Uma semana depois, Ana e Adriana se encontraram algumas vezes, falaram ao telefone e estavam vivendo um conto de fadas, Ana estava louca para encontrar a morena e resolveu ligar para convidá-la para sair.
— Oi Ana. – Adriana abria um grande sorriso–
Adriana atendeu o celular e as meninas logo começaram a fazer piadinha sobre a ligação para que a morena começasse a rir.
— Oi Drica, como foi o dia? Chegou muito tarde ao Rio?
— Até que não, na hora que eu saí não tem mais tanto transito. Foi tranquilo. E você, muitos clientes?
— Não, só atendi um agora à tarde. Eu quero muito te ver hoje. Você pode me encontrar?
— Claro! Você quer sair para comer algo?
Alessandra fazia um gesto indicando que Drica seria o prato principal. E sussurrava para a amiga:
— Ela quer comer você.
Adriana fazia gestos com a mão para as amigas pararem, mas era em vão.
— Sim, pode ser, eu te pego as oito.
— Fechado. Estarei pronta às oito. – sorria — Um beijo.
— Beijo.
Drica quando terminou a ligação jogou o calendário de mesa em cima de Alessandra que não conseguia parar de rir. Paula também não estava se contendo, levantou-se e abraçou a amiga como forma de passar segurança para os seus atos.
— Amiga eu estou muito feliz por você, saiba que eu estou aqui para o que você precisar.
— Obrigada Paula.
— Amor, amanhã não conte com Drica aqui cedo de novo.
— Palhaça, você acha que eu vou ficar nessa maratona todo dia?
— Eu acho.
— Nem eu vou aguentar, vou virar um zumbi.
— Isso me lembrou uma cena do “The walking dead”.
— Minha nossa, Paula esconde o controle da TV a cabo da sua mulher.
Todas riam muito de Alessandra imitando um zumbi dentro do escritório. E assim Adriana terminava o dia feliz imaginando que sua vida começava a se encaixar.
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Oito horas Drica estava pronta esperando por Ana Paula. Colocou um jeans escuro com uma blusa de botão listrada, nos pés uma sandália preta e os acessórios de cor prata davam o tom para contrastar com a produção, maquiou-se e colocou um perfume masculino que ela adora, sentou no sofá e zapeava os canais da televisão sem prestar atenção em nada. Estava ansiosa para a chegada de Ana Paula.
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Em Itaipu, Ana terminava de se arrumar, vestia uma calça de brim branca, com uma blusa tomara que caia preta amarrada com cadarços, ela adora acessórios dourados, e nos pés uma sandália alta preta, estava colocando o perfume, quando a porta do seu quarto se abriu, novamente Gisele entrava em sua casa na hora que Ana estava de saída para encontrar Adriana.
— Ana.
— Gisele, o que você está fazendo aqui?
— Eu vim conversar, mas pelo visto você não está sentindo minha falta, vai sair?
— Eu vou sair, e hoje você não vai me atrapalhar, e nós terminamos Gi, segue com sua vida e deixa que eu siga com a minha. –pegou a bolsa —
Ela ia deixando o quarto quando Gisele falou alto.
— Eu contei para o Bruno sobre nós.
Ana Paula ficou gelada, sentiu o corpo estremecer, essa frase era tudo o que ela esperou ouvir durante três anos, e justo agora que ela encontrou uma pessoa que a fizesse pensar que a vida vale a pena Gisele resolveu se decidir. Ela parou onde estava e voltou para dentro do quarto.
— O que você falou?
— Eu contei para o Bruno que eu gosto de mulheres também.
— E ele?
— Ele aceitou.
— Espera ai, como assim ele aceitou? O que você falou com ele?
— Que eu fiz sexo com uma mulher para matar minha curiosidade, e que eu gosto de mulheres.
— Você até agora não disse que falou para ele que você é apaixonada por outra mulher, que mantém um relacionamento com essa outra mulher, por enquanto eu só ouvi que você disse que eu fui uma experiência.
— Mas eu tenho que falar devagar, eu não posso falar para ele de cara que eu amo outra pessoa e ela é uma mulher.
— Eu até pensei que você tinha conseguido tomar uma atitude e eu até pensei que você tinha tomado sua decisão, mas você não fez nada disso, Gisele, faça-nos um grande favor, segue com a sua vida e eu vou viver a minha, eu já conheci outra pessoa, e eu estou me dando muito bem com ela, me deixa ser feliz com quem pode me fazer feliz.
— Você terminou comigo por causa daquela piranha do e-mail.
— Não, eu terminei com você exclusivamente pelos seus atos, ou pela falta deles, — Ana levantou o dedo para Gisele– e não chame a menina de piranha, ela é solteira e desimpedida, não faz revezamento como você.
— Você vai me pagar Ana Paula.
— Adeus Gisele. – Ana segurava a porta do quarto aberta, dando passagem para a outra loira sair–
A mulher saiu da casa de Ana Paula batendo os pés, e Ana sentou-se na cama com os olhos lacrimejando, ela ainda gostava dela, mas não suportava mais a situação que viviam, pensou que era melhor assim, já que Gisele nunca se decidia, foi ao banheiro, retocou a maquiagem, e saiu para encontrar com Drica, mandou uma mensagem avisando que se atrasaria, mas que já estava a caminho. Não deixaria a morena na mão como da outra vez.
Chegando próximo do prédio de Drica ela ligou para a morena descer, pois é ruim estacionar por ali. Quando ela virou a esquina vislumbrou a figura de Drica, linda como sempre, mais um pouco e ela causa um acidente por não prestar atenção no transito.
Parou na esquina e Drica entrou no carro. Cumprimentaram-se com um beijo no rosto, bem comportado.
— Oi, pegou muito transito?
— Oi meu bem, não, foi tranquilo, — depois de uma pausa — eu vou contar a verdade para você, eu me atrasei porque Gisele apareceu lá em casa na hora que eu ia sair.
Adriana sentiu o corpo enterrar no banco do carro, ouvir o nome dela não era bem o que ela esperava.
— E ai?
— Ela veio com um papinho que tinha contado para o Bruno que gosta de mulheres, e tal, mas não contou a verdade, que ela tinha um relacionamento de três anos comigo que ela se diz apaixonada por mim, então no fundo ela não fez nada. Só veio para tentar me confundir.
— E você?
— Eu? Eu estou aqui com você não estou? – Ana segurou a mão de Drica que estava sobre sua coxa–
— Sim, desculpe Ana, é que você ainda gosta dela, eu sei que um amor como o que você sente não acaba assim, e eu sei que eu não sou nada ainda para você. Eu espero um dia ser um por cento do que ela significa para você. – Drica olhava para baixo–
— Ei, não fala assim não, nem brincando. Você é muito especial para mim, e eu te adoro também, de uma maneira diferente, eu admito, mas eu tenho um sentimento muito forte por você.
— Eu quero muito ter você inteira para mim Ana, e vou te dar o tempo que você precisar para que isso aconteça, quando você se sentir pronta para se arriscar em um novo amor, em um novo relacionamento, eu estarei aqui de braços abertos.
Ana Paula sentiu os olhos lacrimejarem novamente naquela noite, sentia-se segura ao lado de Adriana, uma segurança que nunca sentira com Gisele, e ali, teve certeza que fizera a escolha correta. Uma pessoa equilibrada que lhe ofereceria a paz necessária para que os seus sentimentos se organizem e ela esteja pronta e inteira para mergulhar de cabeça nesse relacionamento.
— Adriana, você é uma pessoa iluminada, eu não poderia ter encontrado alguém melhor para me ajudar a crescer como pessoa. Eu estou adorando estar com você. Eu prometo que eu nunca farei nada para te magoar.
— Ana, eu só não estou com pressa, eu estou como você, me recuperando de um amor bandido, descobrindo minha sexualidade, não quero dar passos largos, apesar de estar completamente apaixonada por você, mas vamos deixar o tempo guiar nossas ações e nos preparar para um relacionamento completo e feliz para nós duas.
— Garota, você realmente tem só vinte e três anos?
— Sim, por quê? – sorria–
— Nossa, você é perfeita, madura, completa, eu estou me apaixonando.
— Opa! Ponto para mim.
As duas sorriram, Ana beijou as costas da mão de Drica enquanto dirigia para o restaurante, estacionou em uma rua paralela e as duas caminhavam para entrar em uma pizzaria em Icarai mesmo, próxima da praia, a ideia era caminhar na areia depois do jantar.
Sentaram-se à mesa, pediram por um rodizio, e um bom vinho tinto.
— Ana, você está dirigindo, é melhor tomar um refrigerante.
— Não se preocupe, nós estamos perto do seu apartamento, qualquer coisa eu passo a noite por lá.
Ana disse piscando o olho para Drica que entendeu o recado perfeitamente, esta seria mais uma noite de amor intenso e como Alessandra previra, outro atraso da Contadora na manhã seguinte.
— Ana, se eu continuar com esse ritmo, eu terei que trabalhar no sábado para compensar os meus atrasos matinais.
— Meu amor, se você precisar trabalhar no sábado eu vou junto com você para te fazer companhia.
— Nem pensar, ai mesmo que eu não vou trabalhar, com você perto de mim eu não vou conseguir prestar atenção em nada.
Tudo corria bem, e antes mesmo de receberem o vinho, a figura de Gisele surgiu dentro do restaurante, seus olhos vermelhos denunciavam o choro compulsivo desde que deixara a casa de Ana Paula, e em um rompante de ira ela avançou na mesa onde as meninas estavam e arrancou a toalha derrubando tudo o que estava disposto sobre a mesma no chão, Drica e Ana levaram um grande susto ao perceber as mãos de Gisele na toalha ao seu lado, uma das taças quebrou sobre a mesa cortando a mão de Adriana. Com o sangue quente, a morena nem percebeu que estava sangrando.
— Gisele, o que você está fazendo?
— Você não tem o direito de fazer isso comigo, me abandonar desse jeito para ficar com essa ai. –Gisele gritava — Você é minha Ana Paula!
— Você enlouqueceu? Vai embora! –Ana tentava conter a ex-namorada–
Os seguranças do local chegaram para conter Gisele que se debatia e pediram para as duas meninas se retirarem do local, Drica estava em estado de choque, um garçom percebeu o sangue escorrendo em sua mão e cedeu um guardanapo para que ela enrolasse o ferimento, só então ela percebeu que havia se machucado. Totalmente envergonhada, ela só queria sair dali.
Do lado de fora do local, Gisele ainda batia boca com Ana Paula que insistia em colocar a outra loira para casa, foi quando percebeu o pano envolvendo a mão de Drica, manchado de sangue.
— O que foi isso na sua mão?
— Acho que foi uma taça que quebrou na mesa. – Adriana ainda estava atordoada–
— Eu vou matar você Gisele.
Drica segurou o braço de Ana para que a loira não piorasse as coisas. E balançou a cabeça negativamente para que a loira não tomasse nenhuma atitude mais firme.
Gisele gritava pela rua.
— Vem, e acaba logo com isso.
Gisele a desafiava, ela ofendia Adriana e Ana Paula e nada a fazia parar.
— Você não vai ser feliz com essa sonsa, ela não é mulher para você, que ceninha patética.
— Gisele vai embora, você não sabe o que está falando.
— Eu sei muito bem, eu sou sua mulher, você me pertence.
Ana Paula a segurou pelos braços e levou até o carro que estava parado perto do restaurante, tentando acalmá-la.
— Gisele o que deu em você? Está querendo ser presa?
— Se for preciso para você ficar comigo então sim, eu vou para cadeia.
— Gisele, acabou, nós conversamos sobre isso, eu não quero mais essa vida.
— Você ainda me ama que eu sei.
A proximidade dos seus corpos ainda mexia com Ana Paula, Drica tinha razão, Gisele ainda era a mulher que ela amava, por mais que ela estivesse chateada e magoada, qualquer centelha era suficiente para fazer explodir aquele fogo do amor entre elas.
Sem dar chances para Ana Paula, Gisele deu-lhe um beijo na boca, e quando esta tentou fugir, ela a agarrou pela cintura e colou o corpo no dela fazendo com que Ana esquecesse todo o resto em sua volta, assim como sempre acontecia. Ana acabou se rendendo aos lábios da ex-namorada e retribuiu o beijo de Gisele.
Adriana assistiu a tudo sem saber o que fazer, deixou as duas para trás e pôs-se a caminhar em direção à sua casa, as lágrimas escorriam, ela sabia que Ana ainda amava Gisele e percebeu que apenas o seu amor não seria capaz de mudar aquilo, Ana prometera não magoá-la, mas nem deu tempo de esfriar a promessa. Tratando-se de Gisele tudo era surreal para a advogada.
Depois de perder a noção de tudo novamente, Ana Paula desvencilhou-se de Gisele, e olhando ao redor não encontrou mais Drica que já havia ido embora, o que deixou a loira com o coração na mão ao perceber que na primeira oportunidade que teve quebrou a promessa feita no carro. Levou as mãos à cabeça e desesperada não sabia por onde procura-la.
— Gisele o que você fez?
— Eu te provei que essa sem graça nunca vai te satisfazer como eu faço.
— Você fez de proposito!
— Eu fiz o que eu deveria fazer. Eu te mostrei que eu sou a sua mulher e mais ninguém.
— Eu quero que você suma da minha vida, vai embora e não volte nunca mais. – deu um tapa no rosto da ex-namorada–
Ana virou as costas e deixou Gisele com um sorriso de canto de boca, ela passava a mão no rosto esfregando o local que recebera o tapa, ela sabia que o seu plano dera certo, afastara Adriana de Ana Paula, e seria só questão de tempo para reconquistá-la.
Ana pegou o carro e saiu à procura de Adriana, preocupada com o corte em sua mão, precisava leva-la para o hospital, estava chorando de tanto remorso.
Não estavam muito longe do prédio de Drica, e sua esperança era encontra-la no meio do caminho, ao chegar à esquina onde a encontrou mais cedo, Ana viu Drica chegando para entrar no prédio, e não teve dúvidas ao parar o carro de qualquer maneira para abordar a morena que vinha caminhando com as sandálias na mão e a outra ainda enrolada no guardanapo do restaurante.
— Adriana! Drica.
Drica viu Ana correndo em sua direção e só queria sumir dali, não queria ver a advogada, estava magoada demais.
— Vai embora Ana. – uma lágrima escorria pelo seu rosto–
— Não, eu vou te levar para o hospital.
— Não, eu não vou a lugar nenhum.
— Vai sim, eu vou te levar para ver esse corte.
— Volta para sua Gisele, você nunca vai olhar para mim como você olha para ela. – havia mágoa em sua voz– Depois de tudo o que ela fez você ainda se derramou toda quando ela te beijou.
— Drica eu sei que eu estou toda errada com você, e se não quiser me ver nunca mais eu vou entender, e eu sinto muito por ter te magoado, mas eu vou te levar para o hospital, nem que eu tenha que te sequestrar.
Drica chorava e já não sentia a mão que estava cortada, mas sim o seu coração que novamente estava em pedaços, sentia-se cansada, com a cabeça doendo.
— Vem comigo.
Ana a levou de volta para o carro e foi com ela para o hospital no centro de Niterói. Já era madrugada quando elas chegaram ao apartamento de Drica, esta levou pontos e estava medicada, foi recomendado repouso por alguns dias.
Durante todo o tempo ela permanecia em silencio o que deixou Ana preocupada.
Ligou o rádio para tentar quebrar o gelo e para o seu azar a música de Ana Carolina ecoou em seus ouvidos como a anunciação do término do conto de fadas que ela vivia com Adriana.
Simplesmente Aconteceu
Simplesmente aconteceu
Não tem mais você e eu
No jardim dos sonhos
No primeiro raio de luar
Simplesmente amanheceu
Tudo volta a ser só eu
Nos espelhos
Nas paredes de qualquer lugar
Não tem segredo
Não tenha medo de querer voltar
A culpa é minha eu tenho vício de me machucar
De me machucar
Lentamente aconteceu
Seu olhar largou do meu
Sem destino
Sem caminho certo pra voltar
Não tem segredo
Não tenha medo de querer voltar
A culpa é minha eu tenho vício de me machucar
De me machucar
Ninguém ama porque quer
O amor nos escolheu você e eu
Não tem segredo
Não tenha medo de querer voltar
A culpa é minha eu tenho vício de me machucar
De me machucar
Simplesmente aconteceu
Quem ganhou e quem perdeu
Não importa agora
Ela sabia que tinha perdido a oportunidade de ter Drica ao seu lado, e só um milagre para fazê-la voltar atrás.
— Está entregue.
— Obrigada. – a mão na maçaneta já abria a porta do carro–
— Drica eu sinto muito, me perdoa por ter sido tão fraca.
— Ana, eu sabia que eu corria esse risco de você ter uma recaída, mas eu não imaginei que seria tão rápido. – Adriana voltava a chorar — Você nunca vai se apaixonar por mim, o jeito que você olha para ela, é diferente de tudo o que eu já vi, não adianta se enganar, eu não tenho espaço na sua vida.
— Drica eu não quero te perder. – Ana segurou a mão de Adriana —
— Ana, a gente não perde o que nunca foi nosso.
Com essa frase de efeito Adriana saiu do carro e entrou no prédio sem olhar para trás. Ana desesperada saiu do carro e não acreditava que perdera a mulher mais incrível que já conhecera por ser fraca e ceder aos caprichos de Gisele, ela chorava encostada no capô do carro.
Da janela do apartamento escuro, Adriana assistia a cena na rua e também chorava, sua vontade era descer e pular no pescoço de Ana Paula, mas sua razão não permitia, já que era para sofrer, que seja agora e não depois que essa paixão se torne amor e a separação será muito mais dolorosa.
Ana ainda não acreditava no que acontecera, chutou o pneu do carro e olhava para cima, tentando descobrir qual seria a janela de Adriana, quando uma luz acendeu no quinto andar, ainda vigiando viu Adriana olhando pela janela em sua direção, e o choro veio compulsivo.
Adriana já estava no quarto, acendeu a luz para se trocar e acabou olhando para ver se Ana já tinha ido embora, e percebeu que a loira ainda estava em pé ao lado do carro como se estivesse chorando. Mais uma vez segurou o impulso de descer para abraça-la. Apagou a luz e se jogou na cama para chorar como uma criança a perda desse amor que mal começara. Viu o dia amanhecer em meio à dor e lágrimas.
Depois de muito tempo, Ana entrou no carro e ficou rodando pelas ruas de Niterói até amanhecer o dia, viu o sol nascer sentada na areia da praia de São Francisco, bem longe de sua casa. Cansada ela resolveu ir embora, ligaria para Bianca pedindo para desmarcar os seus compromissos daquele dia pois não iria trabalhar.
No caminho para casa, quase provocou um acidente ao cochilar no volante e seu carro ia em direção à pista contrária, ela acordou com o barulho da buzina do carro que vinha de frente e conseguiu acertar a rota. Com o susto, resolveu parar em um posto e comprar um café, conseguiu chegar em casa aos trancos e barrancos. Ana estava em transe, era como se ela estivesse vivendo em um universo paralelo onde ela queria esquecer que conhecera Gisele, e às vezes queria não ter conhecido Drica para não ter feito a garota sofrer.
Caiu na cama e depois de chorar mais um pouco acabou sendo vencida pelo cansaço.
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Drica mesmo com os pontos na mão acabou indo para o escritório, e ao chegar foi logo repreendida por Paula.
— Bom dia
— Bom dia “Bela Adormecida”. –Alessandra logo brincou achando que a noite tinha sido boa-
— Não torra Alessandra.
— Ei, primeira ferradura do dia.
— Drica o que foi isso na sua mão?
— Eu cortei ontem à noite.
— Nossa, eu não sabia que você curtia sexo selvagem. –Como sempre Alessandra deixava as dela-
— Cala a boca Ale. O que aconteceu? Você está com uma cara péssima.
— Longa história, amigas.
— Nós temos o dia inteiro.
Depois de relatar o ocorrido e de chorar mais um pouco no colo de Paula, veio a lição de moral.
— Você é maluca de vir até aqui com esse monte de ponto na mão, como você dirigiu?
— Dirigindo ué.
— Adriana, você tem que descansar, você não pode trabalhar, foi um corte sério.
— Eu não queria ficar em casa sozinha. E não foi sério!
— Eu sabia que aquela biscate ia fazer alguma merda.
— Alessandra, você não está ajudando. – Paula repreendia sua mulher–
— Ale, não a julgue, eu sabia que eu estava entrando em águas revoltas, eu tinha plena consciência que isso poderia acontecer, só que foi tudo rápido demais, tanto nossa primeira noite quanto a primeira recaída. É tudo muito intenso entre nós.
— Eu consigo te entender, Drica, agora eu acho que você realmente deve descansar, e depois você volta com todo gás, e não se preocupe, se for para vocês ficarem juntas vocês vão se encontrar ainda.
Adriana assentiu as palavras de Paula, e seguiu o conselho da amiga, foi para casa tentar descansar, sentia dores e passou no hospital para trocar o curativo. Teria uma semana em casa para refletir sobre sua vida e decidir o que fazer. Pegou Pitty e algumas roupas e foi para a casa dos pais, nada melhor que o colo da mamãe para consolar um coração partido.