— Oi. – Ana sorria —
— Oi.
— Entra. – abriu espaço para a outra entrar –
Adriana passou por Ana Paula e ficou em pé no meio do quarto, o piso de madeira e as paredes brancas equilibravam o ambiente, as janelas fechadas tinham cortinas brancas com detalhes verdes, um tapete também em tons de verde estava disposto em frente à cama espaçosa.
O quarto estava à meia luz, as luzes estavam apagadas, apenas os dois abajures ao lado da cama estavam acesos, um livro estava fechado com um marcador sobre a mesa de cabeceira.
Ana Paula estava envolta em um robe de seda vermelho, os cabelos loiros se prendiam em um rabo de cavalo deixando sua nuca à mostra.
Sem trocar nenhuma palavra, Ana Paula fechou a porta atrás de si e avançou na morena para roubar-lhe um beijo intenso. Segurou o rosto de Adriana com as mãos e as bocas se encontraram molhadas e urgentes.
Adriana sentia o calor emanar de seu corpo, seu sexo já dava sinais de excitação ao menor toque da pele de Ana Paula, sua bolsa caiu ao chão, a urgência da saudade que percorria os corpos vulcanizados naquele ambiente fazia com que os movimentos fossem desorientados, Ana retirou o casaco de Adriana, jogou de canto.
Caminhavam lentamente até a cama, Adriana desfez o laço de seda deixando à mostra a camisola no mesmo tecido e cor, minúscula fazendo Adriana delirar ao ver aquelas coxas nuas. Acariciou a pele da amada fazendo seus pelos arrepiarem.
Os sapatos de salto alto ficaram sobre o tapete, a blusa azul da cor dos olhos de sua amada foi jogada sobre uma poltrona no canto do quarto, o robe de Ana escorregou pela sua pele macia se juntando ao casaco da contadora.
O soutien de renda branca que Adriana usava deixava seus seios bem delineados, Ana Paula enlouquecia com aquela visão, a loira mergulhou naqueles montes de prazer e beijava com volúpia, Adriana se esquivava para trás gemendo.
Com as mãos hábeis Ana abriu o fecho da peça e delicadamente, saboreando aquele contato ela despia o colo da morena, deslizando seus dedos sobre a pele arrepiada de Adriana até retirar a lingerie e jogá-la sobre a poltrona.
Adriana abraçava a amada como se quisesse entrar realmente dentro de seu peito. Segurou a barra da camisola de Ana Paula e levantou o tecido macio até deixa-la apenas de calcinha, e que calcinha! Pequena, de renda vermelha, estilo asa delta exaltando sua cintura, Adriana degustava aquela pele macia e perfumada, beijava o pescoço de Ana, sentia as peles encostando provocando uma corrente elétrica em ambas.
A calça de Adriana foi a ultima peça a ficar pelo chão, as duas alcançaram a cama e Ana deitou sobre a amada, Adriana podia sentir os lençóis macios em suas costas, e a perna de Ana pressionando seu sexo entre suas coxas, a morena gemia, segurava os ombros da outra, os beijos mais tensos davam o gosto das línguas inquietas.
Adriana mudou de posição deixando Ana deitada de costas e retirou sua calcinha e da amada, completamente nuas as duas se comtemplavam, Adriana voltou a beijar a amada fazendo um caminho do pescoço, passando pelo colo, seios, barriga e chegando à virilha de Ana Paula que se retorcia inteira sobre os lençóis, o toque dos lábios da morena levava Ana Paula ao êxtase, Adriana segurou as coxas da amada e mergulhou com sua língua em seu sexo fazendo Ana Paula gemer alto, levava a cabeça para trás com os olhos fechados e a boca entreaberta sentindo o prazer proporcionado pela morena, sua língua dançava naquele sexo molhado pelo prazer da amada, movimentos circulares davam o ritmo do prazer, Ana Paula pediu, quase implorou pela sua redenção.
— Meu amor, me toma, eu sou sua mulher, — gemia –entra em mim, me faz sua mulher. Ah.
Adriana atendeu ao pedido de seu amor e penetrou seu sexo com dois dedos fazendo Ana Paula se contorcer naquele vai e vem ritmado e cadenciado sem parar de estimular seu clitóris com a língua, Ana estava prestes a explodir em um orgasmo visceral.
Segurou os cabelos da morena e a levantou, trouxe Drica para si e deitadas de lado ela também penetrou a morena.
— Goza junto comigo. – sussurrava no ouvido da morena –
— Ah, você me deixa louca! – Adriana tinha os olhos semicerrados –
E nesse estímulo, os beijos aconteciam ditando o prazer que recebiam simultaneamente, Ana não resistiu e gozou forte nos dedos de Adriana, que ao ver a reação da loira se rendeu ao orgasmo junto com sua amada.
Os espasmos provocados pelo orgasmo ainda podiam ser sentidos, as duas retiravam lentamente seus dedos e ofegantes abriam os olhos devagar. Azuis e castanhos se encontraram, Ana sorria, tinha Adriana em seus braços, a contadora estava apenas vivendo aquele momento sem pensar em nada, era ali que ela queria estar, naqueles braços que ela queria ser embalada, naquela boca que ela queria se afogar nos beijos.
A música ecoava no quarto embalando as duas mulheres em seu amor.https://www.youtube.com/embed/j4y-RzVGrHg?feature=oembed&wmode=transparent
Far Away (Nickelback)
This time, This place
Misused, Mistakes
Too long, Too late
Who was I to make you wait
Just one chance
Just one breath
Just in case there’s just one left
Cause you know,
you know, you know
That I love you
I have loved you all along
And I miss you
been far away for far too long
I keep dreaming you’ll be with me
And you’ll never go
Stop breathing if
I don’t see you anymore
On my knees, I’ll ask
Last chance for one last dance
Cause with you, I’d withstand
All of hell to hold your hand
I’d give it all
I’d give for us
Give anything but I won’t give up
‘Cause you know,
You know, you know
That I love you
I have loved you all along
And I miss you
Been far away for far too long
I keep dreaming you’ll be with me
And you’ll never go
Stop breathing if
I don’t see you anymore
So far away, so far away
Been far away for far too long
So far away, so far away
Been far away for far too long
But you know, you know, you know
I wanted
I wanted you to stay
Cause I needed
I need to hear you say
That I love you
I have loved you all along
And I forgive you
For being away for far too long
So keep breathing
Cause I’m not leaving you anymore
Believe it Hold on to me and, never let me go
Keep breathing
Cause I’m not leaving you anymore
Believe it Hold on to me and, never let me go
Keep breathing Hold on to me and, never let me go
Keep breathing Hold on to me and, never let me go
Longe
Esse tempo, esse lugar
Desperdícios, erros
Tanto tempo, Tão tarde
Quem era eu para te fazer esperar?
Apenas mais uma chance
Apenas mais um suspiro
Caso reste apenas um
Porque você sabe
Você sabe, você sabe
Eu te amo
Eu sempre te amei
E eu sinto sua falta
Estive tão longe por muito tempo
Eu continuo sonhando que você estará comigo
E você nunca irá embora
Paro de respirar se
Eu não te ver mais
De joelhos, eu pedirei
Uma Última chance para uma última dança
Porque com você, eu resistiria
A todo o inferno para segurar sua mão
Eu daria tudo
Eu daria tudo por nós
Eu daria qualquer coisa, mas não desistirei
Porque você sabe
Você sabe, você sabe
Eu te amo
Eu sempre te amei
E eu sinto sua falta
Estive tão longe por muito tempo
Eu continuo sonhando que você estará comigo
E você nunca irá embora
Paro de respirar se
Eu não te ver mais
Tão longe, tão longe
Estive tão longe por muito tempo
Tão longe, tão longe
Estive tão longe por muito tempo
Mas voce sabe, voce sabe, voce sabe
Eu quis
Eu quis que você ficasse
Porque eu precisava
Porque eu preciso ouvir voce dizer
Eu te amo
Eu sempre te amei
E eu perdôo você
Por ficar tão longe por tanto tempo
Então continue respirando
Por que eu não estou te deixando mais
Acredite em mim, segure-se em mim e nunca me solte
Continue respirando
Por que eu não estou te deixando mais
Acredite em mim, segure-se em mim e nunca me solte
Continue respirando, segure-se em mim e nunca me solte
Continue respirando, segure-se em mim e nunca me solte
Ana fez um carinho no rosto da morena desenhando o contorno leve daquela face alva e expressiva. Sem palavras elas conversavam apenas com o olhar, era um silêncio libertador.
Depois de um tempo se olhando, curtindo aquele momento de prazer e de amor, finalmente um diálogo se formou.
— Por que Ana? – perguntou fechando os olhos –
— Como assim? – não entendeu –
— Por que tão tarde? Por que você me fez sofrer tanto?
— Eu tive medo. – sussurrava – Eu não sei por que, mas eu tive medo.
— Medo de que?
— Eu não sei, talvez de amar demais.
— Você me disse que não me amava, sabe o quanto isso me doeu?
— Eu sei, porque doeu em mim também, eu que não quis admitir. Eu aprendi minha lição, eu não vou deixar passar novamente. – beijou Adriana —
— Eu não posso fazer isso Ana. – olhou no fundo dos olhos da loira –
— O que?
— Eu não posso ficar com você.
— Eu não estou te entendendo. – olhava com medo para a morena –
— Eu não confio em você mais Ana Paula, eu não posso estar com uma pessoa que eu não sei se vai mudar de ideia no dia seguinte. – as mãos estavam entrelaçadas –
— Eu estou aqui para te mostrar que eu estou falando a verdade, eu te amo, e dessa vez eu não tenho duvidas.
— Eu não posso.
Adriana levantou da cama, começou a vestir as roupas, Ana começou a ficar desesperada, a morena não poderia sair de sua vida assim novamente. Adriana só conseguia pensar em Mariana, a arquiteta que lhe deu todo o apoio e toda atenção, que confiava nela, ela traiu Mariana, estava se sentindo suja.
— Adriana não vai embora. – Ana suplicava –
— Eu não deveria ter vindo aqui. – lágrimas surgiam em seus olhos – Eu vim para conversar.
Ana levantou enrolada no lençol e foi para a frente da morena enquanto ela colocava suas roupas.
— Adriana, olha para mim, o que nós temos é mágico, eu te amo, eu posso te fazer feliz, fica comigo. – tentava fazer Drica olhar para ela –
— Ana Paula, eu não posso, eu prometi respeito à outra pessoa, e eu não consegui cumprir, eu não posso ficar com você. Eu tenho que ir.
Adriana pegava o casaco do chão e tentava encaixar o sapato alto nos pés. Chorava, Ana também tinha lágrimas nos olhos, e em estado de fúria confrontou a contadora.
— Quer dizer que é assim? Você aparece na minha porta, faz amor comigo e simplesmente levanta e diz que vai embora, que não pode ficar comigo? – segurava o lençol enrolado no corpo nu – Você me ama que eu sei, eu vi nos seus olhos.
— Ana, eu preciso ir. – caminhava até a porta – Eu não deveria ter vindo aqui.
— Adriana, não faz isso comigo. – suas lágrimas escorriam pelo seu rosto –
— Ana foi você quem fez, não eu.
Adriana abriu a porta do quarto alcançando o corredor, e correu até o elevador, Ana Paula foi até a porta e mesmo nua debaixo dos lençóis, acompanhava os passos apressados da morena, indo embora sem olhar para trás. Seu coração estava em pedaços, sentiu-se usada, desprezada e abandonada pela mulher que ama.
Adriana parou de frente para o elevador, ela sabia que Ana estava a observando, mas não queria olhar para trás, seu rosto estava banhado em lágrimas, ela chorava uma dor sem limites, a dor de deixar para trás a mulher que é dona do seu amor e por ter desrespeitado a mulher que a estava fazendo tão bem. Mas ela sabia dos riscos, ela sabia que essa visita não acabaria bem. E mesmo sempre muito sensata, não escutou sua razão que gritava em seu inconsciente, se deixou levar pelo coração.
O elevador abriu suas portas e Adriana entrou finalmente virando na direção de Ana Paula que encostada no portal do quarto também chorava, enquanto a porta fechava ela ia assistindo o seu amor partir, perdeu as forças e escorregou pelo portal até atingir o chão. Ali caída ela se lembrava de cada ação que levou Adriana a tomar aquela atitude e percebeu que a morena tinha razão, ela foi culpada.
Adriana alcançava o saguão do hotel, seu rosto vermelho denunciava o choro, o mesmo rapaz simpático que lhe acolheu quando chegou a abordou perguntando se estava tudo bem.
— Senhora, você está bem? – olhava assustado –
— Sim. – fungava – Eu só preciso de um taxi.
— Eu vou conseguir um. Fique aqui que está mais aquecido.
Adriana ficou perto da porta do lado de dentro do saguão, enquanto o rapaz saiu à procura de um taxi.
No quarto, Ana ainda estava sentada na porta chorando compulsivamente, estava arrasada, percebeu que não seria fácil reconquistar a morena, por mais que Adriana ainda a amasse, ela estava muito magoada, e a falta de confiança ainda a incomodava.
Ter Adriana em seus braços novamente foi como vivenciar um sonho que há muito tempo rodava em sua cabeça, aquele corpo de curvas sinuosas, torneado e delicioso que tirava o seu senso.
Levantou e fechou a porta atrás de si, ela encostou à madeira gelada e as lágrimas escorriam sem cessar. Sem se importar com a hora avançada, ela pegou o celular e discou o número de Isadora, a mulata demorou um pouco para atender.
— Alo. – tinha a voz sonolenta –
— Isa, eu te acordei? – dizia chorosa –
— Acordou, que horas são? – olhava o relógio — Duas da manhã, aconteceu alguma coisa Ana? – sentava na cama –
— Desculpa amiga, eu nem percebi que era tão tarde. – sentou na cama ainda enrolada no lençol –
— O que aconteceu, você está chorando? – coçava os olhos –
— Isa, Adriana me desprezou, eu estou sofrendo tanto! – limpava as lágrimas com o lençol –
— Vocês se encontraram?
— Sim, ontem e hoje, depois eu te conto os detalhes, mas o que aconteceu foi que ela veio até o meu hotel e nós fizemos amor, e logo depois ela levantou e foi embora.
— Espera ai, vocês transaram? Minha nossa, ela ainda te ama. – bocejava —
— De que adianta? Ela não quer ficar comigo, prefere aquela “tupiniquim” sem graça.
— Ana o que ela te falou?
— Que me ama, mas não pode ficar comigo, eu perdi todas as oportunidades que ela me deu.
— E não foram poucas não é amiga!
— Não está ajudando Isa. – se jogou na cama –
— Desculpe. É porque você acabou de me acordar, não estou raciocinando direito.
— Depois de fazer sexo comigo, ela levantou se vestiu e foi embora dizendo que não me quer mais.
–Você sabia que seria difícil Ana, agora cabe a você decidir se vale a pena tentar novamente ou se é melhor deixar Adriana em paz e seguir sua vida.
— Eu sei, mas dói tanto esse sentimento de perda, disso que eu tinha medo, isso que eu não queria.
— Ah bonitona, amar é correr riscos, o problema é que você não queria sofrer e olha só no que deu, está sofrendo sem necessidade.
— Eu sei, tudo poderia ser diferente, eu sei. – fechou os olhos – Vai dormir Isa, amanhã eu te ligo em um horário decente.
— Agora que eu já acordei. – deu de ombros –
— Vai dormir Isadora, eu te adoro.
— Eu também te adoro sua enrolada. Até amanhã.
Desligou o celular e ficou olhando para o teto, pensando em tudo o que passou para chegar até ali.
No taxi, Adriana ia em direção à Harvard pensativa, olhava as ruas de Boston vazias na madrugada gelada do inicio de inverno. Ainda tinha o gosto de Ana Paula em sua boca, as sensações provocadas pelo toque da loira em seu corpo, e lágrimas escorriam quando lembrava-se de Mariana que tinha depositado toda sua confiança na morena e ela acabara de quebrar esse cristal.
Desolada ela desembarcou na porta do alojamento, caminhava sozinha pelos corredores, até chegar ao quarto, abriu a porta e viu Renata dormindo sozinha em sua cama. No banheiro olhava os olhos vermelhos no espelho, não tinha coragem de se encarar, sua alma estava rasgada por dentro por ter sido tão fraca.
Tomou um banho e deitou-se para tentar dormir, estava cansada e com a cabeça a mil por hora, lembrava-se de Ana Paula, dos beijos doces, a boca quente, os olhos azuis como o mar lhe fitando, sentia-se despida somente com aquele olhar, aquele sorriso sedutor que Ana Paula tinha.
As duas rolavam na cama, cada uma em seu lugar, cada uma com seu pensamento e seu sofrimento. As duas assistiram o nascer do dia, nublado e frio, assim como se sentiam as duas mulheres naquela manhã de dezembro.
Era o ultimo dia de Adriana em Harvard, a morena embarcaria no dia seguinte com as amigas de volta para o Brasil para ficar definitivamente, Felipe também irá voltar com Adriana, todos conseguiram lugares no mesmo avião.
Renata acordou meio preguiçosa, não teria aulas naquele dia, nem treinos, estava ficando de férias, já tinha passado em algumas matérias, viu Adriana na cama com o computador ligado.
— Bom dia. – disse meio sonolenta –
— Bom dia Renata. – olhava a tela do computador –
— Eu fiquei preocupada com você ontem, seu irmão foi embora e você não tinha aparecido ainda. – virava de frente para a cama de Drica —
— Vocês precisavam conversar.
— Você foi pra onde?
— Para o hotel de Paula. – omitiu a visita a Ana Paula —
— Ah tá.
— Vocês se entenderam? – olhou de rabo de olho –
— Como assim? – arregalou os olhos –
— Vocês conversaram? Se entenderam?
— Nós conversamos sim, um pouco. – ficou vermelha –
— Eu estou percebendo o tipo de conversa que vocês tiveram, ainda bem que eu demorei. – riu –
— Ai Drica, para. Eu fico sem graça assim.
— Acertei né. Você está apaixonada por ele não está Renata? – olhava para a garota –
— Ai Drica, — se ajeitava na cama — Eu não sei, seu irmão é tão lindo, fofo, ele é tão carinhoso.
— Nem precisa responder, chamou meu irmão de fofo, está apaixonada.
— Ai Drica para. – tapou o rosto com o travesseiro –
A morena ria da reação da colega de quarto.
— Eu acho que ele está apaixonado por você, ele não veio até aqui porque estava com saudades de mim, eu vou embora amanhã. Ele veio só para te ver.
— Você acha?
— Claro! Eu tenho certeza. – digitava no computador —
— Eu tenho mais três anos aqui ainda, não daria certo, esse negócio de relacionamento à distância não é comigo.
— Eu sei que é complicado, mas deixa rolar, o tempo resolve tudo, ou quase tudo. – disse melancólica –
— Eu sei. – ficou pensativa – Mas nós conversamos mesmo depois que você saiu e por mais que a atração tenha sido forte, não temos condições de ter um relacionamento.
— Entendi. Então vocês já chegaram a essa conclusão?
— Sim, por mais que tenha sido maravilhoso, não temos nada haver além de sexo bom.
Adriana ficou em silêncio.
— Tem aula hoje? – Drica perguntou —
— Não.
— Então vem comigo, nós vamos fazer mais um dia de turismo com Felipe hoje.
— Sim, eu vou sim. – abriu o sorriso –
*****************
Viviane se espreguiçava ao acordar, quando virou para o outro lado da cama sentiu que bateu o braço em alguém, por um momento não ligou para isso, mas depois que se situou, lembrou que ela estava dormindo sozinha na viagem, abriu os olhos e encarou Alessandra que dormia profundamente ainda babando no travesseiro. Deu um grito de susto e sentou na cama puxando as cobertas.
— AAAAAAAAh!
Alessandra deu um pulo na cama assustada e levantou de um pé só pulando que nem uma pipoca.
— O que foi? Quem esta ai? Quem é? Onde eu estou? – estava desorientada –
— Alessandra, o que você está fazendo na minha cama? – perguntou assustada –
— Sua cama? – olhou ao redor – Espera ai, essa é minha cama! Onde está minha mulher? O que você está fazendo ai?
— Eu perguntei primeiro.
— Nós dormimos juntas?
— Pelo que parece sim.
— Puta que pariu, Paula vai me matar! Você está pelada? – colocou as mãos na cabeça—
Viviane arregalou os olhos e olhou debaixo das cobertas, foi um alívio descobrir que estava vestida. Balançou a cabeça negando a informação para Alessandra.
— O que está acontecendo aqui?
Paula entrou no quarto no exato momento que Alessandra dizia a frase, colocou as mãos na cintura e riu da cara das amigas.
— Paula, onde você estava? – Alessandra perguntou –
— Eu estava no quarto de Viviane, vocês duas resolveram pegar no sono ai ontem, eu que não ia carregar ninguém.
— Então você não está brava comigo?
— Claro que não! Eu que deixei vocês ai.
— Ah mas que susto eu levei! – Vivi colocava a mão no peito— Isadora ia me matar se eu estivesse nua.
Paula levantou a sobrancelha e riu — Vamos levantar a bunda daí para tomar café, e pegar Drica para ir pra Nova Iorque. – batia palmas –
— Eu vou pro meu quarto. – Viviane levantou e saiu correndo ainda enrolada no lençol–
— Vivi, você está vestida, vai levar meu lençol pra onde?
— Ah é, força do hábito. – devolveu o lençol para a cama –
Paula só balançou a cabeça.
******************
As amigas foram para Nova Iorque conhecer a Estátua da Liberdade, Adriana os levou para conhecer a Hard Rock Café, onde elas almoçaram, ela queria que eles vissem os pontos mais lindos que ela visitou com Mariana.
Felipe e Renata não se desgrudavam, Viviane estava andando junto com Alessandra e como sempre Paula e Adriana andavam separadas do grupo conversando.
— Paula eu fiz uma merda ontem. – coçava a cabeça –
— O que houve? Foi depois que você saiu lá do hotel não foi?
— Sim, foi. Eu estou até envergonhada.
— Fala Drica, desabafa. – colocou a mão no ombro da amiga – Eu sabia que tinha acontecido alguma coisa assim que te vi hoje de manhã.
— Eu traí Mariana. Eu fiz amor com Ana Paula no hotel dela.
— O que você foi fazer lá? – disse espantada — Você sabia que qualquer aproximação acabaria desse jeito. – sussurrava –
— Eu não sei, Paula, eu entrei no taxi e quando eu vi tinha dado o endereço do hotel dela, resolvi entrar, e nem conversamos, trocamos três palavras e acabamos na cama.
— A relação de vocês é muito intensa Drica, vocês se amam, e qualquer encontro vai ser assim.
— Ai Paula, o pior é o sentimento de ter traído Mariana, ela não merecia isso. Eu fui fraca. – balançou a cabeça —
— O que você vai fazer?
— Eu vou conversar com ela, eu não posso deixar isso passar, não é justo com ela.
— Eu sei, olha amiga, eu estou aqui para o que você precisar.
— Obrigada. – abraçou a amiga –
— Ei vocês duas, vão ficar de cochicho até que horas? – Alessandra colocava as mãos na cintura –
— Ale, tem uma loja na Quinta Avenida que você vai pirar. – Drica dizia para disfarçar a tensão —
— Eu quero ir. – pulava feito uma criança –
— Ai Drica, veja lá o que você vai fazer. – Paula ficou preocupada –
— Vem.
Adriana levou as amigas para a loja da Apple, Alessandra ficou parecendo um pinto no lixo, ficou alucinada com os aparelhos expostos na loja, depois de muita discussão ela comprou o Iphone novo e um macbook.
Paula protestava com o valor gasto pela namorada, mas foi em vão, Alessandra estava descontrolada.
— Ai Drica, olha o que você fez comigo. – Paula lamentava –
— Desculpa Paulinha, mas eu não podia vir com vocês para Nova Iorque e não trazer Ale aqui.
— Ai amiga, eu te amo. – Alessandra abraçava Drica e a beijava –
— Calma ai, devagar.
— Acho que já podemos voltar, temos um caminho longo para pegar. – Drica chamava para ir embora.
— Eu concordo, se Alessandra ficar aqui mais dois minutos nós seremos presas na alfandega por contrabando. – Paula reclamava –
Alessandra ria e fazia careta para a namorada. Todos riam com as peripécias da contadora.
Eles voltavam para Boston, Adriana estava quieta e pensativa. Estava ainda magoada consigo mesma por ter traído Mariana.
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No dia seguinte, Ana Paula arrumava as malas para pegar o avião e voltar para casa, estava chateada, sua viagem tinha sido em vão, estava voltando sozinha e machucada, aconteceu o que ela mais temia, foi rejeitada pelo seu grande amor.
Ana ainda tinha esperanças de tentar novamente quando voltassem ao Brasil, pois ela viu o amor que Adriana ainda sente por ela, mas a morena estava insegura quanto a esse relacionamento. Ana Paula não lhe passava confiança.
A loira dobrava as roupas e colocava na mala com certo desânimo, esperava mais desse encontro, apesar do sexo maravilhoso, ela queria voltar nos braços de Adriana, mas não conseguiu.
************
Adriana também pegava suas coisas, as malas estavam prontas, Felipe foi até o alojamento para ajudar a irmã e se despedir de Renata.
— Então é isso. Adeus Felipe. – dizia tristonha –
— Tchau Renata, a gente se fala.
Os dois se abraçaram e um beijo aconteceu, a despedida provocou lágrimas na garota, tanto pelo rapaz como pela amiga que também lhe dava adeus.
— Renata, quando você voltar para o Brasil, vai nos visitar no Rio. – abraçava a amiga –
— Eu vou sim com certeza, eu estou doida para conhecer o Rio. Ainda mais depois de tudo que você me contou. – ria –
As duas estavam de mãos dadas conversando e se despedindo enquanto Felipe esperava no corredor.
Adriana alcançou os corredores de Harvard, com certa tristeza pois estava se despedindo de um sonho que em um dado momento virou um pesadelo, mas de tudo que aconteceu ela levava apenas o melhor daquela experiência, foram dois anos morando fora, convivendo com pessoas diferentes.
Adriana vivenciou experiências maravilhosas com pessoas inteligentes e com seu orientador, aquele senhor de cabelos grisalhos conquistou o coração da morena.
Adriana se despediu de alguns colegas e algumas pessoas do corpo docente, e em seguida entrou no taxi com o irmão, iam encontrar com as meninas no hotel para irem juntos para o aeroporto.
Chegando no hotel, as meninas estavam esperando os irmãos para partir. Um transporte do hotel que as meninas estavam os levariam para o aeroporto. Drica ainda estava cabisbaixa, tinha recebido algumas mensagens de Mariana mas se limitou a responder dizendo que estava embarcando no avião.
Todos já estavam acomodados no avião, Paula, Alessandra e Viviane estavam em uma fileira, Adriana estava atrás com Felipe, a morena estava sentada na janela, outros passageiros entravam no avião ainda.
Para desespero de Adriana, ela reconheceu aquele rosto angelical de olhos azuis e cabelos loiros entrando no mesmo voo.
— Puta que pariu, o que essa mulher está fazendo aqui? – Alessandra ralhou sozinha –
Paula olhou imediatamente para Adriana que estava hipnotizada com os movimentos de Ana Paula, a loira encontrou o olhar da morena e paralisou também no corredor, foi uma grata coincidência do destino colocar as duas naquele mesmo avião.
Depois do choque, Ana continuou a caminhar à procura do seu assento, ao passar pelas meninas cumprimentou as três que sentavam à frente, e parou para falar com Adriana.
— Oi Drica. – segurava uma bagagem de mão –
— Oi Ana. – olhava desviando o foco –
Ana Paula pensou em dizer alguma coisa, mas como estavam perto de Felipe e das meninas ela preferiu não estender o assunto. Caminhou e sentou em seu lugar, duas fileiras atrás de Adriana no lado oposto da morena.
Adriana suava frio, não sabia se era nervoso pela decolagem ou por estar tão perto da mulher que ama e tira o seu chão. Adriana perde completamente a cabeça com Ana por perto.
As duas pensavam que essa viagem seria uma tortura, tão perto e ao mesmo tempo tão distantes.
— Você está bem? – Felipe perguntou –
— Sim, eu estou bem. – respondeu olhando para a janela –
O Avião decolou e mais uma vez, o destino daquelas duas mulheres estava em suas mãos, apresentado por uma força divina que parece tentar unir as duas com todas as forças do universo.
O que o Brasil reserva para esses corações tão perturbados e partidos?