Capítulo 51
Eu estava numa correria enorme, muita coisa para fazer em tão pouco tempo. Era a verificação das instalações, a finalização de alguns detalhes do projeto, contratação de profissionais para trabalhar na empresa e para me substituir a frente da ONG. Eu tinha que ajudar a Clara nessa parte.
Voltei com minha namorada de mais uma visita às obras e ela foi diretamente para a sua sala, passei no RH e peguei os currículos das pessoas que entrevistaríamos ainda naquela tarde. Nós já havíamos contratado algumas pessoas, mas não preenchemos até então o meu cargo e alguns outros de liderança de equipes. Iríamos começar a quarta entrevista e estávamos muito insatisfeitas com as três anteriores, organizei minhas anotações, cocei minha cabeça um pouco acima da nuca suspirando:
-Tá difícil hoje, hein?
-Isso está mais complicado do que eu imaginava – a Clara retirou os óculos de grau e fez uma pequena massagem na testa:
-Dor de cabeça?
-Um pouco.
-Vou providenciar um analgésico para você.
-Não precisa, Du…
-Claro que precisa, amor. Você acha que vou deixar você ficar assim a tarde toda, é? Não senhora. Pode chamar o próximo candidato que eu já volto – disse isso depositando um suave beijo em seus lábios, mas quando eu estava me afastando, a Clara me puxou pela nuca explorando toda a minha boca:
-Prefiro assim – disse sedutoramente em meu ouvido.
Sorri e saí da sala. Providenciei o analgésico e a água da Clara, estava retornando a sala mais uma vez quando fui chamada pela Bruna que estava conversando com alguém no celular:
-Duda!
-Oi.
-Rafa está querendo falar com você.
Abri a porta da sala da Clara, mas não entrei:
-Diz pra ela que agora estou muito ocupada, Bruninha. Assim que terminar o que estou fazendo, retorno a ligação.
-Ok!
Voltei ao que estava fazendo e entrei na sala:
-Boa tarde!
-Boa tarde – a voz não era estranha para mim.
Entreguei o remédio e a água para a Clara e só então olhei para a pessoa que estava sendo entrevistada:
-Dantas?
Ele sorriu e se levantou para me abraçar:
-Dudinha!
Também sorri e recebi aquele abraço do único amigo que tive no colégio. Não vou dizer que as meninas não se aproximavam de mim porque estaria mentindo, mas elas tinham certo interesse no que eu poderia oferecer que era as respostas nas provas, fazer o trabalho da equipe e coisas do gênero. Já os meninos se aproximavam de mim com segundas intenções e apesar de ainda não saber que eu gostava de mulher na época, nunca dei ousadia a nenhum deles e o único que se aproximou de mim sem nenhum tipo de interesse e que se parecia muito comigo em personalidade, ideias e ideais era esse meu amigo que todos o conheciam como Dantas justamente por que a maioria das pessoas lá eram conhecidas pelo sobrenome.
Nós dois éramos vítimas das mesmas pessoas que tentavam se aproveitar da gente, mas depois que começamos a nossa amizade, ninguém mais se meteu a besta conosco. Continuamos a ser disputados para fazer as coisas, mas ainda mais porque nós nos tornamos ainda melhores. A nossa união e cumplicidade era tão grande que as más línguas diziam que nós namorávamos. Achávamos graça de tudo aquilo.
O abraço ainda continuava. Estava louca de saudade do meu amigo que acabamos perdendo o contato nem sei o porquê. Éramos confidentes um do outro, a nossa união incomodava muita gente.
-Saudade de você, Vi.
-Também senti saudade – beijou meu rosto de forma estalada, saímos do abraço e me sentei junto a Clara:
-Bom, acho que você já conhece a Clara.
-Já sim, Dudinha. Tínhamos acabado de nos apresentar quando você entrou.
Meu amigo tinha ido ali se candidatando para a vaga que eu estava ocupando naquele momento, ele era o único que sabia do meu projeto quando tive a ideia, mas não participou dele por circunstâncias da vida que acabou nos separando. Expliquei para ele o andamento da ONG e o motivo que eu estava saindo em menos de um ano trabalhando na empresa. Seu currículo era dos mais interessantes que tinha passado por ali até o momento:
-Dantas, olha só: não é porque você é meu amigo, mas você foi a pessoa que mais me interessou para continuar com o projeto no meu lugar e tem o detalhe que você acompanhou o início dele – sorri.
-Isso é verdade, lembro bem de como seus olhos brilhavam quando jorrava ideias da sua cabeça para a ONG.
Continuamos com a conversa e a Clara observava tudo, fazia alguns comentários e perguntas sobre meu amigo e seu currículo, ao final ela se pronunciou:
-Bom Dantas, eu também gostei muito do seu currículo, das suas experiências profissionais apesar de ter se formado recentemente também, mas isso não quer dizer nada, podemos tirar isso pela Duda – sorriu levemente – me interessei muito em lhe contratar, mas vou conversar com sua amiga mais alguns pontos, vamos entrevistar mais algumas pessoas e até o final da semana entramos em contato contigo – levantou-se.
-Tudo bem, ficarei no aguardo – cumprimentaram-se.
Despedi-me do meu amigo e o levei até a porta da sala:
-Esse foi o último de hoje? – Clara sentou-se no sofá.
-Foi sim, amor – sentei ao seu lado – a dor de cabeça melhorou? – fiz um carinho em seu rosto.
-Um pouco, vou precisar daquelas suas massagens milagrosas quando sair daqui.
-Pode deixar que essa dor vai passar rapidinho – beijei suavemente seus lábios.
-Gostei desse seu amigo.
-Você não imagina o quanto que estou feliz em reencontrá-lo – contei a nossa história de quando estudávamos juntos.
-E por que vocês perderam o contato já que eram tão amigos?
-Coisas que a vida nos apronta e que não conseguimos explicar.
-Então esqueça nesse momento que ele é seu amigo e me responda pelo o que você ouviu hoje, sobre o seu currículo. Devemos contratá-lo?
-Até agora não vi pessoa melhor para tal. Ele conhece o projeto, é super competente e um excelente profissional.
-Então sua vaga já foi preenchida.
-Tenho certeza que você não se arrependerá, linda.
-Confio em você.
Trocamos um beijo carinhoso e ela sussurrou em meu ouvido:
-Vamos embora?
Sorri e concordei, organizamos nossas coisas e quando estávamos de saída fomos interrompidas pela Bruna:
-Duda?
-Oi – virei de frente para ela.
-É impressão minha ou vocês finalmente voltaram? – perguntou sorrindo.
Sorri e nada respondi. Estava escrito na minha testa o motivo da minha alegria ter voltado. Segurei a mão da Clara e fomos em direção a saída:
-Não esquece que Rafa quer falar com você.
Peguei meu celular e liguei, não era nada demais, somente preocupação de amiga que queria aprontar alguma coisa no dia do aniversário da Clara para tentarmos uma reaproximação, mas falei com ela que não era mais necessário. Ela vibrou de felicidade e disse que queria saber detalhes depois.
Segui a Clara até o apartamento dela. Fizemos nosso jantar e paramos várias vezes para um carinho, um beijo, uma mão “boba”. Realmente estávamos matando a saudade, necessitávamos de atenção, de carinho. Na cama foi perfeito, nem preciso dizer, não é? Minha Clara não me dava um segundo sequer para descansar, estava mais insaciável do que nunca e eu estava adorando isso porque eu a desejava muito. Queria passar um, dois, três dias ou até quando meu corpo aguentasse amando-a só tendo intervalos para comer e dormir um pouco, pois no banho iríamos continuar nos amando.
O dia seguinte foi tão corrido quanto o anterior. Muitas ligações para atender e realizar, visitas às obras, pois eu estava acompanhando de muito perto o andamento dos trabalhos para que saísse do jeito que eu queria, não admitia corpo mole no trabalho. Tinha também as entrevistas, confirmei com meu amigo Dantas que ele ocuparia a minha vaga e passei os procedimentos que ele deveria realizar até a segunda-feira seguinte que seria quando ele começaria e eu o treinaria durante uma semana até a minha viagem. Só consegui ver a Clara no fim do dia quando finalmente fui ao escritório:
-Oi amor, pensei que não ia te ver mais hoje – sorriu.
-Se não fosse aqui, seria em casa, linda – depositei um suave beijo em seus lábios – ficar sem dormir com você seria impossível – sorri e sentei-me no sofá.
-Como estão as obras?
-Bem adiantadas porque sou muito chata com o pessoal. Se eu não ficasse em cima, tenho certeza que só teríamos pronto cerca de 60% do que temos hoje.
-E qual o percentual pronta dos desenhos?
-Uns 90%, só faltam alguns detalhes que acho que estará pronto em uns três dias e depois o pessoal da decoração chega para finalizar tudo.
-Além de historiadora, tenho uma produtora cultural, uma administradora, uma engenheira. Acho que encontrei uma mulher multiuso para casar. Perfeita! – Sorriu e sentou-se em meu colo.
-Fora que sou excelente amiga, companheira, amante… Tenho um beijo perfeito, um toque maravilhoso, uma pegada que deixa qualquer uma sem chão – sorri.
-E muito convencida também – sorriu.
-Não sou convencida, sou realista – sorri também.
Beijamo-nos por longos minutos, nos separamos um pouco:
-E aqui, como foi?
-Corrido também. Muitas entrevistas, mas acho que isso já está terminando.
-Que maravilha, amor! Amanhã a tarde estarei aqui te ajudando nessa parte.
-Humm, vou ter você a tarde inteira, é? – sorriu maliciosamente.
-A tarde você terá a mim como profissional e a noite você terá sua mulher – sorri.
-E será que a noite posso fazer amor com a profissional? Estou louca de tesão por ela – sussurrou em meu ouvido.
-E você vai trair sua mulher?
-Nesse caso vale a pena.
-Então vou falar com a profissional e te aviso depois, certo?
-Certo, essa noite faço amor com minha mulher.
Sorri as gargalhadas e a Clara me acompanhou:
-Depois dizem que a ninfomaníaca sou eu.
-Formamos uma dupla perfeita, amor.
Continuamos rindo e escutamos batidas na porta. A Clara autorizou a entrada, era a minha amiga:
-Que coisa boa ver vocês duas assim.
A minha namorada continuou em meu colo. Rafa nos cumprimentou com beijos no rosto e sentou-se ao nosso lado:
-Posso saber o motivo da alegria?
-São vários, amiga.
-Pode citar algum? – sorriu.
-Vou casar com a mulher que eu amo, vamos morar em Portugal para iniciarmos projetos individuais e ainda por cima acabei de descobrir que amanhã ela vai me trair – ri.
-Como assim? – Rafa não estava entendendo.
-Ela disse que quer fazer amor com o lado profissional de uma tal de Duda que é multiuso.
-Vocês duas são loucas, isso sim.
-Uma pela outra – essa foi a vez da Clara se manifestar e sorriu.
-Rasgação de seda não, né gente? Por favor!
-Ah, sim, e o que você veio fazer aqui?
-Uma gentileza em pessoa essa minha amiga, né Clarinha?
-Comigo sim! – riu.
-Vou fingir que não ouvi isso – minha amiga pronunciou-se novamente.
Eu e a Clara não aguentamos e rimos as gargalhadas e esse foi o momento que a Bruninha entrou na sala.
-A coisa está é boa aqui, hein? – beijou a Rafa.
-Está ótima, maninha.
-Menos para mim – a Rafa se fingiu de brava.
-Por que, amor?
-Porque essas duas chatas resolveram tirar uma com minha cara.
-Ohhh, que guth guth… Vem cá, vem… Tem Duda pra todo mundo.
-Hei, como assim? – a Clara deu um leve tapa em meu ombro.
-Amor, não seja egoísta – sorri – sua irmã não está dando conta do recado então farei isso. Vai ser rapidinho, vou guardar minhas energias pra você mais tarde, não se preocupa, tá?
Nós quatro caímos na risada, ficamos mais algum tempo conversando até que a Bruna se manifestou sugerindo que saíssemos dali. Aceitamos a sugestão e fomos a um barzinho que ficava perto do escritório. Conversamos, rimos, nos divertimos como há muito não fazíamos principalmente juntas. Eu e Rafa, para variar, nos engalfinhando e as nossas namoradas rindo as nossas custas. Decidimos ir embora por volta das 22h e fomos para meu apartamento.
Já que eu a Clara estávamos nessa enorme correria, ela saia em seu carro e eu em minha moto, por isso que ela não pôde me provocar no trajeto de volta, mas ela não deixou isso passar em branco e assim que entramos em casa ela já foi tirando nossas roupas e me empurrando para o banheiro aos beijos, sorrisos e pequenos gemidos que eu arrancava-lhe passando as mãos onde eu sabia exatamente que ela gostava:
-Pra quem vai me trair amanhã, você está bem assanhadinha – sorri.
-Esqueceu que sou uma ninfomaníaca também? – perguntou voltando a me beijar.
-Impossível esquecer – respondi com os lábios colados aos dela.
Depois de muito tempo no banheiro nos amando, tive que levar a Clara para a cama ainda em meu colo, ela estava com as pernas enlaçando a minha cintura. Minha namorada não conseguia ficar em pé. Deitei-a, mas ela não estava nem um pouco satisfeita em pararmos naquele momento.
Continuou com as pernas presas em mim, encaixei meu corpo ainda mais ao dela e comecei a provocá-la tocando meu sexo no seu. Minha morena estava rebolando sensual e gostosamente sob meu corpo aumentando ainda mais o atrito. Eu beijava sua boca, mordia o lábio inferior, descia pelo pescoço beijando, mordendo, lambendo, sugando… Fazia o mesmo pelo seu colo, me perdia em seus seios, sua barriga e descia muito lentamente pela região pélvica fazendo a Clara falar palavras totalmente desconexas devido a “tortura” que estava sendo submetida. Parei, admirei o corpo nu da minha namorada e minha boca foi diretamente em seu sexo que pulsava ansiando por aquele contato dos meus lábios, da minha língua, do meu hálito quente. Quando percebia que ela estava perto de gozar, eu parava o ritmo, esperava seu corpo relaxar e recomeçava tudo mais uma vez:
-Para de me torturar, Eduarda!
Sorri, escalei seu corpo novamente beijando toda a sua extensão ainda com meu corpo encaixado entre suas pernas, quando eu ia beijar sua boca, a Clara segurou meu rosto com as duas mãos:
-Me come agora!
Beijei-a demoradamente, pirraçava minha namorada ao máximo. Desci até um de seus seios e mais uma vez perdi a noção do tempo. Depois fui para o outro e quando menos a Clara esperava, penetrei-a com dois de meus dedos fazendo-a arquear o quadril anulando a pequena distância entre nossos corpos. Ela começou com sua dança sensual que tanto me excita, apoiei meu cotovelo para olhar seus movimentos e em muito pouco tempo gozei e ela me presenteou com seu liquido quente.
Logo após o orgasmo, desci até seu sexo, sequei-o até a última gota e a fiz gozar demoradamente em minha boca. Escalei seu corpo beijando toda a sua extensão e parei em sua boca, nos beijamos preguiçosamente:
-Comprei um brinquedo novo hoje – sorrimos – usa em mim, minha gostosa – arranhou minhas costas.
-Onde está?
-Na minha bolsa.
Beijei minha namorada mais uma vez e levantei para pegar o nosso objeto de prazer novinho em folha. Sorri, vesti e caminhei até a cama novamente. Automaticamente a Clara afastou as pernas e eu encaixei meu corpo entre elas mais uma vez. Matamos a saudade de todas as posições que sempre fizemos e que tanto gostávamos.
Não pudemos dormir com o dia clareando como já fizemos tantas vezes porque tínhamos muito trabalho para fazer no dia seguinte, mas não deixamos de nos amar como o carinho, a fome, o tesão, a intensidade que sempre fizemos.