Em homenagem às Mulheres – sabemos que todos os dias são nossos, não somente 08 de março, – iniciamos uma série de textos apresentando Mulheres que, através da escrita, trouxeram (e trazem) panoramas além do feminino.
FORÇA
Não a conhecia, mas uma parte de mim rompeu-se quando me deparei com a sua imagem. Senti singrar (e sangrar) por minh’alma suas palavras, ágeis e firmes, arrebentando carnes, veias, nervos; e ainda assim, com doçura.
Num fôlego devoro páginas e páginas, sem ligar para as horas que me cobram afazeres. Não me importo. Sucumbi aos seus encantos; e ela não se esforça por encantar. Entreguei-me a Kindred – Laços de Sangue, de Octavia E. Butler, lançado em 1979, mas só publicado no Brasil, em 2020, pela Editora Morro Branco.
Sinopse: “Dana repentinamente se encontra à beira de uma floresta, próxima a um rio. Uma criança está se afogando e ela corre para salvá-la. Mas, assim que arrasta o menino para fora da água, vê-se diante do cano de uma antiga espingarda. Em um piscar de olhos, ela está de volta ao seu novo apartamento, completamente encharcada. É a experiência mais aterrorizante de sua vida… até acontecer de novo. E de novo.”
Em dezembro de 2022, essa obra que me encantou foi adaptada pela primeira vez (vejam o trailer).
Octavia E. Butler, a Grande Dama da Ficção Científica, escreveu seu primeiro conto aos doze anos de idade, após assistir a um filme horrível sob o nome de A Garota Diabólica de Marte e concluiu que podia fazer melhor. Há anos que a pequena Octavia devorava histórias de ficção científica. Em nenhuma delas encontrava personagens que tivessem a cor da sua pele. Ela ia mudar as coisas.
Ainda que fosse revolucionária, Butler não ficou famosa em sua época, mas muito depois. A fama chegou depois de sua repentina morte, em 2006. Octavia estava passeando, caiu e bateu a cabeça na calçada, aos 58 anos. Foi aí que seus romances começaram a vender.
Nascida em Pasadena, Califórnia (EUA), em 1947, filha de um engraxate e uma criada, Butler cresceu com sua avó – o pai morreu jovem e a mãe trabalhava o dia inteiro. Ela, filha única, desenvolveu enorme imaginação, para se distrair. E decidiu desligar a televisão e começar a escrever melhor aquilo que estava vendo, porque aquilo não tinha nada a ver com ela.
“OCTAVIA E. BUTLER é uma das mais aclamadas autoras de ficção científica e, desde 1976, surpreende o mundo com seus romances de ambientações impactantes, personagens densos e dinâmicas que refletem os nossos problemas sociais mais intrincados. Apesar de enfrentar muito preconceito em uma área dominada por homens brancos, foi a autora que abriu caminho para que outras prosperassem na ficção especulativa e um dos nomes mais fortes quando se fala em afrofuturismo.
Ao longo de sua carreira, recebeu prêmios como o Hugo, o Nebula e o Locus, além da honrosa MacArthur Fellowship, concedida a americanos que tenham realizações excepcionais em suas áreas. Em 2010, quatro anos após a sua morte, entrou para o Hall da Fama da Ficção Científica, em Seattle e, em 2021, passou a figurar no National Women’s Hall of Fame.” – Editora Morro Branco.
A escritora foi homenageada pela Nasa duas vezes, batizando uma montanha em um satélite de Plutão, em 2018, e uma área de aterrissagem em Marte, em 2021.
Curte distopia, ficção científica, afrofuturismo, invasão alienígena, vírus, superpoderes, sobrevivência, poder? Encante-se com Octavia Butler.
Fontes: Editora Morro Branco e reportagem publicada no dia 25/07/2020 no Jornal El País.
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