Revisão: Naty Souza e Néfer

 


 

 

— É incrível!

A chuva ainda caía com intensidade sobre a cidade. Das janelas da biblioteca, Vanieli observava o horizonte. Ela se voltou rapidamente para o interior do cômodo, mostrando um sorriso largo.

O espaço era relativamente pequeno para a quantidade de livros e pergaminhos que abrigava, porém, descobrí-lo satisfez a moça imensamente. A leitura era uma de suas declaradas paixões, visto que aprendeu cedo que as letras poderiam transportá-la para os lugares em que jamais conseguiria pisar.

O dia tinha se arrastado sombrio entre as paredes seculares, e passava do meio da tarde quando ela e a esposa se dirigiram para a biblioteca com o auxílio de Adel e Rall. Assim que lá chegaram, a falsa serva partiu silenciosamente, o velho fez uma mesura, murmurando algo em outro idioma, antes de sair da sala.

O vai e vem dos servos e sua curiosidade — nada velada — sobre as novas senhoras do castelo, causaram alguma irritação no casal. Todos se esmeravam em se mostrar prestativos, mais pelo interesse que elas inspiravam do que pela necessidade de se apresentarem assim às novas patroas.

O casal logo percebeu que teria dificuldades em manter conversas e algumas ações em sigilo, pois estariam sob constante vigilância. Ideia reforçada pelo fato de que o castelo não era tão grande quanto as histórias diziam. Contudo, era certo que a construção se destacava por quilômetros dentro do deserto do outro lado do abismo.

Era para essa extensa faixa de terra, mesclada entre as cores marrom e vermelha e intercalada por espaços rochosos, que Vanieli voltou sua atenção. A chuva dificultava uma melhor visualização, porém não ofuscava a grandiosidade da paisagem.

Ela trouxe a vista para o abismo. Sua primeira impressão, com a chegada do dia, era que o castelo e o abismo eram um só. Não deixava de ser verdade, visto que naquele ponto, o solo rochoso serviu de base para a construção do castelo e, a depender do local onde estivessem, era possível olhar para o fundo dele diretamente.

Era assustador, todavia existia alguma beleza na escuridão sombria e misteriosa da fenda.

Vanieli se escorou no parapeito, a fim de observar melhor o local onde ficava o estreito rochoso que, um dia, conectou Cardasin ao deserto, e que ruiu dezessete anos antes. Um pouco depois dele, a moça focalizou a ponte que o Rei Mardus aspirava terminar.

Ela nada entendia de engenharia, porém estaria claro para o maior dos leigos, que a construção ia de mal a pior. De fato, tinha avançado poucos metros em direção ao outro lado do abismo.

— É a primeira pessoa que vejo demonstrar tal entusiasmo com o abismo, em vinte anos. — Disse o homem sentado diante de Lenór, à mesa no centro da sala.

Ele admirava o sorriso de Vanieli, que se endireitou exibindo um ar calculadamente acanhado e se aproximou da cadeira que a esposa ocupava, descansando as mãos no encosto desta.

— Creio que devo parecer um pouco boba; sinto por isso. — Ela desculpou-se para o feitor do castelo.

Enzio era um homenzinho baixo e magro, com uma barba longa e grisalha. Seus cabelos não passavam de pequenos tufos prateados, os quais ele alisava constantemente, demonstrando o desconforto diante das novas Senhoras do Castelo.

Ele mostrou um sorriso amarelado, revelando a ausência de um dente, e recostou-se no espaldar da cadeira que ocupava. O gesto o fez parecer ainda menor aos olhos de Vanieli. Segundo ele contou, sua família servia ao Castelo do Abismo desde a construção deste. Por isso, não foram embora como a maioria das pessoas do lugar, quando o estreito desabou e o comércio com os nômades do deserto e os reinos além dele findou.

— De modo algum, Damna. — Enzio declarou, cordial. — Acho refrescante seu entusiasmo. Ele me recorda de tempos melhores por aqui.

De pé, às suas costas, estavam dois homens de idades e aparência distintas. O mais jovem deles era o comandante da guarda local, Tenente Vick. Apesar de ter sido introduzido à Lenór como sua nova comandante e senhora do Castelo, era inevitável para ele não olhar para Elius à espera de que este dissesse que tudo não passava de um engano.

Não que ele se importasse muito com quem estava no comando. Se essa pessoa havia sido enviada para o Castelo do Abismo, era apenas mais um coitado, como ele próprio. No caso, uma coitada.

O tenente Vick não acreditava nas histórias que ouvira sobre Lenór Azuti ser uma daijin. Longe do preconceito e temor que a ideia causava na maioria das pessoas, ele fazia parte de um pequeno grupo que enxergava essas mulheres como um tipo de sacerdotisas, visto que serviam a uma deusa. Exatamente por isso, duvidava que alguém assim abandonaria seus deveres no Templo de Aman para se casar com outra mulher e passar por toda discriminação e hostilidade que Cardasin poderia oferecer.

De todo modo, ter uma mulher como superior o deixava desconfortável. Afinal, fora ensinado, desde cedo, que elas eram frágeis e que cabia aos homens cuidá-las. Chegou a comentar isso com o capitão Elius e a resposta dele foi puro silêncio, como se a frase fosse tão estúpida que não merecia uma. Vick entendeu o porquê disso horas depois, naquela mesma manhã, quando encontraram os corpos dos soldados cardasinos na floresta.

— Olhares de admiração, como o seu, eram bastante comuns. Confesso, sinto falta deles. — Enzio concluiu, cofiando a barba.

Acompanhou o sorriso da moça, antes de resvalar a atenção para a esposa dela. Admitiu para si mesmo que formavam um casal bonito, embora se perguntasse o quanto daquela união era real. Por experiência própria, sabia que um casamento arranjado era complicado e exigia demasiado dos cônjuges até que eles se acostumassem à companhia um do outro.

Tampouco se importava com o fato de estar diante de um casal feminino. Coisas assim também existiam no Castelo, ainda que ninguém tivesse o hábito de demonstrar publicamente suas preferências. Eram uma comunidade pequena e, ainda que não vivessem em completa harmonia, era senso comum que o que se passava entre as paredes de um lar, — fosse ele habitado por dois homens, duas mulheres ou um casal convencional — não era da conta de ninguém. Sendo assim, Enzio não se sentia ofendido com o amor alheio. Quem dormia com quem e como, não lhe interessava.

A verdadeira razão do seu desconforto era estar diante de duas mulheres que possuíam a confiança do rei ao ponto de se tornarem sua esperança de reabrir o comércio naquele lugar esquecido. Mulheres que fugiam às regras da sociedade cardasina e que aparentavam estar bastante confortáveis nessa posição.

Ao menos, era assim que ele encarava Lenór, ante sua postura séria e objetiva. No tocante a Vanieli, ainda tinha dúvidas, visto que a moça parecia vagar entre a seriedade e a curiosidade quase infantil.

Ele também não ligava muito para quem estava no controle do Castelo do Abismo e suas terras. No fim das contas, a maior parte do trabalho recairia sobre seus ombros. Foi assim com os últimos três senhores do Castelo, a quem servira. Certamente, não seria diferente com aquelas duas.

— É para que esses olhares e sorrisos retornem que estamos aqui. — Lenór declarou, com voz ligeiramente cansada.

A comandante tamborilou os dedos sobre a mesa, observando os cabelos úmidos do capitão Elius, assim como os do tenente Vick. Ambos ainda vestiam as roupas molhadas e enlameadas, graças a ida até a floresta para resgatar os corpos dos soldados falecidos na tarde anterior.

Quando chegaram ao Castelo, Lenór ordenou que o tenente preparasse e enviasse um grupamento à floresta assim que o dia raiasse. Ela mesma teria ido com eles, se ainda não se encontrasse de cama quando partiram. Todavia, quando se inteirou de seu estado na noite anterior, ficou acertado que o capitão Elius acompanharia os homens.

Eles tinham retornado uma hora antes; e Elius nem se deu ao trabalho de trocar as roupas para ir ter com a comandante em seus aposentos. O capitão informou que recuperaram todos os corpos dos soldados, mas não encontraram nenhum corpo dos inimigos fantasiados.

O mesmo havia acontecido após o embate na beirada do abismo. Quando tomaram a direção do Castelo, ladeando a fenda, não encontraram os corpos dos inimigos que tinham acabado de matar. Deles, havia restado apenas as manchas de sangue no solo.

Já no Castelo, Lenór expôs o acontecido como um ataque de bandidos na estrada, que se aproveitaram de um momento de distração para investirem contra o grupo. Posteriormente, Elius detalhou para o tenente Vick o que realmente acontecera em relação aos soldados de Cardasin, porém manteve a história do assalto que veio depois.

Levando-se em consideração como os atacantes estavam vestidos, seria difícil explicar isso para os moradores do Castelo sem provas; e aquela gente já tinha muitas superstições. Certamente, atribuiriam aquelas “figuras” a uma delas.

Portanto, Lenór achou por bem descobrir mais sobre o assunto, antes de fazer qualquer declaração a respeito. Se aquelas pessoas estavam se dando ao trabalho de se disfarçarem, era porque tinham algo importante a esconder.

— Nosso encontro na noite de ontem foi muito breve. — Lenór começou, cruzando as mãos. — Infelizmente, não me achava com a melhor disposição. Admito que meu estado ainda inspira alguns cuidados, então tentarei ser breve. Apenas quero deixar algumas coisas claras para os senhores. Sendo sincera, esperava não ter que fazer isso aqui, mas em Cardasin estamos sempre tentando nos provar…

A mão de Vanieli escorregou do encosto da cadeira para o seu ombro. Lenor a segurou, suavemente. Pareceu um gesto muito natural entre elas, embora tivesse sido anteriormente ensaiado. Sempre que estivessem em público, deviam demonstrar um pouco de intimidade.

A comandante passou o olhar pelos rostos deles, antes de perguntar:

— Todos vocês viram os corpos dos soldados?

— Sim, senhora. — Responderam em uníssono.

— Ótimo. — Ela fez um carinho rápido na mão da esposa, mas não a soltou. — O capitão Elius lhes mostrou o corpo do soldado Dalid?

Novamente, eles confirmaram.

— Estou certa de que notaram que ele não tinha ferimentos visíveis.

O tenente Vick balançou-se, trocando o peso entre as pernas. Ele havia indagado sobre aquele corpo ao capitão, porém Elius manteve o silêncio e limitou-se a fazer um gesto que exigia pressa aos soldados. Ele não queria ficar na floresta mais que o tempo necessário para recolher os mortos e a sua pressa também era compartilhada pelos homens.

Vick limpou a garganta, falando:

— O rapaz estava completamente roxo. Havia tantos hematomas, que pensei que tinha sido ecado por uma dezena de homens. Meus soldados ficaram impressionados com isso. Bem, a carnificina em que o local se encontrava certamente impressionou a todos. Porém, o corpo desse soldado, especificamente, nos deu uma visão marcante.

Uma ruguinha cruel se formou no canto da boca de Lenór.

— Que bom. — Ela disse. — Fica mais fácil assim. Quero que se lembrem dessa visão quando pensarem sobre nós.

Fez uma pausa rápida, tomando um pouco de ar.

— Saibam que este casamento é bem real. Sinceramente, me irrita ter que ficar afirmando isso para as pessoas o tempo todo. Não, o rei não estava zombando das nossas tradições, nem querendo afrontar os clãs ou seja lá o que andam dizendo por aí. Damna Vanieli é minha esposa e eu sou a dela.

— Desculpe, Comandante, mas o que isso tem a ver com os corpos daqueles pobres coitados? — Indagou o outro homem que acompanhava Enzio. Seu nome era Draifus e era o responsável pela construção da ponte sobre o abismo.

Lenór bateu as pontas dos dedos sobre a mesa, fitando-o com um sorriso quase desumano. Mardus havia lhe falado rapidamente que contratou um engenheiro baraforniano, deixando-a impressionada com o fato, por se tratar de um nome muito famoso no continente de Amarilian.

— Acontece que o soldado Dalid e seus amigos pensavam desta forma sobre a nossa união. — Explicou ela. — Então, decidiram que o meu título de comandante de nada valia, que este casamento era uma farsa insultante aos clãs e que um sorriso amigável da minha esposa era um convite para um estupro. Compreende agora onde quero chegar?

— Isso é revoltante, senhora! — Disse Enzio, verdadeiramente indignado com a situação.

— Que bom que pensa assim, Enzio. Não vou entrar em detalhes do que aconteceu, mas os soldados mortos naquela clareira encontraram o caminho para as Terras Imortais pelas minhas mãos, entretanto, o soldado Dalid… Bem, esse teve a infelicidade de acreditar que minha adorável esposa era uma mulher indefesa.

Lenór apertou a mão de Vanieli, fazendo a moça refrear a expressão de surpresa pela mentira que acabara de contar.

— Essas belas mãos também são bastante mortais e espero que os senhores façam seus homens saberem disso. Nós não somos uma brincadeira do rei, não viemos aqui divertí-los com nossos corpos e nem estamos dispostas a aceitar insultos ou investidas degradantes.

A declaração trouxe um profundo mal-estar aos três homens.

— Nós compreendemos perfeitamente, Senhora. — Afirmou o engenheiro. — Conheço os homens com quem trabalho há muito tempo. Fiz questão de trazê-los comigo, quando o rei me contratou para terminar a ponte. São honrados e respeitosos, contudo irei reforçar seus limites em relação à conduta que se espera que tenham. Não apenas em relação às senhoras, mas em relação a todas as mulheres do Castelo.

— Fico muito satisfeita em ouvir isso, Mestre Draifus.

Ele sorriu para ela e complementou:

— Esteja certa de que eles irão se comportar, Daimini. — Ele usou um termo respeitoso, comumente utilizado para designar um membro da Guarda Real de Barafor sem fazer distinção de patentes. — Além disso, nenhum deles seria louco de provocar a ira de uma palatin. Principalmente, uma que já foi guarda pessoal do nosso príncipe.

Lenór apertou os olhos.

— Honestamente, Mestre Draifus, estou surpresa que me reconheça como guarda pessoal do príncipe Agnir. Recordo de ter ouvido sobre você, mas não de já tê-lo encontrado antes.

— De fato, nunca fomos apresentados. Entretanto, tive a oportunidade de vê-la em ação durante as provas para alcançar um lugar entre os palatins.

A seriedade de Lenór se desmanchou, brevemente.

— Isso foi há muito tempo.

O homem deu um toquinho na cabeça com a ponta do dedo.

— Nunca esqueço um rosto. — Afirmou. — E você, Daimini, não é exatamente alguém que possa se perder nas lembranças de um dia qualquer, visto que me causou uma grande impressão na ocasião.

Ele abriu um sorriso mais largo que o anterior, contando:

— Admito que quando a vi entrar na arena, a subestimei. Você era apenas uma criança e previ a sua morte. Mas eis que você se mostrou bastante resistente e perseverante. Então, nunca esqueci seu nome, nem seu rosto, e também não me surpreendi quando me disseram que havia se tornado guarda pessoal do príncipe.

Ele fez uma mesura rápida, inclinando o corpo para a frente e arrastando a mão do ombro até o peito, ao estilo de Barafor.

Havia bastante tempo que Lenór não pensava no dia em que superara seus próprios limites para se tornar uma palatin. Com efeito, era um dos poucos que poderia descrever como realmente felizes.

— Obrigada, Mestre Draifus. — Ela fez um gesto delicado. — Peço desculpas por não poder retribuir o cumprimento da mesma forma.

O homem balançou a cabeça, fazendo um gesto de compreensão. Lenór sabia, muito antes daquela reunião, que poderia contar com o engenheiro e seus homens, visto de onde eram. A fama de homem honesto e respeitoso de Draifus, além de sua extraordinária competência, fizeram dele um dos construtores mais requisitados de Amarilian. Era certo que Mardus havia desembolsado uma boa quantia para trazê-lo até Cardasin e isso também explicava a ânsia do rei em concluir o projeto.

— Tenho outros assuntos a tratar com vocês, porém devo admitir que esses poucos minutos de conversa me deixaram bastante desgastada. Achei que o assunto do nosso casamento era o mais relevante no momento, diante da situação que encaramos no caminho até aqui. — Lenór suspirou. — Estaremos convivendo por alguns anos até que a ponte fique pronta e, realmente, não gostaria de me encontrar em uma circunstância semelhante aqui no Castelo.

— Garantimos que não irá acontecer. — Prometeu o tenente Vick, ainda mais incomodado com a situação. Sua percepção da fragilidade feminina começava a ruir, ante o que viu na floresta e as revelações de Mestre Draifus. Era como se o mundo no qual cresceu estivesse ficando de cabeça para baixo.

Lenór se esforçou para ficar de pé, aceitando o auxílio de Vanieli.

— Fico satisfeita em ouví-lo. — Disse para o tenente. — Por enquanto, é só isso. Todavia, gostaria que já fossem providenciando alguns relatórios até a nossa próxima reunião. Necessito saber de Mestre Draifus sobre o andamento da obra, desde a quantidade de trabalhadores até os materiais e necessidades diretas.

Encarou o rosto bondoso do engenheiro.

— Há um novo projeto, o qual necessitamos discutir. Contudo, a prioridade é a ponte. Quanto à Guarda, quero informações detalhadas sobre a quantidade de homens no castelo, suas funções, horários de vigilância, as patrulhas, etc… — Ela fez uma pausa, demonstrando o cansaço, enquanto Vick meneava a cabeça. — Mestre Enzio, também quero saber do andamento do Castelo, cada pormenor. Se possível, apreciaria que encontrasse homens dispostos a trabalhar por um soldo justo no projeto que, em breve, espero, discutirei com Mestre Draifus.

Deixou novo suspiro escapar. Ainda se sentia fraca e febril, além de algumas partes do corpo estarem dormentes.

— Enquanto me recupero, o capitão Elius estará à frente do Castelo. Assim como eu, ele tem total aprovação do rei e foi escolhido pelo soberano, em pessoa, para esta tarefa.

 

***

 

Vanieli ajudou Lenór a sentar em uma das cadeiras junto ao fogo da lareira e foi ocupar a outra. Sentou-se devagar e ereta, prestando uma atenção excessiva no rosto corado da esposa. A breve caminhada pelos corredores do castelo a deixaram mais cansada do que a Kamarie imaginou. Percebia o suor que brotava na testa morena.

— Acho que ir a biblioteca talvez não tenha sido uma boa ideia; você não parece bem.

— Vai passar. — Lenór garantiu, puxando o cordão que fechava a túnica, junto ao pescoço, a fim de ter mais conforto.

A comandante sentia alguma dificuldade para respirar. Isso, aliado aos outros sintomas em decorrência do veneno, lhe deram uma boa ideia do que Mirord tinha passado. Ela sofrera poucos arranhões, mas ele teve uma lâmina enterrada em seu corpo várias vezes.

Nauseada, Lenór teve certeza de que a morte do irmão fora excruciante e jurou que seu assassino teria um fim equivalente.

— Então, você era a guarda pessoal de um príncipe de Barafor? — Vanieli indagou para ela e, depois, sussurrou para si mesma: — Por que isso não me surpreende?

Lenór escorregou uma mão pela cabeça, um pouco acima da orelha, justo onde eram quase raspados.

— Isso foi há muito tempo. Já lhe disse que tenho uma vida inteira de fatos desconhecidos para você. — Declarou.

— Só estou naturalmente curiosa sobre o passado da minha esposa. Não pode me culpar por isso. — Vanieli defendeu-se.

Lenór deu de ombros, fitando o fogo. Ela baixou a vista para o anel em sua mão e suspirou.

— Não a culpo. Como você disse, é uma curiosidade natural.

Ela afundou-se em pensamentos, enquanto mirava as chamas, e só saiu deles quando ouviu Vanieli indagar:

— Por que mentiu sobre o que aconteceu na floresta?

— Menti porque não quero que a vejam como fraca e, portanto, uma presa fácil. Se acharem que você fez aquilo com Dalid, pensarão duas vezes antes de tentarem se engraçar para o seu lado.

— Faz sentido. — Vanieli admitiu, totalmente ciente da sua própria incapacidade de se defender.

Impressionava-lhe a forma fria com que Lenór tratava alguns assuntos e, também, o modo como não se importava de não colher os “louros” por certas ações. Não que ela precisasse deles de todo modo.

Rememorou a luta entre ela e Dalid na floresta e, também, a descrição do chefe da guarda sobre a forma como encontraram o corpo dele.

— Falando nisso… — endireitou-se na cadeira, incomodada — Aquilo foi algum tipo de magia?

Ante a expressão confusa de Lenór, complementou:

— O que você fez com Dalid. Só vi um golpe e então ele…

Lenór sorriu com lábios trêmulos.

— Eu não sou uma maga, Vanieli. Magia é bastante comum entre os palatins, é verdade. Contudo, esse poder não existe em mim.

Deixou novo suspiro vir à tona, incomodada com a fraqueza que a tomava. Fitou o fogo, enquanto lhe ocorria a ideia de que Vanieli ansiava por uma resposta positiva. Na verdade, tinha certeza de que a decepcionou, porém a esposa soube esconder o fato com maestria, mantendo as feições inalteradas.

— O corpo humano é uma verdadeira maravilha. — Comentou, após algum tempo. — Se souber onde tocar, pode-se proporcionar o maior prazer que alguém já teve na vida ou a morte mais dolorosa.

Ajeitou-se na cadeira e sorriu de lado.

— Mas não vou revelar todos os meus segredos no primeiro mês de casadas. — Brincou. — Você ainda nem me contou sobre a sua magia.

O assunto trouxe um visível desconforto para Vanieli, cujas mãos envolveram os braços da cadeira com força.

— Fale sobre isso quando e se quiser. — Lenór declarou, relaxada.

Na verdade, estava muito curiosa a respeito, contudo, não esperava que Vanieli se abrisse completamente para ela, assim como também não estava disposta a fazer.

— Eu sei bem como as pessoas daqui pensam e agem sobre a magia. Contudo, quero que saiba que eu não tenho medo e você também não deveria ter. Você tem um dom maravilhoso que, claramente, não sabe usar e nem tem controle. Assim como me salvou ontem, pode chegar o dia em que não irá se conter e acabará por machucar alguém.

Era uma verdade assustadora. Porém, ela não disse nada que já não tivesse passado pela mente de Vanieli.

— Me desculpe. — Vanieli pediu com lágrimas atrevidas a preencherem o olhar. Todavia, elas não caíram.

— Eu não quero que se desculpe. — Afirmou a comandante, incomodada com a tristeza dela. — Você não é um monstro como essa gente pensa que todos os magos são. Você só precisa de orientação. Infelizmente, eu não posso ensiná-la a usar a magia, contudo posso mostrar como atuar com calma em situações tensas. Seu medo salvou a minha vida, mas como disse antes, algum dia ele pode acabar matando alguém. E, talvez, essa vítima não seja uma pessoa ruim.

Lenór não estava sendo rude, tampouco falava com a intenção de magoá-la. Na verdade, suas palavras foram bastante suaves. E a aceitação nelas fez com que Vanieli desabasse num choro silencioso. Contudo, as lágrimas que derramava eram muito diferentes das lágrimas de desespero, que costumavam tomá-la sempre que pensava na magia que não sabia controlar. De fato, a possibilidade de machucar alguém era o seu maior medo.

Como fez na beirada do abismo, Lenór foi até ela e a abraçou. Vanieli aspirou o cheiro dos cabelos dela, relembrando o dia anterior.

— Eu odeio chorar! — Murmurou, ainda com o rosto enfiado no ombro dela. — E isso está começando a se tornar um hábito na sua frente.

Lenór afastou-se um pouco para encará-la. Enxugou as lágrimas dela com os dedos e disse:

— Espero que estas lágrimas tenham ajudado a aliviar seu coração. Guarde as próximas para um momento verdadeiramente doloroso. O qual, já adianto, não está tão longe. Assim que me recuperar, irei cumprir o nosso acordo. Vou ensiná-la a se defender. Para o seu azar, eu sou uma professora exigente. Como foi que você me chamou mesmo? Ah, “uma mulherzinha horrível”! Vai descobrir o quanto isso é verdade.

Ela se afastou completamente e Vanieli voltou a sentar, sentindo falta do conforto que encontrou nos braços dela. Desde que se entendia por gente, ninguém nunca a amparou assim, como se conhecesse seus medos e aflições.

— Você me confunde, Lenór. — Fungou um pouco, abandonando suas aflições de vez. — Às vezes, é rude como o vento de uma tempestade, noutras, serena como uma brisa. Mas, quando você encontra o equilíbrio entre essas duas faces, é que me pergunto se está se mostrando de verdade pra mim. Sei que é pouco tempo para conhecer alguém, mas é impossível não me pegar pensando nessas coisas em momentos como este.

Lenór, que também tinha retornado para a sua cadeira, respondeu:

— Soldados respondem à autoridade. Fala macia não funciona com eles. É preciso pulso forte. Todavia, sempre me acusaram de ser uma pessoa mal-humorada. Não nego isso. Contudo, entramos nessa situação juntas, e como já lhe disse antes, isso nos faz iguais. Posso considerá-la ingênua em alguns pontos, e admito que tenho dificuldades para confiar, não apenas em você, mas nas pessoas em geral. Entretanto, em relação à nossa união e o acordo que firmamos, estou me esforçando para ser o mais clara possível com você. Esse casamento e os objetivos que traçamos não podem dar certo se não nos tratarmos com respeito e se não nos permitirmos conhecer uma à outra. É claro, eu não preciso lhe contar tudo da minha vida e nem você necessita fazer isso, porém será bom nos conhecermos um pouco. 

Passou a mão na face, a fim de afastar a visão embaçada; outra consequência do veneno.

— Não precisamos ser um casal de verdade para compartilharmos um laço forte e duradouro. Podemos ser amigas. — Declarou.

— Eu gostaria disso. — Vanieli confessou.

A relação delas ainda era muito confusa, apesar dos planos e missão que compartilhavam. Todavia, se sentia grata por Lenór pensar nela daquela forma. Desejou contar isso, porém a porta do quarto se abriu, de repente, e Gael irrompeu pela passagem com um sorriso traquina. O menino trazia um gato de pelagem escura nos braços e correu para a mãe, mostrando o animal.

Como passou parte do dia na cama, Rall manteve o menino afastado dela e Lenór sentiu-se grata por isso. Vê-la prostrada em decorrência do veneno, certamente o deixaria atormentado.

— Onde conseguiu esse bicho? — Ela perguntou com um sorriso.

— O castelo está cheio deles! — Rall falou, surgindo no umbral.

Ele entrou com um inclinar de cabeça para Vanieli, fechou a porta e recostou-se na parede próxima à lareira, contando:

— Esses bichos estão por toda parte, mas esse aí nos seguiu enquanto dávamos uma volta pelo Castelo. Não vi problema dele ficar com o bichano.

Lenór concordou; afinal, Gael era uma criança solitária e ter um animal de estimação não lhe faria mal. Ela abraçou o menino por um longo tempo, antes de beijar o topo da sua cabeça com um sorriso tão leve, que Vanieli quase pensou estar diante de outra pessoa.

— Como se sente? — Rall indagou para ela.

— Preciso mesmo dizer? — A amiga retrucou.

— Se já está fazendo essa cara de quem andou tomando vinagre em vez de vinho, então está melhor ou a caminho disso. — O velho riu, arrastando outro sorriso no rosto dela.

— Você me conhece, Rall. Nada pode me prender a uma cama por muito tempo.

— É tudo uma questão de encontrar o motivo certo, menina! — Respondeu o velho, brejeiro.

Ele lançou um olharzinho malicioso para Vanieli, que estava distraída, fitando o animal nos braços do Gael. Lenór soltou o filho que, um pouco tímido, se aproximou de Vanieli que esticou a mão para acariciar o gato nos braços dele.

A comandante fez questão de ignorar a declaração do amigo. Não que Vanieli não fosse uma mulher atraente; ela era, e muito. A questão era que Lenór não era uma mulher de paixões e, raramente, compartilhava prazeres com alguém por quem não estava romanticamente interessada.

Até aquele momento, Vanieli não lhe inspirava nenhum sentimento do tipo. Sim, ela se preocupava com a moça. De início, pelo sucesso dos seus planos, porém logo percebeu que Vanieli era uma mulher inteligente e bastante obstinada, todavia inocente e crédula em relação às pessoas e acabou tomando para si a responsabilidade de orientá-la. Não apenas em prol do sucesso dos seus planos, mas também, pela própria segurança dela. E pelo modo como as coisas estavam, havia tomado a decisão correta.

Entretanto, mais importante que todas essas razões, era o fato de que o seu coração já estava ocupado.

— Já que você ignorou meu pedido de ficar em segurança na capital, espero que esteja fazendo seu trabalho. — Ela mudou de assunto e Rall riu da sua rabugice.

Ele retirou um velho cachimbo da algibeira e começou a socar no fornilho um pouco de ervas secas e trituradas, muito comuns nas Ilhas Lester, onde o hábito de fumar era bastante disseminado entre a população.

— Por quem me toma? — O velho finalizou sua tarefa, fechando a algibeira e pegando um pedacinho de lenha na lareira, o qual usou para acender o cachimbo. — Já sei de quase todas as fofocas do castelo.

Ele riu, outra vez, enquanto a fumaça adocicada do seu cachimbo se espalhava pelo ambiente, chamando a atenção de Vanieli para a conversa.

— Pensam que sou mais um servo. — Contou.

— Melhor que seja assim. — Lenór declarou. — Não quero que vejam você e Gael como uma forma de me atingirem.

— Nah! — Rall fez um gesto de descaso. — Só sabem que ele é meu neto, nada mais. Já conversei com ele e garanti que, se alguém perguntar pela sua mãe, diga que não tem. É um garoto esperto. Pode não gostar de falar, mas sabe se comportar.

Ele passou pelo neto, bagunçando os cabelos negros deste. Foi até à mesa perto da janela e pegou uma das cadeiras em volta dela. A arrastou até onde as mulheres e o menino estavam e sentou.

— Bem, não há muito a dizer até o momento. Sei quem está casado com quem; quem anda traindo e outras bobagens. Contudo, quando toquei no assunto da ponte ou dei a entender certa curiosidade sobre as histórias da tal maldição neste lugar, todo mundo se calou. Precisavam ter visto! Parecia que eu tinha anunciado uma morte.

Rall fez uma pausa longa, pitando seu cachimbo. Fitava o vazio, como se tivesse deixado a mente se perder entre milhares de pensamentos. Nesse meio tempo, Gael deixou o gato com Vanieli e pediu colo a Lenór, que mesmo sentindo um pouco de dor, não quis dizer não ao garoto.

O velho voltou a focalizar as duas mulheres com a testa franzida.

— Posso estar sendo tolo, mas acho que tem algo errado neste lugar. Ainda não sei o que é, mas tem. Essa gente está escondendo algo. Ouvi comentários, algo sobre a lua cheia, porém ninguém me explicou nada. Só sei que todos estão apreensivos.

A comandante balançou a cabeça, pensativa. Ela também tinha percebido algo estranho nas pessoas. Mesmo os três homens com quem conversou naquela tarde, pareciam receosos e ela estava certa de que sua chegada não era o motivo.

— Não se preocupe, — falou, enfiando os dedos nos cabelos do filho, carinhosa — Adel trará respostas, creio.

— Você quer dizer “Aisen”. — Vanieli falou, revelando que sabia sobre a verdadeira identidade da moça.

Ela mostrou um sorrisinho insolente para eles e Lenór deu de ombros, como se já esperasse por isso.

— Aisen está morta, Vanieli. Ao menos, é conveniente que pensem isso, por enquanto.

— Por que não me contou?

— Porque acreditava que ela estava mesmo morta até a manhã da nossa partida da capital. Mardus tem a irritante mania de só revelar o que lhe é conveniente e nas horas mais impróprias. O que eu poderia ter feito, exceto, anuir e apresentá-la como nossa serva pessoal? Você ainda acreditava que eu era ela e esse era outro mal-entendido que não tinha encontrado uma oportunidade de desfazer.

— Por que o rei não contou isso antes? — Vanieli tornou a questionar.

Uma expressão dolorida surgiu na face da comandante, antes dela soltar o ar dos pulmões e responder:

— Questionei o mesmo. Aisen me contou que esteve bem perto da morte e passou as semanas que antecederam nosso casamento lutando para retornar à consciência, o que só aconteceu um dia antes do matrimônio. Não sei se você notou que ela aparenta estar cansada a maior parte do tempo, é magra e pálida demais.

— Sim, eu notei. Todavia, isso não a impediu de lutar e matar aqueles homens na floresta.

Lenór sorriu de lado e Rall soprou uma lufada de fumaça, dizendo:

— Um animal selvagem, continua selvagem mesmo estando doente. — Ele riu baixinho e apontou para Lenór com o cachimbo. — Não se engane, Damna, sua esposa pode estar ferida e ainda sofrendo os efeitos daquele veneno maldito, mas se inimigos invadissem este quarto agora mesmo, Lenór estaria pronta para o combate num piscar de olho. Estou errado?

Ele fez a pergunta para a amiga e ela se limitou a responder com um dar de ombros tranquilo. Rall concluiu:

— Um soldado deve ser incansável. Somente a morte pode pará-lo. Se ainda é possível respirar, é possível lutar. — Ele ficou de pé e despejou as cinzas do seu fumo na lareira, ciente do olhar de Vanieli.

A moça o observava de um forma quase incômoda. Rall não era um homem forte. Na verdade, era bem mirrado. Vanieli o viu lutar na floresta com muita habilidade e força, apesar da idade avançada. Entretanto, não conseguia enxergá-lo como um soldado. Em contrapartida, ela não duvidava do que ele disse sobre Lenór.

Mesmo que a esposa se mostrasse muito séria e totalmente desinteressada em forçar essa visão nas pessoas, exceto quando achava necessário se firmar diante dos soldados, ela tinha aquela aura de guerreira implacável, que irradiava poder e arrastava olhares admirados por onde passava.

— Não se iluda, Vanieli, — a comandante tornou a se manifestar — Adel está sofrendo também. Você é muito observadora em certas situações, contudo acaba se tornando um pouco relapsa quando desgosta de alguém. Percebi que se sente desconfortável na presença dela e isso a fez ignorá-la por boa parte da viagem.

Fez uma pausa, enquanto Gael saltava do seu colo para circular pelo quarto. Lenór recostou no espaldar da cadeira, apoiou o braço e descansou a bochecha no punho fechado.

— Talvez, se tivesse deixado de lado esse sentimento de desagrado por alguns momentos, pudesse ter notado que, às vezes, ela deixa escapar expressões de dor, suas mãos tremem constantemente e tem alguma dificuldade de locomoção após ficar muito tempo sentada. Entretanto, assim como eu, Adel é movida pelo desejo de vingança e não vai deixar que algumas gotas de veneno a impeçam de obtê-la.

Outra vez, Lenór a fazia se sentir uma criança com meia dúzia de palavras. Todavia, não deixava de estar certa quando a acusou de ter sido negligente em suas observações, porque Adel a deixava incomodada e, portanto, se esforçou para interagir com ela o mínimo possível.

Lenór a arrancou da sua bolha de arrependimento e autopiedade ao fazer um gesto suave para Rall.

— Já que tocou no assunto, Rall, que tal me fazer um favor?

— Sou todo ouvidos.

A comandante pegou a faca que trazia na cintura e atirou para Vanieli. A arma caiu no colo da moça, que a encarou confusa.

— Minha esposa precisa de um professor até que eu me recupere. Quanto antes ela aprender a se defender, melhor.

— Ora, será um prazer. — Rall piscou para Vanieli e Lenór o repreendeu:

— Não faça essa cara de bobo. Não quero que seja gentil com ela.



Notas:



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7 Respostas para 9.

  1. Maravilhoso!!!
    Como todos os outros capítulos.
    Pena que Lenor ainda não está vendo Vanieli com outros olhos, acho que a Vanieli é quem vai correr atrás da comandante kkkk

  2. Que história incrível!!!
    Comecei lendo como quem não queria nada, porque gostei da capa… agora estou aqui, querendo um capítulo por dia e torcendo para que seja uns trezentos e sessenta e cinco capítulos. rs
    Muitos mistérios e a cada capítulo uma revelação.
    Encantada com os personagens, mas principalmente com as duas mulheres, é claro. Lenor com seu jeito ranzinza, mal humorado, bruto e principalmente misterioso, mas que aos poucos e somente para quem merece ver, vai se revelando uma mulher sensível, carinhosa e cuidadosa com os seus. Vanieli, que no início achei um pouco rebelde e interesseira, vai se revelando uma mulher com sofrimentos contidos, cheia de medos e também sensível, mas ao mesmo tempo forte e decidida.
    Não vejo a hora dessas duas se encontrarem nos corações uma da outra. Arrisco dizer que quem perceberá o amor primeiro será Vanieli, já está quase lá. Ciuminho de Adel, sentindo cheiro dos cabelos de Lenor… hum, sei não! rsrs. Lenor está com o coração ocupado com a mãe do pequeno Gael? Se for, que bom que Rall torce para que ela se encontre no amor novamente. E por falar em Gael, histórias que tem crianças é meu ponto fraco. Amo. Elas sempre trazem leveza. Lenor se transforma quando ele aparece, e vanieli se apaixona um tiquinho mais, apesar de ainda não perceber, rs.
    Não se assuste autora, é que quando eu leio, viajo mesmo, rsrs

    Parabéns!! Pela história e pelos desenhos.
    Beijo

    • Oi, Fabi!

      Não se preocupe, eu também viajo muito quando estou lendo e, principalmente, escrevendo. Rs… Que bom que a capa te atraiu para a história e que o texto também tenha lhe conquistado.

      Olha, não sei nada sobre 365 capítulos… espero mesmo que não sejam, porque “A Ordem”, texto anterior a este e que deu origem ao universo dele, teve 58 capítulos. Já disse por lá, que nunca escrevi tanto na vida. kkkk… De qualquer forma, também prevejo uma história longa para o Castelo do Abismo, contudo, não tão longa quanto “A Ordem”. Mesmo assim, espero fazer dele um texto tão atraente e interessante quanto.

      Espero que continue acompanhando. Me deixe saber o que tá achando.

      Beijo e obrigada pelo comentário.

  3. Continuo amando, adoro qdo acerto no sentimento sobre um romance.

    Parabéns, Táttah, tá mto bom…

    Bjs,

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