Capítulo 19

No dia seguinte fomos acordadas pelo telefone da Clara tocando insistentemente, era a Bruna a AVISANDO que o pai delas estava indo para o sítio e que queria toda a família reunida esse fim de semana. A minha namorada estava insistindo para que eu fosse junto:

-Por favor, Du… – disse brincando com um dos cachos do meu cabelo e beijando meu pescoço em seguida.

-Poxa, Clara. Vou me sentir deslocada lá.

-Deslocada por quê? Você me conhece, conhece a Bruna e a Rafa que também estarão por lá. Só falta conhecer meu pai, a Estela, o Junior, a Carla e o Paulinho. Você já conhece quase 40% da família e acho mais do que justo minha namorada ser apresentada a todos.

Cocei minha cabeça um pouco acima da nuca e me dei por vencida.

-Tudo bem, eu vou.

Como agradecimento, recebi vários beijos e abraços da Clara. Fui para o banho e ela foi comigo, resultado: fizemos amor algumas vezes até não termos mais forças para ficarmos em pé. Fomos para a cama, trocamos longos e carinhosos beijos, mas eu queria mais e sem que ela esperasse fiquei em cima do seu corpo com cada uma das minhas pernas em cada lado das suas coxas, prendendo-a.

Segurei suas mãos acima da cabeça, fiquei brincando com seu pescoço, dava leves mordidas, beijava, passava o nariz, a língua fazendo-a arrepiar-se inteira. Desci por seus seios e dando uma atenção especial a eles como sempre gostava. A princípio eram apenas carícias, mas foi evoluindo para toques mais firmes levando a minha namorada ao delírio contorcendo seu corpo sob o meu, querendo que eu a soltasse, mas não fiz. Continuei com minha tortura arrancando deliciosos gemidos, gritos de prazer e isso extinguiu toda a minha vontade de continuar a minha pirraça.

Parei o que estava fazendo, olhei-a, a Clara abriu os olhos, soltei suas mãos, sorri, abri suas pernas e mergulhei minha língua em seu intumescido sexo indo diretamente onde ela queria fazendo com que ela terminasse de bagunçar todo o lençol da cama procurando algo para segurar. Seus gemidos aumentaram, volume e quantidade, minha namorada puxava meus cabelos desesperadamente até que me presenteou com o que eu tanto queria: seu líquido quente e delicioso de prazer.

Continuei ali enxugando todo o seu sexo até que a Clara começou a gemer novamente e penetrei-a com dois dedos de uma só vez fazendo seu corpo arquear de encontro a minha língua. Fiquei provocando-a a penetrando-a ao mesmo tempo e em poucos instantes minha morena me presenteou com seu orgasmo em minha boca.

Não dei tempo dela se recuperar. Levantei, peguei nosso brinquedo, vesti, estimulei seu sexo mais uma vez com minha língua. Quando percebi que a Clara estava bem excitada, subi beijando toda a extensão do seu corpo.

Até aquele momento, ela mantinha seus olhos fechados. Abriu para reclamar, mas antes disso, sentiu algo roçar-lhe o clitóris e sorriu, sorri de volta penetrando-a. Ela fez menção em fechar os olhos:

-Não… continua olhando pra mim.

Beijei-lhe a boca ardentemente. Comecei o movimento de vai e vem, a Clara arranhava deliciosamente minhas costas, gemia no meu ouvido e em meus lábios, sussurrava palavras que quase nunca conseguia compreender por causa da sua respiração falha, mas aquilo me excitava e me inspirava para aumentar o ritmo, a força do movimento.

O corpo da minha namorada estremecia ainda mais, parou de arranhar minhas costas, segurou meu rosto e olhando fixamente em meus olhos disse:

-Também te amo.

Nossos corpos explodiram num intenso, maravilhoso, delicioso, perfeito orgasmo juntos. Retirei o objeto de dentro da Clara e joguei o peso do meu corpo em cima dela, fiquei ali respirando o perfume do seu pescoço, dos seus cabelos, tentando recuperar minhas forças, meu fôlego e assimilar o que ela tinha acabado de confessar.

Minha namorada ficou acariciando minhas costas até sermos interrompidas pelo meu celular. Resmunguei algo que nem eu entendi e rolei para o lado da cama que estava o irritante aparelho, não olhei para ver quem era:

-Diga! – disse irritada porque interromperam o momento que eu estava curtindo preguiça com a Clara.

-Bom dia pra você também, amiga. Atrapalho alguma coisa? – sorriu ironicamente.

Olhei o visor do aparelho, Clara aconchegou-se em meu corpo:

-Como sempre, não é, Rafa? – sorri e abracei a Clara com o braço que ela deitou por cima.

-Eu não acredito que vocês ainda estão em casa.

-Estamos sim, por quê?

-Por quê? Esqueceu que vai conhecer seu sogro hoje? Ele está esperando para o almoço.

Olhei para meu relógio e sorri.

-Acho que vamos chegar um pouco atrasadas para o almoço.

-Amiga, eu sabia que você é uma ninfomaníaca, mas agora está exagerando, não acha?

-Claro que não, a minha namorada também é uma.

A Clara levantou a cabeça meio que perguntando o que ela é. Não respondi e beijei-a, ela voltou a se aninhar em meu corpo.

-Xiii, fudeu! Vocês não vão sair de casa hoje.

-Calma aí tá? Eu não queria ir, a Clara me convenceu da melhor maneira. Tive que aceitar, né? Eu ia me fazer de rogada? – sorri e levei um tapa da Clara – mas, não se preocupe amiga, chegamos ainda hoje, se não for para o almoço, será para o jantar – sorri mais uma vez.

-Velho, vocês duas só pensam em sexo?

-Não amiga, pensamos e fazemos várias outras coisas, mas sexo é importante em um namoro, não acha? – sorri – e eu não posso fazer nada se a Bruna não dá conta do recado.

-Hei, não me metam na briga de vocês, sei muito bem o que faço, tá? – ouvi a voz da Bruna, provavelmente o celular estava no viva voz.

-Tudo bem, tudo bem… vamos mudar o rumo da prosa – sorri.

-Certo, que horas vocês vão sair de casa?

-É só o tempo de tomar banho e nos vestirmos.

-Beleza, mais tarde a gente se fala. Beijo.

-Beijo.

Encerrei a ligação e coloquei o celular no chão próximo a cama, virei para a Clara e beijei-a demoradamente. Quando terminamos, ficamos nos fitando silenciosamente:

-Acho que temos que sair – ela disse fazendo um leve carinho em meu rosto.

Segurei sua mão e beijei a parte externa olhando-a, sorri, levantei e puxei-a de encontro a mim para ela também sair da cama. Tomamos nosso banho repleto de carinho, nenhum mais ousado, mas com muitos beijos.

-Vamos de moto, linda?

-E como vamos levar nossas coisas?

-Minha mochila é grande o suficiente para levarmos nossas coisas que vamos usar até amanhã e você coloca nas costas, mas por causa do tamanho dela, não sentirá o peso, será apoiada na própria moto. Vamos, por favor… Por causa do problema no joelho quase não pude usá-la, confia em mim. Eu piloto melhor do que dirijo.

A Clara respirou fundo, pensou um pouco:

-Tudo bem, vamos fazer essa troca: contanto que você vá, aceito ir de moto.

Sorri e puxei-a pela cintura para lhe presentear com mais um carinhoso beijo. Arrumamos tudo o que precisávamos e seguimos em direção ao sítio do Sr. Augusto. Clara aproveitou-se da situação e ficou bem colada a mim durante todo o trajeto, cerca de 40 minutos. Sei que conseguiria fazer em menos, mas ela me pediu para não acelerar muito. Quando chegamos, realmente já estavam todos lá nos esperando, a Clara não tinha confirmado se eu ia, mas minha amiga e a Bruna fizeram esse favor de dizer que a namorada da Clara estava chegando também. Como eu fiquei? Totalmente sem graça porque todos me olhavam, meio que me analisando:

-Calma, amor. Eles não mordem.

Peguei a mochila de suas costas, a Clara segurou em minha mão tentando me passar coragem e seguimos até a entrada da casa. Só com aquela frase eu já ganhei meu dia, podia acontecer qualquer coisa que nada iria me abalar.

Entramos e todos abraçaram a Clara, me afastei um pouco para não atrapalhar e fiquei observando a cena e no fundo com certa inveja daquela família tão unida, totalmente o oposto da minha. Rafa veio ao meu encontro e ficamos conversando um pouco até aquela agonia acabar:

-Quem é essa moça que veio com você, Clarinha?

Clara virou-se em minha direção e pediu que eu me aproximasse:

-Pai, essa é a Eduarda, – segurou em minha mão – minha namorada. Duda, esse é o Sr. Augusto.

Ele me olhou sério, coçou a barba que estava por fazer:

-Então você é a responsável por devolver o brilho nos olhos da minha menina?

Sorri timidamente, cocei minha cabeça um pouco acima da nuca:

-Acho que sim.

-Então vem cá que já gostei de você.

O Sr. Augusto me abraçou demoradamente e realmente me senti protegida, confortável ali, depositou um beijo em minha cabeça:

-Bem-vinda à família! – sorriu – bom, vem que vou lhe apresentar o restante do pessoal.

E foi assim. Ele me raptou para me apresentar a Estela – sua esposa – o Junior, a Carla e o Paulinho – seu filho, nora e neto respectivamente. A Clara chegou perto de mim e enlaçou minha cintura por trás depositando um beijo em meu ombro, fomos almoçar logo em seguida. Apesar de ser quase 15h, realmente estavam nos esperando para fazer isso.

A refeição ocorreu num clima muito divertido com o Sr. Augusto contando algumas das suas histórias. Todas as vezes que a Clara era citada, ficava da cor de formiga por causa da sua cor natural que não a deixava ficar vermelha. Eu achava graça de tudo e assim passamos o fim de semana com muitas risadas, vinhos, cerveja, feijoada, carinho explicito da minha namorada.

No domingo pela manhã, eu estava na varanda sentada em um banco olhando para alguma coisa que não sei bem o que. Na realidade, não estava prestando atenção, estava pensando em toda a felicidade que a Clara estava me proporcionando até aquele dia:

-Está gostando da família?

Olhei para trás e vi o Sr. Augusto aproximando-se e sentando em um banco em frente ao meu.

-Claro, não tem como não gostar de uma família assim, tão unida – suspirei melancolicamente.

-É verdade e pelo visto a sua não é assim, não é?

-Nem um pouco parecida: meu pai mora em outro estado e a família dele é de um interior daqui da Bahia muito distante de Salvador. Não moro com minha mãe apesar dela morar na mesma cidade que eu, mas preferi sair antes que nos tornássemos inimigas. A família dela mora em um interior também, mas não tão longe. As vezes vou lá para visitar minha avó, cada tia mora em uma cidade distante uma da outra, nem nas festas de fim de ano se reúnem.

-Isso deve ser horrível.

-É péssimo, mas o que eu posso fazer, não é verdade? Tenho mesmo que ficar próxima a minha mãe que além de ser o familiar mais próximo que existe, é a única que mora aqui.

-Por que vocês tiveram que morar em casas diferentes?

-Por causa da minha orientação sexual.

-Ela não aceitou?

-Não. No início ela brigou muito, depois ficou sem falar comigo e para evitar que ficássemos inimigas, saí da casa dela assim que comecei a trabalhar.

-E como está a relação de vocês hoje?

-Hoje ela aprendeu a me respeitar, nos damos melhor do que antes dela saber qualquer coisa.

-Que bom, filha – sorriu – mas, e seu pai? Sabe?

-Sabe sim, mas aí é uma situação muito mais delicada porque envolve uma terceira pessoa que resolveu se meter em nosso relacionamento de pai e filha e estragou ainda mais. E, infelizmente, hoje ele já tem noção do que ela fez e, mesmo assim, vai se casar com ela no fim do mês, mais precisamente dia 20.

-Daqui a duas semanas, você vai?

-Não. Não suportaria dividir o mesmo espaço que aquela mulher que conseguiu virar minha vida de cabeça para baixo em menos de dois dias.

-Percebi que esse é um assunto que não lhe agrada, não é verdade? –  concordei com um   gesto de cabeça – então mudemos de assunto.

-Ótima ideia – sorri.

-Senhora Eduarda, quais são suas intenções com minha filha? – perguntou de supetão.

Sorri.

-Estamos nos conhecendo ainda, mas nunca fui tão feliz assim com uma mulher, com todo o respeito, Sr. Augusto – sorri – Estou encontrando na Clara tudo o que “procurava” em uma namorada, em uma mulher. Não preciso citar suas qualidades porque o senhor deve conhecer muito bem, não é verdade? – sorri mais uma vez.

-Vou te fazer uma pergunta e quero que você esqueça que sou seu sogro – sorriu – e me   responda com toda a sua sinceridade – consenti com um gesto de cabeça – você já pode dizer que a ama?

Nesse momento a Clara aparece na varanda:

-Hei, estão armando um complô contra mim?

Disse isso vindo em nossa direção, depositou um beijo estalado na bochecha do pai e sentou em meu colo de lado, descansei um dos braços em sua perna, olhei para o Sr. Augusto:

-Muito, o senhor não imagina o quanto – sorri.

-Imagino sim, Duda. Está escrito em seus olhos – dizendo isso se levantou com um sorriso em seus lábios e depositou um beijo em minha cabeça e outro na da Clara.

-Perdi alguma coisa? – Clara estava confusa.

-Nada demais, linda. Só estávamos conversando e ele queria saber quais eram minhas intenções com você – sorri.

-É? E o que foi que você disse?

-Que são as melhores possíveis – sussurrei em seu ouvido passando a mão em suas pernas.

-Duda! – olhou para os lados – alguém pode nos ver.

-Tudo bem, mas a noite quero compensar essa recusa de agora, viu?

-E será muito bem compensada – sorriu.

Fomos para a rede e ficamos abraçadas até que pegamos no sono e só acordamos porque estavam nos chamando para o almoço. Decidimos ir embora por volta das 16h e fomos para o meu pequenino apartamento. Nem preciso dizer o quanto que nossa noite foi boa, não é verdade? Boa não, foi perfeita como sempre. A Clara mais carinhosa do que nunca – se isso era possível. Minha vontade de estar perto, de acariciar, de dar toda a atenção do mundo aumentava com o passar dos minutos que eu ficava ao seu lado.

Percebi que ela realmente gostava de mim, confessou que me ama num momento de entrega, vi sinceridade em seus olhos apesar de transmitir muito desejo no momento. Suas atitudes também diziam o mesmo. Ela queria que eu participasse do seu dia a dia, da sua família, me adaptasse ao seu rol de amigos. Sempre inventava algo para não cairmos na rotina na cama.

Mostrou-se uma mulher super companheira quando por muito pouco não acabei com nossa primeira noite em sua casa, quando também ouviu minha desilusão com meu pai, com minha família, além de uma maravilhosa mulher na cama. Encontrei uma grande amiga, o que é fundamental para um bom relacionamento que nunca sobrevive somente de sexo.



Notas:



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