Siga em Paz
E vem você dizer
Que o meu calor já não te aquece mais
O que devo fazer
Se nesse travesseiro já não dorme a paz
E quando amanhecer
E o dia me encontrar tão só com meus botões
Eu não vou entender
Meu corpo só conhece a língua das paixões
Saiba meu amor meu coração só sabe se entregar
Basta um chamado seu que eu não demoro a chegar
Tudo que separa nos prepara para um novo encontrar
Quando você partir não quebre as pontes que atravessar
E vem você dizer
Que o meu amor não te apetece mais
O que posso fazer
Além de desejar que você siga em paz
Mesmo que algo melhor te espere do lado de lá
Quando você partir não quebre as pontes que atravessar
Mesmo que a vida se transforme numa dança sem par
Fique na pista não desista deixe essa canção te levar
VANDER LEE
Mais uma vez ela entrou estranha em casa, foi
tomar banho e jantou calada. Tentei puxar
assunto, mas ela se limitou a balançar a cabeça.
Levantou, alegou dor de cabeça e foi dormir. Eu
aqui sentada no sofá com a tv ligada num
programa que não faço ideia de qual seja.
Já tem um tempo que percebo que ela não é mais
a mesma, os toques se tornaram raros, os beijos
xoxos e as conversas se limitaram às
informações básicas e úteis de quem divide o
mesmo teto. Imagino que tenha se encantado
por outra mulher ou apenas se desencantou de
nós. Nenhuma das opções desce suave pela
minha garganta. Amanhã é sábado e decido
resolver essa questão, colocar em pratos limpos
e sem rachaduras.
Acorda antes de mim e sai para correr, me
levanto e faço o café da manhã. Planejei o dia em
cada detalhe. Ela volta depois de quase duas
horas, entra e me dá um bom dia de longe, vai
direto tomar banho.
Estou sentada tomando meu café, ela vem e se
senta na cadeira de sempre, que fica a minha
frente.
– Tá um dia lindo! – digo enquanto folheio o
jornal.
– Sim está mesmo.
– Poderíamos dar uma volta, que acha?
– Ah até gostaria, mas trouxe algumas coisas
para fazer em casa.
– Tudo bem.
Terminamos nosso café, ela vai para o escritório
trabalhar. Tomo um banho e vou ao mercado
comprar algumas coisas. Decidi preparar seu
prato preferido, bacalhau à Brás, também
compro seu vinho preferido. De sobremesa farei
doce de pera com sorvete de creme.
– Nossa que cheiro maravilhoso é esse?
– Resolvi cozinhar. – digo agachada colocando o
bacalhau no forno.
– Nossa, bacalhau??? E peras??? Alguma
comemoração???
– Quem sabe? – digo e dou um sorriso.
Ela fica um tempo encostada ao batente me
olhando com uma expressão desconfiada.
– Hoje ouvindo MPB que faz tempo que não
ouve, preparando um cardápio maravilhoso, o
que foi Clara?
– Apenas me deu vontade.
Ela volta ao escritório um tanto intrigada.
Decido, apesar do grande esforço, fingir que
tudo está bem, normal, tranquilo. Arrumo a
mesa com capricho, coloco um vaso lindo com
uma rosa branca no meio, uso os melhores
talheres, taças e pratos.
Coloco um vestido florido que ela me deu de
Natal e uma sandalinha branca. Vou até o
escritório e me encosto na porta.
– Bel o almoço tá pronto.
– Já estou indo, um minuto.
Me sento no lugar de sempre e a espero. Quando
entra na sala dá uma assobio e diz:
– Nossa que mesa linda!! – e se senta no mesmo
lugar de sempre.
Eu a sirvo primeiro enquanto ela coloca vinho
nas taças. Agora começa a tocar Vander Lee, a
música que programei para tocar nesse exato
momento. Ela me olha com carinho, mas sinto
que está assustada.
Enquanto comemos, vou puxando assuntos
sobre nossos trabalhos, comento algumas coisas
engraçadas dos nossos amigos e o clima fica
mais leve.
Levanto para tirar a mesa, ela segura minha mão
e fala:
– É o mínimo que posso fazer!
– Então vou buscar a sobremesa.
Trago e coloco na mesa, nos sentamos e
saboreamos ainda tomando vinho.
– Nossa tudo está maravilhoso, obrigada!
– Ainda não terminou. Que tal mais vinho? – digo
já colocando vinho nas taças.
– Sim, mas vamos sentar na varanda e curtir a
tarde que está linda!
E ficamos uma hora bebendo e curtindo a
companhia, a tarde e a conversa agradável. Me
levanto e a puxo pela mão.
– Eu disse que ainda não tinha terminado.
Ela fica na minha frente, puxo sua cintura e
coloco minha mão no seu rosto, ela fecha os
olhos e sorri. Passo a boca pelo pescoço e beijo
sua boca de leve, passo a língua e ela a suga. O
beijo fica mais intenso e ela me agarra num
abraço urgente, vai me levando para nosso
quarto sem parar de me beijar e tatear meu
corpo todo. Ela se afasta e tira as alças do meu
vestido, fazendo com que ele caia devagar pelo
meu corpo até chegar ao chão. Vem e beija meu
pescoço, a boca, pescoço, ombros e desce pelo
me colo, passeia pelos seios, vai para a barriga e
volta todo caminho até parar de novo na minha
boca. Tiro sua blusa e depois seu short, quando
vem me abraçar seguro seus braços
delicadamente e a jogo em cima da nossa cama.
Ela faz cara de assustada, mas não diz nada.
Percebo que está gostando.
Afasto suas pernas e começo beijando seus pés,
vou beijando as pernas e passando minhas mãos
na parte de baixo delas. Quando chego em suas
coxas, levanto meu rosto e olho para ela, a sinto
suspirar.
– Continua…
Dou um sorriso e volto a beijar, depois vou até
sua barriga e fico passando a língua em toda sua
volta, ela se contorce. Passo minhas mãos nas
laterais do seu corpo, bem de leve, enquanto
minha língua agora brinca com seus seios.
Primeiro passo de leve em cada mamilo, depois
seguro seu seio direito com minha mão e
abocanho o outro. Beijo, mordo e aperto. Ela
geme e seu corpo se contrai todo. Encaixo minha
coxa entre suas coxas e vou me mexendo
devagar. Sinto que está quente e úmida, ela vai
arranhando de leve minhas costas com ambas as
mãos. Agora passo minhas mãos pelo seu colo,
barriga e vou descendo minha boca até chegar
entre suas pernas. Ela me olha e vai ajeitando
minha cabeça com suas mãos, até que eu fique
muito próxima do seu vão tão quente e molhado.
Lá me perco, beijo, lambo, mordo, encaixo meus
dedos dentro dela e vou alternando tudo e ela
geme e se contorce cada vez mais. Ela explode
num gozo intenso e me puxa para beijar minha
boca. Ficamos presas num abraço silencioso.
Não falamos nada, apenas nos olhamos. Ela me
deita de costas e sobe em mim, entrelaça nossas
pernas e começa a se movimentar com força e
aos poucos aumentando a velocidade. Sinto que
iremos gozar juntas, como há tempos não
acontecia. E ele vem ao mesmo tempo, nossos
corpos entram em erupção juntos, colados e
encharcados de suor. Deitamos de lado, uma de
frente para a outra.
– Quanto tempo não era tão bom…
– Verdade, há tempos não era tão intenso. –
concordo e dou um sorriso.
Ela passa seu rosto no meu devagar, vou dando
beijinhos por ele todo.
– Clara você planejou tudo hoje?
– Sim, me conhece mesmo…rs
– Menina esperta, só me diga o motivo.
Nessa hora me afasto um pouco e olho de forma
séria pra ela.
– Nem sempre sei como expressar tudo o que
sinto com clareza. Pra evitar isso, vou colocar
uma música e quando acabar só me diga se é
tudo o que sente ou não.
Pego meu celular e coloco a música do Vander
Lee, Siga em Paz. Ela ouve em silêncio e fica me
olhando, vejo que algumas lágrimas começam a
cair, molhando seu rosto tão delicado e lindo.
Quando acaba, apenas me abraça e diz num
sussurro rouco:
– Parece uma conversa que não tivemos coragem
de ter….
– Só me diz se vai deixar as pontes inteiras… –
digo já chorando de mansinho.
Ela me abraça mais forte e encaixa seu rosto no
meu pescoço. Sinto seu choro mais forte e suas
lágrimas vão lavando meu corpo e minha alma.
Sinto uma dor bem no meio do coração. Tenho
medo da resposta. Ela levanta a cabeça e me
olha.
– Só durmo em paz com você! Eu quero na
verdade é arrumar tudo que tá estranho, me
ajuda?
Dou o meu melhor sorriso, aquele que vem do
fundo da alma e apenas a beijo. Quero morar
aqui nesse abraço!
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