Recomeçar

Capítulo 12 – A escolha

Penso na possibilidade de entrar no banho com ela, mas quando lembro que vou ter que mostrar meu corpo com muita luz, desisto. Deito na cama para esperá-la sair, mas ela acaba demorando tanto que caio no sono.

Acordo sentindo a Nanda grudada em minhas costas. O calor da sua mão possessivamente posicionada sobre o meu seio, por dentro do roupão, os seios colados nas minhas costas, o sexo grudado no meu bumbum e a respiração quente no meu pescoço, vão me aquecendo e dando uma vontade enorme de fazer amor com ela. Começo a me mexer lentamente de encontro ao corpo dela. Coloco o braço para trás para puxá-la e tentar um contato maior, quando sinto sua mão apertando meu seio, sinal que ela acordou. Viro de frente para ela e ficamos deitadas de lado, cara a cara.

Começo a dar beijos no seu pescoço, ombros, colo e vou subindo para beijar sua boca. Começo um beijo lento, aproveitando pra sentir sua boca, passo a língua, dou mordidas de leve. Fernanda não responde ao beijo, quer fazer jogo duro, provavelmente por ter me escutado ao telefone com Adele, mas não ia ficar assim por muito tempo porque sou insistente, e começo a intensificar o beijo e forçar a entrada da língua na sua boca. Faço força com meu corpo para ficar por cima do dela. Apoio meu corpo sobre o braço direito para não ficar pesando e com a mão esquerda puxo sua cabeça para intensificar o beijo. Afasto-me um pouco e pergunto:

– Não vai me beijar não?

Nanda não responde. Dou um risinho de lado e desço os beijos pelo seu pescoço novamente e com a mão livre começo a acariciar seu seio que ainda está coberto com o roupão. Sinto sua respiração ficar pesada e escuto um gemido.

– Eu quero tanto você, Nanda. Faz amor comigo, faz.

Sem pensar muito Nanda me puxa pela nuca e começamos um beijo cheio de desejo. Ela começa a passar as mãos nas minhas costas, me fazendo arrepiar. Sento sobre as suas pernas e abro seu roupão. Olho com desejo para o seu corpo. Subo minhas mãos até sentir os seus seios, tocando-os com as pontas dos dedos, sem deixar de olhar para o seu rosto, pois não queria perder nenhuma reação dela ao meu toque. Não consigo resistir por muito tempo e vou descendo meu corpo sobre o seu até encostar a boca em seus seios e tomá-los para mim.

Sinto uma vontade louca de experimentar o corpo da Fernanda como se fosse a primeira vez. E é o que eu faço, um passeio pelo seu corpo com minhas mãos e boca, sentindo sua pele cheirosa, ouvindo seus gemidos à medida que os toques se tornam mais intensos. Me afasto e falo com a voz rouca:

– Você é tão linda Nanda.

Sua resposta vem na forma de um gemido. E volto a explorar seu corpo, do ponto em que havia parado na altura da sua barriga, e inicio a descida em direção ao seu sexo. Quando estou perto, paro e olho para cima. Encontro Nanda me olhando com seus olhos verdes escuros de desejo, ela pede:

– Para de me torturar Mari!

Impossível não atender a esse pedido, se não fosse por ela, seria por mim, que já estava com água na boca ao perceber a umidade entre as suas pernas, principalmente por saber que eu a havia deixado desse jeito. Sem demora mergulho no seu sexo. Sinto Nanda rebolar no mesmo ritmo que a minha língua passa pelo seu centro de prazer. Até que sinto seu corpo se contrair, e Nanda explodir em um orgasmo. 

Ficamos mais um tempo na cama nos curtindo. Nanda me chamou para tomar banho, falei para ela ir na frente, mas Nanda é insistente.

– Por que toda vez que te chamo para tomar banho comigo você foge?

– Porque não me sinto a vontade mostrando meu corpo pra você Nanda.

Fernanda fica sem graça e abaixa a cabeça.

– Mari, você não faz ideia do quanto eu me odeio por ter dito aquelas idiotices. Juro que jamais quis te magoar. Infelizmente, naquele momento eu me sentia tão dividida entre querer ficar com você e esses pré-conceitos que a gente acaba cultivando durante a vida. – Ela senta ao meu lado e segura a minha mão.

– Para de ficar pedindo desculpas Nanda. Eu não quero mais falar nisso.

– Mas você não quer nem tomar banho comigo.

– Confesso, não vou me sentir a vontade para ficar sem roupa na sua frente.

– Na cama você não tem problema em ficar sem roupa. – Nanda retruca.

– Aqui está sempre à meia luz, eu estou deitada. – Respondo e abaixo a cabeça.

– Se o problema é a luz, a gente só acende as lâmpadas que ficam sobre a pia para maquiagem. E que fique registrado, não por minha vontade, eu não vejo problema nenhum em celulite, estria, pneuzinho e nenhuma outra falha que você acha que tenha. – Nanda faz uma pausa. – Vamos tomar banho comigo vai. Eu deixo você dar banho em mim. E se fizer questão eu fico de olhos fechados. Vamos vai! – Faz aquela cara de gatinho do Shrek.

– Tá bom! Você venceu, vamos tomar banho, mas quero meia luz e eu vou te dar banho. – Falo dando um sorriso safado.

– Não sei não, mas acho que você me enrolou com essa história toda, só para se aproveitar de mim hein.

– Imagina! Jamais faria isso com você. – Solto uma gargalhada. – Vamos logo, antes que eu me arrependa.

Sigo em direção ao banheiro e logo sinto Nanda atrás de mim.

Tomamos banho à meia luz. Nanda fazendo o possível para me deixar a vontade, brincando e ao mesmo tempo me provocando. Não resisti, acabei me rendendo e fizemos amor.  

O que me fez lembrar Adele, quantas vezes fizemos amor tomando banho. E sua sensibilidade em perceber que eu não me sentia a vontade em mostrar meu corpo. E como em pouco tempo ela me deixou tão a vontade que eu já estava andando sem roupa, com a luz do dia. Senti uma saudade enorme da minha inglesinha. Talvez eu seja uma grande cafajeste por estar com uma mulher pensando em outra.

Nanda intensifica suas carícias me fazendo esquecer momentaneamente de Adele.

Passamos o restante da noite entre assistir filme, pedir pizza, conversar amenidades e trocar carícias! Evitamos falar sobre o que iria acontecer com a gente.

Meu telefone vibrou, vi que era Adele e fui atender na varanda.

– Oi anjo! Como foi o show?

– Oi Mari. Foi excelente. O público parece ter gostado bastante. – Adele faz uma pausa. – Senti sua falta meu bem.

– Eu estou morrendo de saudades de você Adele.

– Como estão às coisas por aí?

– Estão bem. – Tento mudar de assunto. – Que horas você vai chegar? Quero ir te buscar no aeroporto.

– Ainda não tenho confirmado, mas acho que depois das 17:00.

– Não tem como chegar mais cedo meu anjo?

– Não sei Mari. Vou ver com o Marcos. Meu bem estão me chamando. Quando chegar ao hotel te mando uma mensagem ok. Te amo! Beijo.

– Te amo. Beijo.

Desligo e continuo na varanda. É tão ruim sentir que o clima entre a gente não está legal. Adele me faz tão bem. E eu estou me deixando levar por um desejo que talvez não passe disso. E não sei se quero arriscar perder tudo de bom que a gente construiu nesses últimos meses.

Volto para o quarto e vejo que Fernanda continua deitada de olhos fechados, mas não parece dormir. Fico um tempo admirando seus traços.

– Você vai voltar pra ela não é mesmo? – Nanda me pergunta, num tom de quem já sabe a resposta.

– Você vai me achar muito cafajeste se eu disser que não queria ter que escolher e, que adoraria ficar com vocês duas? – Respondo com outra pergunta. Ela me olha de cara feia. – Não me olha assim, eu sei que isso é impossível.

– Com certeza, eu nunca conseguiria viver um relacionamento assim, dividindo a minha mulher.

– Confesso que adoraria ser moderna como esse povo que vive o poliamor, ter um relacionamento com duas pessoas ao mesmo tempo. Só tem um porém, imagina três mulheres vivendo juntas, seria a maior dor de cabeça que eu poderia arrumar na vida. O máximo que consigo pensar é num ménage, mesmo assim não sei se rolaria. 

– Mariana para a brincadeira e responde a minha pergunta.

Percebo que seu olhar fica triste, vou até a cama, me sento ao lado dela e seguro suas mãos.

– Fernanda, você morou nos meus sonhos por muito tempo, eu dormia e acordava pensando em você, mesmo sem querer, durante muito tempo eu sonhava que você ia atrás de mim, admitindo que eu sempre fui tudo que você queria e, isso não aconteceu. Tudo que eu queria era fazer parte da sua vida. Eu teria aberto mão de tudo, mudaria toda minha vida se você tivesse me dado uma chance lá atrás. Infelizmente não foi nosso momento. Aí Adele chegou e foi preenchendo o espaço que estava vago e, a dor e a tristeza em que eu vivia foram passando.

– Se a sua intenção sempre foi ficar com ela, o que você veio fazer aqui Mariana? – Nanda levanta falando. – Eu não acredito que você foi capaz de vir aqui, ficar comigo, só para se vingar.

– Claro que não Nanda! Você acha que eu seria baixa a esse ponto? Pelo amor de Deus!

– Eu nem sei o que dizer ou fazer, além de pedir desculpas, por ter te magoado tanto e ter de alguma maneira te deixado traumatizada com a questão do seu corpo. – Nanda fala entristecida.

– Não vou nem responder a essa questão Nanda, nós já falamos a respeito disso. – Respiro fundo, tentando arrumar forças para falar. – Infelizmente, sinto que nosso momento passou! Desculpa por ter te dado esperança, ter vindo aqui e levado você a acreditar que nós teríamos uma chance. Acredite, eu não vim ao jantar com nada planejado, aliás, a minha intenção era jantar e ir embora, mas nós temos essa questão entre nós mal resolvida. Nós duas queríamos tudo isso que aconteceu, a questão é que eu preciso fazer uma escolha.

– Mas a gente se deu tão bem, Mariana! Nós temos tanto em comum. Por que não tentar? Por que não nos dá a chance de construir uma relação?

– Porque nesse momento, não estou disposta a abrir mão de Adele. A nossa ligação é forte demais, ao ponto de ela estar disposta a abrir mão do nosso relacionamento para me ver feliz. Nosso relacionamento é baseado em amor, carinho, amizade, paixão e principalmente segurança. Apesar de tudo que eu e você temos em comum, dessa conexão maravilhosa que nós tivemos na cama, eu não estou preparada para desistir do que tenho com Adele. Não me sinto segura com você. Quem sabe no futuro, em outra vida, sei lá. Só sei que agora tudo que eu quero é construir minha vida com Adele.

Percebo que Fernanda está chorando e a abraço, consolando-a. Ficamos assim por um tempo, até que Nanda levanta a cabeça e me beija e pede:

– Fica comigo até amanhã. Já que não é tão ruim fazer amor comigo, me ama até amanhã.

– Eu sempre te achei maravilhosa Nanda. Lembra o que eu sempre te disse?

– Não fala mais nada. Só me beija.

Como resposta, puxo Nanda pela nuca e começamos um beijo apaixonado e, a nossa noite de despedida.



Notas:



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