Adriana despertou com os raios do sol invadindo o quarto pelas frestas da cortina lhe causando calor, abriu os olhos preguiçosamente, como se não quisesse levantar, retirou o edredom que lhe cobria o corpo e finalmente espreguiçou-se. Ainda contemplou o teto branco do quarto por alguns minutos e decidiu levantar-se, foi direto para o chuveiro, enquanto se despia, repassava as atividades do dia, roteiro já traçado na tarde anterior por conta do trabalho.
Tomou uma chuveirada pra acordar direito, já que levantar cedo nunca foi seu forte, ela precisava de uma carga de água gelada de manhã pra levantar a moral.
Seu corpo bem delineado, fora moldado nas academias que ela frequentava, sempre gostou de manter a forma, praticava esportes quando tinha algum tempo, o que ultimamente estava escasso em sua vida. No alto dos seus um metro e setenta centímetros de altura, ela esbanjava elegância, os cabelos longos, negros, eram lisos e brilhantes, seus olhos castanhos, tinham um poder de sedução inigualável, seu olhar era misterioso e profundo, sua pele clara era muito bem cuidada com cremes e protetor solar. Um caráter invejável pelos que a rodeavam, tanto no trabalho como entre os familiares.
Adriana é contabilista, tem um escritório contábil, no centro do Rio de Janeiro. Trabalha com mais duas sócias, e também suas melhores amigas, Paula e Alessandra que são casadas ha três anos. Adriana está solteira no momento, saindo de um relacionamento confuso com Eduardo, namoraram por três anos, e ela descobriu uma traição, não existe nada no mundo que a incomode mais do que uma traição, o resultado: várias noites em claro bebendo pra afogar as mágoas.
Enquanto tomava seu cereal de todas as manhãs Adriana lia o jornal, focada na sessão de economia e por fim, um contraste nessa mulher tão feminina e vaidosa, ela adorava ler o caderno de esportes para saber as ultimas novidades do Fluminense, o seu time de coração.
Adriana morava sozinha em um apartamento em Niterói, no bairro de Icaraí, quer dizer, não totalmente sozinha, dividia o espaço com sua York Shire, Pitty, é exatamente o que vocês estão pensando, foi em homenagem à cantora Pitty, Adriana adora ouvir Rock.
Colocou comida para a pequena bola de pelos, e arrumou a cozinha, desceu para pegar o seu carro e seguir para o trabalho como costuma fazer todos os dias.
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— Bom dia.
–Bom dia, sócia.
As meninas fizeram um coro para recepciona-la, todos conhecem o mau humor matinal de Drica, como os mais íntimos a chamam.
— Nossa, eu juro que eu queria muito acordar com esse pique de vocês, mas não consigo.
As duas amigas levantaram de suas mesas, e correram em sua direção.
— Não, gente abraço de urso ha essa hora não.
— Adriana acorda! Abraço de urso!
A três tinham um jeito particular para se entender, amigas inseparáveis desde a faculdade de contábeis, foi na faculdade que Paulinha e Ale se conheceram, a três viviam andando juntas pra cima e pra baixo, e quando se formaram montaram o escritório, pequeno no começo, mas já haviam conseguido mudar para uma sala maior e estão conseguindo cada dia mais espaço no mercado.
— Ok meninas, eu já entendi, mas me soltem, pois eu não consigo respirar.
— Ah, deixa de ser boba, um dia lindo desses, o sol está maravilhoso, e você não consegue levantar bem humorada.
— Paulinha, com o sol que está lá fora, a minha vontade é de pegar o carro e partir para a praia, então não me lembre disso.
— Nossa, quanto desânimo!
— Relaxa meu amor, você conhece nossa amiguinha, depois de meio dia ela será outra pessoa.
Dito e feito, a manhã passou, e Adriana foi se organizando, atendeu alguns clientes, trabalhou na abertura de uma empresa, e depois que as três voltaram do almoço o astral era outro.
Durante a tarde no escritório em uma conversa informal, o assunto caiu sobre a vida amorosa de Drica, que depois da traição do Eduardo, resolveu se fechar para balanço e já estava solteira ha oito meses, isso para não dizer sozinha.
–Drica, e aquele carinha da academia, o que estava afim de você, você ficou com ele?
–Carinha da academia? Ah o Anderson, não, descobri que ele é casado, tira a aliança pra malhar e não amassar, ele me cantou na cara de pau, você acredita nisso?
— Menina, mas você não está com sorte mesmo, parece que você atrai homens problemáticos.
— Pois é, eu acho que vou é desistir deles.
— Opa, então é nossa hora de entrar em cena Paulinha.
— Do que você está falando Alessandra?
— Calma amiga, vamos levar você pra sair hoje.
— Olha só meninas, eu falei isso, mas não quer dizer que eu vou virar a casaca, foi só uma brincadeira.
— Relaxa, você está mesmo precisando respirar outros ares.
— Paula você vai mesmo compactuar com essa mente louca da sua mulher?
— Drica, nós não vamos te levar para um matadouro, é só uma baladinha.
— Eu conheço as suas baladinhas, vocês não estão contando nenhuma novidade, e nunca me interessei por nenhuma mulher nas baladas.
— Tem uma boate nova na Lapa, inaugurou ha um mês e nós vamos para lá hoje.
— Ai, gente, é sério, eu vou pra casa, dormir e rezar para amanhecer o sol que está hoje porque eu quero “jiboiar” na praia.
— Oh, mente sem criatividade, vamos badalar hoje sim, não se fala mais nisso, amanhã vamos todas à praia. Dorme na nossa casa e nós vamos à praia de Copa.
— Mas a preguiça de atravessar a ponte e voltar, eu não vou fazer isso não.
— Não tem problemas, temos um kit sobrevivência no carro, e as roupas de Alessandra cabem em você perfeitamente.
Percebendo que o cerco estava fechado, e não teria como inventar mais nenhuma desculpa para fugir do compromisso que as amigas acabaram de inventar, Drica cedeu e resolveu sair para a balada com suas amigas. Tentando não pensar em mais nada além de se divertir, ela mal sabia que aquela noite seria decisiva para uma mudança radical em sua vida.
— Ai que saco, eu vou né. Vocês não desistem nunca!
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Do outro lado da “poça”, em Niterói Ana Paula almoçava com as amigas do trabalho, Aninha trabalha em Itaipu, Advogada ela tem um escritório de advocacia em um shopping, o Multicenter, ela mora em Itaipu na Av. Central, principal rua do bairro, em uma casa grande em um condomínio fechado, juntamente com a família, seus pais e uma irmã, Ana tem duas irmãs, a mais nova está fazendo intercambio no Canadá.
Ana também é alta, um metro e setenta e cinco de altura, os cabelos loiros, os olhos azuis turquesa iluminavam o ambiente aonde ela chegava, seu rosto tinha uma beleza surreal, a boca bem delineada, os cabelos ondulados no meio das costas, e o corpo normal, não é escultural, os seios firmes e a bunda redondinha, Ana não gosta muito de malhar, é bem preguiçosa.
O assunto na mesa era um caso do escritório que haveria a definição da sentença naquela tarde, e Ana comentava entusiasmada com a estagiária e a secretária sobre a noite caso saísse a sentença positiva para o seu cliente.
— Ai, eu estou muito confiante com a sentença dessa tarde, acho que conseguiremos inocentar o cliente.
— Vamos com calma Claudinha, cabeça de jurado é terra que ninguém pisa, eu também estou confiante, o caso foi bem amarrado, e não temos muito com o que nos preocupar, mas sempre fique com 50% de expectativa para o resultado positivo ou negativo.
— Entendi, e qual será a comemoração se você ganhar o caso?
— À noite vou sair pra uma baladinha com algumas amigas.
— Hum, que chique, eu tenho aula, é muito injusto ter aula em plena sexta-feira.
— Eu já passei por isso queridinha, e eu também acho que é uma injustiça estudar na sexta-feira, mas, são ossos do ofício. Vamos meninas? Nós temos uma tarde cheia hoje.
— Vamos.
As garotas voltaram para o escritório para pegar o processo e alguns documentos e seguiram para o fórum de Niterói.
A todo o momento o celular de Ana Paula vibrava no bolso, era Gisele, um caso complicado que Ana não conseguia se desligar. Depois de várias mensagens e ligações durante o dia, Ana finalmente resolveu desligar o celular para entrar na audiência.
Ana Paula é uma ótima advogada, formou-se cedo, passou no primeiro vestibular que prestou, cursou direito na UFF, muito inteligente, com 29 anos já tinha o seu próprio escritório, atendia principalmente a empresas, e estava treinando Claudinha para se juntar a ela, já que sozinha não estava dando conta de tanto trabalho.
Saindo do fórum com o cliente inocentado, Ana Paula estava radiante com mais um caso de sucesso, despediu-se do cliente que estava mais do que feliz e dispensou Claudinha. Foi pra casa mais cedo para relaxar e sair à noite para se divertir.
Lembrou-se do celular jogado dentro da bolsa desligado, e resolveu ligar para coloca-lo para carregar um pouco, assim que o ligou começaram a chegar diversas mensagens da Gisele, tanto de ligações feitas enquanto o telefone estava desligado como mensagens perguntando onde ela estava, por que ela não respondia, por fim duas mensagens bem mal criadas, a Gisele é muito ciumenta, e marca em cima mesmo, mas Ana Paula já estava no seu limite e já não aguentava mais essa situação.
Ela resolveu responder com outro torpedo dizendo que estava em audiência, e não poderia atender, e mentiu dizendo que estaria no fórum até tarde para que Gisele não a procurasse naquela sexta-feira. Ela queria sair com as amigas e respirar um pouco, já que a Gisele a sufoca ha algum tempo.
Depois de dormir um pouco para relaxar da semana tensa que teve por conta do julgamento, ela despertou sentindo-se uma nova pessoa, com o ânimo renovado ela tomou seu banho e perfumou-se sua roupa já estava preparada sobre a cama, depois de estar arrumada ela conferiu o look no espelho e com um sorriso largo aprovou a produção, colocou uma maquiagem leve e os cabelos soltos deram o toque final.
Ana Paula esta sem carro, o seu está na oficina por conta de um defeito no motor, tomou um taxi e foi pra casa de sua melhor amiga, Isadora, também mora em Niterói, em Icaraí, por coincidência a uma quadra do apartamento de Adriana.
— Oi amiga!
— Oi Isa, pronta pra balada?
— Com certeza, vamos pra onde?
— Nós vamos pra Lapa, tem uma boate nova que é o máximo.
— Partiu então. Luciana desistiu, vai ficar estudando porque tem prova segunda-feira e está enrolada na matéria.
Luciana é a irmã mais nova de Isadora, ela faz medicina, não é homossexual como Isa e Ana Paula, mas acompanha as duas nas baladas, pois diz que é um ambiente muito mais tranquilo do que as boates comuns.
— Medicina é complicada mesmo, eu achei até estranho que ela tenha aceitado ir. Mas então nós vamos abalar a Lapa! – Disse Ana Paula rodopiando na porta da garagem-
As duas caíram na gargalhada. Quando Isa perguntou sobre o calo de Aninha.
— Aninha, e o que você fez com a Gisele? Amarrou o pé dela na cama pra ela não vir atrás de você?
— Não, eu disse que ficaria no fórum até tarde e desliguei o meu celular, eu não quero saber de complicação hoje.
— Ai amiga eu acho maravilhoso isso, mas eu acho que ela vai surtar e vai encher o seu saco quando ela descobrir.
— Ai Isa, honestamente eu sou apaixonada por ela, ate por isso que eu aguento essa situação toda, mas ela já está passando dos limites com esse ciúme doentio, eu não posso fazer nada nem ir a lugar nenhum, enquanto ela fica pagando amor para o marido.
— Aninha, eu já te falei o que eu penso disso tudo, mas parece que você não me escuta, larga essa vida e procura alguém que possa te amar de verdade, ela não é mulher pra você.
— É fácil falar, mas fazer é complicado.
— Eu sei, mas pelo menos pensa no assunto, e agora esquece essa sequelada e vamos pra Lapa.
— Isso mesmo, a noite hoje promete.
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Sexta-feira no final do expediente, as meninas foram até o carro para pegar as roupas e se trocarem para cair direto na noite. Drica também sempre tinha um kit sobrevivência como ela chamava as peças de roupas e alguns acessórios que sempre estavam dentro do carro para salvá-la de alguma situação mais complicada.
De volta no escritório, as três disputaram o banheiro no palitinho, Drica ganhou o direito de tomar banho primeiro, o banheiro do escritório estava preparado para esse tipo de evento, elas sempre saiam direto do trabalho para a balada então foram espertas o bastante pra fazer uma obra e colocar um chuveiro.
Saindo do banho, Drica preferiu se arrumar fora do banheiro, pois é muito apertado, as persianas já estavam abaixadas, e as duas amigas namoravam enquanto Drica tomava banho.
— Ei, meninas, por favor, um pouco mais de decoro no ambiente profissional.
— Ih, eu hein, o expediente já acabou tá sua chata. Eu entro agora.
— Não Ale, na sequencia era minha vez esqueceu?
— Oh meu amor, então vem junto comigo.
— Ei, vocês estão me vendo ou virei a mulher invisível do quarteto fantástico?
— Amor ignora.
Todas riam ao mesmo tempo, Drica jogou uma peça de roupa em direção das amigas que não paravam de rir. E tapou os olhos com as mãos, fingindo incomodo com o agarramento.
— Ai anda logo com isso, entra as duas de uma vez, vocês estão parecendo minha Pitty no cio.
— Nós somos suas amigas cachorras, au au.
Saiu Alessandra imitando um cão. E Paula foi atrás mandando beijinhos no ar em direção a Adriana.
Enquanto se arrumava a morena pensava no que poderia acontecer na sua noite. Esperava encontrar um homem hétero para saciar pelo menos seus desejos durante aquela noite, afinal de contas já havia quatro meses desde que teve uma recaída com Eduardo e acabou em sua cama, se arrependendo do gosto amargo de fazer sexo em estado alcoólico alterado.
Adriana já estava pronta depois de meia hora enquanto suas amigas se divertiam no banheiro, ela estava lendo alguns e-mails, até porque ainda eram sete e meia da noite, muito cedo pra chegar a uma boate. Seu coração já estava quase recuperado da relação com o Edu, mas mesmo assim, o medo falava mais alto quando se falava de amor ou relacionamentos, sua confiança nas pessoas estava abalada, principalmente nos homens.
A porta do banheiro se abriu com um barulho enorme, tirando Adriana de seus devaneios, suas amigas saíram do banheiro com um sorriso iluminado nos lábios enroladas nas toalhas pra se trocarem do lado de fora.
— Nossa, que patético, tirem esse sorriso idiota da cara! Isso me enjoa.
— Ah, para de graça, até parece que você não sente falta disso.
— Eu sinto Ale, e é por isso que vocês me irritam.
As duas amigas sorriram e começaram a se arrumar.
Adriana não conseguiu deixar de reparar nas duas amigas trocando de roupas, Paula, é uma morena alta, os cabelos cacheados castanhos na altura da cintura e os olhos negros como a noite tinha uma beleza natural, Alessandra, mais baixa que Paula, tinha os cabelos ruivos ondulados, os olhos azuis e um corpo de dar inveja a qualquer garotinha de vinte anos, considerando que ela tem 35 anos, nós podemos dizer que ela está com tudo em cima. Adriana se pegou admirando os corpos das amigas, e quando se deu conta do que estava acontecendo, tratou de desviar o olhar, completamente sem graça, esperando que nenhuma das duas perceba o seu momento, nos seus pensamentos a única explicação para aquela situação, era a de que estava muito carente.
— Que pensamentos são esses, Adriana? Concentre-se. –Adriana pensou alto-
— Falou alguma coisa, Drica?
— Não Paula, eu não falei nada.
Adriana voltou a olhar para o notebook sem saber muito bem o que estava lendo, apenas para desviar os olhares e o pensamento daquele recinto. Alguma coisa estava diferente para ela, alguma coisa estava diferente nela, e ela estava assustada por perceber isso.
Depois de todas muito bem arrumadas, resolveram fechar o escritório e sair para a balada, Alessandra sempre foi a mais ousada nas roupas, usava uma calça jeans super justa, não sei como aquele pedaço de pano não prendia sua circulação, uma camiseta de brilho e botas nos pés, Paula usava um vestido leve com estampa de flores, e uma sandália nos pés, Adriana vestia uma calça jeans e uma blusa frente única, com certo decote, já que a camisa ela pegara emprestada de Ale, a blusa lhe caiu tão bem, que parecia que ela mesma havia comprado, nos pés, uma sandália alta de salto fino, todas bem maquiadas e usando alguns acessórios.
As três amigas dirigiram pelo centro do Rio até a Lapa, onde resolveram parar em um barzinho com musica ao vivo antes de entrar na boate. Sentaram em uma mesa ao ar livre, e pediram três copos de chope para começar a noite. Brindaram a vida e a esperança de um futuro brilhante. Com as tulipas pra cima celebraram a amizade.
— A nossa saúde!
— Ao nosso sucesso!
— A nossa amizade!
Pelo visto a noite promete…
Que sonho trabalhar com as amigas e não com desconhecidos duvidosos