Rosa de Gaia

Capítulo 7: A reunião

Capítulo 7: A reunião

“É mágoa… Já vou dizendo de antemão… Se eu encontrar com você… Tô com três pedras na mão…”
(É mágoa – Ana Carolina)

__Olá Dominick! – Aproximou-se da garota.__ Já está aí a muito tempo?
­­__Só um pouquinho…E… Desculpa Lore, não queria atrapalhar sua aula. – Olhou para o garoto que ainda fazia biquinho de tão chateado que estava, esse lhe deu língua, Nick sorriu.
__Não se preocupa, essa parte da aula é mais discontração, eu mesma fico me segurando pra não rir das carinhas fofas que eles fazem.
__Xiii parece que aquele carinha ali não gostou da brincadeira. – Lorena olhou para trás e viu o Pedro de braços cruzados olhando para Dominick com uma cara de poucos amigos.
__Aquele é o Pedro, os pais se separaram e ele veio morar aqui com a mãe. Está com dificuldade para se relacionar, aí a mãe procurou uma ocupação para ajudá-lo. – Nick observava o garoto e via a si quando criança, buscando a música como refúgio. __Bem senhorita Dominick, tenho que continuar minha aula, você pode continuar observando, ou se preferir, junte-se a nós.
__Não, melhor não, talvez na próxima. – Seus amigos tinham chegado, passaram por ela e seguiram para o porão.__ Eu também tenho que ir Lore, será que nos veremos ainda hoje?
__Talvez, Nick.- Dominick sentiu o distanciamento da professora, seu desejo por ela crescia cada vez mais, não queria ser dominada pelo desejo, queria sentir algo tão sublime quanto o que a Lore sentia e enquanto não fosse capaz, não arriscaria em ferir os sentimentos de Lorena.
__Então tá… Até mais.

A reunião

Todos já se encontravam sentados a espera de Dominick. Ao entrar no porão, sentiu um frio percorre-lhe a espinha , respirou fundo e sentou-se bem distante de Daniel, mas enfrente a ele, para que pudesse observar cada gesto.
Os amigos notaram o clima pesado que pairou sobre eles, mas acharam melhor não comentar.

__Então pessoal… Eu e a Nick convocamos essa reunião para comunicarmos que…- Deu uma breve pausa para olhar a Nick, que o fulminava com os olhos. __Que a banda precisará se desfazer. – A notícia caiu como uma bomba pro restante do grupo, eles se entreolhavam surpresos, e lançavam um olhar inquisidor para Dominick, que não tirava os olhos de Daniel.
__Nick! Fala alguma coisa, mulher! – Falou o Binho, tecladista da banda, sempre com seu jeito dramático de ser.

Daniel estava inquieto. Os olhos de Nick sobre si, pesavam uma tonelada. Tinha consciência que agia de forma egoísta, mas queria ferir a ex-namorada onde mais doía e tinha encontrado o modo perfeito. A banda não resistiria sem o Daniel, sem a ajuda de seu pai que em muitas vezes bancou os shows, sem sua mini Van, que transportava os instrumentos para as diversas cidades que iam. Ele sabia disso, sentia-se o dono da situação.

__Direto como sempre, não é mesmo Daniel? Agora fala pra eles o motivo. – Lançou um olhar desafiador.
__Amigos… Eu acredito que quando duas pessoas que compartilham de uma mesma ideia e trabalham para um mesmo objetivo, não mais se identificam e perdem a cumplicidade… A tendência é que seus projetos também não sigam mais com êxito e ….- Foi interrompido pela risada convulsiva de Dominick. Ela ria de nervoso, ria da cara – de- pau de Daniel, ria das expressões de confusos que seus amigos faziam perante a explicação que lhes eram dada… Enfim , ria …Porque melhor era rir do que levantar e dar na cara daquele ser dissimulado!

Quem conhecia a Nick sabia que ela não estava nada bem. O Binho começou a se preocupar com a amiga enquanto os restantes olhavam assustados para a cara de ódio que Daniel fazia, ele espumava de raiva.
Depois da crise de risos, a Nick levantou-se e caminhou em direção a Daniel.

__Pessoal… – Posicionou-se ao lado do ex-namorado.__ O que Daniel tentou dizer é o seguinte: Nós terminamos o namoro e ele para me afetar, terminou a banda. Agora o que vocês têm a ver com isso? O que nosso trabalho tem a ver com nossa vida pessoal? Nada! Absolutamente nada!

Daniel levantou-se, ficaram cara a cara. Dominick assumiu o jeito dissimulado que ele adotara. Todos ficaram de pé, nunca viram Dominick e Daniel agirem daquele modo, temeram pelo que pudesse acontecer. Nick continuou:

__Vou te provar que podemos continuar sem você. – Foi a vez do rapaz sorrir.
__É mesmo? E como? Carregando os instrumentos nas costas?… Não, não …já sei… Você vai pegar um monte daquelas cabras da chácara do seu pai e amarrar os instrumentos nas costas de cada uma né? – Foi instantânio, em questão de segundos, Binho ficou entre os dois, evitando o tapa certeiro de Dominick.

__Controle-se Nick, controle-se.- Tentava acalmar a amiga.

Daniel transformou-se num monstro. Sentia raiva de Dominick, queria feri-la, vê-la derrotada, nem que pra isso precisasse usar a memória de seu pai.

__Eu acredito que o senhor Giuseppe Castelli, seja lá onde ele estiver, ficaria feliz com a idéia… Pois só assim a sua bambina se interessaria pelo seu trabalho – Sorriu sarcasticamente. __ Imagina! Bééééé. – Riu mais ainda.

Dominick debatia-se nos braços de Binho, precisou vir mais um amigo para segurá-la enquanto os outros tratavam de levar Daniel para fora do teátro.
Assim que tiraram Daniel do porão, Dominick desabou:

__Que direito ele tem pra tocar no nome do meu pai? – Falou em prantos.
__Calma amiga, tente se acalmar… Os dois destilaram veneno, estão foras de si, não sabem o que estão dizendo, só querem ferir um ao outro e usam as armas que tem.
__É desumano Binho! – Argumentava inconformada.

Quando os amigos passaram com Daniel “cospindo fogo”  pelo salão principal, Lorena já havia terminado sua aula, estava arrumando seus instrumentos. Daniel berrava aos quatros ventos que Nick era uma derrotada, fria e calculista. A professora apressou-se em organizar seu material e seguiu em direção ao porão. No caminho encontrou com os amigos remanescentes.

__Oi, Dominick está lá embaixo? – Sabia a resposta, o que esperava era uma notícia de como estaria sua amada.
__Está sim. -Respondeu o Binho.__Mas acho melhor a senhora não ir lá não… A Nick está uma pilha de nervos e pediu pra ficar sozinha.
__Pode deixar… Eu quero correr esse risco!- Sorriu amistosa para os rapazes, que deram de ombros



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