Capítulo 53

No restaurante correu tudo conforme combinado: a recepção, as bebidas, comidas, atendimento, tudo perfeito. Claro que perceberam que nós duas estávamos juntas, tínhamos algo a mais do que uma simples amizade, mas respeitaram já que eu estava pagando – caro – por isso.

Chegamos na garagem do prédio que eu morava quando faltava cerca de 10 minutos para as 0h, abri a porta para ela sair do carro. Ela segurou minha mão enquanto caminhávamos para o elevador, ali dentro a Clara ficou de costas encostada em mim, eu segurava sua cintura e meu queixo estava apoiado em seu ombro. Lentamente caminhamos até a porta do apartamento, abri e dei passagem a ela. Seu sorriso era o que eu já esperava, mas eu nunca ia me cansar de vê-lo. Olhei para o relógio: 0h, puxei a minha namorada pela cintura:

-Feliz Aniversário, meu amor!

Beijamo-nos carinhosamente por alguns minutos. Quando nos separamos, apontei para o embrulho que estava sobre a mesa, ela abriu e vi em seu rosto o sorriso aumentar ainda mais, mas foi um sorriso divertido: era uma coleção que eu havia selecionado de filmes gays, dentre eles tinha: as temporadas de The L Word, Gia – Fama e destruição, Melhor que chocolate, Ligadas pelo desejo, Amigas de colégio, Borboleta, Cosa bela, entre outros, eram 15 filmes além do seriado, ela ria divertida com todos eles.

-Só você mesmo para presentear a namorada com uma coleção dessas.

-Por que eu não faria isso? Quem vai assistir contigo sou eu mesmo – sorri.

Caminhei pelo apartamento enquanto a Clara continuava entretida com os DVDs. Acendi alguns incensos e velas aromáticas, poucas para o cheiro não ficar muito forte. Peguei os chocolates que ela adorava, o vinho, taças e a puxei para sentar comigo no tapete que ela mesma tinha escolhido no dia que compramos. Encostei as minhas costas na parede, liguei o som, coloquei um CD que eu tinha gravado justamente para esse dia, coloquei a Clara para sentar entre minhas pernas, mas de lado para mim:

-Sabe amor, eu ia fazer tudo isso em um quarto de hotel, mas achei tão impessoal… – retirei uma mecha do seu cabelo que caia sobre seu rosto – Aqui apesar de ser tão pequenininho, tem um pouco da gente, foi aqui que fizemos amor pela primeira vez, foi aqui que chorei quando brigamos pela primeira vez, foi aqui que nos amamos tanto, que fizemos tantas promessas… Querendo ou não, esse também é o nosso cantinho.

-Eu adoro esse nosso cantinho, amor. Já aprontamos coisas memoráveis aqui – sorriu e me beijou.

-Por isso que resolvi não vendê-lo quando formos para Portugal. Vou pedir para a Rafa cuidar do nosso cantinho e a moto vou deixar com a Dani, sei que elas cuidarão direitinho.

Ficamos um tempo em silêncio nos curtindo até que a Clara ouviu um barulho no meu armário, perguntou o que era e eu disse para ela olhar: era um filhotinho de Poodle número “0” e na coleirinha dele tinha nossas alianças, mas ela não tinha visto direito porque assim que ela fez que ia pegar, chamei-o e ele foi correndo para o meu colo:

-Vem cá, amor!

A Clara foi ao meu encontro:

-Ele veio nos entregar nossas alianças, olha – sorri tirando as alianças do seu pescoço.

Voltei a olhar para minha namorada, ela exibia um sorriso ainda mais bonito – se isso era possível – e seus olhos lacrimejavam:

-Amor, agora o pedido é oficial – sorri, enchi mais uma vez as nossas taças com vinho, mas as alianças continuavam na palma da minha mão direita – você aceita me suportar ainda mais vários anos, fazer amor selvagem e carinhoso comigo todos os dias – ri – sorrir das minhas loucuras, das minhas piadas sem graça, chorar por assistir um filme romântico qualquer comigo, por se emocionar todas as vezes que eu te falar o quanto que te amo, formar a nossa família com ele – apontei para o filhote – mais nossos filhos também – sorri por ver o brilho dos seus olhos aumentarem ainda mais – meu amor, casa comigo? – estendi as alianças para que ela pudesse pegar.

Eu não sabia se os olhos da Clara estavam brilhando daquela forma pelas lágrimas ou por conta do pedido de casamento. Ela pegou as alianças e ficou observando-as de forma abobalhada, pois era justamente da forma que ela tanto queria e ela só havia me dito isso uma vez e fazia tempo, foi logo quando nos conhecemos, mas memorizei porque sabia o quanto que aquela mulher era importante para mim e que eu não podia e nem queria perdê-la nunca. A jóia era super simples, mas tinha um significado enorme e valia muito mais.

A Clara pegou a aliança que ela imaginou que seria minha, segurou minha mão esquerda e olhou para mim esperando que eu fizesse o mesmo e obedeci seu olhar. Peguei também sua mão esquerda e parei olhando em seus olhos, não conseguíamos desviar em momento algum e foi assim que colocamos nossas alianças uma no dedo da outra e mesmo sem nenhum tipo de ensaio, sussurramos ao mesmo tempo um: eu te amo.

Puxei minha mulher para meu colo e ficamos durante um longo tempo abraçadas curtindo aquele momento que apesar de simples, com certeza não teríamos um lugar, um momento melhor para fazermos isso. Não era necessário fazer festa para os amigos, para a família, todos sabiam o que acabaria acontecendo conosco principalmente por estar quase tudo certo para nossa ida para Portugal. Naquele momento não queríamos ninguém dividindo essa emoção conosco, éramos só nós duas.

Passamos a noite nos curtindo, a Clara adorou tudo o que preparei para nós duas, namoramos muito, ficamos longos minutos só nos beijando, nos tocando, nos acariciando, foi uma noite perfeita. Estava escrito em seus olhos que acertei em tudo, acertei até em não provocá-la para o sexo, queria que ela fizesse isso e a minha Clara só fez mesmo quando estava começando a amanhecer.

Amamo-nos de uma forma delicada, de uma forma calma, carinhosa. Eu fiz de tudo para que tudo fosse diferente de todas as vezes que já fizemos amor, foi uma delícia olhar sua fisionomia enquanto chegava comigo ao orgasmo, prolongamos aquela maravilhosa sensação ao máximo e dormimos no tapete mesmo, peguei nossos travesseiros, lençol e pegamos no sono como ela sempre gostou: com o nariz enterrado em meu pescoço e as pernas entrelaçadas as minhas. Eu estava fazendo carinho em suas costas e em seu cabelo.

***

Acordei por volta das 10:30h e levantei para preparar nosso café-da-manhã. No dia anterior eu tinha comprado tudo o que a Clara gostava e também havia pensado no desjejum, arrumei toda a mesa e fui acordá-la da forma que ela tanto gostava: chupando seu sexo.

Senti e vi seu corpo se contorcer sob o meu, sinal verde para mim, continuei a exploração, comecei a escutar gemidos, sorri, pouco tempo depois comecei a sentir seu liquido delicioso em minha boca, penetrei-a com dois de meus dedos, mas não parei o movimento da língua, aumentei o ritmo e ela os gemidos, o contorcer do corpo.

A minha mulher dava sinais que seu gozo se aproximava, acelerei as estocadas, ela segurou meu cabelo e me puxou para ficar em cima dela, entendi sua intenção e encaixei minha coxa entre as suas, nossos corpos começaram a dançar no mesmo ritmo, suavam igualmente, gemíamos juntas, começamos a estremecer juntas, encostei nossos lábios e nos fitamos no mesmo instante que o gozo tomou conta de nós duas e não tínhamos mais noção de nada.

Soltei o peso do meu corpo sobre o seu, a Clara acariciava minhas costas com as unhas do jeitinho que ela sabia que me fazia derreter, meu nariz estava enterrado em seu pescoço. O orgasmo foi tão intenso, tão gostoso que minhas pernas não sustentavam o peso do meu corpo. Quando estava conseguindo recuperar minha razão, minha respiração, minhas forças, saí de cima da minha morena e me joguei ao seu lado, ela veio logo atrás e se aconchegou em meu corpo. Beijamo-nos preguiçosamente por longos minutos:

-Bom dia, meu amor! – sorri.

-Humm, bom dia! – disse manhosamente – adoro quando você me acorda assim – disse fazendo carinho em minha barriga.

-Eu sei – beijei sua cabeça – vai ser assim até a gente ficar velhinha, de bengala, sem andar direito, mas quero continuar fazendo amor com você todos os dias – ri.

A Clara ficou tentando me bater e rindo ao mesmo tempo, consegui imobilizá-la colocando suas mãos em cima de sua cabeça, beijei-lhe ardentemente. Olhei para ela, sorri e desci até a barriga mordendo na lateral fazendo cócegas propositalmente, só parei e a soltei quando ela estava realmente sem forças e sem ar.

Corri até o banheiro e fui tomar meu banho. Eu estava enxaguando meu cabelo quando senti mãos tão conhecidas em minha barriga e seios em minhas costas, sorri, terminei de tirar o xampu e virei de frente para a minha morena. Sorri e num rápido movimento encostei-a na parede, ela soltou um pequeno gemido por conta da água fria. Colei meu corpo ao dela e comecei a explorá-lo sem ao menos tocar nossos lábios, olhava somente sua fisionomia quando eu tocava em seus seios, sua barriga, sua bunda, seu sexo.

Ela me puxava ainda mais, parecia que queria fundir nossos corpos e eu estava adorando aquilo. O celular da Clara começou a tocar, ela abriu os olhos, fiz sinal de negativo com a cabeça, ela sorriu e segurou meu braço guiando minha mão direita para onde ela queria. A toquei somente com a ponta dos dedos, minha mulher soltou um pequeno gemido que se intensificou no momento que eu a penetrei sem nenhum aviso, me abraçou segurando, arranhando minhas costas, mordia meu ombro, meu pescoço mais forte a cada estocada mais rápida e mais firme que eu dava.

Suas duas pernas já estavam em volta da minha cintura. Encostei nossos lábios, ela procurava minha língua com urgência, mordia meus lábios, bagunçava todo o meu cabelo. Voltou a morder meu ombro, senti que ela estava prestes a gozar em meus dedos, acelerei o ritmo do jeito que eu sabia que ela adorava.

Soltei um grito de dor no mesmo momento em que ela soltou um abafado gemido no momento do orgasmo, tive certeza que aquela mordida deixaria marca.

A Clara passou os braços ao redor do meu pescoço e ficou assim até sua respiração voltar ao normal, quando percebi que isso já tinha acontecido a ajudei a ficar em pé e fui olhar meu pescoço no espelho:

-Caprichou, amor. Vai ficar roxo – a olhei através do espelho e sorri.

-É bom porque nenhuma piriguete se ousa a chegar perto de você, sabe que agora você é casada.

-Não sabia que você era assim, tão possessiva – terminei de me enxugar e a Clara continuava o banho.

-Cuido do que é meu, agora que você está usando aliança, ficam realmente de olho. As casadas chamam mais atenção.

-Pode até ser, mas a única que chama a minha atenção também está usando aliança e inclusive é igual a minha – sorri vestindo minha calcinha.

-É bom mesmo – ela disse abrindo a porta do box e pegando a toalha.

Aproveitei e a puxei ao meu encontro, segurei-a com um só braço ao redor da sua cintura:

-Não precisa ficar com ciúmes, meu amor – beijei-a suavemente – eu só quero você – beijei-a mais uma vez – ninguém mais me interessa.

Tomamos nosso café e continuamos namorando e dessa vez na cama. O celular da Clara não parava de tocar, mas ela disse que naquela manhã ela seria só minha, só atenderia qualquer pessoa a tarde quando fosse para a casa do pai. Aproveitamos e fizemos amor mais algumas vezes, só conseguimos sair de casa mesmo quase as 13h.



Notas:



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