Em Harvard, Adriana começava com o ritmo pesado do mestrado, tinha aulas durante todo o período do dia, com intervalos apenas para almoçar e fazer algum lanche, depois das aulas ainda passava um longo tempo na biblioteca envolvida com a bibliografia extensa que o seu orientador indicou.

Já passava das nove horas da noite, ela estava se sentindo exausta, resolveu fechar os livros e caminhar de volta para o seu quarto. Encontrou com duas colegas de curso no caminho e foram conversando até o alojamento. Em um momento da caminhada, Adriana teve a sensação de estarem sendo seguidas. Olhou em sua volta, alguns estudantes caminhavam ao longe, mas nada que chamasse realmente atenção. Pensou se não estaria exagerando e deixou para lá.

Ao chegar no quarto encontrou Renata cochilando sobre os livros na escrivaninha. O som no quarto era baixo, música ambiente, um instrumental de flauta doce trazia uma paz incrível.

— Pudera você ter dormido. – Adriana pensou alto –

Deixou suas coisas sobre a cadeira, e foi chamar a colega de quarto. Para que deitasse em sua cama.

— Renata. – sussurrava – Renata, acorda. – sacudiu o braço da garota de leve –

— Hum! Oi. Eu. – acordava atordoada –

— Renata, você dormiu sobre os livros, por que não se deita na cama? – falava docemente –

— Nossa, eu estou muito cansada – tentava ajeitar os cabelos – eu acabei dormindo.

— Sim, e pegou em um sono pesado.

— Você chegou agora? – esfregava os olhos –

— Sim. Eu vou tomar um banho e dormir também, eu estou acabada.

— Eu vou aceitar o seu conselho, eu vou deitar. Chega de estudar. – fechou os livros –

Adriana pegou suas roupas e foi para o banheiro, enquanto tomava banho pensou na sensação estranha de ter sido seguida e observada, sentiu um calafrio correr sua espinha. Preferiu desviar sua atenção e pensar em outra coisa, achava que estava vendo coisas.

Ao voltar para o quarto Renata já estava em sono profundo novamente. Drica ligou o notebook e acessou seu e-mail, encontrou Mariana on line no msn.

Mari — Oi.

Drica – Oi, tudo bem Mari?

Mari – Sim, melhor agora, eu estava aqui torcendo para você entrar, já estava quase desistindo.

Drica – Que bom que deu tempo, eu estou sentindo saudades.

Mari – Eu também, como estão as aulas? Já começaram né.

Drica – Sim, já. Está frenético, o meu orientador é muito exigente, eu estou com uma lista imensa de livros para estudar. Eu não sei se dessa vez eu vou conseguir dar conta.

Mari – Não fica assim, é porque está no começo, logo você pega o ritmo de novo. Você é inteligente, vai tirar de letra.

Drica – É, pode ser.

Adriana pensou em contar sobre a impressão ruim que teve mais cedo, mas voltou atrás, não quis preocupar as meninas a toa, afinal, ela pensava ser uma bobagem da sua cabeça.

Drica – O que você tem feito de bom?

Mari – O de sempre, esperar você.

Drica – Mari, isso não é o que você faz sempre, tem saído? Tem se divertido?

Mari – Sim, as vezes tomo um chope com o pessoal do escritório, estou levando minha rotina normal.

Drica – Que bom, isso ai. Saia e se divirta.

Mari – Melhor se fosse com você.

Drica – Eu não demoro a voltar.

Mari – Então tá, eu vou dormir agora, já está tarde, eu estou cansada, eu só queria conversar com você um pouco. Está tudo bem mesmo não é?

Drica – Sim está tudo bem.

Mari – Se cuida tá, um beijo.

Drica – Beijo.

Mariana ficou off-line, Adriana estava exausta, o corpo doía, ela não foi malhar naquele dia, mas sentia como se tivesse passado o dia inteiro fazendo musculação. Mandou um e-mail para a ruiva.

De: Adriana Ferreira
Enviada em: quinta-feira, 19 de fevereiro de 2012 23:21
Para: Viviane
Assunto: Saudades
Oi Vivi.

Como estão as coisas por ai? Eu estou com saudades, era muito melhor quando você estava aqui comigo. O frio é implacável como sempre, e o meu orientador está arrancando o meu coro. Como está com as meninas ai no escritório?

Beijos.

Deixou o notebook no chão e deitou em sua cama, sozinha, como ha tanto tempo não dormia, sentia falta de Viviane. A ruiva era o seu melhor refúgio, mas ela sabia que tinha que deixar rolar, Viviane está se envolvendo com Isadora, elas merecem encontrar a felicidade.

Adormeceu em meio a esses pensamentos, esquecendo-se de todo o resto.

********************

Ana Paula acordou preguiçosa, sentia o peso do braço e da perna de Lívia que dormia profundamente, elas estavam em sua casa em Itaipu. Ela se moveu lentamente tentando não acordar a professora, o que foi em vão, ela abriu os olhos e encarou a advogada.

— Bom dia meu anjo.

— Bom dia Lívia. – sorriu –

— Ai, como é bom acordar nos seus braços. – Lívia a abraçava e beijava sua boca –

— Ai Lívia, que bafo! Parece até que você comeu um Smurf. – ria –

Essa era uma brincadeira entre elas, uma dizia da outra quando acordavam que estavam com um bafo horrível porque comeram alguns Smurfs, intimidade de casal, coisas bobas que cada um tem na sua intimidade, elas brincavam com os pobres Smurfs.

— Eu prefiro acreditar que tenha sido a Smurfete. – gargalhava –

— Nossa, que desagradável! – fazia cócegas em sua barriga –

Lívia ria de se acabar, Ana levantou correndo da cama e entrou no banheiro, Lívia saiu correndo atrás. A abraçou por trás enquanto Ana se despia.
— Lívia, agora não, eu preciso chegar cedo em Itaipu hoje. Se começarmos algo agora eu nunca vou estar no Multi Center oito horas.

Beijava a orelha da outra – Jura que você vai me deixar desse jeito? – pegou a mão da outra e passou sobre seu sexo, Ana podia sentir a umidade que molhava a calcinha da namorada –

— Ai Lívia, você sabe me convencer não é? Esse é um ótimo argumento. – fechava os olhos –

— Por isso dizem que eu sou uma boa advogada – sussurrava ao pé do ouvido de Ana –

Ela girou Ana para que ficasse de frente para ela e a beijou, a loira envolveu seu pescoço com os braços colando seus corpos cheios de desejo. Lívia segurou a barra da camisola da namorada e a levantou sobre sua cabeça retirando a peça lentamente. Ana estava completamente nua em sua frente. Lívia sorriu maliciosa.

Ana retirou a camiseta que a professora usava e ela mesma se desfez de sua calcinha, entraram no chuveiro e a água ao bater em suas peles trazia o frescor da manhã que iniciava o dia. Ana alcançou o sexo molhado da namorada e Lívia deixou a cabeça cair para trás gemendo de prazer. Ana circulava o clitóris de Lívia trazendo a morena a um devaneio delicioso de tesão.

Lívia alcançou o sexo de Ana e fez o mesmo com a loira, Ana beijava o pescoço de Lívia, fazendo um caminho de beijos até o lóbulo da orelha. Sentia a água batendo em suas costas massageando sua coluna , o prazer beirava o desespero por um contato mais intenso.

No ouvido da professora, pediu ofegante por sua redenção.

— Lívia, entra em mim, eu quero gozar com você. – penetrou o sexo da professora com dois dedos provocando mais gemidos –

— Ai Ana, eu te quero tanto. Você é deliciosa. – penetrou também Ana Paula que soltou um gemido abafado pelo beijo que começaram –

Nesse vai e vem ritmado, Ana beijava os seios de Lívia, ela segurou os cabelos da ex aluna e levantou sua cabeça para olhar em seus olhos. – Eu quero olhar você enquanto goza.

Ana fechou os olhos e gemeu entre os dentes. Os abriu novamente e encarou Lívia que sustentava o olhar de prazer para ela. Continuaram os movimentos e finalmente encontraram juntas a libertação do orgasmo que chegou intenso. Sentiam os corpos tremendo e sem forças, encostaram-se na parede fria do box e abraçadas, se recuperavam do despertar daquela manhã.

Os sorrisos de satisfação estampavam uma felicidade conquistada, adquirida entre promessas de prazer e desejo.

Tomaram banho juntas e se aprontaram para mais um dia de trabalho, ao chegar à mesa para tomar café, encontraram Camila sentada lendo um jornal.

— Bom dia.

— Bom dia Ana. – viu Lívia caminhando atrás da irmã – Lívia, que surpresa! Bom dia. – olhava para a irmã com interrogação –

— Bom dia Camila, tudo bem? – sorria –

— Camila nós estamos namorando novamente, Lívia dormiu aqui hoje. – piscou –

— Ah sim, eu não sabia dessa novidade. – comia um pedaço de pão –

— Não conversamos depois disso. – Ana se justificava –

— Lívia ali tem café. Dona Joana fez bolo Ana. Está na pia.

— Eu vou pegar, você quer Lívia?

— Não, vou ficar só no café mesmo.

— Ana, papai e mamãe vêm para casa esse fim de semana.

— Ah, que milagre, eles ficaram entediados? O embaixador desistiu de dar o saco para eles puxarem?

— Ana! — Lívia repreendeu –

— Deixa Lívia, é sempre assim. Eles encurtaram a viagem por que surgiu outra antes do tempo, eles vão ficar aqui quatro dias e vão viajar de novo para Dubai agora.

— Eu sabia que tinha alguma coisa, eles não voltam para casa por causa se saudade ou vontade de ver a gente. No seu aniversário eles vão vir?

— Eu não sei Ana, você já deveria ter se acostumado a isso. Parece que é a primeira vez que isso acontece. Olha, eu dei o recado, agora eu vou porque está na minha hora. Tchau Lívia.

— Tchau Camila.

— Ana, relaxa. Bom dia para você. – deu um beijo na testa da irmã –

Visivelmente chateada, ela sentou-se na mesa para terminar o café. Lívia resolveu mudar o assunto para não aborrecer a namorada.

— Seu dia está muito cheio hoje?

— Um pouco. – abria um iogurte –

— Você estava tão bem, não fique chateada meu anjo.

— Não tem jeito Lívia, eu não consigo. Vamos, eu estou atrasada. – mudou o foco –

— Sim.

As duas saíram deixando apenas a empregada, dona Joana que cuidava das meninas desde pequenas quando as viagens dos pais delas começaram.

— Tchau dona Joana. – Ana se despedia –

— Vai com Deus minha filha. – a senhora respondia –

Ana saiu com Lívia, cada uma com seu carro, a professora foi para sua casa depois que saiu do trabalho. Se despediram no portão com um beijo.

— Eu te ligo mais tarde. – despediu-se Lívia –

— Tudo bem.

Ana dirigia até o Multi Center, não confidenciou a Lívia nem a Camila que teria sua primeira seção com a psicóloga que Bia agendou para ela. Estava apreensiva, não sabia como se comportar, se conseguiria se abrir, ou se isso daria algum resultado, mas seguiu o seu caminho mesmo assim.

Ao chegar no shopping, foi direto para a sala que Bia anotara, chegando na porta, respirou fundo e levou o dedo para a campainha, hesitou, pensou em desistir, retirou o dedo do interruptor, e deu um passo atrás na intenção de sair dali, quando ouviu uma voz feminina, e aveludada chegando atrás de si.

— O primeiro passo é apertar a campainha.
Ana se assustou e olhou para a mulher mais velha que chegava vestida de branco, com algumas chaves na mão. Ficou sem graça, não sabia o que dizer.
— Bom dia, você é a Ana? – tinha o sorriso cordial –

— Sim, bom … bom dia.

— Eu sou a doutora Marta. Desculpe o atraso. Eu peguei um trânsito terrível. – abria a porta do consultório – entre por favor –

Marta abriu espaço e Ana entrou, a sala de espera era pequena, uma televisão pequena disposta na parede, três cadeiras acolchoadas dispostas em frente a tela, um balcão no canto da sala, onde imaginava ser o atendimento de uma recepcionista, as paredes pintadas em um tom pastel, com detalhes em creme, era aconchegante.

— Sente-se, Mirella já vai chegar, ela me ligou dizendo que estava presa no mesmo engarrafamento que eu – ria – mas de ônibus é muito pior. Fique à vontade eu já vou pedir para você entrar.

Ana apenas sorriu, a psicóloga entrou para sua sala e deixou a porta entreaberta. Estava se preparado para receber Ana, esta estava na recepção nervosa, entrelaçava os dedos sobre seu colo, a senhora parecia experiente, queria encontrar respostas, será que ela as teria?

— Ana. – Marta a tirava de seus devaneios – Pode entrar.

— Sim, claro.

A advogada levantou e seguiu a psicóloga, o consultório todo pintado de branco, tinha dois quadros dispostos nas paredes. Uma mesa disposta no canto, com suas cadeiras em sua frente, do outro lado, um sofá, uma poltrona e uma cadeira estavam dispostas em círculo.

Ana estava em pé ainda sem saber para onde ir. Ao que a mulher mais velha apontou a mesa.

— Sente-se aqui por favor, hoje como é seu primeiro dia, eu gostaria de pegar os seus dados e ter uma conversa mais leve.

Ana apenas sorriu e sentou em uma das cadeiras, Marta deu a volta e se acomodou à mesa. Depois de perguntas básicas, a psicóloga entrou no segundo momento da entrevista.

— Então Ana, o que te trouxe aqui? O que você espera da terapia?

— Eu não sei, respostas.

— Mas quais seriam as perguntas? O importante aqui não serão as respostas que você quer ouvir mas a forma como você vai encontra-las.

Ana a olhava intrigada, não sabia mesmo o que esperar.

— Na verdade eu tenho problemas de relacionamento. Eu não consigo amar ninguém. – olhava para suas mãos entrelaçadas sobre o colo —

— Entendo, mais alguma coisa que te incomoda? – fazia anotações —

— Eu acho que a ausência dos meus pais.

— Tudo bem, então nós já temos um passo inicial, você já tem algo mais específico para trabalharmos.
A conversa ainda foi superficial até o final do horário, e Marta encerrou por aquele dia.

— Bom Ana, por hoje nosso horário terminou, hoje mais para nos conhecermos, e te passar o método de trabalho, alguns detalhes sobre o acompanhamento e no nosso próximo encontro, começaremos o trabalho em si. – sorria –

— Obrigada.

Na saída a secretária já estava a postos. Uma moça jovem, estava colocando a garrafa de café recém passado no balcão.

— Bom dia Doutora.

— Bom dia Mirella, que bom que você conseguiu chegar.

— É, hoje foi um trânsito daqueles.

— Eu vi, Mirella, esta é a Ana, combine com ela a próxima consulta. Ela continuará conosco por um tempo.

— Pode deixar. Bom dia Ana, tudo bem? – sorria –

— Sim, tudo bem.

Ana marcou sua nova consulta e saia dali ainda sem saber o que esperar desse tratamento, será que ela conseguiria se encontrar apenas conversando com uma desconhecida?

— Isso tem que dar certo. – pensava enquanto caminhava para o seu escritório –
*************
Sábado, Paula e Viviane estavam em casa, as duas amigas faziam uma faxina no apartamento, já que a diarista de Paula não trabalhou na sexta-feira, pois está doente. As duas colocaram o Ipod de Paula no som e estavam ouvindo música e dançando pela casa, enquanto cada uma executava sua tarefa.

Ao final do dia, as duas terminavam de limpar a cozinha, e cantavam ao som de Rihanna, Viviane cantava no cabo da vassoura e Paula dançava na sala, fazendo uma coreografia inventada por ela, naquela hora, Viviane ria da amiga e quase não conseguia cantar mais nada da música. Paula se juntou a ela, e as duas cantavam juntas dividindo o cabo da vassoura, Abraçadas elas balançavam de um lado para o outro.

Alessandra entrou no apartamento e presenciou as duas abraçadas cantando bem próximas uma da outra, e ficou parada de braços cruzados assistindo a cena, que aos olhos de Adriana seria hilária, mas aos olhos ciumentos de Alessandra estava fora do normal.

— Que bonito hein! – Alessandra falou alto –

Vivi e Paula, desviaram a atenção para a contadora em pé na porta, e se soltaram rindo da situação. Viviane encostou na parede, ofegante de cantar e dançar. Paula foi até a namorada e deu um beijo de boas vindas.

Viviane foi até o som e abaixou o volume.

— Oi Ale, nem deu para perceber que você estava ai. – disse rindo e ofegante –

— Eu vi, vocês estavam super empolgadas achando que são a Rihanna, Não ia me ver nunca. – ralhava –

–Nós terminamos a faxina, e começamos essa brincadeira. – explicava Paula – Por falar nisso, a senhora disse que viria ajudar, e só apareceu agora.

— Eu acordei tarde, ai minha irmã me pegou para ajudar na faxina de lá, por isso eu não vim cedo. – deixava a mochila sobre o sofá –

— Ai gente, eu estou morta, essa dança agora então acabou comigo, eu vou tomar um banho para tirar esse suor, valeu parceira, — bateu na mão de Paula — na próxima vai ser Shakira, ai eu quero ver o seu rebolado. – ria enquanto caminhava para o quarto –

— Ah mas espera só, eu sou mais velha mas não sou dura não.

— Que intimidade é essa Paula? Que história é essa de ver rebolado? Eu hein! – Alessandra colocava as mãos na cintura – Você está de muita coisinha com essa Viviane.

— Ué, você está com ciúmes? – chegava perto de Alessandra –

— Claro, ou você ia gostar se fosse o contrário?

— Alessandra para de bobeira, Viviane é uma criança, amiga da Drica. – foi interrompida –

— Criança que nada, ela tem vinte e quatro anos, e você sabe o tipo de amizade ela teve com a Drica.

Paula começou a caminhar para o seu quarto e Alessandra foi atrás, encontraram Viviane no corredor, e a ruiva sorriu para as amigas, ela percebeu a cara de poucos amigos de Alessandra, mas não imaginava que o motivo era ela. Caminhou até o banheiro e se trancou para o seu banho.

Entrando no quarto, Alessandra fechou a porta atrás de si, enquanto Paula pegava sua roupa para entrar no banheiro da suíte, cada movimento era analisado pela namorada que ainda soltava fumaça pela orelha, Paula estava adorando aquela cena, involuntariamente ela conseguiu que Alessandra sentisse um pouco do próprio veneno, ela estava insegura.
— Ale, ela está saindo com Isadora, nós somos amigas e só. Boas amigas. – entrou no banheiro, Ale foi atrás –

— Mas vocês estão com muito cochicho, agora é tudo Vivi pra cá, Vivi pra lá.

— Alessandra, deixa de ser infantil. Viviane é uma grande amiga que eu aprendi a gostar, e você também gosta dela, então para de bobeira. – lavava os cabelos –

— Quando é que você vai deixar eu voltar a morar aqui? Eu não estou gostando dessa proximidade de vocês duas sozinhas aqui no apartamento.

— Alessandra ao invés de ficar ai choramingando e reclamando de bobagens, você já deveria ter tirado essa roupa e entrado aqui pra me acompanhar, mas já que brigar é mais importante para você hoje você vai ficar de castigo. – fechou a porta do box –

— Espera ai, como assim de castigo? – fazia cara de espanto –

— Nada de sexo!

— Não! Paula não faz isso comigo.

— Já está feito, enquanto você não parar com essa bobagem de ciúmes, vai ficar sem.

— Não meu amor, eu já parei, olha só como eu sou rápida. – começou a retirar as roupas –

Paula fechava o chuveiro e já pegava a toalha para se enxugar.

— Agora eu já acabei.

Saiu do box e passou pela namorada deixando Alessandra com a camiseta nas mãos olhando incrédula, Paula estava se divertindo com a situação. A crise de ciúmes e os castigos. Ainda tinha um pouco de mágoa por ter sido traída, mas agora gostou de inverter os papéis. Alessandra estava apavorada com a ideia de Paula e Viviane juntas, morria de medo de que essa proximidade as atraísse, Paula realmente não via Viviane com esses olhos, mas aproveitou a oportunidade para judiar um pouco de Alessandra.

— Eu vou ver se Vivi vai sair.

— Qual o interesse Paula? – ainda irritada –

— Nenhum, Alessandra, só para saber o que nós faremos, se vamos pedir comida ou se saímos também. – virava de costas com um sorriso de canto –

Saíram do quarto, Paula na frente e Alessandra atrás contrariada. Viviane estava no quarto terminando de se arrumar, Paula chegou e interpelou a amiga.

— Uau, vai para onde assim? – deu um assobio –

Alessandra fechou a carranca novamente. Viviane riu.

— Eu vou encontrar com a Isa lá em Niterói. – se maquiava –

— Então está bom, Só não bebe, por que Drica é chata pra caramba com esse carro.

— Eu não vou beber, pode deixar. Hoje eu quero estar bem sóbria! – sorriu maliciosa pelo espelho –

— Hum, alguém está cheia de segundas intenções.

— E terceiras também. – ria –

— Divirta-se. – saíram do quarto de hóspedes –

— E nós? – Ale perguntava –

— Que tal ficarmos em casa e fazer uma lua de mel? – abraçou a namorada pela cintura – Você não precisa ficar grilada com a Vivi, ela está em outra, você mesma viu. Eu não a vejo de outra maneira a não ser como uma irmã mais nova Ale, se controla.

— Eu sei, é que é difícil, ela é linda, jovem e está convivendo com você no dia a dia, e eu não estou, é tão estranho não estar em casa. – seus olhos marejaram –

— Não fica assim, nós vamos conversar sobre sua volta em breve. – deu um beijo na namorada –

Viviane passava por elas, estava em um vestido preto, na altura dos joelhos, sandália preta alta de salto fino, os cabelos ruivos ondulados estavam lindamente soltos caindo sobre os ombros. O perfume invadiu a sala, onde as duas namoradas estavam.

— Boa noite meninas, não me esperem hoje.

— Saindo desse jeito eu não esperaria mesmo. – Paula ria –

— Tchau Vivi. – Ale se limitou a dizer –

— Agora sou eu e você. – Paula beijou a namorada —

**************

Viviane chegava em Niterói, estava nervosa para encontrar Isadora, ela sabia que a mulata tinha preparado algo especial para a noite das duas, só não sabia o que esperar.

Estacionou o carro na rua de Isadora depois de dar duas voltas no quarteirão para encontrar vaga. Ligou para a mulata avisando que já estava à sua espera.

— Oi Isa.

— Oi Vivi, tudo bem?

— Sim, eu já estou aqui embaixo, pode descer.

— Você conseguiu estacionar?

— Sim.

— Então sobre, eu me atrasei um pouco.

— Tudo bem. – ficou desconfiada —

Viviane foi até o prédio de Isadora e o porteiro abriu passagem para ela, já estava avisado que ela chegaria. Na porta do apartamento de Isadora a porta estava entreaberta, Vivi encostou na maçaneta e abriu receosa chamando por Isadora.

— Isa? – só tinha o nariz aparecendo atrás da porta –

— Entra Vivi! – Isadora gritou de dentro do apartamento –

Viviane abriu a porta e ficou boquiaberta com a atmosfera criada no ambiente, as luzes apagadas, apenas dois abajures acesos nos cantos da sala, sobre a mesa de jantar dois candelabros com quatro velas cada um, dispostos nas duas pontas, a louça arrumada com taças de cristal, flores enfeitavam o centro da mesa de jantar.

Sem reação Viviane ficou parada na porta do apartamento segurando sua bolsa e com a outra mão a maçaneta. Isadora saía da cozinha com duas taças de pro seco nas mãos, o que deixou a ruiva mais encantada ainda, ela estava linda.

Isadora caminhava lentamente exibindo o corpo dentro de um vestido tubinho preto também, usava escarpin da mesma cor e meia calça, o vestido curto possibilitou que Viviane visse a pontinha da meia, presa em ligas, imaginou na mesma hora que a mulata vestia um espartilho por baixo da roupa, sua boca salivou com a visão da futura namorada, assim ela pensava.

— Uau, isso tudo é pra mim? – dizia a mulata toda provocante –

— Pode ser. – Viviane conseguiu finalmente emitir um som –

Vivi fechou a porta atrás de si, e segurou uma das taças que Isadora lhe oferecia, recebendo um beijo na boca. Olhos nos olhos, brindaram e beberam um gole da bebida.

— Nossa! Delicioso! – Viviane comentou –

— Pro seco, — se limitou a responder – Entra.

— Eu pensei que iríamos sair. – olhava em volta —

— Eu pensei em algo mais intimista, aproveitando que minha irmã vai dormir na casa de uma amiga, você ficou decepcionada com o programa que eu preparei? – levava Viviane para o sofá –

— Claro que não! Na verdade me surpreendeu, e eu adorei a ideia! – deu um selinho –

Sentaram no sofá e o vestido de Isadora subiu mais um pouco revelando a liga prendendo a meia, Viviane sentiu o coração pular na boca, seu sexo pulsou dando sinais com sua umidade quente, ela se acomodou melhor e não conseguiu se segurar.

— Cinta liga? – disse sussurrando –

Isadora apenas confirmou com a cabeça. Seus olhos pegavam fogo, Viviane sentia as mãos suando, se ajeitou no sofá, e sorveu um longo gole da bebida.

— Quer mais? – Isa perguntava –

— Sim, por favor.

A mulata levantou e foi até o bar, a garrafa estava acomodada em um balde com gelo. No som, tocava baixinho um solo de sax, Viviane logo reconheceu o artista.https://www.youtube.com/embed/OOO4ROO_sPM?feature=oembed&wmode=transparent

— Quem está tocando é o Kenny G?

— Sim, eu adoro. – colocava outra taça de pro seco— Forever in Love.

— O que?

— É o nome dessa música, “Forever in Love”.

— Ah sim, eu não sou muito boa com Inglês. – ria –

— O jantar está pronto, você não quer comer? – entregava a taça a Viviane —

— Eu estou ansiosa por isso. – seu olhar foi completamente sedutor –

Isadora sorriu entendendo o duplo sentido na frase de Viviane, ficou feliz, pois estava novamente descobrindo a felicidade nos braços de uma mulher linda e maravilhosa.

Isadora a levou até a mesa acomodou Viviane sentada e saiu para a cozinha, voltou com uma travessa de arroz e outra de salada dispôs sobre a mesa e voltou para a cozinha, surgiu com outra travessa que continha carne assada que estava com um cheiro delicioso.

— O Menu de hoje é carne assada ao molho madeira, arroz e salada, para acompanhar, Kenny G no som e a mulher mais linda do Brasil como companhia. – piscou para Vivi —

Viviane riu e Isadora se sentou de frente para ela.

— Obrigada pela parte que me toca. – ria –

— Eu espero que você goste, eu não tenho muitas habilidades na cozinha.

— Deve estar maravilhoso.

Ao final do jantar, as duas conversavam animadas, até que Isadora resolveu selar o compromisso com Viviane.

— Vivi, eu sei que talvez seja muito cedo para isso, mas eu estive pensando muito sobre a minha vida e a forma como você tem feito tudo ficar mais leve, mais calmo. – Viviane apenas observava – Eu queria muito que esses encontros aconteçam com mais frequência.

— Podemos dar uma olhada na minha agenda. – tentava disfarçar o nervosismo – Isadora ria –

— Viviane, você quer namorar comigo? – seus olhos brilhavam –

— Isa, — uma pausa — você apareceu na minha vida em um momento de descobertas, em um momento de despedidas e mudanças. Você tem sido maravilhosa comigo e eu estou gostando muito de você. Confesso que mais do que eu conseguiria entender.

— Isso significa?

— Sim, eu quero namorar você.

— Ai Vivi, que agonia, você não poderia ter dito logo o sim e depois falado tudo isso? – se abanava com as mãos —

— Ai Isa, você não é nada romântica hein!

As duas riam, mais relaxadas, se deram as mão sobre a mesa entre os candelabros. Os olhares sustentados eram de desejo, elas se queriam, e depois de tanto tempo, estavam prontas novamente para se dar uma nova chance.

Isadora levantou e trouxe Viviane junto de si, um carinho nos cabelos ruivos e um beijo aconteceu, Viviane envolveu a cintura da namorada e a apertou contra si. As carícias eram calmas, duas mulheres se redescobrindo, e descobrindo um toque diferente, os lábios se tocam, as línguas bailam em um balé sincronizado, o desejo tomava conta das duas.

Isadora caminhou lentamente com Viviane pelo corredor, na porta do seu quarto ela parou e encarou a namorada.

— Vivi você quer isso realmente? – fez um carinho em seu rosto –

— Mais do que você possa imaginar. – apertou sua cintura –

— Então vem descobrir minha cinta liga. – sorria aberto —

Viviane sorriu e as duas entraram no quarto de Isadora para uma noite intensa de amor, desbravando as fronteiras da desconfiança e aprendendo novamente a se entregar, duas mulheres seguindo seus corações em uma única direção.
********

Ana Paula e Adriana distantes, mas os corações ainda batiam em um mesmo compasso, Ana insistia em negar o que era óbvio para o seu coração, mas sua razão a impedia de aceitar o amor por Adriana, a morena por sua vez se martirizava por ainda pensar na advogada quando tinha Mariana tão linda, que veio para alegrar esse coração tão sofrido.

Elas mantinham as esperanças de se libertar completamente dessa corrente elétrica que as rodeia, e isso o tempo estava se encarregando de tentar proporcionar, será que ele consegue?



Notas:



O que achou deste história?

Deixe uma resposta

© 2015- 2022 Copyright Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem a expressa autorização do autor.