Capítulo 27

 

Os dias passavam correndo. Nem sempre nos víamos no decorrer dele, mas fazíamos questão de dormirmos juntas alternando sempre entre meu apartamento e o da Clara. Eu estava cada dia mais apaixonada e percebia que ela também. Não deixamos de fazer as coisas que gostamos, sempre acompanhava a minha namorada nas festas chatas dos amigos dela, mas não demorávamos e íamos para casa ou emendávamos com algum outro programa. Já com os meus amigos, ela se sentia um pouco mais a vontade, se enturmou fácil. Todos já a tratavam como amiga também me dizendo que se eu aprontasse alguma coisa ia contar para ela.

Certo dia eu fui ao Iguatemi comprar o presente de aniversário para minha mãe: mais uma tarefa difícil. Não consigo fazer isso, definitivamente. Peguei meu celular:

-Amor, você está onde?

-Saindo do escritório agora, por quê?

-Vem aqui no Iguatemi, preciso da sua ajuda.

-Não consegue comprar o presente se sua mãe, certo?

-Alguma dúvida? – ri.

-Não, nenhuma. Estou indo, chego em quinze minutos.

-Estou esperando, beijo.

-Beijo.

Fiquei zanzando pelo shopping em mais uma tentativa frustrada de achar alguma coisa para comprar. Vinte minutos depois eu já estava impaciente com o atraso da Clara, já ia ligar, mas antes meu celular tocou, era ela:

-Oi amor, você está onde?

-Estou no terceiro piso, me encontre na Saraiva.

-Tá, já estou entrando no shopping.

Enfim a Clara chegou e em tão pouco tempo conseguimos comprar o presente:

-O que seria de mim sem você, hein? – abracei-a e dei um beijo em seu rosto, pertinho da boca.

-Uma atoa que não consegue comprar o presente de aniversário da própria mãe.

-De minha mãe e nem o de ninguém, amor. Até para você é um dilema – sorri.

A Clara se empolgou nas lojas e comprou algumas coisas para ela também. Eu já estava ficando impaciente porque eu estava ali no shopping há muito mais tempo do que o planejado e isso estava começando a me irritar. A minha namorada percebeu, mas fazia questão que eu entrasse em cada loja com ela para ajudá-la a escolher e vê-la experimentar.

O que me deixou boquiaberta mesmo foi quando ela entrou em uma loja de roupas íntimas. Era cada uma que ela escolhia que eu ficava praticamente babando só de imaginar a Clara vestindo aquelas peças. Quando finalmente parecia que já tinha acabado as compras:

-Amor, vamos comer alguma coisa, estou com muita fome – sorriu.

-Claro linda, mas você não acha melhor colocarmos essas sacolas no carro?

-Acho sim.

Quando retornamos, foi uma briga para decidir onde comer: eu preferia uma daquelas porcarias da Mc’Donalds – que fazia tempo que não comia – mas a Clara queria comida chinesa:

-Então vamos fazer o seguinte: eu como meu sanduíche e você essa coisa chinesa, o que acha?

Ela concordou. Quando terminamos ainda comprei um ovo maltine da Bob’s de 700ml e saímos conversando pelo shopping. Incrivelmente aquele lugar não estava me incomodando mais naquele momento, eu estava bem ali com minha namorada. Resolvi parar de implicar com o ambiente e curtir a Clara.

Pelo visto minha atitude estava a agradando e muito. Estávamos em frente a uma vitrine de mãos dadas e minha morena estava na dúvida se entrava ou não para comprar a calça.

-Clarinha.

Olhamos na direção da voz enjoada que eu já conhecia:

-Renatinha. – Clara cumprimentou-a. Sempre achei os “inhas” tão falsos…

Eu não acreditava no que estava vendo: Vanessa, uma garota que eu tinha ficado algumas vezes, estava na companhia daquela chata:

-Van. – beijei o rosto dela – Olá Renata! – cumprimentei-a com um aceno de cabeça.

-Vocês se conhecem? – Renata estava visivelmente surpresa.

-Sim, tem algum tempo – respondi.

-Olá Duda, como vai?

-Bem, e você?

-Estou ótima – olhou para Renata.

A Vanessa foi um caso complicado. Ela disse que estava apaixonada por mim. É uma pessoa maravilhosa, carinhosa, inteligente, mas disse isso na hora errada. Eu não estava disposta nem a tentar nada sério com ela e nem com ninguém. Ficou magoada, é claro, sumiu por um tempo – desde a minha recusa até aquele encontro – mas, eu continuava tendo um grande carinho por ela.

Tínhamos alguns amigos em comum, mas ela – visivelmente – me evitava. Por um lado foi até bom porque eu não queria que ela criasse nenhuma expectativa, mas eu senti falta da pessoa Vanessa. Eu adorava conversar com ela, ela tem uma cabeça super aberta, conseguia entender o que eu dizia, coisas que poucos conseguem até hoje.

-Que bom, Van. Fico feliz por você – mentira, com essa Renata, não consigo imaginar ninguém feliz – Bom, essa é a Clara, minha namorada – ela cumprimentou a Clara e percebi um sorriso triste em seus lábios.

Clara e Renata conversaram um pouco enquanto a Vanessa tentava fazer o mesmo comigo, mas a sua mágoa não deixava. Sua tristeza era visível, era perceptível. Fiquei muito triste ao perceber isso, mas o que eu poderia fazer, não é verdade?

-Bom, a conversa está ótima, a companhia também, mas precisamos ir – Renata disparou.

Despediu-se da Clara com um beijo no rosto e de mim com um leve aceno de cabeça. Na realidade ela queria era fazer o mesmo comigo, mas não consigo ser tão falsa quanto ela, prefiro manter a distância. Em nenhum momento soltei a mão da minha namorada, queria mostrar para essa tal de Renata que estávamos namorando, que estávamos bem e que ela não iria atrapalhar com aquele joguinho ridículo de tentar me humilhar como ela já fez duas vezes.

-Quem é aquela Vanessa? – a Clara me perguntou tentando disfarçar – olhando novamente a vitrine – visivelmente enciumada.

-Uma menina que já fiquei algumas vezes e já tem tempo, ela se afastou de  mim porque   disse que estava apaixonada e eu não correspondi.

-Pelo visto ela continua apaixonada até hoje.

-Isso não importa para mim, amor. O que interessa é se você está apaixonada e não ela.

-Sei… Confio muito em você, Du. Não deixe que eu fique desconfiada em momento algum.

-Clara, entenda uma coisa – puxei-a para que me olhasse nos olhos – jamais irei te trair. Eu te amo e não traio ninguém, muito menos a pessoa que amo.

Ela sorriu, beijou meu rosto muito próximo, aliás, quase na metade da boca e entrou na loja. Decidiu comprar a tal calça. Fomos embora logo em seguida, ela no carro e eu na minha moto. Já que estávamos ali no Iguatemi mesmo, decidimos ir para o apartamento dela que por sinal ela já tinha me dado uma cópia das chaves:

-Adoro quando me fazem surpresas na madrugada, sabia?

Essa foi a primeira coisa que fiz em um dos retornos das suas viagens a trabalho e não fui buscá-la no aeroporto porque inventei um motivo besta para discutirmos: fui encontrá-la na madrugada em casa. Minha Clara já estava dormindo, mas consegui acordá-la para nos amarmos a noite inteira.

Cheguei antes dela, ia subir, mas lembrei que ela tinha várias sacolas e precisava ajudá-la. Pouco tempo depois a Clara chegou, subimos juntas e assim que entramos:

-Vai tomar seu banho, Du, vou arrumar as coisas que comprei lá no armário.

Assim que saí do banho, a Clara entrou no banheiro e se trancou lá. Terminei de me enxugar e me joguei na cama nua mesmo – como eu adorava dormir – para esperá-la. Fiquei assistindo TV enquanto isso. Escutei a porta ser destrancada. Fiquei boquiaberta com o que vi: minha namorada com um dos conjuntos para dormir que tinha comprado. Ele era branquinho, o que fazia contraste com seu tom de pele – morena clara. Linda, simplesmente linda e pelo sorriso que lançou para mim, gostou do efeito que fez:

-Vai ficar aí só olhando, é? – me provocou.

Não pensei duas vezes, levantei e fui ao seu encontro segurando-a pela cintura. A Clara passou os braços ao redor do meu pescoço, puxei-a de encontro a mim passando a mão direita para sua nuca segurando-a firmemente e grudando minha boca na dela.

O beijo que aconteceu foi maravilhoso – como todos os outros. Foi intenso, foi ardente, apaixonado, gostoso. Arrancando gemidos de nós duas sem desgrudar os lábios. Paramos um pouco para tentar  respirar direito, olhei em seus olhos, uma lágrima ameaçou cair, sorri:

-Eu te amo. Te amo tanto que me assusta.

-Eu sei. O amor é um sentimento novo para você.

-A melhor parte é que estou descobrindo por sua causa.

Voltamos a nos beijar, dessa vez mais carinhosamente.

-Eu também amo você – disse sem ao menos desgrudar os lábios.

O beijo que estava carinhoso passou para exigente. Sua língua estava inquieta, a minha totalmente receptiva. Suas mãos estavam passando pelas minhas costas arranhando levemente, ela puxava meu  cabelo pela raiz me fazendo parar o beijo para olhá-la, sorria sedutoramente e voltava a colar sua boa na minha.

Passei a explorar seu pescoço mordendo levemente fazendo o tom dos seus gemidos aumentarem. Passei as mãos em meus seios por cima da peça, acariciei, apertei seus bicos já rijos de desejo e ela arranhava ainda mais as costas descendo até minha bunda apertando-a ainda mais contra si. Voltei a beijá-la ardentemente, parei e olhei-a com um sorriso muito malicioso:

-Amor, você está linda com essa roupa, mas prefiro sem nada.

Puxei sua blusa e em seguida tirei o micro short – ela estava sem calcinha – sorri com a visão que tive. Empurrei-a até a cama e ela se jogou batendo as costas no colchão, mas logo em seguida sentou – eu continuei em pé – e começou a explorar meu corpo com as mãos me torturando o tempo inteiro. Chegava perto do meu sexo e saia logo em seguida, quando eu fiz menção em reclamar, senti sua língua me  invadir, lamber, me deixar tonta de prazer. Apoiei uma das minhas pernas na cama para ajudar a Clara a ter mais acesso ao centro do meu prazer. Eu segurava seu cabelo, bagunçava ele todo, empurrava sua cabeça ainda mais para dentro de mim, eu não aguentava mais aquela tortura, precisava gozar e minha namorada sentiu isso intensificando ainda mais o ritmo até eu não conseguir mais me apoiar em minhas próprias pernas, me joguei na cama para recuperar minhas forças. A Clara deitou em cima de mim e ficamos trocando beijos preguiçosamente deliciosos.

Sem nem ela esperar, troquei de posição encaixando uma das minhas pernas entre as delas começando a movimentar para estimular seu sexo, não demorou muito e senti minha perna molhar com sua umidade, sorri e aumentei o ritmo. Coloquei um dos seus seios em minha boca, Clara não parava de se contorcer  sob meu corpo, isso me estimulava ainda mais. Com a mão direita percorri sua barriga até chegar ao lugar pulsante, sedento de prazer. Penetrei-a sem nenhum aviso, meus dedos escorreram facilmente para dentro dela por conta da sua excitação, apoiei meu cotovelo esquerdo ao lado da sua cabeça e levantei meu corpo o suficiente para olhar a dança dos nossos corpos. Soltei um gemido inconscientemente, o corpo da minha namorada dava sinais que estava prestes a explodir num gozo, intensifiquei o ritmo, ela abriu os olhos enterrando uma de suas mãos em meus cabelos bagunçando-os e a outra em minhas costas arranhando ainda mais:

-Vem amor, quero gozar com você.

O corpo da Clara estremeceu todo, nossos gemidos ecoavam por todo o quarto, nossas pernas estavam totalmente encharcadas igualmente com nossas barrigas, mas essas era de suor. Larguei meu peso sobre o seu corpo tentando recuperar minha respiração, respirando em seu pescoço e percebendo os arrepios que eu continuava provocando. Minha namorada passava as unhas em minhas costas e sussurrou sedutoramente em meu ouvido:

-Quero que você me coma agora com nosso brinquedo, amor.

Levantei a cabeça, sorri e levantei para buscar o objeto desejado. Vesti e fui para cima dela com a mesma ância de antes, como se ainda não tivéssemos gozado. Fizemos amor a noite inteira, em diversas posições, inclusive com várias novidades que Clara fazia questão de sugerir.

O dia seguinte era sábado, por isso que não estávamos preocupadas com o horário em dormir. Olhei para meu relógio enquanto descansava de mais um gozo que tivemos juntas: 2:49h. A Clara levantou a cabeça que estava enterrada em meu pescoço, seu corpo ainda encaixado ao meu depois de ter gozado rebolando em cima de mim usando o objeto que ela tanto gostava:

-Restou algum fôlego, Du? – sussurrou.

Sorri:

-Acho que sim, por quê?

-Por que pretendo ainda usar essa sua energia um pouquinho.

Sorriu maliciosamente sentando em minha barriga esfregando seu sexo ainda molhado em mim, abaixou e disse mordendo a ponta da minha orelha me causando arrepios. Sua voz estava rouca de desejo:

-Me come por trás, vai.

Sorri, não pensei duas vezes e deitei-a de costas para o colchão. Não sei de onde tirei forças ainda para isso, mas ela me pediu de um jeito que acabou revigorando minhas energias. Mordi o bico de um dos seus seios arrancando um delicioso gemido dela, apertava o outro com a mão, com a que estava livre, fui até seu sexo e constatei que ela estava a minha espera, continuava molhada, insaciável e muito gostosa.

A Clara realmente sabia como mexer comigo, nunca tive ninguém que gostasse e fizesse tantas coisas na cama, ela adorava os joguinhos de sedução e isso realmente me tirava do sério antecipando por várias vezes o fim do jogo porque eu a queria, eu a desejava muito para esperar o término.

Sem nem dar tempo para nada, penetrei-a com o objeto que ela tanto gostava fazendo com que ela mordesse meu ombro gostosamente. Levantei, fiquei apoiada em meus joelhos e depois reclinei um pouco meu corpo para trás e a trouxe para sentar em minhas coxas. Segurei seu quadril e a auxiliava nos movimentos de vai e vem. Minha namorada passou os braços ao redor do meu pescoço, me beijava desesperadamente. Colou a testa na minha:

-Não vou aguentar, Du…

-Agora não, amor… Tem que ser por trás…

-Não dá mais para segurar…

-Então vem amor, goza gostoso vem… Goza como só você sabe…

Não deu mais tempo de nada, o corpo da Clara estava sendo todo sacudido em espasmos. Foi um gozo longo, muito bem aproveitado, muito gostoso. Mas, não dei tempo dela aproveitar.

Deitei-a de bruços e aproveitei que tanto ela quanto o brinquedo ainda estavam molhados e penetrei o lugar que ela havia me pedido anteriormente arrancando um gemido tão alto quanto excitante. Depois que ela se acostumou com o objeto dentro dela, comecei a me movimentar, levantei um pouco:

-Fica de quatro, gostosa.

Sussurrei em seu ouvido e fui prontamente atendida. Segurei em seu quadril e a puxava de encontro a  mim lentamente, mas guiada por seus gemidos tive que acelerar os movimentos até sentir seu corpo ser mais uma vez sacudido violentamente pelo gozo e fazendo o mesmo com o meu. A Clara se jogou na cama com a respiração falha, levantei, tirei o objeto que vestia e deitei ao seu lado tirando uma pequena mecha de cabelo que caia sobre seu rosto, ela sorriu ainda de olhos fechados:

-Adoro quando você fica irracional na cama, sabia? – sussurrou exausta.

-Irracional? – não entendi.

-É! Mesmo eu lhe pedindo para fazer as coisas, a grande maioria das vezes você tem um cuidado excessivo comigo que nem sempre eu gosto. Tem horas que é bom um pouco de irracionalidade e o que você acabou de fazer comigo foi irracionalmente perfeito.

Sorri, encostei meus lábios nos dela e nos beijamos preguiçosamente:

-Vem cá, vem. Deita aqui.

Minha namorada deitou em meu ombro e dormiu logo em seguida. Meu corpo ainda estava muito agitado, fiquei fazendo um carinho nela fazendo-a sorrir mesmo adormecida:

-Te amo!

Sussurrei em seu ouvido, ela suspirou e pouco tempo depois fui vencida pelo cansaço e pelo sono.



Notas:



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