Ana chegava para trabalhar depois do recesso de fim de ano e foi recebida por Duda que estava em seu escritório.
— Bom dia linda! – Duda dizia melosa –
— Bom dia Duda. O que você está fazendo aqui? – achou estranha a presença da promotora –
— Eu vim te desejar um feliz ano novo. – caminhou para abraçar a loira –
— Para você também, Duda. – Ana a abraçou –
— Cheirosa! — Duda enterrou o nariz no pescoço de Ana –
— Duda, não. – se afastou – Por favor, eu já te falei que eu estou namorando.
Ana se afastou de Duda e colocou a bolsa no armário atrás da mesa.
— Mas eu não sou ciumenta meu amor. – sentou na frente da mesa de Ana –
— Duda, eu não sou assim, quando nós saímos eu estava solteira, sozinha, e quando eu soube que ela estava solteira também, eu te falei que não poderia continuar daquele jeito. Eu nunca menti para você sobre meus sentimentos.
— Ai Ana, você é muito careta, qual é o problema de ter um relacionamento aberto? – gesticulava com uma caneta na mão —
— Meu relacionamento não é aberto. – disse séria — E nunca será, Duda, nós não temos mais nada. Se quiser ser minha amiga eu vou adorar, mas se o seu interesse for somente esse, eu prefiro me afastar para não ter problemas. – sentou em frente à Duda –
— Nossa, mas que mau humor, você não esteve com sua namorada não? – disse com desdém – Se fosse eu você não estaria assim. – levantou e caminhou para a porta – Até mais Ana, não precisa me expulsar.
Eduarda saiu da sala de Ana e ela balançou a cabeça negativamente.
— Isso ainda vai me trazer problemas. – disse para si mesma –
**************
Isadora chegava em casa depois de um dia cheio no trabalho, pensava em tomar um banho e deitar cedo para descansar, mas ficou surpresa quando ouviu uma voz conhecida que chamava o seu nome em frente ao prédio que mora com Luciana.
— Isadora!
A mulata sentiu o coração acelerar ao ouvir o seu nome dito mais uma vez pelos lábios de Nathalia. Ela se virou e viu a ex namorada atravessando a rua na frente dos carros.
Nathalia continua linda, vestia um terninho azul marinho, sapato social preto, os cabelos soltos mais longos caiam sobre os ombros. Isadora sentiu-se estranha ao ver a moça, depois de muito tempo.
— Nathalia? – quase sussurrava –
— Oi Isa. – parou em frente a mulata –
— Oi. – Isadora não tinha reação –
— Isa, você está bem? – sorria –
— Sim, você chegou quando? – olhava perdida para a ex namorada –
— Eu cheguei antes do réveillon e só hoje eu resolvi vir te procurar. Nós podemos conversar?
— Sim, claro. – uma pausa – Vamos subir. – apontou para o prédio –
As duas entraram no apartamento e sentiam-se envergonhadas, Isadora não sabia como se comportar na presença de Nathalia. Muito tempo se passou e a vida das duas está muito diferente.
— Sente-se Nathalia, você quer beber alguma coisa? Tem suco, refrigerante. – Isadora oferecia enquanto andava pela cozinha –
— Não Isa, obrigada. – Nathalia sentou no sofá –
Isadora voltou da cozinha com um copo de suco e sentou no outro sofá, encarou Nathalia e se perguntou o que a ex namorada estava fazendo ali.
— Você deve estar se perguntando por que eu vim te procurar. – retirou os sapatos – Seu tapete é uma delicia —
— Sim, na verdade eu estou muito curiosa mesmo. – bebeu um gole do suco – É novo.
— Isa, eu senti saudades. – olhava melosa para a mulata –
Isadora sentiu o coração disparar novamente, ela pensava que não sentiria mais nada por Nathalia quando a visse mas ficou balançada com a presença da ex.
— Eu sei que eu não tenho direito nenhum de fazer isso, mas eu queria muito te encontrar. Eu vim passar as férias aqui no Brasil e pensei se não poderia passar aqui para te ver.
— E como está no Canadá? – bebeu um gole —
— Tudo bem, o de sempre, muito frio e neve e muito trabalho. – mexeu nos cabelos –
— Não encontrou nenhuma canadense que mexeu o seu coração? – bebeu mais um gole de suco –
— Não, meu coração ainda não te esqueceu, Isa.
Isadora engasgou com o suco que bebia, ruborizou na hora, pensava em tudo que passou quando elas namoravam, a traição com Alessandra, a forma como elas terminaram o namoro, tudo a magoou muito.
— Nathalia, você achou que seria simples assim, chegar aqui e me falar uma frase feita que eu ia me jogar nos seus braços como se nada tivesse acontecido? – Isadora foi seca –
— Não Isa, claro que não, eu não vim aqui com essa intenção, eu sei que você está bem com a sua namorada. Mas você perguntou e eu tinha que dizer a verdade.
— Nathalia me diz o que você quer. – deixou o copo sobre o braço do sofá –
— Eu realmente vim te ver e matar saudades. – escorregou pelo sofá ficando mais perto de Isadora – Eu pisei na bola com você Isa, eu fui uma canalha, mas eu precisava te pedir desculpas. – olhou para baixo – A forma como nós terminamos não foi legal, eu sentia que eu te devia algo.
— Nathalia você não me deve mais nada, você me traiu e me machucou muito, mas eu superei, soube perdoar, não guardo mágoas, só não consigo ver você como antes, não sinto mais amor por você.
— Então você me perdoa. – dizia mansinho –
— Sim, eu te perdoo, eu quero o seu bem Nathalia, eu torço para que você encontre uma mulher que possa te fazer feliz.
— Eu também, apesar de ainda gostar muito de você. Ainda sinto sua falta, do seu perfume, dos carinhos. – chegava mais perto – Da sua pele macia colada na minha. – dizia baixinho –
Nathalia se aproximava de Isadora que pareceu paralisar ao sentir a sedução da ex namorada. A mulata ficou rígida no sofá, Nathalia colocou a mão sobre sua coxa e se aproximava mais e mais, Isadora apenas olhava a aproximação da ex e quando percebeu que receberia um beijo, se deu conta do que iria fazer com Viviane e empurrou Nathalia para se afastar dela.
Com o empurrão, Nathalia esbarrou no copo de suco e derrubou sobre a mulata, molhando sua roupa. As duas levantaram com o susto e Isadora tentava se situar novamente.
— Merda, isso vai manchar minha roupa! – andava em círculos segurando a blusa –
— Vai lá dentro e coloca de molho para não manchar. – Nathalia pedia – Desculpa Isa, mas eu me desequilibrei quando você me empurrou.
— Tudo bem, espera ai, eu já volto.
Isadora foi direto para a área de serviço e retirou as roupas ali mesmo, esquecendo que Nathalia não era mais sua namorada, ignorou tudo a sua volta, ela estava nervosa e não pensava direito.
Ficou só de calcinha e soutien enquanto colocava as roupas de molho. Passou para o quarto e reparou que Nathalia a observava, entrou no banheiro para se secar. Nathalia ficou na sala esperando que ela voltasse.
A campainha tocou e Nathalia foi abrir a porta, Viviane estava em pé com um pacote de comida japonesa nas mãos e desmanchou o sorriso quando viu que a mulher atendendo a porta não era sua namorada.
Isadora saia do banheiro com uma toalha nas mãos, ia para o quarto colocar suas roupas, Viviane ainda estava parada na porta. Tentava se lembrar de onde conhecia aquele rosto.
— Você não vai entrar? – Nathalia perguntou –
Viviane olhou a outra e percebeu que ela estava sem sapatos.
— Quem é Nathalia? – Isadora gritou do corredor —
Viviane escutou o nome da ex namorada de Isadora e se perguntou o que ela fazia abrindo a porta do apartamento da mulata e na mesma hora passou por ela chegando na sala, encontrou Isadora somente de roupa íntima e uma toalha na mão, olhou os sapatos da outra acomodados perto do sofá.
— Vivi!
— Isadora o que está acontecendo aqui?—olhava incrédula –
— Viviane não é nada disso que você está pensando. –Isadora tentava se explicar –
— Então o que é? Vocês resolveram tirar as dúvidas que restaram? Poupe minha inteligência Isadora, você está de lingerie, eu vou embora. – largou o pacote de comida no sofá e caminhou para a porta – Isso era pra nós duas, divirta-se com ela.
Viviane interpretou a cena completamente errada, imaginou que Isadora teve uma recaída com a ex. Estava com o coração destroçado pensando que perdera sua namorada.
— Viviane, não é nada disso, volta aqui. – Isadora se desesperou –
— Você me traiu Isa, fica com sua ex. – chorava —
— Ei menina, não está acontecendo nada aqui não. – Nathalia tentou falar com Viviane –
A ruiva voltou e foi até Nathalia e desferiu um tapa em sua face. Nathalia foi pega de surpresa.
— Isso é por ter traído a Isa e tê-la deixado sofrendo tanto. – lágrimas caíam de seu rosto —
— Viviane, não aconteceu nada. – tentava argumentar – Deixa eu te explicar.
Nathalia esfregava o rosto e assistia Viviane sair correndo do apartamento chorando magoada.
Isadora ficou desesperada, colocou as mãos na cabeça e começou a chorar, rodava na sala, estava desnorteada, sem saber o que fazer.
— Porra Nathalia, olha a merda que deu agora! – dizia alto —
— Isadora, não adianta se desesperar, coloca uma roupa e vai atrás dela.
Isadora olhou para Nathalia e não entendeu nada.
— Você me dizendo isso?
— Vocês se amam. Viu o que ela fez? Foi incapaz de te bater, mas me deu um tapa porque eu te fiz sofrer. Bem doído por sinal. – passou a mão no rosto —
Isadora foi para o quarto e trocou de roupas e na sala se despediu de Nathalia.
— Eu preciso consertar isso.
— Vai lá, qualquer coisa que precisar me liga. Anotei meu celular – entregou um papel – se quiser que eu fale com ela.
— Obrigada.
As duas deixaram o apartamento e Isadora saiu atrás de Viviane. Tentava ligar para a ruiva, mas sem sucesso. Foi direto para o apartamento de Viviane.
*********
Viviane caminhou pelas ruas de Icaraí sem saber pra onde ir, chegou em frente ao seu prédio e ficou pensando se ia para casa ou se saia para caminhar, Adriana estava saindo para ir para academia e viu a amiga sentada no muro em frente ao condomínio. Aproximou-se para ver se ela estava bem.
— Viviane? Está esperando alguém? – chegou perto de Vivi –
— Dri? – abraçou o pescoço da amiga e chorava –
— Ei, Vivi, o que aconteceu? Por que você está assim? – abraçou a amiga –
— Isadora me traiu. – disse em meio a soluços –
— Calma ai menina, como assim? Isadora? – não acreditava – Vem comigo, vamos lá pra casa.
— Você não está saindo? – limpou o rosto com a mão –
— Não estou mais. Vem.
Adriana levou Viviane para o seu apartamento e conversou com a ruiva até ela se acalmar.
Viviane via o telefone tocar mas se recusava a atender, chorava e contava o que aconteceu a Drica.
— Vivi, pensa um pouco, você nem deu oportunidade a Isadora de se explicar. Pode ter sido um mal entendido. – fazia carinho nos cabelos ruivos –
— Mal entendido? – levantou bruscamente – O que você ia achar se encontrasse Ana Paula pelada no mesmo apartamento que aquela biscate que apareceu lá na Lapa?
— Calma Viviane. Eu ficaria assim como você, mas depois eu teria que conversar com ela e descobrir o motivo pelo qual isso aconteceu. Se ela disse que não estava acontecendo nada, atende Isadora. – assistia Viviane andando de um lado para o outro –
— Não, eu não vou atender. – cruzou os braços –
O celular de Adriana tocou, e ela viu que era Isadora. Ela apontou para o visor e Viviane fez sinal para ela não atender a ligação.
— Você não quer atender, tudo bem, mas eu posso. – apertou o botão – Oi Isa.
Viviane saiu andando para o banheiro. Adriana conversou com a mulata que estava em desespero.
— Drica, ainda bem que você me atendeu, eu estou desesperada, eu preciso falar com Viviane.
— Calma Isadora. Você está onde?
— Eu estou aqui embaixo no seu prédio, o Ramon está de folga hoje, o porteiro novo não conhece ninguém, ele não sabe se Viviane entrou no prédio, no apartamento dela ela não está, eu preciso de ajuda. – chorava –
— Isa, eu preciso que você fique calma, Viviane está aqui comigo. – foi interrompida –
— Graças a Deus, eu estava preocupada, com medo de Vivi fazer alguma besteira.
— Calma, eu não sei se ela vai querer falar com você agora, ela está muito nervosa, mas eu posso descer e falar com você, me espera um pouco.
— Tudo bem.
Adriana desligou o celular e foi falar com Viviane, a ruiva estava deitada no quarto de hóspedes e chorava baixinho. Drica sentou ao lado dela e acariciou suas costas.
— Minha linda, Isadora está aqui.
— Eu não quero falar com ela. – disse embargada pelo choro –
— Eu sei, mas eu vou lá embaixo. Espera aqui. –beijou a cabeça da amiga –
— Você vai me deixar aqui sozinha?
— Você não está sozinha, Pitty está ali. – apontou para a porta do quarto –
— Você não vale nada. – olhou para a cachorrinha e acabou rindo de Adriana –
— Espera aqui minha linda, eu já volto.
Viviane só balançou a cabeça, Adriana desceu e encontrou Isadora aos prantos, estava sentada no hall do prédio, ela estava conversando com Ana Paula ao telefone.
— Não Ana, eu juro que eu não fiz nada.
Adriana chegou e sentou ao lado da mulata. Isadora olhou para ela e segurou sua mão.
— Ana, Drica chegou aqui, depois a gente conversa. – uma pausa – Beijo.
— O que aconteceu Isa? – Drica perguntou de mansinho –
— Ai Drica, foi um grande mal entendido. Eu estou desesperada. – soluçava –
— Calma, respira. Conta o que houve.
Isadora começou a narrar os fatos para Adriana que ouvia atentamente, enquanto elas conversavam Ana Paula chegou e se juntou à namorada e à amiga. Isadora terminou de falar e esperava a opinião de Adriana.
— Será que ela vai acreditar? – limpava o rosto –
— Poxa Isa, é uma cena que deixa dúvidas mesmo, eu também ficaria desconfiada presenciando uma situação dessas.
— Eu sei, mas eu juro que eu estou contando a verdade para você.
— Eu acredito Isa, mas quem você vai ter que convencer é Viviane. Ela está muito nervosa. Eu vou ver se ela quer falar com você.
— Por favor Drica, ela te ouve, ela confia em você, me ajuda. Fala com ela. – Ana abraçava a amiga –
— Eu vou falar, Vocês querem subir ou vão esperar aqui? – levantou da cadeira –
— Esperamos aqui. – Ana falou –
Adriana deu um beijo na namorada e subiu para conversar com Viviane. A ruiva estava no sofá encolhida.
— Vivi.
— Oi.
— Isa quer falar com você. – sentou ao lado da amiga e a abraçou –
— Eu não quero.
— Vivi, conversa com ela, ela me contou o que aconteceu, pelo que parece foi um grande mal entendido.
— Encontrar Isadora pelada no apartamento com aquela outra foi um mal entendido?
— Sim, ela entornou suco na roupa que você deu a ela, e a reação imediata foi retirar para não manchar, foi na hora que você chegou. Nathalia não saiu da sala em momento algum.
— Difícil de acreditar. – andava em círculos –
— Viviane, Isadora não teria por que mentir, ela está com você porque te ama, eu acredito nela.
Viviane andava pela sala, de braços cruzados, sem saber o que fazer. Adriana levantou e foi até a amiga. Segurou seus braços e a fez parar e olhar para ela.
— Vivi, dê pelo menos a chance de Isadora se explicar, e então você tira suas conclusões. Ela merece essa oportunidade.
Viviane olhava para Drica, pensava se a amiga tinha razão, Isadora nunca fez nada para aborrecer Viviane antes, sempre foi uma namorada dedicada, nunca deixou dúvidas para terem brigas por ciúmes.
— Tudo bem, eu falo com ela.
Adriana sorriu e abraçou a amiga, ligou para o celular de Ana e falou para Isadora subir. As duas entraram no apartamento e Viviane olhava para Isadora esperando as explicações da namorada. Isa não falava nada. Adriana resolveu deixar as duas conversarem mais a vontade.
— Ana, vamos lá embaixo comigo.
— Claro.
— Fiquem a vontade tá. Conversem o tempo necessário, só me avisa quando eu puder voltar para casa. – sorriu ao cruzar a porta —
Adriana saiu com Ana e deixou as duas conversando.
— Tomara que elas se entendam, Isadora tem um amor imenso por Viviane. – Ana dizia enquanto apertava o botão do elevador –
— Elas vão conseguir conversar e Viviane vai entender o que aconteceu, ela ama Isadora. – sorriu –
Enquanto isso no apartamento, Isadora ainda permanecia longe de Viviane.
— Vivi, eu preciso t explicar o que aconteceu, por favor, me escuta.
— Eu estou aqui Isadora, não vou a lugar nenhum. – permaneceu em pé –
— Vivi, foi tudo um grande mal entendido, eu não estava com Nathalia, não da forma como você pensou.
— E de que forma você queria que eu pensasse? Você praticamente nua com uma toalha nas mãos, e aquela traidora descalça atendendo a porta. – gesticulava –
— Vivi, eu sei que a cena que você viu sugere que algo estava acontecendo ou ia acontecer, mas não teve nada disso. Eu derrubei suco na minha roupa, aquela blusa creme que você me deu. – mostrava a blusa como se fosse a manchada –
— Sei. – cruzou os braços –
— E na mesma hora eu sai correndo para tirar e colocar de molho, para não manchar, eu gosto tanto dessa blusa e da calça também.
Viviane observava a namorada tentando se explicar do jeito que conseguia.
— Foi na hora que você chegou. Eu tinha ido no banheiro para me secar e ia colocar outra roupa. Mas não deu tempo. Eu juro que nada aconteceu Vivi, eu te amo, Nathalia é caso passado, não existe mais nada entre nós. Acredita em mim.
— Isadora você jura que não aconteceu nada?
— Eu juro, eu não fiz nada, nunca te traí, nunca te desrespeitei.
Isadora se aproximou de Viviane e segurou sua mão, Vivi deixou o toque acontecer.
— Viviane olha pra mim. Por favor.
A ruiva olhou para Isadora que encarava a namorada.
— Eu te amo, é você que eu quero pra mim, que eu quero passar o resto da minha vida. Não fica assim, não aconteceu nada. – seu olhar era de desespero –
Viviane olhava para ela e analisava a expressão de Isadora, ela a amava também e não deixaria a namorada por causa de um mal entendido, Viviane acreditou em Isadora e aceitou as desculpas da mulata.
— Tudo bem Isa, eu acredito em você. Eu não vou fazer nada. Eu te amo e não vou jogar o que nós temos fora por causa de algo que eu deduzi.
Isadora a abraçou forte e apertado.
— Ai meu amor, eu fiquei com tanto medo de te perder, eu não sabia se você ia acreditar.
— Isadora. O que ela queria? Por que ela foi te procurar? – ainda a abraçava –
— Ela está de férias aqui no Brasil, e resolveu me procurar para pedir desculpas, e ela até tentou me seduzir, mas não rolou nada, eu juro. – se afastou da namorada –
— Biscateira, traiu você, foi embora, agora volta achando que você estaria esperando por ela assim? – colocou as mãos na cintura –
— Viviane, esquece isso, agora vem aqui, me dá um abraço, eu senti tanto medo de perder você.
Viviane abraçou a namorada e a beijou. Elas ficaram um tempo assim e voltaram a se olhar, faziam um carinho mútuo.
— Agora vamos lá pra casa, eu estou morrendo de saudades, eu quero te abraçar, e fazer amor com você. – Isadora convidava –
— Claro, eu vou, mas você abre o seu olho hein dona Isadora, eu vou marcar em cima enquanto essa sonsa estiver aqui. – balançava o indicador para Isadora –
— Pode deixar meu amor. – beijou a ruiva –
*****************
Sentadas na beira da praia, em um quiosque, Adriana e Ana conversavam, e a morena recebeu um torpedo da amiga dizendo que estava tudo certo e ela poderia voltar para o apartamento.
— Elas se resolveram. – Drica disse enquanto olhava o celular –
— Eu acabei de receber um sms de Isadora. – completou Ana —
— Vamos subir então, você vai ficar comigo hoje?
— Eu pretendo. – sorriu maliciosa –
— Então vamos, que eu estou louca por você. – falou baixinho –
Ana pagou a conta e saiu de mãos dadas com Adriana para voltarem para o apartamento da morena, esperavam o sinal abrir e um jovem vinha passando sem camisa de bicicleta, viu as duas namoradas de mãos dadas e conversando e resolveu ofendê-las.
— Mas que desperdício hein! – parou de pedalar – É falta de homem para uma boa foda! – continuou se afastando lentamente —
As duas escutaram e Ana ia revidar o comentário malicioso, mas foi contida por Adriana.
— Mas que mal educado!
— Calma Ana, deixa ele ir embora. É um playboy preconceituoso e não merece nossa atenção.
— Mas é um desrespeito Drica!, Como ele pode achar bonito falar algo assim?
— Meu amor, infelizmente a nossa sociedade é muito machista e preconceituosa ainda. Não viu a repercussão que deu o tal beijo gay que passou na televisão?
— Eu vi. – atravessavam a rua –
— Então, muitas pessoas reclamaram que isso é uma falta de respeito, mas ninguém falou das cenas de quase nudez protagonizadas por aqueles dois casais que no final trocaram de pares, ninguém achou feio a quantidade de amantes que aquele médico teve na novela. – apertava mais a mão de Ana —
— Eu sei, ai depois trocou a esposa de anos por outra mulher mais jovem, que fez da vida dele um inferno e no final ele ainda foi lá para dizer que queria ficar com ela, isso foi ridículo. – caminhavam pela calçada —
— Eu sei, e depois o beijo gay que foi desrespeitoso? – perguntava indignada – Ah fala sério!
— Viu o problema que São Paulo teve essa semana no metrô? Foi uma pouca vergonha.
— E o trem aqui no Rio? Isso sim é um desrespeito à população, essa roubalheira dos nossos recursos. – chegaram em frente ao prédio – Isso não incomoda a ninguém.
— Mas não adianta, é um problema cultural, e esse machismo vai permanecer por muito tempo ainda, só nos resta esperar, tem que ser um passo de cada vez meu amor.
— Sei qual é. – entraram no prédio – Adriana sorriu —
As duas subiram e foram namorar, já que Ana foi até Icaraí por causa de Isadora, resolveu ficar com a namorada.
— Drica, eu quero te levar para conhecer alguém. – entravam no apartamento –
— Quem? Alguém em especial? – se jogou no sofá –
— Sim, a terapeuta que eu frequentei, ela é ótima e você está precisando de ajuda. – sentou ao lado de Drica –
Adriana ficou muda e deitou no colo da loira. Ana ligou a televisão e zapeava os canais.
— Você não quer ir? – Ana perguntou sem olhar para Drica –
— Eu não sei. Eu nunca pensei em fazer terapia. – brincava com a costura da blusa –
— Meu amor, terapia não é um bicho de sete cabeças, foi muito bom para mim. Eu queria muito que você conversasse com ela. Você precisa colocar essa angústia que você sente pra fora. – fazia carinho nos cabelos da morena –
— Eu não sei Ana. – virou de lado – Eu não me sinto bem falando sobre minha vida para estranhos.
— Você que sabe, eu não vou te forçar a nada, mas eu acho que seria bom você conversar com alguém de fora. – continuava fazendo carinho em Adriana –
— Eu vou pensar e falo com você.
— Tudo bem meu amor. – continuava olhando para a televisão –
— Você vai dormir aqui?
— Se você quiser eu durmo com você.
— Eu quero.
— Então eu durmo. Acabou que você nem foi para a academia.
— Com essa confusão de Viviane e Isadora, eu acabei desistindo.
— Eu vou tomar um banho, já que vou ficar aqui.
— Vai lá.
Ana foi até o quarto de Adriana e pegou suas roupas que havia deixado no apartamento da morena. Drica ficou na sala assistindo TV. Depois de um tempo, pensou melhor e resolveu que teria que tomar um banho também e foi para o banheiro.
Encontrou a porta aberta, um convite ao prazer. Abriu devagar e avistou sua namorada nua se banhando, esboçou um sorriso safado. Retirou suas roupas e quando Ana sentiu a presença dela atrás de si, virou-se e abriu um enorme sorriso.
— Eu sabia que você não ia resistir. Vem. – abriu a porta do box –
Adriana terminou de retirar as roupas e entrou no espaço apertado do chuveiro, Ana Paula a puxou pela mão, colou seus corpos e Drica deixou a água fria molhar sua pele e seus cabelos, Ana Paula virou a morena de modo que ela ficasse de frente para a parede, pegou o sabonete e passou nas costas de Adriana, massageando seus ombros, desceu pela coluna e a abraçou fazendo espuma em sua barriga, beijava o seu pescoço, deslizando a língua até seu ouvido.
Drica se arrepiou inteira, fechou os olhos e sentia a excitação lhe correr pelo corpo, virou-se de frente para a namorada, abraçou seu pescoço e beijou sua boca, sugava o lábio de Ana, deixando a promotora louca de desejo.
Ana Paula encostou Drica na parede, o azulejo gelado contrastou com a pele quente da morena. O beijo seguia intenso, denso, louco, línguas se encontravam e lábios se descobriam, era um gosto de água misturada a saliva que ditava o tom daquele momento.
Ana desceu beijando o pescoço da namorada, e chegou até seus seios, perdeu um tempo ali. Suas mãos hábeis seguravam a bunda de Adriana, que levantou uma das pernas e apoiou sobre a coxa da loira, Ana prontamente entendeu o recado e levou seus dedos até o sexo da morena fazendo Drica gemer alto.
— Ah, Ana.
— Geme minha linda. – sussurrava em seu ouvido –
A promotora massageava o sexo da namorada em movimentos circulares, Drica arranhava as costas da loira e gemia, sentia o prazer inundando seu corpo e de olhos fechados sentia sua mulher lhe possuindo, era o ápice.
— Ana, eu não aguento mais, vem. – suplicava em seu ouvido –
Ana Paula atendeu sua mulher e entrou em seu sexo com dois dedos, deixando Drica louca de prazer. Movimentos firmes e cadenciados ditaram o ritmo do orgasmo de Adriana que veio como uma avalanche de sensações.
Sentindo o corpo da morena tremendo em seus braços, Ana diminuiu as investidas, e segurava o corpo relaxado da contadora contra a parede. Adriana ainda tinha os olhos fechados e se recuperava abraçada a sua amada.
Ana beijava o pescoço da mais nova e chegou novamente até sua boca, beijou-a.
Adriana retribuiu os carinhos e fez com que a namorada sentisse seu prazer.
Depois do banho, já deitadas na cama, uma olhava a outra, era um carinho velado, tranquilo, carinhos e beijos se demonstravam em uma linda conversa em silêncio.
Olhos se entendendo, bocas se encontrando, peles se reconhecendo, uma longa conversa através dos gestos e das juras de amor. Adormeceram abraçadas em meio aos lençóis bagunçados da cama de Adriana.
*******************
No escritório, Adriana chegou conversando com Viviane. Paula e Alessandra já estavam no local.
— Bom dia meninas. – Viviane cumprimentou –
— Bom dia! – as duas responderam juntas –
— Bom dia. – Drica completou –
Cada uma seguiu para sua mesa, Alessandra estava colocando um café para fazer na cafeteira e ouviu as duas amigas conversando.
— Ai, Dri, pelo menos agora está tudo bem. – pendurou a bolsa no braço da cadeira –
— Eu fiquei muito feliz por você ter acertado as contas com Isadora. – fez o mesmo –
— O que houve Vivi? – Paula perguntou —
— Ai amiga, eu nem te conto, quase que eu terminei com Isa ontem. – sentou em sua cadeira –
— Mas por que? – assustou-se –
— Ah, aquela sonsa da ex namorada dela resolveu aparecer no apartamento dela ontem.
— Nathalia? – Alessandra perguntou –
— Essa mesmo. – Vivi completou –
— Nathalia está no Brasil? – Paula perguntou preocupada –
— Está Paulinha. – Adriana respondeu –
O clima ficou meio pesado entre as amigas, Viviane contou o que aconteceu na noite anterior e como tudo terminou, a ajuda de Drica e Ana Paula.
— Acabei dormindo com Isadora no apartamento dela, e hoje de manhã a ex ligou perguntando se tinha ficado tudo bem, aposto que ela estava querendo saber se o caminho estava livre para ela vir e consolar minha namorada.
— Talvez ela tenha ficado preocupada mesmo Vivi, de ter causado um problema maior entre vocês. – Adriana tentava ponderar –
— Eu duvido, aquela sonsa tem cara de santa mas não me engana não. – gesticulava –
Alessandra ficou calada o tempo inteiro, Paula percebeu o desconforto da esposa.
— Ale, vem aqui um minuto. – Paula chamou —
Alessandra foi com a esposa para a sala de reunião e ficaram lá conversando por um tempo. Adriana percebeu que era sobre a presença de Nathalia.
— Será que a volta de Nathalia vai abalar as duas? – Viviane perguntou –
— Acho que não, Paula só está se certificando que isso não irá acontecer. – Drica começou seu trabalho –
************
Ana Paula se preparava para sair do escritório quando Eduarda passava no corredor e resolveu visitar a colega de trabalho.
— Oi linda. – parou na porta –
— Oi Duda. – guardava uma pasta no arquivo –
— Já está saindo? – caminhou para dentro da sala –
— Sim, eu já terminei por hoje. – olhou para Duda — Eu vou me encontrar com minha namorada. – sorriu –
— Ah sim. Eu entendi. Quer uma carona?
— Não, obrigada. Ela vai me pegar aqui embaixo.
O celular tocou.
— Oi Drica.
Eduarda observava a loira falando ao celular.
— Sim, eu já estou pronta, vou descer. Beijos. – colocou o aparelho no bolso –
–Eu vou descer Duda, ela já está chegando. Nos vemos amanhã.
Ana foi caminhando com Duda para fora de sua sala e fechou a porta. Duda não falou nada, ficou parada no corredor apenas observando a loira caminhar para o elevador.
— Ah Ana, Nós poderíamos ter nos divertido muito juntas. – lamentou –
*******
Ana e Drica jantavam em um restaurante em Icaraí, perto do apartamento da morena.
— Meu amor, você pensou sobre minha sugestão, de ir comigo no consultório de Martha?
— Ai Ana, é muito difícil pra mim pensar nisso, eu não pensei nisso ainda. – cortou um pedaço de carne –
— Tudo bem, eu não vou te forçar a nada, mas pensa com carinho, será muito bom para você. Aprender a lidar com os problemas que você teve com sua mãe e essa descoberta sobre o seu pai. – bebeu um gole de vinho –
— Eu sei, eu comecei uma terapia lá em Harvard, me obrigaram, por causa do sequestro.
— E o que você achou? – limpou a boca com o guardanapo –
Adriana deixou os talheres sobre o prato e cruzou os dedos sobre seu colo e desviou o olhar.
— Foi bom por um lado, mas era tão ruim ficar relembrando tudo aquilo, eu ainda tenho pesadelos até hoje sabia? – olhou para a namorada –
— Sim eu sei. Eu ouvi você falando enquanto dormia na última vez que eu fiquei na sua casa. – estendeu a mão sobre a mesa – Me dá sua mão.
— O que? – Adriana não entendeu –
— Me dá a sua mão.
Adriana estendeu a mão sobre a de Ana que a segurou forte e entrelaçou os dedos.
— Você não está mais sozinha Drica, não está em outro país, longe de quem você ama, de quem gosta de você, ao contrário, eu estou do seu lado, eu te amo e eu prometi fazer você feliz. E eu vou fazer. Mas você precisa se libertar. Deixa tudo o que te faz mal sair, e abre espaço para ser feliz.
Adriana sentiu os olhos lacrimejarem, se havia algum tipo de dúvidas sobre Ana Paula e sua mudança, esta se esvaiu. Se existia algum tipo de receio ou medo, isso acabou naquele momento.
Adriana apertou a mão de Ana Paula com mais força e sorriu. Seu coração se encheu de esperança e por um momento ela aceitou ir com Ana Paula conhecer sua terapeuta.
— Ana, eu vou com você conversar com sua terapeuta, marca um dia que eu vou lá.
— Ai minha linda, você não sabe a alegria que você me deu agora, eu quero só o seu bem, e eu tenho certeza que Martha pode te ajudar muito. – sorriu –
— Tudo bem, eu consigo fazer isso.
As duas terminaram de comer e caminhavam em direção ao prédio de Adriana, Ana tomava um sorvete e Drica andava com as mãos nos bolsos.
— Drica, a Duda ainda está dando em cima de mim.
— Por que você está me contando isso?
— Porque eu não quero que existam segredos entre nós, já basta de confusões e mal entendidos. – tomou a ultima colherada do sorvete –
— E você fez o que? – encostou-se na grade do jardim –
— Nada, só disse a ela que agora eu tenho uma namorada linda e que só podemos ser amigas. – encostou-se ao lado da namorada –
— E ela aceitou na boa? – levantou uma das sobrancelhas –
— Em princípio sim, eu acho que ela não vai nos trazer problemas maiores, fica tranquila.
— Tudo bem. Ela pode até dar em cima de você, mas eu não quero saber que você está alimentando essas investidas dela ouviu? – cruzou os braços –
— Ai minha gatinha ciumenta, não fica grilada não, eu não vou alimentar nada com a Duda. Minha vida é com você e mais ninguém.
— Se não estivéssemos na rua eu te daria um beijo. – disse baixinho – Vamos subir?
— Eu não resisto a um pedido desses. – sorriu –
As duas entraram no prédio da morena e aproveitaram o fim de noite para namorar.