SOBRE OS SUPER-HEROIS

SOBRE OS SUPER-HEROIS

Por Naty Souza

Eu nasci no fim dos anos 70. Fui criança nos gloriosos anos 80. Nesta ocasião a TV de uma cidade de interior de Minas Gerais não tinha muitas opções de canais televisivos. Programas como Vila Sésamo e Castelo Rá Tim Bum só conheci na adolescência, quando adquirimos uma antena parabólica. Só para terem uma ideia, eu vi a Xuxa estrear na falecida TV Manchete. Detalhe: uma amiga escreveu uma cartinha para seu programa e eu fui sorteada! Ganhei uma Barbie Face. Um dos brinquedos mais sem graça que já tive!

Tudo bem que, nesta ocasião, as crianças pouco assistiam e dependiam da TV. De certa forma, a rua e as árvores eram muito mais atrativas.  Haviam poucos desenhos e séries de conteúdo dirigido ao público infantil. O que eu assistia? Jaspion, Changeman, Metalder e A Liga da Justiça.

É muito louco pensar no poder que esses programas têm sobre a mente infantil. Tenho um caso engraçado, e realmente é cômico porque, graças a Deus, não foi trágico! Eu achava o Laço Mágico da Mulher Maravilha o máximo! Resolvi, então, fazer um para mim mesma. Logicamente, o material não era nem resistente e, muito menos, mágico! Sua composição? Cordinhas de varal que minha mãe jogou fora, porque haviam arrebentado, ou seja, estavam podres. Até aí, nenhuma novidade. Porém, um dia resolvi descer da varanda com o meu Laço Mágico. Um esclarecimento importante: a minha casa, nesta ocasião, era em L; uma rua tinha uma ligeira subida, onde era a porta da entrada, e os fundos da casa eram numa rua de descida. Havia um desnível imenso de uma parte para outra, tanto que havia um cômodo comercial em baixo da parte dos fundos. Como o anjo da guarda das crianças é sensacional, eu estava  colocando meu laço mágico para fora da grade desta sacada, e já me dirigia para pular a mesma, quando minha mãe chegou e perguntou o que estava fazendo. Respondi, na maior tranquilidade da face da terra: “mãe, vou descer até a rua pelo meu laço!”.

Ela deve ter ficado desesperada, muito provavelmente, mas tentou não demonstrar. Saiu na sacada, olhou a situação e me mandou para o banho. Ela sempre dava essa ordem quando nós fazíamos alguma “arte”, e aí o chinelo havaiana realmente pegava.

Os anos se passaram, e não deixei de gostar dos super-heróis. Não deixei de assistir desenhos animados, filmes temáticos e comprar coisas sobre o assunto. Tenho uma camiseta do Capitão América, já tive uma caneca da Marvel e, mais recentemente, ganhei uma blusinha regata da Mulher Maravilha. Esta é bem vermelha e tem o símbolo Dourado da Wonder Woman na frente.

Num dia de muito calor, nesta cidade infernal, saí para fazer compras para casa. Coloquei bermuda, tênis, a blusinha da Mulher Maravilha, além de um boné para tapar todo aquele sol e óculos. Quando cheguei ao supermercado, peguei um carrinho normalmente, e comecei a selecionar os produtos de que precisava. Tudo correndo de acordo com o esperado. Em um dado momento, estava escolhendo alguns legumes, e de repente, me deparei com um homem jovem e uma criança de, aproximadamente, 4 a 5 anos. Eis que a criança olhou para mim, com os olhos muito arregalados e se virou para o pai: “Pai, olha só! É a Mulher Maravilha! Ela está disfarçada para vir ao supermercado!”

Eu não sabia o que fazer e decidi dar um enorme sorriso para o menino. O pai, que achou a cena muito inusitada, e provavelmente muito engraçada, deu corda ao filho: “Nossa filho, tá vendo? Até a Mulher Maravilha vem ao supermercado!”.

Eu que, absolutamente, não me pareço em nada com aquela heroína, saí rindo, com a sensação de que fiz a alegria daquele menino. E que ele, de certa forma, também fez o meu dia mais feliz.

 

FIM!

 

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6 Responses to SOBRE OS SUPER-HEROIS

  1. Naty,
    Boa tarde!
    Muita boa a história.
    Uma parte que me chamou a atenção foi a questão das “havaianas”
    Lembro bem do meu tempo de criança (sou bem mais velha), onde os desenhos infantis e os filmes eram uma sensação (pelo menos para mim), apesar de preferir, quase sempre, brincar na rua com meus amigos.
    Mas na hora que a mãe chamava, tinha que obedecer, senão a psicologia (havaianas) falava mais alto.
    Grande abraço

    • Marjori, boa tarde. Obrigada pelo comentário! É, a “psicologia das havaianas” era bem usada na minha época ainda… Fico feliz que tenha gostado da história.
      Abraços!

    • Muito obrigada pelo seu comentário, Carla. Bom fim de semana.

    • kkkkkk… E não é? Obrigada pelo comentário! Abraços e bom fim de semana.

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