Passava das dez horas, Drica acordou com o celular tocando desesperadamente no criado mudo, atendeu sem se dar conta que dormira demais.

— Alo.

— Drica, menina, onde você está?

— Em casa.

— Você está passando bem?

— Eu estou, por quê?

— Drica é dez e meia. Nós estávamos preocupadas, só isso. Você não costuma faltar ou se atrasar sem avisar. Você perdeu a hora?

— Minha nossa, dez e meia? Eu acabei de acordar, perdi a hora mesmo.

Drica deu um pulo da cama, e quando olhou para o lado não viu Ana Paula, o que a deixou frustrada, pois imaginou que a loira havia saído a deixando para trás.

— Calma, não precisa se apressar, eu só liguei porque nós achamos estranho o horário, fica tranquila, está tudo bem aqui.

— Tudo bem, eu vou tomar um banho e daqui a pouco eu chego ai.

Desligou o telefone e ainda estava se situando com o que acontecera, ainda podia sentir o perfume de Ana Paula nos lençóis de sua cama, pegou o travesseiro onde a loira havia dormido e abraçou enquanto sentia o cheiro doce da advogada.

Para sua surpresa esta surgiu na porta do quarto com uma caneca de chocolate em cada mão.

— Bom dia, dorminhoca.

Drica deu um pulo da cama assustada com a presença de Ana, tropeçou no lençol que estava embolado no chão e caiu no vão entre a cama e o armário. Ana deixou as canecas na escrivaninha e foi ajudar a morena a se levantar.

— Drica, você está bem?

— Eu estou sim, você me assustou, eu achei que estava sozinha. – Adriana estava sentada no chão olhando pra cima —

— Você achou que eu tinha ido embora?

Adriana sentiu o rosto queimar de vergonha por pensar isso, mas realmente achou que a loira havia deixado o local sem se despedir.

— Sim, olhei a cama vazia, pensei que você já tinha saído para ir trabalhar. – falava sem graça–

— Eu liguei para o escritório e avisei que eu só vou depois do almoço, é que eu fiquei com pena de te acordar, você estava tão linda dormindo. –ela estendeu a mão para levantar a morena–

Drica ruborizou, segurou a mão de Ana que a levantou, e recebeu um selinho de bom dia. Drica vestia calcinha e camiseta e Ana vestia somente um camisão que ela encontrara na poltrona do quarto.

A troca de olhares entre as duas mulheres era inevitável, Ana fez um carinho no rosto de Drica e foi até a escrivaninha onde deixara as canecas com o chocolate, estendeu uma para Drica e sentou-se na cama.

— Eu não vi café no seu armário, ai eu fiz um chocolate para bebermos. Eu ia descer para comprar pão, mas eu ouvi você acordando, resolvi vir te ver.

— Eu não bebo café, faz mal para a minha gastrite.

— Nossa, você tem gastrite? Tão novinha.

— Ah pode parar, eu novinha? Eu já estou com vinte e três anos!

— Nossa! Quase uma anciã!

Adriana deu um tapinha na perna de Ana, que ria do deboche.

— Eu passei por uma fase ruim com o fim do meu relacionamento com o Edu, eu surtei, fiquei muito mal mesmo, acabei conquistando uma gastrite nervosa com isso tudo.

— Eu entendi. O que aconteceu?

— Nós já estávamos a três anos juntos, nós morríamos de amores um pelo outro, eu nunca iria desconfiar Ana, ele morria de ciúmes de mim, eu não podia fazer nada, nem ir a lugar nenhum sozinha, era uma confusão. Ele criava um inquérito por qualquer coisa.

— Eu sei como é isso, a Gisele também é assim.

— Enfim, um dia eu estava indo para o escritório, e Paulinha me ligou, pediu para eu passar em um cartório para pegar um documento que ela estava esperando e que tinha ficado pronto, por acaso esse cartório fica ao lado do trabalho do Edu, depois que eu peguei a procuração para Paulinha, eu resolvi fazer uma surpresa, eu passei no escritório dele.

— Hum, eu já até imagino o que aconteceu.

— Ana, eu achei que eu ia morrer. Ele tem uma corretora de seguros. Eu cheguei ao escritório e a secretaria dele não estava na recepção, eu achei estranho o fato do escritório estar vazio, geralmente ficavam ele e mais dois corretores e a secretaria. Não tinha ninguém, eu fui direto para a sala dele, eu ainda tive a decência de olhar pelo vidro na lateral para ver se ele estava em reunião.

— Vidro?

— É, sabe aqueles escritórios que as paredes são feitas de divisórias? – Adriana fazia movimentos com as mãos desenhando uma parede no ar–

— Sim.

— O dele é assim, na lateral da sala dele tem um janelão de vidro e por dentro tem uma persiana que se você quiser privacidade você desce a tal persiana.

— Entendi.

— Ele até desceu a persiana, mas ela agarrou em algum lugar que eu não lembro onde, e deu para ver ele lá dentro com uma amiga minha, no maior amasso no sofá do escritório dele.

— Sua amiga? Que canalha!

— Menina, aquilo me fez bufar, o sangue subiu, na verdade ferveu.

— Eu imagino. – sorveu um gole do chocolate–

— Ana, eu invadi a sala, a porta estava trancada, eu arrebentei a porta da sala dele no chute.

— Que isso! Não consigo te imaginar com essa fúria toda depois da noite que nós tivemos juntas. – Ana fez um carinho na perna de Adriana–

— Pergunta a Alessandra, eu quebrei a porta dele, e ainda estava de salto alto, entrei pela sala adentro, o cachorro estava sem camisa com as calças na metade do joelho, e a piranha de vestido e sem calcinha. Ana, eu não via nada nem ninguém, voei nele e dei um tapa no meio da cara, e ela eu rasguei o vestido ao meio, na mão.

— Que valentia! Mas ele não falou nada?

— Ia falar o que? Estava todo errado. Ai no meio da confusão, chegou a secretária dele e um dos corretores, eu fiz questão de falar o que estava acontecendo. Foi um escândalo. Eu deixei os dois lá depois de falar horrores, ele tentava me segurar e eu batia nele.

— Foi o maior barraco mesmo.

— Foi, foi horrível. Ele ficou me procurando depois, me ligava, ia ao escritório, aparecia aqui na portaria, mas eu não atendia. Isso me deixou muito mal. Eu não comia direito, dormia mal, bebia todo dia e dormia bêbada. Eu estava em um período bem destrutivo.

— Eu sinto muito Drica.

— Eu sei e o pior de tudo, foi ter uma recaída depois de uma festa, eu bebi demais, ele me levou para casa dele e eu dormi com ele.

— Sério? Mas você estava bêbada. Não pode se culpar.

— Eu me culpo porque a sensação de acordar e não saber onde eu estava foi terrível, e ainda mais olhar para o lado e ver a ultima pessoa que você gostaria de encontrar. Eu senti que eu estava nua e ele me abraçava, eu senti um nojo, eu levantei correndo e eu só queria sair dali.

Adriana olhava para um ponto fixo enquanto falava dessa experiência para Ana, isso realmente mexia muito com ela.

— Mas pelo menos agora isso tudo já passou, e eu esqueci o Eduardo. Ainda tenho magoa, por ter sido com minha amiga, mas deixei isso para trás e estou tentando reconstruir minha vida.

— Que bom que você agora está bem, eu fico feliz com isso.

— Eu também.

O silencio se instalou no quarto, ambas sabiam que teriam que voltar para a realidade, mas nenhuma das duas queria quebrar o elo que elas construíram naquela noite, ninguém queria ir embora.

— Eu ficaria aqui o resto da vida conversando com você, te admirando, cuidando de você, mas infelizmente eu tenho que voltar para os meus processos.

— Eu sei, eu também preciso ir trabalhar.

— O que você vai fazer a noite?

— Nada. Eu vou à academia e depois vou vir para casa.

— Então eu te ligo mais tarde, de repente a gente sai para comer uma pizza.

— Pode ser.

Ana inclinou-se e deu um beijo em Adriana, que retribuiu a altura, ela puxou a loira para deitar sobre ela e já passeava com sua mão por baixo da camisa que Ana usava.

— Você quer mais?

— Muito mais, eu quero você. Faz amor comigo.

Ana Paula beijou Adriana com intensidade, e rapidamente as peças de roupas estavam novamente no chão. Na beira da cama, Ana deitou a morena e se encaixou entre suas pernas, movimentava-se para seu sexo estimular o de Adriana, esta já estava completamente excitada, Ana veio descendo seu corpo com caricias, beijos, passou pelos seios, ventre, até chegar ao seu sexo, Adriana esquivava o corpo para trás tentando aumentar o contato, e Ana ia bem devagar, as mãos acompanhavam o caminho apertando a carne de Drica, como se ela quisesse devorar o seu corpo.

Alcançou o sexo molhado da contadora, e sugou deixando Drica alucinada, ela gemia – Ahh! – Ana passeava com sua língua quente por toda a extensão do clitóris de Adriana até os grandes lábios, a morena já estava quase gozando quando a outra parou a investida e voltou a escalar seu corpo até chegar em sua boca novamente.

— Não faz isso, é muita covardia.

— Você vai gozar comigo minha gostosa.

— Ahh! Você me deixa louca Ana.

Ana se colocou entre as pernas de Adriana e movimentando-se sobre ela levou as duas a um orgasmo longo e delicioso. Adriana estava nas nuvens, não queria terminar aquele momento, queria parar o tempo ali e nunca mais deixar Ana Paula ir embora.

Depois de um longo banho Ana foi para casa trocar de roupas e ir para o escritório, e Adriana foi para o Rio onde as amigas a esperavam na contabilidade.

Ambas repassavam durante o percurso, a noite maravilhosa que tiveram, Ana não conseguia tirar o sorriso do rosto, sentia-se leve, como se tivesse tirado uma tonelada das costas. Estar com Drica era completamente diferente de estar com Gisele, o relacionamento delas era pesado, Ana sentia-se mal por estar enganando outra pessoa e ao mesmo tempo ser usada pela outra como se fosse um brinquedinho que ela pegava a hora que bem queria e descartava quando terminava de brincar. Finalmente sentiu que sua vida poderia mudar e encontrara a felicidade nos braços certos.

Adriana enquanto dirigia pensava na experiência que vivera aquela noite, algo surreal, as mãos de Ana Paula percorrendo o seu corpo lhe trouxeram sensações nunca antes conhecidas pela morena, era outra que estava com um sorriso iluminado no rosto, não tinha como disfarçar a felicidade de ter passado a noite com a pessoa que roubara o seu coração, finalmente ela fizera amor e não sexo apenas para satisfazer suas necessidades, ainda sentia o gosto dos lábios de Ana em sua boca e só de pensar nisso seu corpo já arrepiava, pensou que finalmente encontrara o que faltava para completar sua vida e se descobrira para a sexualidade, um alivio, um alento, Drica era a felicidade em pessoa.

No rádio do carro uma música começou a tocar e Drica aumentou o volume e cantava com toda força, esta se encaixava perfeitamente no momento que ela vivia, pelo menos era o que ela esperava.

Pocketful Of Sunshine

I got a pocket, got a pocketful of sunshine

I got a love, and I know that it’s all mine, oh,

Do what you want but you’re never gonna break me

Sticks and stones are never gonna shake me, oh

I got a pocket, got a pocketful of sunshine

I got a love, and I know that it’s all mine, oh

Wish that you could, but you ain’t gonna own me

Do anything you want, you can’t slow me down, no

Take me away, a secret place

A sweet escape, take me away

Take me away, to better days

Take me away, a hiding place

I got a pocket, got a pocketful of sunshine

I got a love and I know that it’s all mine, oh

Do what you want but you’re never gonna break me

Sticks and stones are never gonna shake me, oh

Take me away, a secret place

A sweet escape, take me away

Take me away to better days

Take me away, a hiding place

There’s a place that I go that nobody knows

Where the rivers flow and I call it home

And there’s no more lies in the darkness there’s light

And nobody cries, there’s only butterflies

Take me away, a secret place

A sweet escape, take me away

Take me away, to better days

Take me away, a hiding place

Take me away, a secret place

A sweet escape, take me away

Take me away to better days

Take me away, a hiding place

The sun is on my side and takes me for a ride

I smile up to the sky, I know I’ll be alright

The sun is on my side and takes me for a ride

I smile up to the sky, I know I’ll be alright

Bolso Cheio de Raios de Sol

Eu tenho um bolso, um bolso cheio de luz do sol

Eu tenho um amor, e sei que é só meu, oh, oh oh oh

Faça o que você quiser, mas você nunca irá me destruir

Obstáculos e pedras nunca vão me amedrontar, oh, oh oh oh

Eu tenho um bolso, um bolso cheio de luz do sol

Eu tenho um amor, e sei que é só meu, oh, oh oh oh

Gostaria que você pudesse, mas você não vai me possuir

Fazer o que quiser, você não pode me atrasar, não

Me leve pra longe, para um lugar secreto

Uma doce fuga, me leve pra longe

Me leve pra longe para dias melhore

Me leve pra longe,para um esconderijo

Eu tenho um bolso, um bolso cheio de luz do sol

Eu tenho um amor, e sei que é só meu, oh, oh oh oh

Faça o que você quiser, mas você nunca irá me destruir

Obstáculos e pedras nunca vão me amedrontar, oh, oh oh oh

Me leve pra longe, para um lugar secreto

Uma doce fuga, me leve pra longe

Me leve pra longe para dias melhore

Me leve pra longe,para um esconderijo

Há um lugar que eu vou e ninguém sabe

Onde o rio flui e eu chamo de lar

E não há mais mentiras na escuridão, há luz

E ninguém chora, só há borboletas.

Me leve pra longe, para um lugar secreto

Uma doce fuga, me leve pra longe

Me leve pra longe para dias melhores

Me leve pra longe,para um esconderijo

Me leve pra longe, para um lugar secreto

Uma doce fuga, me leve pra longe

Me leve pra longe para dias melhores

Me leve pra longe,para um esconderijo

O sol está do meu lado e me leva para um passeio

Eu sorrio para o céu, eu sei que vou ficar bem

O sol está do meu lado e me leva para um passeio

Eu sorrio para o céu, eu sei que vou ficar bem

****

Chegando ao escritório, as meninas não tinham como não perceber a alegria da morena, que chegou com o olhar radiante para mais um dia de trabalho o que não é costumeiro para quem sempre chega mal humorada de manhã.

— Bom dia meninas desculpe o atraso.

— Tudo bem, mas o que aconteceu? Nós ficamos preocupadas com você.

— Nada, eu só perdi a hora mesmo, eu dormi muito tarde essa noite. – Um sorriso largo se abriu em sua face–

Lembrava do motivo que a fez passar a noite em claro, Paula logo percebeu que o semblante da amiga estava diferente, e indagou na mesma hora.

— Drica, que sorriso bobo é esse ai hein? Tem alguma coisa haver com certa advogada?

Drica olhou para a amiga assustada, não queria abrir o jogo de imediato, mas percebeu que sua felicidade estava estampada em seu rosto.

— Eu? Que sorriso? Tem sorriso nenhum aqui não. –Já dizia rindo, sem controlar a ansiedade-

— Não desconversa amiga, sua cara não nega, o que aconteceu?

Drica não sabia como contar, estava com vergonha, e rapidamente ficou vermelha, o que foi o ponto principal para Alessandra pescar que aconteceu alguma coisa.

— Adriana Ferreira, você passou a noite com ela!

— Alessandra!

— Não adianta me enrolar, você está com um sorriso safado nessa cara lavada, pode começar a falar. Olha essa pele! Você fez sexo!

Alessandra já levantou da cadeira e foi para a mesa de Drica, Paula também já se projetou sem sair da cadeira que é de rodinhas para perto da esposa.

— Ai, vocês duas hein! Eu dormi com ela sim, pronto, falei. –Adriana colocou as mãos no rosto indicando que estava sem graça–

— Ahhhhhhhh!

As duas deram um grito de alegria, e saltaram para abraçar a morena que se encolhia toda em sua cadeira.

Depois de vários abraços e beijos e de deixarem Drica mais sem graça ainda, elas recuaram e permaneceram à espera do relato da morena.

— E ai, conta tudo, com requintes de detalhes.

— Claro que não! Não vou detalhar minha vida sexual para vocês duas.

— Ale, menos meu amor. Agora conta, o que aconteceu?

Drica relatou o ocorrido, como Ana surgiu em sua porta no meio da noite e como ela estava feliz por ter passado aquela noite com a amada.

— Por isso que eu perdi a hora, nós só dormimos amanhecendo o dia. – um sorriso se desenhou ao se lembrar da noite anterior– Se Ale não ligasse eu acordaria mais tarde ainda.

— Uma noite assim deixa a gente exausta não é mesmo?

— Menina, eu nunca experimentei nada parecido, Eduardo não passava nem perto do que ela fez comigo ontem.

— Ai Paula, nosso bebê cresceu.

— Que mané bebê! Alessandra não me gasta, eu não queria contar por isso, agora vocês vão me zoar o dia inteiro.

— Não amiga, o resto do ano inteiro.

— Ai.

As duas riam e Drica ainda eufórica riu também. Seguiram com suas rotinas, mas Drica sabia que daquele dia em diante sua vida mudara drasticamente, sua mente voava livre e sua disposição nunca esteve tão boa.

*********

Ana Paula chegou para trabalhar depois do almoço, Bianca a recebera com dez recados de Gisele para a advogada.

— Bom dia Bia!

— Bom dia Ana, Tudo bem?

— Tudo ótimo, não poderia estar melhor.

— Nossa, que felicidade!

— Você nem imagina o quanto.

— Chefe, eu acho que eu vou te aborrecer um pouco.

— Por quê? O que houve?

— Nada com o escritório, mas tem dez recados da Gisele aqui, e como ela não está tão feliz quanto você, eu imagino que o motivo da sua felicidade seja outro.

— Ai, ela não desiste não é? Você tem razão Bia, o motivo da minha felicidade tem outro nome.—Ana abriu um sorriso largo lembrando da noite de amor com Adriana–

Pegou a correspondência e entrou em sua sala, Claudinha estava lá lendo um processo.

— Bom dia Claudinha.

–Bom dia Ana. Eu estava lendo esse processo que temos para o fim da semana, para passar os detalhes com você.

— Tudo bem, quando você terminar me avisa.

— Eu vou para minha mesa, se precisar de alguma coisa me avisa. Você está bem?

— Sim, por quê?

— Você está diferente hoje.

— Hoje eu estou feliz.

— Logo vi. Depois conversamos então.

— Tudo bem.

Ana ficou em sua mesa pensando em Adriana, na saudade que já sentia daquele corpo macio e quente que lhe arrebatara durante toda a noite.

Ligou o celular, estava desligado pois não queria que as ligações de Gisele a incomodassem enquanto estava com Adriana. Diversas mensagens da ex-namorada, ligações perdidas e uma mensagem de voz. Ana estava tão feliz que decidiu que nada a faria desanimar naquele dia. Apagou tudo sem nem olhar o que estava escrito.

Ligou para Isadora para contar o que aconteceu.

— Alo.

— Oi Isa, você está ocupada?

— Eu estou liberando alguns pagamentos, mas dá para falar com você, e ai, o que aconteceu ontem, como foi a conversa?

— Amiga, é por isso que eu te liguei, eu estou nas nuvens.

— Então fala criatura, eu estou nervosa já.

— Eu terminei com Gisele ontem antes de ir para o apartamento dela.

— Aleluia! Eu não estou acreditando nisso.

— Nossa Isa.

— Amiga, me desculpa, mas eu estou muito feliz por você ter se livrado desse encosto.

— Não fala assim.

— Ana Paula, você ainda gosta dela?

— Isa foi um relacionamento muito conturbado, e uma paixão muito forte, eu ainda sinto algo por ela sim, não vai ser fácil esquecer.

— Ana é melhor você pensar antes de fazer qualquer coisa para não machucar a Drica e nem você mesma.

— Amiga, é tarde demais, eu passei a noite com ela, fizemos amor.

— Ana Paula, minha nossa Senhora das Mulheres desprendidas, eu não estou acreditando, a fila andou rápido hein! – Ana Paula ria da amiga- E você disse que só ia conversar.

— Amiga, eu não sei o que acontece, quando eu estou perto dela meu corpo pega fogo, parece que tem um íman que me atrai de um jeito que é incontrolável.

— Isso está com cara de paixão.

— Pode ser, mas eu estou com medo de não resistir se Gisele me procurar, como eu te falei eu ainda a amo, e ela não para de me ligar, tem quase trinta recados entre mensagens e recados no escritório.

— Ana, eu acho que é melhor você evitar ao máximo de encontrar com Gisele, já pensou em trocar o número do seu celular?

— Ela aparece aqui ou lá em casa. Não vai adiantar muito, ela só tem que entender que acabou e não pode me procurar mais.

— Ai, essa história de vocês é muito complicada. Você tinha que tirar umas férias, viajar, ficar longe, para não correr o risco de ter uma recaída.

Ana Paula riu.

— Amiga, férias só no fim do ano quando o judiciário entrar em recesso.

— Eu sei. Mas vai com cuidado já que tem uma terceira pessoa envolvida agora, e pelo que eu estou conhecendo dela, não merece sofrer por causa daquela doida que você namorava.

— Pode deixar Isa, eu vou fazer de tudo para não magoá-la.

— Agora deixa eu desligar, pois eu tenho que levar esses documentos para o gerente.

— Tudo bem Isa, eu te ligo mais tarde. Beijos.

— Beijos.

Ana desligou com Isadora e ficou pensando no que conversara com a amiga, realmente estava com medo de encontrar com Gisele. Entre seus pensamentos o celular tocou e ao olhar no visor, viu que era Gisele. Resolveu atender para pedir que ela não ligasse mais para o escritório.

— Alo.

— Até que enfim você me atendeu, por onde você andou Ana Paula?

— Gisele, pelo que eu me lembro, eu não devo mais satisfação a você, eu terminei com você ontem está lembrada?

— Eu não acredito nisso, você não pode estar falando sério.

— Eu estou falando sério, e eu só atendi para te pedir para parar de ligar para o meu escritório, as meninas não tem nada haver com as suas crises.

— Ana Paula, eu não aceito essa separação.

— Tarde demais Gi, não me procure mais.

— Espera.

— Tchau.

Ana desligou sem dar chance para Gisele, que não estava satisfeita e continuava ligando para ela, Ana deixou o celular sem som para não ficar ouvindo as ligações.

****

Sábado Ana e Adriana foram ao cinema e depois comeram uma pizza no shopping mesmo, ainda não estavam namorando mas deixavam as coisas acontecerem devagar.

— Nossa, eu adorei o filme, muito engraçado.

— Realmente aquele ator é uma figura, só de olhar para ele já dá vontade de rir. – comia um pedaço da pizza–

— Quer fazer o que depois que sairmos daqui?

— Que tal ir para casa e curtir outro filminho em casa?

— Hum, tentador, achei que você ia falar de ir para alguma boate.

— Hoje não, eu estou com vontade de te curtir, pipoca de micro-ondas e filme no sofá, o que você acha? –alisava a perna de Ana por baixo da mesa —

— Maravilhoso! Não poderia ter programa melhor.

Chegando em casa, nem deu tempo de deixar a bolsa no sofá, Ana segurou a cintura de Adriana e a beijou, encostando a morena na parede, ao lado da porta, as carícias anunciavam outra noite de amor entre as duas, Adriana já retirava a blusa de Ana Paula, o  sutien meia taça de renda branca mostrava que as intenções da loira já não eram tão comportadas, Drica beijava o colo de Ana chegando ao seio da advogada que soltou um gemido baixinho, ela segurava os cabelos pretos e macios da outra como se guiasse o caminho a percorrer, Adriana se preparava para soltar o fecho da peça intima de Ana quando a porta se abriu de repente quase derrubando as duas no chão.

— Alessandra, o que você está fazendo aqui?

Adriana estava roxa, não sabia se era de vergonha ou se era de raiva. Ana Paula tentava se vestir, e na correria acabou colocando a blusa do lado avesso mesmo, enquanto isso Paula entrava atrás de Alessandra com duas pizzas e um pote de sorvete na mão.

— O que está acontecendo aqui? Alessandra por que você não entra logo?

Paula deu de cara com as três amigas com cara de caneca, se olhando, e Ana vestida com a blusa pelo avesso, e então caiu em si, elas atrapalharam a noite de amor entre Ana e Adriana.

— Ai Meu Deus, nós chegamos em uma péssima hora.

— Como vocês entraram? Ramon não me avisou que vocês estavam aqui embaixo.

— Ele já está cansado de deixar a gente subir sem te avisar, ainda mais que ele viu você subindo logo antes de nós, ele deve ter achado que estávamos juntas.

— Ana,é melhor você consertar a sua blusa, as cores ficam melhores quando estão do lado certo.

— Hein? – Ana olhou para baixo e viu que tinha vestido a blusa ao contrário—

— Eu vou ao banheiro. –saiu de fininho para se ajeitar—

Adriana ainda sem graça olhava as amigas em pé na porta.

— Já que nós já empatamos sua foda mesmo, vamos comer porque eu saí lá de Copacabana para vir aqui te fazer companhia, e pelo visto nós erramos feio achando que ela estaria aqui sozinha abraçada ao sofá e beijando o controle remoto, Paula.

Alessandra foi passando para dentro do apartamento e Adriana não conseguiu se conter, acabou rindo com Paula do comentário de Ale. As duas entraram no apartamento e Adriana foi ver se Ana estava bem.

— Vocês conhecem o lugar, podem ficar a vontade. – Drica piscou para Paula—

Na porta do banheiro, Adriana chamou por Ana.

— Ana, você está ai?

A porta se abriu e a loira saia do banheiro terminando de se ajeitar, olhou para a morena e ajeitou o cabelo que estava meio bagunçado.

— Eu estou, mas juro que pensei seriamente em me jogar da janela, mas ela é muito pequena, eu ficaria entalada e o mico seria muito maior.

Adriana riu da advogada.

— Não esquenta, eu fiquei com a mesma vontade, mas não de me jogar, sim jogar as duas que chegaram sem avisar. – Drica falou alto para as amigas escutarem na cozinha—

— Ei, eu ouvi isso! – gritou Alessandra—

— Desculpe, eu pensei que seriamos só nós duas, eu não estava esperando visitas.

— Sem problemas, podemos continuar depois. – Ana deu um beijo em Drica—

— Já que estamos aqui, vamos comer pizza.

— Já está na mesa! – outro grito de Alessandra—

As amigas se juntaram na sala e comeram pizza e tomaram sorvete, jogaram buraco até altas horas da noite e no final de tudo dormiram todas no apartamento de Adriana. O sentimento de ambas era de felicidade, as duas estavam se entendendo, e se viam a cada dia mais envolvidas, e Paula e Alessandra perceberam a alegria voltar ao rosto da amiga.

Todas mantinham esperanças com esse relacionamento iniciando, mas ainda restavam dúvidas, Adriana sentia-se insegura com relação a Ana e Gisele, será que a advogada conseguirá resistir caso a ex-namorada resolva procura-la? Adriana sabia que era um risco que estava correndo, mas resolveu assumi-lo mesmo assim.



Notas:



O que achou deste história?

Deixe uma resposta

© 2015- 2022 Copyright Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem a expressa autorização do autor.