Capítulo 29 

Sorri, a Clara não tinha entendido o que eu perguntei. A expressão de surpresa que ela fez foi linda. Segurei seu rosto com as duas mãos:

-Isso mesmo o que você escutou: casa comigo? Pode ter certeza que farei isso tudo o que relacionou com todo o prazer.

-Du, a gente só se conhece há quatro meses…

-Tempo suficiente para te conhecer mais do que muita gente, mais até do que membros da sua família que já conheço todos por sinal. Você conhece boa parte da minha, conhece meus amigos e eu os seus, trabalhamos juntas, dormimos juntas todos os dias, já te vi rir muito, chorar também, eu te amo. Temos uma sintonia e uma cumplicidade perfeita na cama e fora dela, então, diante desses argumentos mais do que convincentes – sorri – casa comigo, Clara?

Ela suspirou, sorriu lindamente:

-E você vai continuar aturando essas minhas chatices?

-Contanto que você me garanta que continuará aturando as minhas. – sorri.

Ela parou, ficou séria e pensativa. Não aguentei esperar, aquilo estava me angustiando e não queria deixar transparecer, beijei-lhe levemente nos lábios:

-Vamos ao banho?

Sem ao menos esperar sua resposta saí de perto dela em direção ao banheiro. Tirei minha roupa pacientemente e entrei na banheira. Encostei-me à borda, abri meus braços sobre ela, joguei minha cabeça para trás com os olhos fechados suspirando. Pouco tempo depois senti que a Clara estava encostando seu corpo ao meu, a abracei beijando seu ombro. Ficamos em silêncio.

-Por que você só gosta de fazer as coisas no seu tempo? – silêncio – Você nem sabe quando vai para Portugal.

-Minha proposta para casar com você é independente da minha ida para Portugal. Uma coisa não tem nada haver com a outra.

-Quer dizer então…

-Exatamente, quero casar com você, Clara. Indo para Portugal ou não.

-Então existe a possibilidade de você não ir?

-Infelizmente sim. Esse é um dos meus maiores sonhos e sei que pode ser concretizado a qualquer momento, mas se você aceitar se casar comigo e não puder e/ou quiser ir para Portugal, tenho que pensar em outra forma de fazer essa especialização.

-Você mudaria mesmo seus planos por minha causa? – virou-se de frente para mim.

-Sim, por que não? Se fosse por qualquer outra pessoa eu nunca mudaria, se eu tivesse namorando qualquer outra pessoa eu não mudaria, acho que nem por minha mãe eu faria isso, dependeria muito das circunstâncias, mas Clara, você é diferente. Eu tenho um sonho, eu te amo, são fatos. Tenho que encontrar alguma maneira de unir os dois. Não quero optar por um, eu quero os dois. Busco o sucesso profissional paralelo ao pessoal. Quero construir a minha família e só penso em você para estar ao meu lado me ajudando, me apoiando e pretendo fazer o mesmo contigo. Se conseguirmos fundar a ONG no prazo que estipulamos, pretendo ir para Portugal até dezembro.

-Você não acha que são dois passos muito importantes em sua vida?

-Clara, do que você tem medo? – silêncio – Teremos tempo para treinar as duas pessoas que provavelmente ficarão em nossos lugares, o custo de vida de Portugal não é assim tão alto em relação aos outros países da Europa. Você tem seu dinheiro, eu estou começando a ganhar o meu que mesmo sem trabalhar para o Vc3 continuarei ganhando por conta da patente do projeto. A gente se dá muito bem na cama e fora dela. Não estou encontrando nenhum empecilho para tantos questionamentos.

-Eu já fui casada, você sabe e…

-E nenhum dos dois casamentos deram certos por diferentes motivos, por favor, né Clara? Detesto que me comparem mesmo que seja para algo positivo muito menos com suas antigas relações. Sou muito diferente das duas pessoas que você se envolveu apesar de ser amiga da Dani. O que estamos discutindo são minhas duas propostas e não seus antigos relacionamentos.

-Eu sei, Du – disse num fio de voz.

-Olha, não quero te pressionar. Se preferir pode me dar a resposta depois. Não se sinta forçada a nada, só quero que tenha certeza do que sinto por você e que o que mais quero hoje é realmente me casar contigo.

Beijei suavemente seus lábios, me levantei e terminei meu banho no chuveiro. Senti os olhos da Clara em mim. Vesti um roupão e fui para a varanda terminar de beber meu vinho.

Realmente o que mais queria naquele momento era que a Clara aceitasse pelo menos a proposta de casamento, depois eu via o que ia fazer com a minha especialização. Queria ela ali do meu lado mais do que já ficava, queria incluí-la em meus sonhos, em meus projetos de vida. E quem sabe construir a minha família ao seu lado?

Senti suas mãos em meus ombros fazendo uma pequena massagem, virei e a encontrei totalmente nua em minha frente com um sorriso maravilhosamente sedutor nos lábios:

-Vem cá. Você está muito tensa. Deixe-me te ajudar a relaxar.

Sorri e me encaminhei para a cama junto com ela. Amamo-nos como se fosse a primeira vez, como se ainda estivéssemos nos conhecendo, conhecendo nossos corpos, conhecendo nossos caminhos para o prazer.

Do nosso quarto, tínhamos também uma visão privilegiada de parte da Baía de Todos os Santos – maior entre as baías do país, a de Todos os Santos torna-se ainda mais especial por agregar, em sua extensão, alguns dos principais cartões postais de Salvador, além de oferecer uma infinidade de praias e ilhas de extrema beleza – puxei a Clara para assistirmos o sol nascer na varanda, sentei em uma das cadeiras e ela ficou no meu colo.

-Você fica ainda mais linda com os reflexos do sol batendo em seu rosto logo cedinho, sabia?

Não conseguia observar a paisagem, só via minha namorada em meu colo assistindo mais um show da natureza, não pude ficar sem elogiá-la:

-Eu sei, você sempre me diz isso todas  as  vezes  que assistimos  o sol  nascer,  o sol  se   por, quando estamos sob o sol escaldante na praia, na rua… – sorriu.

-Só estou falando a verdade – beijei seus lábios. Ficamos no duelo de olhares, sorrindo através deles, nos comunicando através deles.

-E eu adoro quando seus olhos ficam expostos ao sol, ficam com uma cor mais linda ainda.   Apesar de que ainda não consegui definir a cor natural deles.

-Nem me pergunte por que eu também não tenho noção – ri.

Os seus olhos lacrimejaram e uma das lágrimas ameaçou cair, enxuguei com meu polegar direito:

-Eu te amo! – ela sussurrou.

Sorri.

-Casa comigo? – Perguntei no mesmo tom que ela.

Clara sorriu, as lágrimas caíram descontroladamente, ela balançou a cabeça num gesto afirmativo, não acreditei:

-Isso é sério?

Seu rosto já estava banhado em lágrimas e continuou balançando a cabeça tentando me convencer:

-É!

Beijou-me, um beijo delicado, carinhoso, gostoso e salgado por causa das suas lágrimas:

-Amor, como você quer as alianças?

Eu estava eufórica, a Clara incrivelmente estava muito tranquila mesmo com as lágrimas continuando a cair. Ela me puxou pelo queixo e me beijou de novo, correspondi, eu estava adorando a novidade:

-Faz o seguinte: compramos quando você voltar de viagem, o que acha?

-Que você deve ficar quieta, aliás, quieta não, calada é melhor.

Puxou-me pela nuca e entendi seu recado. Não me fiz de rogada, correspondi ao beijo com a mesma paixão que ela. Tirei o nó do seu roupão e admirei o corpo da Clara, ela me olhou maliciosamente ficando de frente para mim ainda em meu colo. Levantei com ela e fui em direção a cama, mas parei no meio do caminho e coloquei-a sentada em uma espécie de cômoda me encaixando entre suas pernas. Desci minha boca diretamente para seu sexo, ela gemeu e puxou meu cabelo para que eu a olhasse. Subi, a deixei saborear minha língua que já tinha o gosto do seu centro de prazer, a minha namorada prendeu meu corpo com suas pernas, puxei-a para mim, levei-a para a cama e voltei a mergulhar minha língua entre suas pernas:

-Vira pra cá, amor.

Sem ao menos retirar minha boca do meu lugar favorito em seu corpo, virei meu corpo e a Clara me puxou possessivamente mergulhando sua língua em meu sexo explorando cada cantinho dele, me fazendo suspirar e gemer diversas vezes. Fiz o mesmo com ela, a penetrei com os dedos, ela mexia o quadril esfregando-se ainda mais em mim, aumentei o ritmo da língua e do vai e vem. Senti seu líquido começar a escorrer e meu corpo começar a estremecer junto com o dela fazendo-a cravar suas unhas em minha  bunda puxando-a ainda mais para si.

Ela gemeu soltando um ar quente em mim, gemi junto, não conseguia apoiar direito o peso do meu corpo em meus joelhos, mas continuei na mesma posição até sugar a última gota do seu gozo.

-Vem, amor… Quero você dentro de mim de novo.

Virei e escalei seu corpo beijando repetidas vezes toda a sua extensão arrancando muitos gemidos da Clara. Vi-la-ei de costas e fiz o mesmo, queria sentir sua pele, os arrepios que eu provocava com os lábios, com a língua, seu cheiro que eu tanto gostava.

Virei a minha namorada de lado e fiquei atrás dela, fiz o mesmo percurso de antes, beijava, lambia,  mordia toda a lateral do seu corpo. Não queria tocar, só usava os lábios e a língua.

Perdi a noção do tempo que fiquei admirando e percorrendo aquele corpo que eu era tão apaixonada:

-Te amo – sussurrei em seu ouvido.

A Clara gemeu mais uma vez, virei seu corpo de frente, encaixei minha coxa entre as dela e percebi o quanto que ela ansiava por aquele toque. Penetrei-a com meus dedos, ela mordeu meu pescoço, arranhou minhas costas, iniciei um ritmo acelerado das estocadas, seu corpo acompanhava os movimentos. Com o cotovelo apoiado na lateral do seu rosto, vi a dança sensual da minha namorada e aquilo estava me excitando mais do que nunca. Seu corpo estremeceu e levou o meu junto, seu gemido aumentou o volume, suas unhas entraram em minha carne. Ela relaxou o corpo, levantou meu rosto que estava enterrado em  seu cabelo e com a respiração ainda falha disse:

-Eu também te amo. E se você fizer essa tortura mais uma vez, juro que acabo com você. Nosso casamento não vai durar muito tempo – sorriu e beijou meus lábios preguiçosamente.

-Não se preocupe, linda, você será torturada ainda mais.

Ela gemeu. Continuamos na mesma posição até o cansaço vencer nossos corpos e dormirmos relaxadas apesar do meu sexto sentido ainda estar em alerta.



Notas:



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