Os Estranhos Casos de Evernood e Blindwar
Nono Caso: A morte de Stain
Texto: Naty Souza
Revisão: Carolina Bivard e Nefer
Ilustração: Táttah Nacimento
Nota:
Olá, como vão? Foi com grande alegria que recebi a proposta de Naty Souza para escrever este capítulo da história de nossas heroínas. Além de colunista na sessão “Brejo na Cozinha”, Naty faz críticas de filmes e séries aqui no site e também, é uma das revisoras de minhas histórias.
Alguns dias atrás ela disse que tinha uma ideia para um caso de Evernood e Blindwar e que tinha começado um esboço. Mostrou-me e eu lhe falei que gostaria de ver como seria o deslanchar sob a visão dela. Naty encarou o desafio e aqui estamos com mais um caso das duas detetives namoradas.
Divirtam-se com essa história, como eu me diverti, pessoal. Não esqueçam de comentar ou dar likes nas carinhas. Quem sabe virão mais e mais histórias!
Naty, seja bem-vinda ao mundo mágico dos contadores de histórias!
Carolina Bivard
Depois da resolução do caso do Druida sanguinário e do assassinato do emissário, rapidamente, como fogo em barril de pólvora, a fama de uma mulher no departamento de Crimes Graves se espalhou. O comissário Greendwish foi entrevistado e até mesmo Margareth se pronunciou aos jornais. O que mais lhe surpreendeu, no entanto, foi o convite para uma entrevista em uma rádio de cobertura nacional.
Muitas cartas começaram a chegar, depois disso, ao departamento de Crimes Graves, o que causou grande choque à policial e muita inveja a certos colegas.
Ela levou as correspondências para a casa de campo de Elizabeth, de forma a lê-las com mais tranquilidade e privacidade. Algumas lhe pediam em casamento, outras diziam absurdos pelo fato de ser uma mulher na força policial, entretanto as que mais lhe comoviam eram de moças de todos os lugares se sentindo inspiradas a fazer algo para que sua cidade ou até mesmo o país fosse melhor.
Com lágrimas nos olhos, ela mostrou para Beth uma das cartas. A namorada, após ler, se expressou:
— Realmente, Meg, sua entrevista teve muito impacto na vida dessas moças! Fico muito feliz por você e, por elas. Que consigam, finalmente, perceber que também são parte integrante da sociedade e que precisam lutar para que ela seja melhor!
— Obrigada, meu amor, pelo seu apoio! – Meg respondeu
— Hum… Meu amor… Estou gostando desta versão… Se eu ler mais algumas cartas, como será que vai me chamar? – Gracejou a detetive.
Com um tapa fraco no braço, seguido de risadas, a detetive findou o diálogo, a beijando.
— Sério, Beth! Eu não imaginava que uma simples entrevista poderia inspirar tanta pessoas!
— Como não, Meg? Várias escritoras estão publicando livros maravilhosos, com uma escrita tão boa, ou até melhor que certos cavalheiros que se atrevem a escrever um livro! As mulheres estão, enfim, começando a tomar seu lugar no mundo.
Desfrutar o fim de semana, como vários outros na casa de campo, era como um oásis para o casal, que tentava se equilibrar entre a vida pessoal e profissional; aquilo que a sociedade esperava delas.
O som de batidas na porta interromperam sua “pequena reunião”. Violet vinha avisar sobre o almoço. Um faisão, ferido em alguma caça da temporada, viera a bater em seu quintal. Desperdiçar não era do seu feitio; então, um belo ensopado havia sido preparado, acompanhado de purê de batatas.
Após o almoço, um passeio pelo campo, que trazia tons de verde no meandro entre a primavera e o verão, juntamente com as flores e o calor, fizeram a alegria do casal. Na volta, no entanto, se depararam com Edwin as aguardando com uma fisionomia bastante pesada.
— Beth, Meg, acabei de receber uma mensagem que, infelizmente, vai interromper este fim de semana de aura tão idílica… O detetive Stain foi assassinado em circunstâncias duvidosas e solicitam a presença de ambas no departamento, o quanto antes…
Meg ficou olhando para o mordomo como se não tivesse entendido sua mensagem. Algo não lhe parecia real. De repente, ela começou a rir, e disse:
— John, isto lá é assunto para piadas?
Bastante confusa, ela olhou para a namorada. Esta, por sua vez, fitava o amigo e via que a notícia nada tinha de broma. Era um fato: Stain estava morto.
Quando seus olhares se cruzaram, e Meg entendeu a verdade, foi abatida, como que por um soco no estômago. Cambaleou e, ao ser amparada, se sentou no banco, em meio ao jardim da casa. Os pássaros, que nada tinham com aquele problema, faziam a algazarra própria dos acasalamentos, em uma felicidade natural.
Beth, prevendo o choro que se iniciaria, pediu ao amigo que lhe providenciasse um chá. Tanto pelo líquido quente, doce e acalentador, como pelo momento a sós com Margareth. E assim se sucederam alguns minutos, entre lágrimas e frases mal pronunciadas, impossíveis de serem entendidas.
Após o chá, Margareth ficou mais calma e pode então começar um diálogo mais racional:
— Como terá acontecido isso? Tudo bem que eu não me dava com ele…
— Não se dava? Este homem se aproveitou de sua inteligência, se beneficiou de sua ajuda para resolver casos e nunca lhe deu o devido crédito, Meg! Não quero dizer que ele merecia morrer por isso, porém daí a você ter pena dele…
— Não é isso, Beth! E se estiverem matando investigadores? E se ele estava perto de uma grande descoberta?
— E se ele ameaçou as pessoas erradas? – Completou Edwin
— Não vamos esquecer que ele estava sendo investigado por aceitar suborno! – Elizabeth pontuou. – Alguém pode ter decidido calá-lo, para que não fosse exposto. Não seria a primeira vez que isso acontece.
Margareth baixou a cabeça. Algumas lágrimas pingaram de seus olhos. Mesmo assim, ela se levantou e pediu à namorada que atendessem ao pedido de Greendwish o mais rápido possível. Não havia mais clima para um fim de semana agradável. Assim que terminaram de arrumar as bagagens, voltaram para a cidade.
***
Os pais de Meg se assustaram com a sua volta repentina.
— Minha filha, você não iria passar o fim de semana na casa de campo dos Evernood? – James Blindwar lhe indagou
— Infelizmente, fui chamada de volta. Meu ex-orientador, detetive Stain, foi assassinado.
Sua mãe colocou as mãos na boca, e com os olhos arregalados em pavor, se pronunciou:
— Meg… O que você está dizendo? Estão matando policiais agora, minha filha? Como você estará segura? E se vierem atrás de você também? Ainda mais agora que apareceu nos jornais! Eu disse que não era uma boa ideia… James, faça alguma coisa! Ordene à nossa filha que deixe este cargo, imediatamente!
— Mãe, ainda não sabemos as circunstâncias da morte, se foi vingança ou se o homem se meteu em alguma confusão. Por favor, não se apavore! – Meg ponderou.
— Acalme-se, Daisy! Meg ajudará a resolver este caso! – O pai saiu em defesa da filha, e complementou, mesmo não sentindo firmeza em suas palavras — Estou certo de que ela sabe se proteger!
Com um aceno de cabeça, ela agradeceu o pai e foi para seu quarto, a fim de se trocar e dirigir para o departamento, rapidamente. Havia combinado com Elizabeth que, antes de sair de casa lhe avisaria, de forma que pudessem se encontrar lá.
Quando chegou, foi abordada por diversos jornalistas. Viu um e outro flash estourando ao seu redor, a deixando cada vez mais desorientada, dado o número de perguntas sem nexo que lhe chegavam.
Edwin, por ser mais alto, abriu caminho, seguido por Evernood, que rebocava a namorada pelo braço. Seu chefe, assim como Dashwood, Reynold e Spencer lhe esperavam para uma reunião.
Um breve relatório da doutora Lister estava sobre a mesa, com fotos e a autópsia. Impressões digitais coletadas da cena do crime também compunham as páginas, além da comparação destas com as do próprio falecido e dos membros de sua família. Tanta coisa havia sido feita em tão pouco tempo… Aquilo, realmente, era extraordinário! A força policial inteira estava mobilizada, contudo não havia um único suspeito para aquele caso até o momento.
— Senhoritas e senhores, peço que leiam com atenção o relatório! O policial Stain foi encontrado morto, em sua cabana, nas cercanias da cidade, pela esposa, ontem, com vários tiros à queima-roupa.
— O atirador estava com muita raiva do Stain. – disse Dashwood. – Seis tiros entre abdômen e peito, um cartucho inteiro de balas!
— Você tem razão. Parece até um crime com motivações passionais. – Complementou Reynold.
— Você está bem para acompanhar o caso, Blindwar? – O comissário perguntou.
— Sim, claro! Apesar de estar chocada com o ocorrido, fique tranquilo. Não será um problema.
— Alguma conclusão sobre o tipo de arma usada? – Elizabeth enfim se pronunciou.
— Parece que uma arma comum entre os policiais da cidade. De acordo com as análises, são balas de um Webley 38/200, entretanto pode ser encontrada com alguns criminosos. – Comentou Dashwood.
— Reynold, este caso está com você. Sei que a investigação do roubo ao banco ainda está em andamento, mas quero que assuma este caso. Dashwood, Spencer, Blindwar, vamos resolver este crime o quanto antes! O prefeito já está nos meus calcanhares! A população está apavorada, achando que vão começar a matar mais policiais. – Ordenou Greendwish. – E você, – apontou para Elizabeth – já que está aqui, veja se consegue ajudar em algo! E saiu apressadamente, com o intuito de atender aos jornalistas que foram deixados para trás, minutos antes.
Os quatro se sentaram e começaram a elucubrar possibilidades. Ficou definido que Margareth e Elizabeth iriam conversar com a doutora Lister, para saber maiores detalhes e, em seguida, visitariam a cabana. Spencer se encarregaria de checar os registros das armas dos policiais; Reynold conversaria com a viúva de Stain, e Dashwood com seus amigos mais próximos, tanto dentro da polícia quanto fora.
A hipótese principal, no entanto, estava ancorada na vingança ou no medo de que o policial viesse a denunciar quem lhe pagara propina, já que estava suspenso para averiguação, há algum tempo.
Elizabeth pediu a Edwin que marcasse um encontro entre eles, Margareth e Violet em seu “escritório”, após o chá da tarde. O mordomo saiu para ir à universidade avisar a médica do compromisso em conjunto.
Quando estavam prontas para deixarem a delegacia, rumo ao local do encontro, uma mulher esguia, de cabelos pouco acima do ombro, com um uniforme ligeiramente diferente do que Margareth usava eventualmente, em ocasiões oficiais, as parou.
— Detetive Blindwar! – A mulher a chamou. – Detetive Mary Allen, muito prazer. Fui destacada para me juntar à investigação da morte do oficial Stain. Nosso departamento tem crimes com as mesmas características. Você sabe, em cidades do interior, estes são os crimes mais comuns. Estou aqui, primeiramente, para aprender, e, também, para contribuir, se for possível.
— Muito prazer, detetive Allen. Esta é a detetive particular Elizabeth Evernood, consultora do departamento. Está conosco neste caso a pedido do Comissário Greendwish. Bem, já dividimos as tarefas entre os colegas do departamento, então creio que possa nos acompanhar nas incursões que se iniciarão amanhã pela manhã. Com o cair da tarde, nada poderá ser averiguado em uma cabana fora da cidade, onde não há iluminação elétrica.
— Tudo bem. Se importaria em me apresentar o relatório da autópsia e me colocar a par de suas resoluções? – Pediu Allen. – Fique à vontade para seguir, senhora Evernood. Creio que sua presença não seja necessária.
Elizabeth foi pega de surpresa e não sabia o que responder. Já havia notado o olhar daquela mulher para sua namorada, porém tentava não expor seus sentimentos por Meg, ainda mais no local de trabalho. Não haveria razão para que ela contestasse a tal detetive, visto que estava totalmente inserida no caso. Ela se despediu de ambas e seguiu para a reunião sem Margareth. A namorada, por sua vez, não entendeu a postura da detetive particular e achou melhor não questioná-la em frente a uma estranha. Acenou positivamente e se comprometeu em encontrá-la na manhã seguinte, como haviam combinado.
Após o repasse do caso, Mary convidou Margareth para um jantar informal, onde poderiam discutir alguns pontos derradeiros.
Enquanto isso, Elizabeth chegou sozinha para a reunião. Violet e Edwin estranharam a situação e perguntaram por Meg.
— Uma detetive, Mary Allen, foi destacada para acompanhar o caso. Meg teve que voltar ao departamento e passar todas as informações. Infelizmente, teremos que começar sem ela. – Explicou Beth.
— Tudo bem. Já viram o relatório, correto? Só Edwin que não. Veja aqui, eu lhe trouxe uma cópia. – Disse Violet Lister, oferecendo a pasta ao mordomo, com um leve sorriso acanhado nos lábios.
Ele prontamente pegou os documentos, segurando seus dedos juntamente aos papéis, momentaneamente. Sorriu, abaixou a cabeça e começou a ler. Beth observou a cena, viu que a história de ambos estava se desenrolando aos poucos e que a médica se mostrava interessada.
Após ouvir o que havia sido conversado na delegacia, Edwin achou melhor que se embrenhasse, ainda naquela noite, pelos bares da cidade, típicos de homens da força policial. Ele tentaria obter informações sobre o comportamento de Stain, e se ele andava se encontrando com algum de seus pagadores. Violet não poderia ajudar em mais nenhum ponto, pois seu trabalho já havia sido feito. Porém acompanharia e entraria em ação, caso encontrassem novas evidências. Tomaram um scotch para fechar a reunião.
Beth dirigiu sozinha para casa, e chegando lá, ligou para a residência dos Blindwar. Para sua surpresa, Margareth ainda não havia chegado. Ela deixou um recado com o mordomo e desligou. Ficou preocupada. Não sabia o motivo, mas algo lhe soava estranho. Esperou por mais uma hora, antes de receber o retorno da namorada.
— Meg, por Deus, onde você estava? – Inquiriu Elizabeth.
— Me desculpe, Beth. Eu não tinha como lhe avisar. Iria soar muito estranho ligar para você, estando junto a detetive Allen. Nós repassamos o caso e, depois fomos jantar para discutir alguns pontos. – Meg explicou com certa empolgação.
— Você foi jantar com uma desconhecida?
— Ela é uma detetive, Beth, assim como eu. E foi destacada para nos ajudar no caso e, também, ganhar mais experiência neste setor. Aliás, ela fez excelentes pontuações sobre as hipóteses e levantou outras. É realmente uma mulher notável e experiente em sua área!
— Está certo. – A detetive particular respondeu, encerrando o ciclo de elogios feitos pela namorada àquela mulher.
Os ciúmes lhe acertaram em cheio e ela não sabia o que fazer. Normalmente, as mulheres tinham este sentimento por ela, e não o contrário. Nunca achou que Meg fosse se encantar por outra mulher.
— Bem, Meg, me alegro por saber que está bem. Vamos dormir, então. Amanhã nos encontramos em sua casa?
— Não, Beth, na delegacia. Allen nos acompanhará na investigação e precisamos ir com o carro da polícia.
Elizabeth suspirou e concordou. Desejou boa noite, e após um chá foi se deitar. Mil situações se passaram pela cabeça e o sono só lhe chegou no meio da madrugada.
A senhora Blister estranhou o fato de que a patroa não quis jantar, porém nada disse.
Edwin por sua vez, rodou pela zona do baixo meretrício da capital, pagando bebida a várias pessoas. Alguns policiais, outros não. Uma conclusão lhe chegava: Stain se dava com os piores tipos. Somente um detetive Martin Burton, parceiro há cerca de um ano, falou bem do homem. O mordomo estranhou o comportamento e pensou que deveria investigar tal fato melhor, mais adiante. Havia um jogo de cartas em curso e o principal assunto era a morte de Stain. Queria acompanhar a conversa daqueles homens.
Sentou-se em um canto, na penumbra, para não ser notado, comprou uma dose de whisky, e fingiu beber, jogando eventualmente o líquido pelo vão entre as tábuas velhas do assoalho. Levantou-se e buscou mais algumas bebidas, dispensou mulheres que lhe ofereciam seus serviços e só saiu de lá acompanhado de uma, ao final do jogo. Quando entrou no quarto, pagou a moça e saiu pela janela.
Na manhã seguinte, uma Elizabeth mal humorada e as duas detetives entraram no carro da polícia e se dirigiram à tal cabana. O local era próximo à cidade e não demoraram a encontrar o lugar, ainda sinalizado pela ação policial.
— Não há sinal de arrombamento em nenhuma das entradas ou janelas, o que quer dizer que a vítima conhecia o assassino. – Mary iniciou a análise.
— As pegadas no chão estão por toda a sala, cozinha e quarto. O detetive Stain não tinha o hábito de limpar os pés antes de entrar em casa, pelo visto. Além de idiota, era porco! – Disse Beth, com um sorriso sarcástico.
— Beth, por favor… – sussurrou Meg ao seu lado.
— O quê? E não é verdade? Não concorda, detetive Allen?
Ambas baixaram a cabeça e continuaram sua vistoria pelo local.
— Alguns objetos estão quebrados aqui na cozinha, ou seja, houve uma discussão antes dos tiros – Blindwar reparou. – Contudo, só há sinal de sangue em cima dos lençóis. Pelo relatório, a arma da vítima estava com todas as balas, não teve tempo de atirar. Das duas, uma: ou não esperava pelos tiros, ou não estava em posse de sua arma. Mas Stain nunca tirava seu coldre para nada, era uma piada que os colegas faziam. Diziam que ele só não tomava banho com sua arma. – Ela continuou a falar.
Elizabeth, vendo que não chamaria a atenção da namorada de outra forma, se resignou e voltou ao papel usual de detetive e ex-espiã. Precisava resolver aquele caso.
— Realmente, a arma, dentro do coldre, foi encontrada debaixo da cama, próximo ao local onde o corpo nu jazia. Pela posição aqui nas fotos, os tiros partiram daquele canto, próximo à porta. Vocês não acham que estes lençóis estão muito desarrumados? Praticamente arrancados da cama… A briga pode ter sido na cozinha, por causa dos objetos quebrados. Se ele tivesse vindo buscar a arma para se defender, os tiros seriam pelas costas e não pela frente. – Complementou Beth.
— O fato do detetive estar nu, denota que estava acompanhado pelo assassino ou que havia uma terceira pessoa aqui. O que diz o relatório a respeito das impressões digitais encontradas pela casa? – Perguntou Margareth.
— Um momento, Meg. – Disse Mary, folheando as páginas do relatório.
Elizabeth levantou as sobrancelhas, surpresa, com o fato de que a nova detetive estava chamando sua namorada pelo apelido íntimo. Aquela intimidade estava, definitivamente, lhe incomodando.
Tentando entender tudo que estava acontecendo, além daquele comportamento estranho de Elizabeth, Margareth se sentou em uma cadeira próxima à cama. Fechou os olhos por um instante, enquanto as duas se debatiam entre hipóteses que, em nada, adicionavam ao caso.
Quando abriu os olhos, se deparou com as pegadas de barro das botas, já relatadas pela doutora Lister em seu relatório. No entanto, por um momento, teve a impressão de que eram ligeiramente diferentes. Como se fossem de tamanhos próximos, mas não iguais.
— Detetive Evernood, venha aqui. – pediu Meg.
— Como? – interrompendo o momento de discórdia com a outra policial, se sentindo incomodada por ter sido chamada tão formalmente.
— Por favor, sente-se aqui por um momento e olhe estas pegadas de botas. – Exigiu Blindwar.
— Tudo bem.
— É impressão minha ou são ligeiramente diferentes? – Apontou a policial para a namorada.
Após uma análise mais detalhada, Elizabeth assentiu, e olhou para Margareth.
— Precisamos chamar a doutora Lister!
Com muito cuidado, deixaram a cabana, e voltaram com Violet, que confirmou a hipótese de Margareth:
— Realmente, o padrão da sola da bota é exatamente o mesmo, porém de um número menor. E posso garantir que este desenho só está presente nas botas da força policial. Já conversei com o fabricante e ele me garantiu que só fazem assim, sob encomenda do governo.
— Precisamos, então, pesquisar quem usa botas deste tamanho entre nossos colegas. Isto só pode ser um pesadelo! Stain morto por um dos nossos? – Disse Blindwar, um tanto exasperada.
Ao voltarem para a central, Spencer estava à espera delas para passar seu relatório.
— Detetive Blindwar, somente alguns policiais usavam a Wembley, a outros deram a Colt 38. Isto quer dizer que somente os colegas que estão nesta lista são passíveis de investigação, dentro da força policial. – Falou o rapaz.
— Por favor, vá ao departamento que distribui os uniformes, e veja a quem deram botas número oito. Cruzaremos os dados. – Expôs a detetive.
Ele rapidamente saiu e, em seguida, elas se dirigiram para a sala.
— Blindwar, boa tarde. Podemos conversar? – Dashwood lhe chamou a atenção.
— Claro. Vamos para nossa sala. – Disse uma Margareth apressada, seguida de Elizabeth e Mary.
Adentraram o cômodo, fecharam a porta e se acomodaram da melhor forma. As três olharam para o detetive, esperando que ele dissesse a que veio.
— Colhi o depoimento de vários policiais, entre ontem e hoje. E a sensação foi a mesma na maioria: ninguém queria se ver ligado a Stain e, inclusive, saíram alguns detalhes sobre os subornos do caso do Druida. Somente seu colega mais próximo, Martin Burton, tentou manter a índole do homem intacta. Honestamente, achei isso estranho, depois de tanta gente ter falado mal dele… – Manifestou o policial.
— Por onde anda Reynold? Só falta o relatório dele à essas alturas. – Bufou Elizabeth, que até então estava calada.
Um rapaz apavorado entrou na sala, sem bater. Era o novato Spencer, com cara de assustado, seguido pelo detetive Reynold, um tanto confuso com a reunião não marcada, e ainda mais pela presença de uma mulher estranha.
— E a senhorita, quem é? — Ele perguntou.
— Senhora. – Ela respondeu, e foi rapidamente cortada por Blindwar.
— Detetive Mary Allen, destacada para o caso. – Margareth disse.
Após as explicações complementares e apresentações, Reynold continuou:
— A viúva é uma coitada! Me deu pena de tanta inocência! Não consegue pensar que o marido foi assassinado por questões escusas. Ela acha que ele era o mais honesto dos homens! – Ele disse com ar de deboche. – Como uma esposa pode ser tão cega, meu Deus? Me desculpem o arroubo, senhoritas, às vezes fico pasmo com tamanha inocência. Enfim, nada importante saiu desta visita. E aqui, como andam as investigações?
— Spencer, por favor, fale logo, rapaz! Sua cara está me assustando também! – Evernood enfim disse.
— Cruzando os dados das armas e dos calçados, chegamos a cinco policiais possíveis, sendo que dois são da vigilância noturna. – Esclareceu o rapaz.
— Qual o horário estimado da morte do policial? – Reynold perguntou.
— A estimativa da doutora Lister é de ter ocorrido durante a madrugada. – Esclareceu Mary Allen, folheando o relatório.
— Bem, dois descartados então – complementou Dashwood.
— Desses três, algum deles era do mesmo departamento que o falecido? – Indagou Blindwar
— Sim. Martin Burton e Daniel Lockwood. O outro é um novato, que está nas ruas, como eu antes de vir para a Crimes Graves. – Contou Spencer.
— Então, temos dois suspeitos a investigar! Como poderemos ter provas concretas de que ele esteve na cabana? – Reynold elucubrou.
— As botas – determinou Evernood. – Se a doutora Lister examiná-las, pode encontrar resíduos da mesma lama do entorno da cabana.
Todos se olharam e concordaram silenciosamente com a hipótese. Porém, se ele era amigo pessoal de Stain, poderia ir ao local. Precisavam de algo mais contundente.
— A doutora Violet Lister me disse que se tivermos a suposta arma do crime, podemos compará-la com o projétil encontrado. – Refletiu Mary Allen.
— Temos um projétil? – Reynold se assustou. – Não vi isso nos relatórios iniciais.
— Acabamos por encontrar um, entre os vãos da madeira do assoalho da cabana, num exame mais apurado, na segunda ida da perícia à cabana. – Completou Margareth.
— Então o que precisamos fazer é intimar estes dois policiais a entregarem suas armas e apresentarem suas botas para a perícia? – Resumiu Spencer.
— Ao que tudo parece, sim, mas precisamos que Greendwish faça este pedido.
Blindwar suspirou. Seria trabalhoso. Mas, precisava ser feito. Reynold saiu e se dirigiu à sala do comissário.
No dia seguinte, os cinco policiais entregaram suas armas e botas. Acharam melhor que todos, por menos suspeitos que fossem o fizessem, de forma que a investigação fosse mais ampla. A doutora Lister começou os exames e pediu dois dias para poder apresentar os resultados.
Os três se encontraram no seu “escritório”. Violet estava absorta com as análises e não pode comparecer. Edwin, percebendo o clima entre o casal, disse que sairia para a ronda mais cedo.
O mordomo estava fazendo sua inspeção; o dia ainda estava claro. Tentando se manter o mais discreto possível, passou pela casa do policial Burton. Se deu, então, conta da agitação e dos gritos. A esposa estava recolhendo roupas no varal rapidamente, como que apavorada com o que ouvira. Ele suspeitou de que uma fuga estivesse sendo planejada pelo casal, e pensou que não teria tempo de ir até Elizabeth ou Margareth para avisá-las. Resolveu usar o telefone público para ligar na mansão.
— Tristan, aqui quem fala é Edwin.
— Boa noite, senhor – começou a responder e foi cortado.
— A senhorita Evernood está em casa?
— Sim, está jantando com a senhorita Blindwar. – disse o rapaz.
— Por favor, as interrompa. Peça que me encontrem na estação de Edgeware. E que seja rápido! Temos uma fuga em curso. – Quase gritou o mordomo.
— Mas… Ele desligou o telefone? – Se perguntou Tristan.
O aprendiz, meio sem jeito, entrou na sala de jantar e permaneceu em silêncio, com uma feição bastante aflita, de quem não sabia como dar a notícia.
— Tristan, não adianta ficar com essa cara e não interromper nosso jantar. Quem era ao telefone? – Falou Elizabeth.
— Era o senhor Edwin. Ele pediu que eu interrompesse seu jantar para dizer que precisa que as senhoritas o encontrem na estação de Edgeware, o quanto antes. E que ele crê que há uma fuga em curso. – O rapazote disse, rapidamente.
— Burton… – Balbuciou Margareth.
Rapidamente se retiraram da mesa, pegaram seus pertences e, antes de se dirigirem à garagem, Margareth ligou para a delegacia e avisou aos colegas da ação.
— Esse homem precisava morar tão longe? – Meg ansiosa, questionou.
— Já é uma das saídas da cidade. Se o perdermos agora, não o pegaremos tão cedo pelo assassinato do policial Stain – Completou Beth.
Chegaram à estação e encontraram Edwin, já dentro do carro, pronto para sair. Elas o seguiram até a casa de Burton, que estava colocando suas malas dentro de um táxi.
Margareth pediu que Elizabeth bloqueasse a saída do carro por um lado. Vendo a ação, o mordomo fez o bloqueio pelo outro. Ambas desceram do carro, a detetive mostrou o distintivo para o taxista, que também desembarcou, pedindo explicações. A esposa apavorada, com três crianças chorosas em volta, pedia, entre lágrimas pela vida do marido, que entrou casa adentro, trancando as portas.
— Burton, por favor, se entregue. – Blindwar pediu.
Um disparo acertou o carro de Evernood, próximo a Meg. Ela rapidamente se abaixou e se esgueirou para junto da namorada. Beth fez alguns gestos para seu mordomo, que rastejou pela lateral da casa, até chegar à cerca viva que ladeava os fundos do imóvel.
— Martin, seja razoável! Reforços estão chegando, em breve você estará cercado! Você deseja sair morto de casa? Deixe de bobagem, homem! – Berrou Evernood, tentando ganhar tempo para a ação de Edwin.
Entendendo a manobra, Margareth também tentava negociar para que ele se entregasse pacificamente, confessasse o crime e que poderiam tentar alguma barganha.
— Eu não queria matá-lo! Eu amava o Stain! Nós iríamos viver juntos na sua cabana! Ele me prometeu! Mas, aí ele desistiu, ele não teve coragem! Idiota! Ele me rejeitou! – Chorava Martin.
Quando Edwin entrou na casa, para tentar render Burton, este percebeu a intenção e lhe apontou a arma. Se vendo sem saída, ao invés de atirar no mordomo, ele disparou contra a própria cabeça. Não houve tempo para reação, e não haveria chance de socorro.
O mordomo saiu pela porta da frente, sujo de sangue e solicitou que as mulheres entrassem. Os reforços chegaram e não foram necessários. A esposa chorava copiosamente, pois entendia o que havia acontecido.
— O que será de mim agora, meu Deus!? Como vou sobreviver com três filhos e sem marido? – Gritava a viúva.
Blindwar desejou os sentimentos, assim como os outros e, com muito pesar, começaram a se dedicar à perícia e papelada.
— O quanto disso vamos colocar no relatório? Ele assumiu ter matado Stain, porém vamos colocar o motivo? Como será a vida dessas viúvas e dos filhos com esta mancha no currículo dos pais? A viúva de Stain terá direito a uma pensão pela morte do marido, por ser oficial da polícia; e a de Burton, não, por ser assassino. – Refletia Meg, dentro do carro com Beth, voltando para a delegacia.
Deixaram Mary Allen com Reynold e Dashwood no local do crime. A doutora Lister se encontrava na sala do comissário, aguardando a chegada dos policiais. O relatório que incriminava Martin Burton pelo assassinato de Stain estava completo, a partir dos resíduos nas suas botas e das provas da balística. A notícia do suicídio do assassino os deixou sem palavras, e Greendwish se promoveu nos jornais com a descoberta do atirador.
Meg pediu dispensa por alguns dias, no que foi atendida. Sempre trabalhava mais do que suas horas regulares e, eventualmente, seu chefe a liberava. Ela passou em casa e explicou rapidamente o que haviam descoberto. Não se aprofundou nas questões passionais do crime. Disse que estava abalada e que iria para a casa de campo da amiga. Os pais não fizeram objeção, pois entenderam que ela fora afetada pelo fato de que seu ex-tutor ter sido assassinado.
— Está mais silenciosa que o de costume, Meg. Por favor, converse comigo! O que a está incomodando tanto?
Beth fez um carinho em suas mãos e lhe olhou compadecida. Estavam debaixo de uma árvore em um piquenique em uma área distante da casa, onde costumavam ir quando não queriam ser incomodadas.
— Creio que estou chocada em saber que Stain tinha um caso com Burton. Que ele também se escondia, como nós. E que tudo saiu do prumo. Como tantas vidas foram desgraçadas porque eles não podiam ser quem realmente eram, e viver suas histórias. – Falou uma Meg triste e abatida.
— Sei que está triste e chocada, minha querida, entretanto ainda não podemos ser tão livres quanto queremos. Não, por enquanto. Haveremos de pensar em uma solução. Mas, por favor, não desista de nós por isso… – Disse Beth, acariciando o rosto da namorada. – Eu ainda lhe devo um pedido de desculpas pela minha crise de ciúmes. Me sinto envergonhada. Fiquei insegura com seu encantamento pela senhora Allen, e esta lhe abordava com tanta intimidade… Ah, Deus… Eu realmente não sei o que me deu, por favor, me perdoe. – Pediu de cabeça baixa.
— Ei, olhe para mim. – Meg pegou o queixo de Beth, fazendo-a olhar em seus olhos. – Beth, é você quem eu amo! Tudo bem que eu fiquei impressionada com outra mulher na força policial, bonita e astuta… – Meg chegou mais perto, abraçou a namorada e disse em seu ouvido: – Mas ela não chega aos seus pés em nenhum quesito que levo em conta.
— E o que mais, exatamente, a senhorita leva em conta? – gracejou Elizabeth.
— Mais tarde, quando estivermos a sós, eu lhe conto.
Evernood corou com a resposta de Blindwar. Ela começava a se expressar com, cada vez menos, censura nas palavras e, também, no amor. Esperava que, realmente, um dia, pudessem viver tudo em plenitude, mesmo que, naquela ocasião, precisassem que isso fosse de forma reservada.
Fim!
Notas finais ¹:
Mary Allen é uma pessoa que existiu no mundo real, e foi uma das primeiras policiais da Inglaterra. Tê-la em um dos casos foi uma forma de homenagear esta mulher, que além de tudo, foi sufragista. O texto abaixo com a biografia dela está em inglês:
https://spartacus-educational.com/Wallen.htm
Notas finais²:
Infelizmente, já mais velha, ela sucumbiu as ideias extremistas nazistas, não sabemos o por quê. No entanto, não desmerece o caminho que ela trilhou e abriu na luta para que as mulheres pudessem ter poder de voto e também, direitos iguais.
Naty, o conto é muito envolvente! Uma delícia ler! Mais um motivo pra ser sua fã 🙂
Valeu pelo comentário! Que bom que gostou!
Extraordinária so ficou faltando uma coisinha…mais quatro capitolos
Mao acostumada vcs me deixaram mal acostumada com cinco capítulos ????
Rrrssss… Rose, obrigada por deixar seu comentário!
A medida que a inspiração bater, vamos postando aqui os novos capítulos.
Parabéns pela história!??
Muito obrigada pelo comentário!
Olha… Peguei as dores de Beth. E com isso até suspeitei de Mary Ellen! Principalmente quando li que Stain estava nu e as botas do assassino eram da força policial e de número menor. Enquanto lia a estória ia imaginando que Mary tinha infiltrado ali para escapar de suspeitas e ainda ficar por dentro das investigações contra ela mesma e depois tentar algo contra Meg. vixe! rsrs.
Jamais passou por minha mete que stain tivesse um caso com outro.
Lerei mais sobre Mary Ellen para me redimir.
Parabéns, Naty! Beijo
Beijo, Carol
Caramba, Fabi! Sua imaginação foi longe, hein? Que ótima a sua versão, adorei!
Obrigada pelo comentário!
Olá Naty,
Adorei sua escrita. Parabéns!
Lil, obrigada por deixar esse recadinho aqui! É um estímulo para continuar.
Naty Souza,
Espero ser o 1º comentário q faço em um romance teu, mto bom, conduziste a história mto bem, parabéns, que venham mtos outros.
Carol, apesar de Naty ter arrasado no capitulo, senti tua falta.
Bjs, gurias…
Oi, Nádia! Também espero que seja o primeiro de muitos! Vamos ver como a inspiração se desenrola… Rrrssss…
Obrigada pelo apoio.
Abrindo a cortina para a falsidade entre os homens. Amantes, crimes passionais entre eles, mantendo a postura de machões quando não sós. Coisas que hoje em dia a gente sabe ser bema mais comum do que se imagina. Gostei.
Bjs
Que bom que gostou, Ione. A hipocrisia humana não tem limites, infelizmente, e era isso que eu queria retratar.
Obrigada pelo comentário.
Amadíssima Chef, só você mesmo pra me fazer sair do País das Fadas ??♀️
Parabéns! Texto delicioso de ler. Você realmente me catapultou para a história. Eu me vi na época, no cenário. Maravilhoso, de verdade. Eu sempre disse que você tinha talento ??? Espero que esse seja o primeiro de muitos textos. A literatura lés só tem a ganhar.
Quero aproveitar pra mandar um Salve pra geral e dizer que estou viva ? Estou com muitas saudades dessa minha casa literária, das minhas irmãzinhas Carol, Isie, Nefer, Tattah e, claro, muitas saudades das minhas amadas leitoras, desse carinho que sempre me fez tão bem.
Sei que estou devendo umas coisinhas por aí, como resultado de uma certa enquete, além algumas histórias revisadas e etc. Infelizmente, no momento não posso me dedicar a essas coisas. Contudo, as dívidas não estão esquecidas e em algum momento serão pagas. Espero que me perdoem por isso.
Meu dia ficou mais colorido com seu comentário, Deusa! Saiu da toca só pra fazê-lo! Me sinto lisonjeada com suas palavras, e agradecida, porque você sempre me incentivou a escrever.
E eu, como fã, além de beta, vou aguardar ansiosamente seu retorno.
Grande abraço!
Naty, meus parabéns! Adoro esse conto. Além do mistério e envolvimento das duas moçoilas, ele me faz, a cada capítulo, viajar pela história.
Então Allen viajava pelos brejos, hein? Danadinha!
Pena que se deixou levar por ideias extremistas, assumindo-se fascista de carteirinha… aff… nem tudo é perfeito mesmo rs…
Espero que volte a nos trazer novos contos!
Cris, desculpe me meter em seu comentário, mas achei que valia a pena falar que temos também que ver o contexto da época. Talvez ela tenha desgostado no final, pois o apelo do Hitler, a princípio, não era o horror que ele provocou. Ele era de um partido supostamente social. Na época, após a primeira guerra, começou a sua ascensão com a fala da igualdade de classes. Tanto que a ele era atribuído a linha de esquerda. Quando ascendeu, que deu uma pernada em muita gente que o apoiou.
Assim como ele, foram os outros fascistas da época.
Depois eles mostraram a cara de extrema direita e de ditadores. Muitas pessoas devem ter se arrependido em acreditar neles, ao final.
Obrigada, Cris, pelo comentário. Concordo com o que a Carol disse.
Enfim, também espero poder trazer mais histórias, além das críticas e receitas.