Semana do carnaval, as amigas estavam de malas prontas para viajar para a região dos Lagos, Adriana foi visitar o seu pai antes da viagem e marcou com Felipe no apartamento.

Seu pai já estava totalmente recuperado, ainda tomava algumas medicações mas já se sentia bem novamente. Já caminhava sem dificuldades e se alimentava bem.

Felipe abriu a porta e sorriu ao ver a irmã. Abraçou-a e beijou sua testa.

— Oi Drica.

— Oi Felipe, ela está em casa?

— Sim.

— E ai Lipe? Ela já falou pra ele?

— Eu acho que ainda não. Ele está dormindo.

Enquanto entravam no apartamento Catarina saía da cozinha com um copo de água na mão. Ao encontrar Adriana, novamente foi grossa.

— O que você está fazendo aqui? A essa hora da manhã já ter o desprazer de te encontrar. – era ríspida —

— Mamãe pare com isso, Adriana não tem culpa do que aconteceu. Será que a senhora não vê? – Felipe tentava argumentar —

— Eu sei o que eu vejo, eu vejo um ser desprezível que fez minha vida virar de cabeça para baixo, eu nunca quis outro filho. – abaixou o tom de voz — Ainda mais daquele homem. – cerrou o cenho —

— Eu só vim ver o meu pai, — disse enfatizando a frase — eu não tenho que ficar escutando essa presepada que você está dizendo. – Adriana não abaixava mais a cabeça para a mãe —

— Garota, se manca, — segurou o braço de Drica — você não pode simplesmente desaparecer? Ele não é o seu pai!

— Você está falando de quem Catarina? – Antero chegava na sala –

Catarina empalideceu e soltou o braço da filha, deu dois passos para trás e não conseguia dizer nada.

Adriana e Felipe ficaram olhando a reação do pai, se Catarina ainda tentava esconder o que aconteceu do marido, sua tentativa foi por água abaixo.

— O que você está falando Catarina? – caminhava até a sala –

— Antero, o que você está fazendo em pé? Você precisa descansar. – tentava desconversar —

— Como você quer que eu descanse, ouvindo você falar essas barbaridades para Adriana? Diga! — falava mais alto —

— Antero você não estava dormindo?

–Eu acordei com o barulho da campainha, só fiquei deitado. Quer me explicar o que você está falando?

— Antero não é nada com você.

Felipe enfurecido com a atuação da mãe resolveu tomar atitude que sempre faltou nos homens da família Ferreira e enfrentou sua mãe.

— Quer saber de uma coisa, já está na hora dessa família ter uma conversa honesta e de igual pra igual, se você não falar agora mamãe, falo eu.

— O que você sabe Felipe? – Antero cruzou os braços —

Catarina estava sem falas, não acreditava que estava sendo colocada na parede.

— Tudo bem mamãe, deixa comigo. – Felipe começou a falar – Papai minha mãe tem um segredo que ela tem que contar para você.

— Não Felipe! Não! – Catarina se desesperou –

— Minha mãe tem uma amante, pai. – Felipe olhava para ela triunfante –

Adriana só estava assistindo aflita a discussão dos três, olhou para o seu pai e esperou uma reação mais enérgica.

— Felipe!

— Ela não gosta da Drica porque ela não é sua filha, era isso que ela estava falando.

— Cale a boca Felipe! – o copo que ela segurava foi ao chão se quebrando em pedaços –

Antero observava o desabafo do filho enquanto olhava para Adriana e Catarina.

— Adriana é filha do marido da amante dela – apontava para a mãe – que fez uma covardia com mamãe para ela deixar a mulher dele e não se separar de você.

Catarina chorava, via o seu mundo desabar, tudo que ela lutou para esconder veio à tona, qual seria a reação de Antero?

— Eu sabia disso tudo. – disse calmamente – Eu não queria que vocês descobrissem.

Todos ficaram em silêncio, a resposta de Antero foi um balde de água fria nos três que estavam parados em pé na sala, Adriana não conseguia acreditar no que ouvia, ele sabia que não era o seu pai?

— Como assim? – Catarina perguntava assustada –

— Eu sabia de tudo Catarina, eu coloquei um detetive para descobrir quem era o seu amante, porque eu achava que era um homem. Qual não foi minha surpresa quando o detetive me trouxe fotos de você agarrada com uma mulher.

— Então você sempre soube que não é o meu pai?

— No inicio não minha filha, mas isso não me importou depois, quando eu vi o seu rostinho inocente eu sabia que o meu dever era te criar e te educar para que você fosse uma mulher de bem, e pelo menos isso eu consegui. – sorriu –

Adriana se emocionou.

— Antero, você sabia o que tinha acontecido comigo? – estava chocada –

— Sim, o detetive me trouxe o flagrante do seu caso e eu comecei a pensar no fazer, eu fiquei perdido. Por isso acabei me afastando. Estava pensando em me separar.

— Você ia me deixar?

— Não Catarina, você ia me deixar! – apontou para a mulher – Pensa que eu não sei por que aquele monstro fez o que fez?

— Por que você não fez nada para me ajudar?

— Eu não descobri a violência logo que aconteceu, você não falou nada, depois que eu descobri o seu caso, eu fiquei pensando no que fazer com o Felipe e tudo o que nós vivemos, eu fiquei arrasado, eu te amava Catarina.

Catarina ficou envergonhada — Como você soube?

— O detetive descobriu. Mas isso foi anos depois, e você não denunciou o bastardo, oque eu poderia fazer?

— Minha nossa! – Catarina sentou no sofá – Então esse tempo todo você soube de tudo?

— Sim, inclusive que sua amante voltou e você está com ela de novo. – dizia calmo —

— Pai, por que você não fez nada antes? – Adriana perguntava –

— Sua mãe parou de encontrar com ela na época, eu ainda a amava muito, eu pensei que ela tinha caído na real e terminado com a amante por arrependimento, só para ficar comigo, então eu fingi que não sabia de nada e aceitei recomeçar.

— Quando você desconfiou? — Drica interrogou –

— Quando você nasceu antes do tempo, normal e sem problemas eu achei estranho, só que na verdade não estava fora do tempo, eu que pensava que a gravidez dela tinha sido depois do que realmente foi. – olhou para Catarina – Pelas minhas contas, você tinha nascido prematura.

Uma pausa e ninguém mais falava, ele continuou.

— O modo como sua mãe te tratava começou a me incomodar, tinha que haver algo errado para ela ter tanta indiferença. Em princípio eu achei que era depressão pós-parto, mas o tempo passou e eu sempre via a diferença entre você e Felipe.

— Como você sabia disso Antero? Você nunca ligou para essas coisas? – Catarina se revoltou –

— Você que pensa Catarina, eu sempre me preocupei com essa família, ao contrário de você que sempre se preocupou em manter sua imagem e um casamento sem amor. – a acusou —

— Eu liguei para o mesmo detetive na época e pedi para ele tentar descobrir se algo tinha acontecido, ele saiu em busca de alguma coisa do ponto de partida que era a amante da sua mãe.

— Ele falou com Marina? — Catarina estava apavorada —

— Não, depois de falar com algumas pessoas ele chegou ao marido dela e conseguiu arrancar uma confissão do cafajeste, embebedou o cara e o envolveu de um jeito que ele acabou contando o que fez.

— Minha nossa! –Catarina colocou a mão na boca –

— Quando começou a surgir nos laboratórios, os exames de DNA, eu fiz um sem ninguém saber, levei amostras suas e de Felipe, — olhava para Drica – para saber se você era minha filha ou não.

— Eu não acredito nisso. – Catarina estava desesperada –

— Quando eu peguei o resultado, ficou tudo claro, Felipe é meu filho realmente, mas você não. Eu fiquei arrasado, mas o amor que você me sempre me deu foi suficiente para eu passar por cima de qualquer teste de sangue.

— Então você sempre soube que eu não sou sua filha?

— Sim, desde que você tinha seis anos eu tive certeza, você pode não ser minha filha de sangue, mas é minha filha amada e que eu criei com todo o amor que eu poderia ter. – estendeu o braço para Drica –

Adriana segurou sua mão e ele a puxou para um abraço. Ela chorou em seus braços, no colo do seu pai, ele poderia não ter o seu sangue, mas ela não conhecia outro homem que pudesse exercer tão bem esse papel. Felipe estava mudo.

— E agora? – Felipe perguntava –

— Agora sua mãe pode ir viver a vida dela. – olhou para a esposa, ainda abraçado com Drica — Vai morar com sua mulher Catarina, e eu estou pensando em alugar o apartamento e comprar algo pequeno pra mim lá em Búzios.

— Antero, você vai me deixar? – colocou a mão no peito –

— Eu vou, você não precisa mais de mim, nossos filhos já são adultos, cada um com sua vida, e sua mulher tem condições financeiras boas para sustentar suas sandices, pode se mudar e ir viver o seu amor de conto de fadas, eu vou atrás das minhas férias vitalícias. – bateu com uma das mãos na barriga —

— Mas Antero!

— Nada de mas, Catarina. Está decidido! Pode ligar pra sua namorada ou seja lá o que ela for e avisar que brevemente você vai se mudar. Chega dessa farsa, os meninos já sabem de tudo, não tem porque manter esse casamento infeliz e sem amor.

Todos estavam de boca aberta, de repente surgiu um homem decidido de dentro do Antero bobo que todos conheciam. Ele deu as cartas naquele momento. Catarina estava sem palavras para expressar qualquer reação.

— E eu não quero mais ouvir você gritando ou falando essas barbaridades com Adriana.

— Antero você não pode fazer isso, esse apartamento também é meu. – levantou com atitude –

— Senta ai! – a mulher obedeceu – Esse apartamento é do meu pai. Ainda está no nome dele, não tem nada haver com você, nós vamos conversar sobre isso. – uma pausa — Depois.

Adriana estava achando o máximo aquela postura de seu pai, sempre viu a mãe fazendo isso com ele e hoje tudo mudou.
— Antero!

— Caraca! – Felipe exclamou assustado –

— Eu acho que tudo ficou esclarecido, o restante dessa conversa eu tenho que ter com sua mãe. – beijou a testa de Drica.

— É melhor ir embora Felipe. – Drica segurou o braço do irmão —

— Caraca!

— Felipe, para de falar isso e vamos embora! – Drica ralhou com o irmão –

— Tudo bem. Pai, qualquer coisa me liga.

— Tchau pai. – Drica pensou um pouco — Eu continuo te chamando assim?

— Claro! Você sempre será minha filha.

— Tchau pai. – Drica bateu a mão para Antero—

Os dois saíram e deixaram os pais para conversarem, Adriana estava impressionada com tudo que aconteceu, de repente sua vida voltou a ter sentido, sua mãe não lhe dava o amor que ela merecia, mas ela tem um pai que dispensa comentários.

Felipe estava sem palavras para o que presenciou, pensativo o rapaz não dizia nada.

— Felipe, o que você está pensando?

— Caraca.

— Ah Felipe! Vai catar coquinho! Para de falar isso! – deu um tapa no irmão –

— Drica, nossos pais vão se separar! Como vai ser isso?

— Não são os primeiros e nem os últimos. Pode tratar de relaxar. O melhor de tudo é mamãe sair de casa para ir morar com uma mulher, aquela pose toda foi por água abaixo. A máscara de dona Catarina caiu.

— É, tempos modernos. Minha mãe com mais de cinquenta anos vai se separar do meu pai para casar com outra mulher. Eu não acompanho essas mudanças não. – balançava a cabeça –

— Então pode ir correndo para alcançar essa mudança meu filho, porque sua mãe está nesse patamar.

— Ela é sua mãe também.

— Não é não, eu só tenho pai Felipe. Um pai que sempre soube que eu não tenho o sangue dele nas minhas veias, mas que me considera como uma filha, minha mãe que é sangue do meu sangue, não quer me ver nem pintada de ouro.

— Eu estou passado Adriana. Quanta informação, e agora?

— Agora você vai pegar sua namorada e suas malas e vai entrar em um voo para Salvador e curtir o carnaval da Bahia! E eu vou com minha namorada e minhas amigas para búzios relaxar, eu estou precisando.

O celular de Adriana tocou.

— Oi Mari.

Felipe a observava ainda sem reação.

— Não vou demorar, acabei de sair da casa do meu pai, eu já estou indo pra casa. Beijo.

— Felipe, trata de melhorar essa cara de bunda que você está, — deu um tapinha no rosto do irmão — eu preciso ir que Mariana já chegou lá em casa. Bom carnaval e se cuida. – beijou o rosto do rapaz –

— Tá, você também, cuidado lá em Búzios. Divirta-se.

Adriana pegou o caminho de casa, tinha muito para contar para as amigas.
**********
Ana já estava instalada em São Paulo, alugou um apartamento no Centro, próximo onde seria feito o estágio , nada comparado aos imóveis do Rio, era menor, com um quarto apenas, mas dava para sobreviver aos seis meses que ficaria em São Paulo.

Assim que ajeitou tudo, ligou para Fernando, um amigo dos tempos de faculdade, o rapaz se formou com ela no Rio, mas se mudou para São Paulo para fazer pós graduação e acabou fixando residência na cidade, depois que conheceu Arthur, seu atual marido.

— Alo.

— Fernando! É Ana Paula que está falando, lembra-se de mim?

— Aaaaah, eu não acredito! – deu um grito no aparelho –

— Quem não acredita sou eu, você está com um agudo poderoso hein! — afastou o celular da orelha—

— Mona! Quanto tempo que a senhorita não me liga, achei que já estava casada com Lívia cuidando dos melequentos de pés descalços naquele Rio de Janeiro lindo que eu amo.

— Deus me livre de cuidar de melequento. Eu não quero essa vida para mim não querido! E no mais, você errou em tudo, eu não estou casada, nem com Lívia e nem com ninguém e eu estou aqui em Sampa, que tal me levar para jantar?
— AAAAAAAh! Mona você está fazendo o que em São Paulo?

— Fernandinho, eu juro que se você gritar mais uma vez no meu ouvido eu te esgano pelo aparelho!

— Ai, mas que bicha chata! O que você está fazendo aqui na minha terra criatura?

— Ai Fernando, você não deixa de ser afetado não é? Eu vou passar seis meses aqui fazendo o estágio probatório, eu passei para o concurso da promotoria do Rio.

— AAAAAAAAAAAAAAAh!

Ana Paula tirou o celular do ouvido e desligou o aparelho.

— Mas minha nossa Senhora das Bichas Escandalosas! Assim não há ouvido que aguente! – reclamou sozinha —

O celular da loira tocou e ela atendeu no viva voz.

— Oi Fernandinho.

— Mona, a ligação caiu.

Ana pensou consigo – O que vai cair é minha audição.

— Mas você é uma CDF mesmo hein! Eu já fiz esse concurso trezentas vezes e não consegui nem uma boa classificação, quanto mais passar.

— Exagerado. – ria – Mas e ai, vai me levar para jantar ou eu vou ter que sair por São Paulo sozinha?

— Mas é claro que eu vou te levar para jantar minha linda, loira e divina advogada. Eu e meu bofe, Arthurzinho vai adorar te conhecer!

— Arthurzinho! Eu mereço – pensou – Tudo bem, eu vou te passar o meu endereço, me pega que horas?

— Oito?

— Marcado.

— Beijo nessa boca gostosa!

— Até parece que você gosta disso Fernandinho.

O rapaz caiu na gargalhada e encerrou a ligação. Ana estava cansada, deitou no sofá-cama na sala pequena e acabou cochilando.
***************
Paula e Alessandra encontraram com Adriana e Mariana em Niterói para seguir para Búzios, Marcos estava com a irmã, passariam o carnaval na casa de Mariana. Viviane e Isadora foram no carro da mulata. Vanessa veio para passar o carnaval no Rio com a irmã, estava deslumbrada com a Cidade Maravilhosa.

Chegando a casa da arquiteta, as meninas ficaram boquiabertas, o lugar é de muito bom gosto. A entrada era disposta com um grande portão de madeira, aberto através de controle, a parte da frente acomodava os três carros com folga. O caminho era de pedras demarcando o espaço para os pneus, e um jardim lindo, todo gramado completavam a frente da casa.

Uma grande varanda envolvia toda a extensão da construção, pegando a frente, a lateral e a varanda de trás. Tinham algumas cadeiras duas redes e um banco de bambu com almofadas na lateral.

Nos fundos uma piscina e área de churrasqueira, a casa de dois andares oferecia conforto para os casais, três quartos eram dispostos no andar de cima, embaixo a sala espaçosa com uma cozinha em estilo americano, sem paredes fazia o lugar parecer mais amplo.

Marcos era o único homem da casa, e quando viu Vanessa, saindo do carro de Isadora ficou logo interessado. Esse carnaval promete!

As meninas descarregaram o carro e acomodaram as coisas nos quartos, Mariana ficou com Drica na suíte principal, Alessandra e Paula com o quarto ao lado, e Isadora, Viviane e Vanessa com o terceiro, Marcos se ofereceu para dormir na sala para dar privacidade às meninas, Mariana não convidou outros amigos para não misturar muito as coisas.

Mariana tinha uma governanta que tomava conta da casa para ela, Dona Maria era o seu braço direito em Búzios, a senhora sempre ia na casa limpar e cuidar para que tudo ficasse sempre em ordem.

— É isso pessoal, o que vocês acharam? –Mariana perguntava orgulhosa –

— Nossa Mari! Muito linda! Você que projetou? – Paula perguntou –

— Na verdade eu projetei a reforma. Mas quem decorou foi minha mãe, ela tinha muito bom gosto. – sorria –

— É verdade, adorei o quadro. – Adriana apontava para uma pintura na parede –

— Esse ai foi meu pai quem escolheu. Ele adorava esse lance de arte e pinturas. Eles não tiveram muito tempo de aproveitar a casa, o acidente foi quatro meses depois que a reforma ficou pronta.

Adriana caminhou até a índia e a abraçou.

Nesse momento Marcos desceu correndo as escadas e passou como um furacão pelas meninas só de shorts e foi direto para a piscina.

— A última que cair é a mulher do padre! – deu um mortal e caiu na piscina –

As meninas ficaram rindo, e ele surgiu na superfície jogando o cabelo para trás. Tinha um sorriso iluminado no rosto.

— O Marcos adora isso aqui, quando a gente vem pra cá ele fica assim que nem criança. – Mari dizia –

— Que criança mais linda! – Vanessa sussurrou no ouvido da irmã –

Viviane apenas riu.

— Vem gente, a água está uma delícia! – o garoto nadava –

— Vamos senão ele não vai sossegar, se vocês quiserem ir pra praia, tem um controle reserva do portão que eu deixo aqui na estante. – foi pegar o objeto – Aqui, achei.

— Eu prefiro ficar em casa hoje, já está quase na hora do almoço, ainda precisamos preparar a comida. – Paula opinou –

— Não se preocupem, Dona Maria já está providenciando isso. – Mariana completou –
— Então não vamos precisar ir pra cozinha? – Alessandra comemorou – Amiga nunca mais viajo pra outro lugar. –

— Alessandra! – Paula ralhou –

— O que foi? – fez a mesma cara de desentendida de sempre —

Todas riram e foram se trocar para cair na piscina e fazer um churrasco, carnaval bem carioca.

As meninas estavam na piscina conversando e Marcos se ofereceu para comandar a churrasqueira, Vanessa toda hora ia pegar um pedaço de carne e esbarrava no rapaz, ele percebeu que tinha condições de investir e começou a xavecar a moça.
— Ih Vivi, acho que sua irmã vai arrumar um namorado no Rio também. – Isadora implicava –

— É o calor do carioca que mexe com a gente. –riu e beijou a namorada –

Adriana estava na sombra bebendo uma garrafinha de ice, Mariana sentou ao lado da namorada e a abraçou.

— Outra garrafa dessas pelo seu pensamento. – apontou para a bebida –

— Meu pensamento não vale tanto. – riu – Pensava no que vai acontecer com meus pais, depois disso tudo.

— Eles ficarão bem, você vai ver. Agora cada um vai viver a vida que realmente sonhou. E você precisa deixar que eles se entendam, eles são adultos e saberão se resolver. – beijou a testa da morena –

— É eu sei. – sorriu – Então, onde está meu pagamento? – mostrava a garrafinha –

— Ai, mas eu namoro uma pinguça! – saiu rindo para pegar a bebida –

*************
A noite caiu e todos se arrumavam para sair, Vanessa caprichou no visual para conquistar o irmão da arquiteta, Adriana terminava de se trocar quando Mariana entrou no quarto.

— Você vai sair assim? – perguntou em desaprovação –

— Eu vou, por que? – se olhou –

— Essa blusa não está muito decotada não Adriana?

— Mariana, eu só tenho blusas assim, se eu não puder usar um decote, eu terei que sair pelada. – colocou as mãos na cintura –

— Não gostei dela, coloca outra. – disse autoritária —

— Mari, qual é? Eu não estou indecente.

— Mas eu gostaria que você colocasse outra, é pedir muito? É carnaval, as pessoas estão sem controle, ai chega um maluco qualquer e tenta te agarrar eu vou ficar muito chateada.

— Ai mau pai. Tudo bem, eu vou trocar, mas só dessa vez hein.

Mariana sorriu vitoriosa e viu uma Adriana contrariada escolhendo outra blusa para vestir. Os ciúmes de Mariana se mostravam de diversas formas, e Adriana estava descobrindo isso da pior maneira possível.

Resolveram visitar a Rua das Pedras, lugar onde está reunido uma grande quantidade de bares e lojas, estava acontecendo um show no local e já havia muita gente caminhando por ali.
As amigas escolheram um bar para sentar e se acomodar, Marcos resolveu andar pelo local e chamou Vanessa para acompanha-lo, o que foi prontamente aceito. As meninas riam dos dois que estavam tão encantados um com o outro.

A noite corria bem, Paula como sempre regulando, ou pelo menos tentando regular Alessandra com a bebida e as seis conversavam sobre tudo.

Em um certo ponto da noite, Mariana mudou o semblante. Adriana percebeu que havia algo errado com a namorada e questionou.

— Mari, o que houve? Você ficou estranha de repente. – tinha a mão na coxa da arquiteta –

— Vamos embora daqui. – disse autoritária –

— O que aconteceu? –Adriana estava espantada –

— O que foi Mari? – Paula também percebeu que algo estava errado –

— Tem uma mulher que não para de olhar para Adriana!

— Onde? – Alessandra já começou a procurar –

— Ale, não olha assim! – Paula chamou sua atenção –

— Toda hora ela vai ao banheiro só pra ficar olhando pra você.

— Mariana eu nem vi isso, quem é essa mulher? – Adriana perguntou inocente –

— Ah agora você quer saber pra que? Pra dar mole pra ela também? – dizia ríspida –Ver se é bonitinha?

— Mariana, por favor, olha o que você está falando! — disse entre os dentes — Está me ofendendo!

As meninas perceberam um clima ruim na mesa, e ficaram apenas observando, apesar de Paula querer defender a amiga, mas ela preferiu manter-se fora da discussão.

— Então pra que você quer saber quem é? – gesticulava —

— Para evitar passar por perto, eu nem sei quem é, ai mesmo que você vai dizer que eu estou fazendo alguma coisa.

— Adriana aqui não é lugar para discutir isso.

— Quem está discutindo é você. Quer saber? Eu vou embora mesmo, não tenho mais clima para ficar aqui. – pegou dinheiro no bolso e deu a Paula para pagar sua parte da conta – Eu vou pra casa.

— Espera ai Drica, nós acabamos de chegar. – Viviane tentou persuadir a amiga –

— Não Vivi, vocês fiquem ai, boa diversão. – levantou contrariada e saiu –

As meninas se olharam e Paula já percebeu que esse namoro não tinha muito futuro. Mariana levantou atrás e foi correndo alcançando a contadora.

— Adriana espera!

— O que você quer Mari? Você não queria ir embora? Então, estamos indo. – cruzou os braços – Se quiser ficar ai sozinha pode ficar também, eu vou pra casa.

— Calma, desculpa. – segurou o braço da morena —

— Mariana não acha que já está na hora de parar de me pedir desculpas? –voltou a andar – Você está sempre me recriminando, eu não vi esse ciúme todo nas duas semanas que você passou comigo em Nova Iorque.

— Eu sei, é que eu estou insegura desde o que aconteceu. – segurou o braço da morena e a fez parar de andar – Eu tenho medo de te perder.

— Mas desse jeito é só o que você vai conseguir. Eu escolhi estar aqui, eu escolhi ficar com você, mas desse jeito não vamos durar nem seis meses de namoro.

— Desculpe, vamos voltar.

— Não, eu não vou mais voltar, você quis ficar comigo depois do que eu te contei, então é você que tem que trabalhar isso, eu te disse que você estava livre para me dar um pé na bunda. Você não quis, você quis ficar comigo, agora me recrimina sempre que pode.

Algumas pessoas passavam e olhavam para as duas discutindo.

— Eu sei, eu sei que estou errada. Eu vou me controlar.

— Vai pra casa comigo ou vai ficar com elas? – caminhava rápido —

— Eu vou pra casa com você.

E assim, a noite das meninas acabou diferente do planejado, Marcos ficou com Vanessa, As quatro amigas ainda passearam por Búzios até a madrugada e Drica e Mari foram para casa dormir mais cedo.
*******************
Ana despertou de seu sono da tarde e deu um pulo do sofá quando viu que já passava das sete horas.

— Minha nossa! Eu dormi demais, daqui apouco Fernandinho vem me pegar.

Levantou rápido e tomou um banho veloz, estava secando os cabelos quando o interfone tocou e ela autorizou a entrada do amigo. Abriu a porta ainda descalça e o recebeu com um grande sorriso.

— Fernandinho!

O rapaz alto, moreno e forte, queixo quadrado, os olhos castanhos, lembravam os de Adriana, entrou fazendo um show.

— AAAAAAh! – gritou — Mona, mas você está linda!

— Minha nossa Fernando, onde você aprendeu a gritar desse jeito? – apertava o ouvido com o indicador –

Ignorando a reclamação de Ana Paula, Fernando se jogou em seu pescoço, abraçou a loira e ela quase caiu para trás com o ímpeto do amigo. Arthur entrava logo atrás dele rindo da atitude do namorado.

— Fernando eu sei que você estava com saudades, mas já pode parar de me enforcar.

— Ai, minha deusa, até com o cabelo bagunçado você é o “must”. – dizia levantando os braços da amiga – Deixa eu te apresentar o meu tudo. Arthur vem cá.

O rapaz mais tímido se aproximou e foi puxado pelo namorado. Arthur é mais magro que Fernando, tem os cabelos cortados bem baixinhos como um militar, o olhar também castanho mas em um tom mais escuro.

— Amor, essa é minha amiga do Rio que eu te falei, Ana, esse é o Arthur.

— Prazer. – ele estendeu a mão –

Ana retribuiu o cumprimento – O prazer é meu.

A advogada fechou a porta e os dois entraram, os dois rapazes são muito bonitos e fazem um belo casal.

Fernando foi direto para a geladeira da loira e analisou o conteúdo enquanto Ana voltou para o quarto para terminar de se trocar.

— Mona, mas que geladeira chinfrim! Você não tem nenhuma cerveja! – falava alto –

— Garoto! Eu cheguei ha dois dias, nem sei onde compra cerveja ainda. – respondeu enquanto colocava as sandálias –

Ana saiu do quarto, linda como sempre, a calça jeans justa uma blusinha de alças branca, os cabelos presos no rabo de cavalo e a sandália alta de salto fino. A maquiagem leve deixava seus olhos realçados.

Fernando assobiou provocando a amiga, Ana ruborizou. Fechava o fecho do cordão.

— Para Fernando! Eu acabei dormindo no sofá depois que eu falei com você, e agora estou atrasada e você fica ai me zoando?

— Por você eu espero um ano se precisar, você está um arraso!

Ana pegou sua bolsa e abriu a porta, os dois rapazes a seguiram.

— Vocês vão me levar pra onde hein?

— Meu amor! Eu vou te levar para o babado de São Paulo! – fez um rodopio com o indicador apontado para cima –

Ana só balançou a cabeça e riu. – Como você consegue acompanhar essa energia toda? – olhou para Arthur –

— Ai é que está o meu problema, eu não consigo –

Os três amigos saíram e foram aproveitar a noite da cidade que nunca dorme.

Fernando levou Ana para um barzinho GLS na esquina da Av. Ipiranga com a Av. São João. Muitos jovens bebiam e conversavam animados, o clima era de descontração, afinal, era sexta-feira de carnaval.

— Fernandinho, você não viajou esse ano? – comia um petisco –

— Arthur vai trabalhar amanhã, nós vamos pra Santos no domingo e voltamos na quarta-feira. – uma pausa – Você podia vir conosco! – deu um tapa no braço de Ana –

— Pra Santos? – esfregou o braço –

— É ué, acabei de dizer Santos, fumou orégano hoje mona? Está tão lesada! – revirou os olhos –

— Orégano? – Ana ria de se acabar – Ai Fernandinho, essa viagem pra cá vai me fazer muito bem.



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