separa nos prepara para um novo encontrar
Quando você partir não quebre as pontes que atravessar

E vem você dizer
Que o meu amor não te apetece mais
O que posso fazer
Além de desejar que você siga em paz

Mesmo que algo melhor te espere do lado de lá
Quando você partir não quebre as pontes que atravessar
Mesmo que a vida se transforme numa dança sem par
Fique na pista não desista deixe essa canção te levar

VANDER LEE

Mais uma vez ela entrou estranha em casa, foi

tomar banho e jantou calada. Tentei puxar

assunto, mas ela se limitou a balançar a cabeça.

Levantou, alegou dor de cabeça e foi dormir. Eu

aqui sentada no sofá com a tv ligada num

programa que não faço ideia de qual seja.

Já tem um tempo que percebo que ela não é mais

a mesma, os toques se tornaram raros, os beijos

xoxos e as conversas se limitaram às

informações básicas e úteis de quem divide o

mesmo teto. Imagino que tenha se encantado

por outra mulher ou apenas se desencantou de

nós. Nenhuma das opções desce suave pela

minha garganta. Amanhã é sábado e decido

resolver essa questão, colocar em pratos limpos

e sem rachaduras.

Acorda antes de mim e sai para correr, me

levanto e faço o café da manhã. Planejei o dia em

cada detalhe. Ela volta depois de quase duas

horas, entra e me dá um bom dia de longe, vai

direto tomar banho.

Estou sentada tomando meu café, ela vem e se

senta na cadeira de sempre, que fica a minha

frente.

– Tá um dia lindo! – digo enquanto folheio o

jornal.

– Sim está mesmo.

– Poderíamos dar uma volta, que acha?

– Ah até gostaria, mas trouxe algumas coisas

para fazer em casa.

– Tudo bem.

Terminamos nosso café, ela vai para o escritório

trabalhar. Tomo um banho e vou ao mercado

comprar algumas coisas. Decidi preparar seu

prato preferido, bacalhau à Brás, também

compro seu vinho preferido. De sobremesa farei

doce de pera com sorvete de creme.

– Nossa que cheiro maravilhoso é esse?

– Resolvi cozinhar. – digo agachada colocando o

bacalhau no forno.

– Nossa, bacalhau??? E peras??? Alguma

comemoração???

– Quem sabe? – digo e dou um sorriso.

Ela fica um tempo encostada ao batente me

olhando com uma expressão desconfiada.

– Hoje ouvindo MPB que faz tempo que não

ouve, preparando um cardápio maravilhoso, o

que foi Clara?

– Apenas me deu vontade.

Ela volta ao escritório um tanto intrigada.

Decido, apesar do grande esforço, fingir que

tudo está bem, normal, tranquilo. Arrumo a

mesa com capricho, coloco um vaso lindo com

uma rosa branca no meio, uso os melhores

talheres, taças e pratos.

Coloco um vestido florido que ela me deu de

Natal e uma sandalinha branca. Vou até o

escritório e me encosto na porta.

– Bel o almoço tá pronto.

– Já estou indo, um minuto.

Me sento no lugar de sempre e a espero. Quando

entra na sala dá uma assobio e diz:

– Nossa que mesa linda!! – e se senta no mesmo

lugar de sempre.

Eu a sirvo primeiro enquanto ela coloca vinho

nas taças. Agora começa a tocar Vander Lee, a

música que programei para tocar nesse exato

momento. Ela me olha com carinho, mas sinto

que está assustada.

Enquanto comemos, vou puxando assuntos

sobre nossos trabalhos, comento algumas coisas

engraçadas dos nossos amigos e o clima fica

mais leve.

Levanto para tirar a mesa, ela segura minha mão

e fala:

– É o mínimo que posso fazer!

– Então vou buscar a sobremesa.

Trago e coloco na mesa, nos sentamos e

saboreamos ainda tomando vinho.

– Nossa tudo está maravilhoso, obrigada!

– Ainda não terminou. Que tal mais vinho? – digo

já colocando vinho nas taças.

– Sim, mas vamos sentar na varanda e curtir a

tarde que está linda!

E ficamos uma hora bebendo e curtindo a

companhia, a tarde e a conversa agradável. Me

levanto e a puxo pela mão.

– Eu disse que ainda não tinha terminado.

Ela fica na minha frente, puxo sua cintura e

coloco minha mão no seu rosto, ela fecha os

olhos e sorri. Passo a boca pelo pescoço e beijo

sua boca de leve, passo a língua e ela a suga. O

beijo fica mais intenso e ela me agarra num

abraço urgente, vai me levando para nosso

quarto sem parar de me beijar e tatear meu

corpo todo. Ela se afasta e tira as alças do meu

vestido, fazendo com que ele caia devagar pelo

meu corpo até chegar ao chão. Vem e beija meu

pescoço, a boca, pescoço, ombros e desce pelo

me colo, passeia pelos seios, vai para a barriga e

volta todo caminho até parar de novo na minha

boca. Tiro sua blusa e depois seu short, quando

vem me abraçar seguro seus braços

delicadamente e a jogo em cima da nossa cama.

Ela faz cara de assustada, mas não diz nada.

Percebo que está gostando.

Afasto suas pernas e começo beijando seus pés,

vou beijando as pernas e passando minhas mãos

na parte de baixo delas. Quando chego em suas

coxas, levanto meu rosto e olho para ela, a sinto

suspirar.

– Continua…

Dou um sorriso e volto a beijar, depois vou até

sua barriga e fico passando a língua em toda sua

volta, ela se contorce. Passo minhas mãos nas

laterais do seu corpo, bem de leve, enquanto

minha língua agora brinca com seus seios.

Primeiro passo de leve em cada mamilo, depois

seguro seu seio direito com minha mão e

abocanho o outro. Beijo, mordo e aperto. Ela

geme e seu corpo se contrai todo. Encaixo minha

coxa entre suas coxas e vou me mexendo

devagar. Sinto que está quente e úmida, ela vai

arranhando de leve minhas costas com ambas as

mãos. Agora passo minhas mãos pelo seu colo,

barriga e vou descendo minha boca até chegar

entre suas pernas. Ela me olha e vai ajeitando

minha cabeça com suas mãos, até que eu fique

muito próxima do seu vão tão quente e molhado.

Lá me perco, beijo, lambo, mordo, encaixo meus

dedos dentro dela e vou alternando tudo e ela

geme e se contorce cada vez mais. Ela explode

num gozo intenso e me puxa para beijar minha

boca. Ficamos presas num abraço silencioso.

Não falamos nada, apenas nos olhamos. Ela me

deita de costas e sobe em mim, entrelaça nossas

pernas e começa a se movimentar com força e

aos poucos aumentando a velocidade. Sinto que

iremos gozar juntas, como há tempos não

acontecia. E ele vem ao mesmo tempo, nossos

corpos entram em erupção juntos, colados e

encharcados de suor. Deitamos de lado, uma de

frente para a outra.

– Quanto tempo não era tão bom…

– Verdade, há tempos não era tão intenso. –

concordo e dou um sorriso.

Ela passa seu rosto no meu devagar, vou dando

beijinhos por ele todo.

– Clara você planejou tudo hoje?

– Sim, me conhece mesmo…rs

– Menina esperta, só me diga o motivo.

Nessa hora me afasto um pouco e olho de forma

séria pra ela.

– Nem sempre sei como expressar tudo o que

sinto com clareza. Pra evitar isso, vou colocar

uma música e quando acabar só me diga se é

tudo o que sente ou não.

Pego meu celular e coloco a música do Vander

Lee, Siga em Paz. Ela ouve em silêncio e fica me

olhando, vejo que algumas lágrimas começam a

cair, molhando seu rosto tão delicado e lindo.

Quando acaba, apenas me abraça e diz num

sussurro rouco:

– Parece uma conversa que não tivemos coragem

de ter….

– Só me diz se vai deixar as pontes inteiras… –

digo já chorando de mansinho.

Ela me abraça mais forte e encaixa seu rosto no

meu pescoço. Sinto seu choro mais forte e suas

lágrimas vão lavando meu corpo e minha alma.

Sinto uma dor bem no meio do coração. Tenho

medo da resposta. Ela levanta a cabeça e me

olha.

– Só durmo em paz com você! Eu quero na

verdade é arrumar tudo que tá estranho, me

ajuda?

Dou o meu melhor sorriso, aquele que vem do

fundo da alma e apenas a beijo. Quero morar

aqui nesse abraço!

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