Rosa de Gaia

Capítulo 10: “Quem não luta por seus direitos, não é digno deles.”

Capítulo 10: “Quem não luta por seus direitos, não é digno deles.”

A viagem foi muito divertida. A Nick não conseguia acreditar nos absurdos que saía da boca da namorada do amigo. Tiago estranhou o comportamento da amiga, que normalmente não mostraria tamanho bom humor, mediante a assuntos como: cor de batom, corte de cabelo, dieta e outra coisas supérfluas. Quando finalmente chegaram à casa da Aninha:

__Ah que pena que chegamos! Estava adorando conversar com você Nick – Disse Aninha com carinha triste.
“ Conversar? mas ela não parava a boca, eu só escutei”- Pensou a Nick divertida, e sorriu para a garota.

Despediram-se e Tiago saiu do carro para levar a namorada na porta. Nick por sua vez, passou para o banco da frente e começou a “ caçar” um dos seus cds, que ela vivia esquecedo no carro do amigo. Achou um do The Corrs, escolheu Only when i sleep, uma de suas preferidas, amava escutar musicas nas alturas, não importasse onde estivesse e principalmente cantar junto, no caso dessa , gritar junto com a Andrea Corrs, o refrão: “ but it´s only when i sleep…”

__Oww Nick, baixa isso aí, parece que é doida!- Tiago já conhecia a amiga, era sempre a mesma coisa.
__Tá bom seu chato! – Baixou o som fazendo biquinho, figindo estar magoada.
__Amo essa música….Na voz da Andrea!-  Provocou a amiga, que lhe deu um beliscão.

Continuaram a viagem.

__Ti.
__Oi
__Posso te fazer uma pergunta?
__Pode.- Respondeu intrigado mediante a expressão séria de Dominick.
__Ela está de quantos meses?
__O que??
__A Aninha. Tá de quantos meses?…Não, porque ela só pode tá grávida! Eu te conheço Ti….Você não é daqueles que ficam com uma garota dessas só pra se mostrar pros amigos, então, logo concluí que…- Foi interrompinda por Tiago.
__Nick! Não viaja. Estou com a Aninha porque gosto dela, e gosto de verdade. Você nunca ouviu falar que os opostos se atraem?
__É né?…Tem gosto pra tudo!- Tiago sorriu divertido com a amiga.__E a senhorita comportou-se muito bem, merece um beijo. Aliás, pela sua carinha de contentamento, beijos não faltaram pra ti hoje, não é mesmo?
__Ai Ti! – Respondeu suspirando.__Acho que estou apaixonada. E o mais interessante, é que tudo tá dando errado e isso de certa forma, acaba fazendo com que dê certo.
__Tecla SAP por favor.- Brincou o amigo, demonstrando o quanto ficou confuso.
__Éque primeiro foi o acidente da água, que fez com que nos beijássemos, depois a reunião e por ultimo, quase ficávamos presas no teatro.
__Mas e então?… Tem algo definido?
__A única coisa definida em mim, é que não paro de pensar naquela mulher maravilhosa. O restante vem com o tempo.

Pararam na casa da Nick.

__Ti, vou entrando porque preciso encontrar minha mãe acordada, tenho coisas muito sérias pra falar com ela. Depois te ligo. – Beijou o amigo despedindo-se.

Entrou em casa ansiosa por encontrar sua mãe acordada. Notou que Fabio não estava em casa, suspirou aliviada. Não queria que ele fizesse parte da conversa que teria com sua mãe.

__Ah minha filha, que bom que chegou.- Beijou a testa de Nick.__Não viu seu irmão por aí? Ele saiu após ter recebido um telefonema e até agora não voltou. Estou preocupada.
__Calma mãe, a ovelha negra da família deve estar sendo inútil em algum outro lugar.
__Dominick! já te disse que não gosto que fale assim do seu irmão.
__Oi família!!
__Falando no Diabo. – Disse mais pra si, temendo outra repreensão da mãe.
__Fabio, onde se meteu? Sei que não estava pescando, seus amigos vieram aqui te chamar.
“ Não estava pescando? Mas esse imprestável não faz outra coisa. Tá aprontando, com certeza”-

Pensou Nick, super intrigada.
__Trabalho mãe. Trabalho. Alguém nessa casa tem que te ajudar né?- Lançou um olhar felino para Dominick. __Não se preocupe, assim que tiver tudo certo, te explico tudo tá? Já jantaram?
__Eu já, meu filho. Jantei no refeitório do hospital, mas tem janta pronta, só esperava por vocês.
__Estou morrendo de fome.
__Eu não, mãe. Podemos conversar lá no meu quarto?
Dominick trancou a porta do quarto. Dona Helena sentou-se na cama da filha, notou que Nick estava inquieta, essa então começou:

__Mãe… Sei que meu pai nunca ligou para o dinheiro de seus pais, mas é dele por direito e não é justo que sejamos renegadas desse jeito. Meus avós nunca quiseram saber da minha existência? Eu…
__Por que isso agora Dominick? Seus avós nunca quiseram saber de nós. Deserdaram seu pai por ele escolher a mim como esposa, mesmo sabendo do seu nascimento, nunca fizeram questão de ver você. Dói, eu sei que dói, mas não é a primeira vez que conversamos sobre isso. Pensei que tivesse superado Nick… Não precisamos do dinheiro dos seus avós. Diz pra mim o que você quer, que eu te dou. Vendemos outra parte da chácara, algumas cabras, mas não pediremos nada a seus avós. E não tocaremos mais nesse assunto.

Nick estava inconformada. Sua mãe era uma mulher esplêndida, porém bastante orgulhosa. Seria capaz de se desfazer dos poucos bens que tinham, para suprir as necessidades da familia, mas nunca pediria nada aos Castelli.
Dominick tinha no peito uma dor e um nó na garganta por conta da mágoa que tinha dos avós. Toda vez que tocava nesse assunto, a mesma dor parecia fluir, como se tivesse aberto uma ferida. Nunca antes o tema da conversa era o dinheiro dos Castelli, mas a garota vira extrema necessidade, seria capaz de tudo para continuar a Rosa de Gaia.

__Filha… – Aproximou-se de Nick. Tinha sido dura com ela, mas a intenção não era magoar e sim torna-la forte, faze-la entender que faria tudo por ela, e que não precisavam do dinheiro dos avós.__Seu pai não precisou do dinheiro deles. Nós também não precisamos. Fala pra mim… O que você quer? Pede que eu movo mundos e fundos pra te fazer feliz.

Era necessário muito dinheiro para dar continuação a banda sem o Daniel, mas jamais pediria a mãe para vender parte da chácara, era tudo que tinham, era o trabalho da vida de seu pai. Não tirara da cabeça a ideia de ir atrás dos seus direitos, mas preferiu não tocar no assunto com a mãe, não queria chateá-la.

__Não mãe, não quero nada… Nada que não possa ser resolvido com meus esforços.
Helena deu um largo sorriso. Beijou a filha e foi deitar-se. Teria plantão no dia seguinte, como enfermeira chefe, tinha muitas obrigações a cumprir, auxiliares para coordenar, enfim, um dia cheio.

__Mesmo que esses esforços sejam ir atrás do vovô Castelli.- Concluiu com um brilho no olhar.__Ele vai ter que me engolir!



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