O alvo da flecha que Dimal disparou, não era um soldado. Em vez de penetrar carne e ossos, a seta encontrou abrigo em um tronco seco no meio da clareira. Os zaidarnianos não prestaram atenção nisso e seguiram correndo rumo ao inimigo. E se tivessem reparado, não faria a menor diferença no que estava prestes a acontecer. O tronco estava encharcado de óleo e foi tomado pelas chamas em poucos instantes. 

Lenór cruzou as mãos às costas e esperou. Ao seu lado, Mardus limitou-se a um suspiro profundo antes de dar as costas para a clareira e caminhar em direção à floresta. À sua passagem, os soldados se dividiram, enquanto um pequeno grupo o ladeou, para escoltá-lo de volta ao Castelo do Abismo.

Ele faria seu discurso e retornaria ao castelo de imediato, foi o acordo que fez com Lenór. Somente assim ela permitiria sua presença no campo de batalha. Ele não ousou discordar; se o fizesse, era provável que a amiga o aprisionasse até tudo acabar e, pelo pouco que havia visto no caminho até ali, nem mesmo a sua coroa seria capaz de fazer os homens sob o comando dela obedecê-lo.

Não interessava se essa lealdade foi alcançada através do medo, admiração ou respeito. Ainda que não tivesse realizado a reconstrução da ponte com o deserto, no fim, Lenór obteve sucesso no Castelo do Abismo, onde muitos fracassaram.

Na clareira, o fogo se espalhou rapidamente, percorrendo veios de óleo escondidos no chão, formando assim, cortinas de fogo que dividiram o campo em quadrantes. Grupos de soldados ficaram isolados e indefesos.

— Arqueiros! — Lenór chamou, e os soldados em questão se adiantaram, formando duas fileiras.

A primeira fileira se ajoelhou, abrindo espaço e visão para que a fileira de trás também pudesse atuar.

— Atirem à vontade — a comandante ordenou e, instantes depois, centenas de flechas cruzavam o ar até encontrarem os homens no campo.

***

— Dêem a volta! — ordenou o Rei Dakar.

— É certo que nos esperam — disse o General Randor.

— Então, se prepare para isso e não perca suas tropas! — berrou o soberano, restou ao homem obedecer. Dakar se virou para Lorde Vans e o chefe da sua guarda pessoal, Vildis. — Essa maldita mulher se acha muito esperta, mas eu também tenho uma surpresinha para ela. Vocês sabem o que fazer.

Os dois homens cruzaram olhares e perguntaram:

— Tem certeza, meu rei? Isso pode ter um efeito negativo nas tropas.

Dakar sabia disso, mas não se importava. Era o rei, sua palavra era a lei.

— Preparem-se! — falou.

***

O som de um assobio longo atravessou o dos gritos de guerra e de morte. Era o som da flecha de um dos muitos vigias escondidos nas árvores que contornavam a clareira.

— Estão dando à volta — Dimal traduziu a mensagem para Lenór, embora não precisasse.

— Eu queria acreditar que esse homem era um bom estrategista, depois de toda a artimanha ao longo das últimas duas décadas, mas ele está se mostrando um grande idiota.

— Hum, isso vai acabar logo.

Lenór afastou a vista do combate para olhá-lo.

— Então, que assim seja.

O palatin fez uma pequena careta, antes de gesticular para um grupo de soldados, atrás deles, e entrar na floresta.

***

Ali perto, seguros entre as árvores em uma pequena elevação de terra, Lorde Arino afirmou:

— É um massacre.

Ele desviou o olhar para a filha, agachada ao seu lado, e não se surpreendeu por vê-la tão serena diante do que assistia. De fato, Vanieli havia mudado muito naquele ano. Não concordava com a sua presença ali, mas já não tinha qualquer autoridade sobre ela e suas decisões.

Ao seu lado, Lorde Kanor e o protetor Darlan optaram por manter o silêncio. O primeiro, por não ser capaz de admitir que estava impressionado com o que via a filha renegada fazer; o outro, porque não se importava.

— Ainda não… — Vanieli respondeu, com a certeza de quem conhecia cada pormenor dos planos da esposa, nos quais tinha auxiliado.

Havia um grande pesar em sua voz. Pois, como Lenór afirmou, não existia beleza na guerra.

— Isso me faz achar que há mesmo uma chance de vencermos — Arino pensou alto.

O que disse arrancou um sorriso torto da protetora do rei, que acompanhava-os. Assim como o irmão, ela não era de falar muito, mas naquele momento, não se poupou de dizer algo que Lenór havia repetido inúmeras vezes nos últimos meses:

— Uma boa estratégia supera os números de qualquer exército.

Como se estivesse concordando, a pequena Aneirim miou aos pés de Vanieli, o que fez Lorde Kanor resmungar:

— A estrangeira eu entendo, a Kamarie também, mas o que inferno esse gato está fazendo aqui?

— No momento, ouvindo seus questionamentos estúpidos, “meu sogro” — Vanieli não escondeu seu desprezo pelo homem. Como poderia? Sempre que olhava para ele, imaginava mil maneiras de fazê-lo pagar pelo mal que fez à Lenór.

Ao contrário de Arino, Lorde Kanor não desgostava da presença de Vanieli naquela batalha. Talvez, os deuses lhe sorrissem tirando a vida dela e da filha bastarda da sua, já falecida, segunda esposa. E tudo poderia voltar a ser normal no reino, pelo menos, no tocante aos Kamarie e Azuti.

Como se pudesse ler seus pensamentos sombrios, Aneirin protestou através de um sibilar, em que mostrou os dentes pontiagudos. Vanieli passou a mão sobre a cabeça dela, carinhosa.

— Eles estão vindo — um soldado se aproxima para informar após receber a notícia de um vigia.

Lorde Arino se endireitou, cruzando o olhar com Kanor.

— Parece que é a nossa vez — o Azuti se mostrou satisfeito, estava ávido pelo combate.

Antes de partirem, o líder Azuti olhou para Lenór uma última vez. Assim como ela, também usava no rosto a pintura vermelha de guerra do Clã.

***

Caminhando pelos flancos da clareira, entre as árvores centenárias, os zaidarnianos que tentavam dar à volta no campo para surpreender o exército inimigo foram pegos na, já esperada, emboscada. Só não imaginavam, que seria daquela forma.

O exército cardasino, naquele ponto da floresta, não estava no chão. Em vez disso, os soldados se dividiam em plataformas de madeira e galhos grossos das árvores, a quase vinte metros do chão. Na esperança de causar o máximo de baixas possível no exército inimigo e, consequentemente, poupar seus próprios soldados, Lenór e seus conselheiros desenvolveram uma estratégia de combate diferente para aquela área, onde as árvores eram tão próximas e a folhagem tão espessa, que escondia os galhos e impedia a passagem da luz solar.

A jovem Adali Baruk estava em uma dessas plataformas. Havia um medo absurdo percorrendo suas veias naquele momento, entretanto, também sentia a mesma quantidade de orgulho e euforia. E estava consciente de que era o mesmo para as suas companheiras, espalhadas pelas outras árvores.

Ela olhou para o seu capitão, Dimal, cuja respiração estava perfeitamente normal após a corrida até ali e escalada na árvore. Quase não podia notar os contornos dele, na escuridão que os cercava.

— Com medo? — ele perguntou, não apenas para ela, pois havia mais duas soldadas com eles.

— Apavoradas — Adali falou por todas. — Mas isso não nos faz covardes.

— Ótimo — Dimal respondeu.

Se houvesse luz ali, Adali e companhia teriam visto um raro sorriso no rosto dele.

— Ser covarde e ter medo são coisas bem distintas. O medo faz parte de nós e nos ensina a sobreviver. Covardia é apenas uma escolha, é saber o que deve ser feito, mas preferir não fazê-lo. A morte em combate é a glória, não temam ela. Em vez disso, levem o terror para os seus inimigos.

No espaço estreito que compartilhavam, ele inclinou-se para ver melhor a massa de homens que atravessava a floresta.

— Senhor? — sussurrou uma das soldadas.

— Ainda não — ele respondeu, esperando mais alguns segundos para dar o sinal positivo.

Segurando a espada, Adali tateou a corda amarrada a um galho, um pouco acima das suas cabeças, enquanto outra companheira pegava o arco e atirava uma flecha na folhagem de outra árvore à frente. Uma pequena faísca acendeu naquele ponto e a herdeira do Clã Baruki finalmente agiu. Com um golpe seco, ela cortou a corda e um grande pote de cerâmica despencou no meio dos soldados zaidarnianos se espatifando e deixando as chamas, que a flecha acendeu, entrarem em contato com o seu conteúdo.

Aconteceu muito rápido. Visando causar o maior dano possível, o pote não continha apenas óleo, ele também foi preenchido com pontas de flechas. Assim, quando explodiu, homens foram jogados para longe, outros foram queimados e alvejados. E não demorou muito para que ataques semelhantes ocorressem em várias partes da floresta.

Desnorteados, os zaidarnianos de pé buscavam pelo inimigo, ainda invisível aos seus olhos. E assim, uma pequena chuva de flechas se abateu sobre eles, ao passo que grupos de homens e mulheres do exército cardasino desceram as árvores para dar fim aos que sobraram.

***

Não muito longe da clareira, marchando atrás do exército zaidarniano, os lordes Taniel e Aulos ouviram as explosões.

— Acho que é o nosso sinal, Lorde Aulos.

— Já estava na hora — disse o outro, olhando para os soldados em volta.

Acreditavam que nenhum dos lordes conhecia a totalidade dos planos de Lenór e Vanieli, nem mesmo seus pais. E, quando a comandante lhes falou que parte dos soldados zaidarnianos iria desertar, eles riram. Mas o que lhes pareceu um absurdo, provou-se verdade. Ao longo do caminho encontraram muitos soldados inimigos, homens que não tiveram vergonha de assumir o medo e deixaram o combate em nome da própria sobrevivência.

Como lhes foi ordenado, os dois lordes e seus exércitos reivindicaram as armas deles e permitiram a passagem segura rumo ao seu reino natal. Algo que Lorde Taniel achava intragável, visto que preferia matar a todos. No entanto, Aulos o fez refrear seu ímpeto assassino. Já havia ficado bastante claro que Lenór Azuti não deixaria uma falta como aquela passar e, naquele momento, era mais saudável para suas imagens como líderes de clãs, serem odedientes.

— Ainda me custa acreditar que isso está acontecendo — Taniel confessou.

Lorde Aulos dirigiu o olhar para ele, sem deixar à mostra suas emoções.

— Deixe para pensar nisso mais tarde. Vamos ao combate antes que ele acabe sem que a minha espada sequer receba uma gota de sangue. — Pegou o chifre em sua cintura, levou aos lábios e soprou, anunciando sua chegada para os aliados.

***

O fogo foi diminuindo gradativamente e os zaidarnianos, reorganizados, começaram a avançar sobre os corpos dos mortos. Já não havia tanto entusiasmo em seus rostos, nem gritos de guerra. Quando eles alcançaram o meio da clareira e ultrapassaram a linha das chamas, alcançando um terreno firme e seguro, Lenór finalmente descruzou os braços e retirou as espadas da cintura.

— Cardasinos, ao combate! — berrou ela, que não tinha um discurso encorajador na ponta da língua, como seus comandantes barafornianos costumavam fazer, mas acreditava que ser a primeira a correr para a luta era um grande incentivador para os comandados.

Assim, ela liderou os homens em carreira desabalada até o inevitável choque de armas e corpos. As lâminas gêmeas perfuraram corpos e deceparam mãos, pernas e cabeças à medida que ela avançava entre os inimigos. E no meio do embate, Lenór ainda conseguiu vislumbrar, com orgulho, o resultado do rigoroso treinamento que aplicou aos soldados lotados no Castelo do Abismo. De longe, eram os mais implacáveis entre as fileiras cardasinas e seguiam seu avanço de perto.

***

Na entrada da clareira, o Rei Dakar rilhava os dentes de ódio, enquanto Lorde Vans não conseguiu esconder sua perturbação ante o massacre que assistiam. Desde o início, o rei e seus generais disseram que seria uma batalha fácil, pois os cardasinos eram fracos e haviam trabalhado para deixá-los ainda mais fracos.

Contudo, fraqueza era algo que não existia naquele exército.

O general Akires também assistia ao combate com gritante espanto, ainda que se esforçasse para não demonstrá-lo diante dos seus homens. Ele e seus homens seriam os últimos a cruzarem o campo de batalha quando tudo estivesse terminado. Por enquanto, era sua função proteger a retaguarda do rei, caso os cardasinos conseguissem dar a volta na clareira para investir por trás. Talvez, se tivesse antecipado a possibilidade de que o exército inimigo já estava marchando às suas costas, a sua participação no combate tivesse sido menos medíocre. Pois, quando o som do chifre de Lorde Aulos se espalhou pelo lugar, ele perdeu qualquer noção do que fazer para evitar que seus homens fossem dizimados.

Enquanto isso, Lorde Vans assumiu a proteção do rei, assim que seus guardas pessoais começaram a avançar no terreno, fazendo algo que era proibido em seu reino e punível com a morte: usando magia. Os Sentinelas das Sombras, como eram conhecidos, se aproximaram do combate, liberando pequenas e mortais bolas de magia, as quais atingiam inimigos e aliados.

Dakar havia aberto mão do seu segredo mais bem guardado para vencer aquela batalha, e não importava que seu próprio exército sofresse baixas por isso.

***

Em outro canto da floresta, os Lordes Kanor e Arino comandavam seus homens em um combate que se mostrou bastante difícil, apesar das armadilhas incendiárias. Os soldados comandados pelo General Handor, eram muito resistentes e ávidos pela vitória.

O próprio general parecia um adversário insano, massacrando seus inimigos como se não passassem de bobos bonecos de treino, até que resolveu se provar ao enfrentar os dois lordes cardasinos ao mesmo tempo. Ele conseguiu causar sérios ferimentos em ambos, mas toda a coragem e habilidade não foram suficientes contra os dois adversários.

***

Quando os primeiros ataques mágicos começaram a ser lançados, Lenór ordenou que seus homens recuassem até uma distância segura. Havia limites para o uso e alcance da magia e enquanto estivessem fora desses limites, ficariam bem. Entretanto, ao recuar, abriram espaço para o avanço do exército inimigo.

Porém, ao enviar seus magos para o combate, Dakar revelou-se um mentiroso e traidor do seu próprio povo. Em vez de incutir nos soldados o espírito da força e da vitória, fez deles homens assustados e revoltados, afinal, suas leis e tradições condenavam a magia e, no entanto, lá estava o rei rodeado por pessoas que, muitas vezes, ele próprio chamou de abominações e incentivou o extermínio e prisão.

— Zaidarnianos, eis a verdadeira natureza do seu rei — berrava Lenór a plenos pulmões.

Ao contrário dos seus comandados, ela não recuou. Nunca teve a intenção de fazê-lo, tampouco. Queria estar perto o suficiente do exército inimigo para ser ouvida e entendida.

— Ele é um mentiroso, ladrão, assassino e traidor das suas próprias leis e crenças. Ele aprisionou e assassinou seus pais, filhos e irmãos porque eles despertaram a magia. E, enquanto isso, treinava aqueles que se destacavam para serem seus guardas e assassinos pessoais. É a esse homem que querem servir?

Os magos continuavam seu avanço pelo campo. Os zaidarnianos fugiam à sua passagem e aqueles que captaram a mensagem da comandante cardasina compreendendo todo o peso delas, fizeram sua escolha ao dar as costas e marchar para fora da linha de combate.

Indignado, Dakar gritou ordens para os magos:

— Matem esses traidores!

De repente, os Sentinelas das Sombras pararam de andar e voltaram seu poder para seus conterrâneos. Algumas mortes foram inevitáveis. Contudo, a maioria dos soldados zaidarnianos foi protegida, pois uma grande barreira de gelo surgiu entre os soldados e os magos.

Houve confusão em ambos os exércitos.

— Capitão, a comandante é uma maga? — perguntou um tenente para Elius, assustado com o que via.

Elius desviou o olhar do que se passava para perguntar:

— E se ela for, o que isso significa para você?

Os soldados em volta se entreolharam, intimidados com seu tom.

— Eu não sei, senhor. Desde que as duas estrangeiras nos ajudaram durante o ataque daqueles monstros ao Castelo, ando bem confuso sobre isso. Magos são mesmo maus ou são apenas pessoas como quaisquer outras, com temperamentos, medos e instintos diferentes? — o rapaz lamentou parecer tão indeciso sobre isso.

— A-acho que, se a comandante for uma maga, não temos o que temer — disse um jovem soldado. — Se nos desejasse mal, ela já teria feito algo. Em vez disso, nos treinou, protegeu e trabalhou duro para manter este reino unido durante o desaparecimento do rei, enquanto nossos nobres só se importavam em brigar pelo trono.

Houve um pequeno burburinho de concordância entre os homens mais próximos e Elius sorriu de lado, dizendo:

— Não, a Comandante Azuti não é uma maga, mas aquelas duas são.

Ele apontou com o queixo para Vanieli e Dalise, que uniam-se a Lenór no centro da clareira.

— Você tem certeza disso? — Vanieli perguntou para a esposa.

A possibilidade de terem de enfrentar os sentinelas e protetores de Dakar, sempre foi real para elas. Por isso, tentaram desenvolver um plano de ação. O principal problema dele era que não tinham outros magos para auxiliá-las, além de Aisen. Melina era uma ordenada, não se envolveria num combate, exceto, como curandeira. Já Voltruf, deixou claro que sua ajuda tinha limites. Ela até apreciaria lutar, porém, entendia que essa briga não lhe pertencia e sua presença entre as fileiras cardasinas poderia piorar as coisas, visto sua origem florinae.

No entanto, a chegada de Dalise e Mardus deu novo fôlego às suas ideias. Infelizmente, Aisen não participaria deles.

Um pouco antes de partirem para a floresta, a daijin expressou para Lenór o desejo de colocar um ponto final em sua história com Yahira. A comandante, mesmo correndo o risco de estragar seus planos, a liberou. Aisen teria ficado, se Lenór insistisse em lhe recordar o juramento de lealdade que fez, mas a comandante compreendia os seus sentimentos e desejos, mesmo que ela nunca tivesse lhe contado os pormenores do que aconteceu entre ela e Yahira.

— Não, mas agora isso não importa mais — respondeu, por fim.

— Não ouse morrer esta noite, Lenór Azuti! Sou capaz de seguí-la até as terras imortais apenas para puni-la por isso.

Lenór sorriu, guardando uma das espadas na bainha.

— Morrer não está nos meus planos. Garanto. Afinal, quero te pedir em casamento daqui um ano!

Dalise arqueou a sobrancelha, sem entender aquela conversa. Elas já não eram casadas?

— Será que vocês podem deixar essa discussão para depois?

— Claro! — Lenór respondeu e, sem aviso, sapecou um beijo no rosto de Vanieli. — Para dar sorte — disse e correu em direção ao grupo de magos.

Dalise a acompanhou e Vanieli fechou os olhos, trazendo para os lábios as palavras que Voltruf lhe ensinou alguns dias antes.

Protectiare num!

Um pequeno círculo de luz surgiu no chão e cresceu até envolver as três mulheres e os magos, prendendo-os em seus limites. Nada vindo do exterior, poderia ultrapassar as barreiras daquele círculo. Da mesma forma, nada poderia fazê-lo a partir do seu interior. A única maneira de encerrar aquela conjuração, era se Vanieli quisesse ou, se ela viesse a morrer.

Vanieli engoliu em seco, pegando os bastões que trazia na cintura. Encostou as pontas deles, que se encaixaram com perfeição, formando um cajado. Naquela tarde, enquanto se despedia de Voltruf como sua mestra, a florinae a presenteou com os bastões.

O armeiro do Castelo não é dos melhores, mas fez um bom serviço com as instruções que lhe dei — ela dissera para Vanieli. — Poder criar um bastão de gelo ou mesmo um chicote de água é muito útil em um combate, mas demandam um uso contínuo da magia para manter sua forma. Consequentemente, seu desgaste poderá ocorrer mais cedo e, talvez, em um momento de vida ou morte. Esses bastões serão úteis e eficientes contra armas comuns e magia agressiva. Durante a forja, adicionei algumas gotas do meu sangue e magia.

Vanieli não entendia bem o processo que ela descreveu, porém, compreendia que o sangue de um mago, misturado ao aço de uma arma, podia forjar armas poderosas como as espadas que Lenór usava.

Mesmo assim, ela temeu o que estava por vir. Baixou o olhar para a pequena Aneirin, que naquela batalha seria a sua protetora. A gatinha retribuiu o olhar e miou tranquilamente. Vanieli assustou-se, pois, pela primeira vez, havia conseguido compreender o que ela dizia:

Vai ficar tudo bem.



Notas:

Oi, gente!

Tudo bem com vocês?

Desculpem-me por algo que se tornou comum em O Castelo do Abismo,  a demora nas atualizações.  Eu estou me esforçando pra retornar a ela. Já disse isso aqui, passei por uma fase bem complicada de desânimo com a escrita, não apenas com o Castelo, em outros projetos também.  Autores também são gente, sabem? Se não estamos bem a imaginação não flui. O maior culpado disso, no meu caso, se chama trabalho, o qual mandei pelos ares porque estava roubando meu sossego e saúde mental.

Agora, levando a vida mais tranquilamente, estou conseguindo voltar a me dedicar aos pequenos prazeres da escrita. Não prometo voltar aos capítulos semanais, mas irei postar com mais frequência. Além disso, estamos perto do fim.

Beijos e xêros!




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10 Respostas para 41.

  1. Tattah,
    Não precisa pedir desculpas, estamos encantadas com teu mundo maravilhoso, é claro q queremos caps, mas entendemos q não és maquina. E aguardamos o q for preciso pra chegar ao fim dessa estória maravilhosa.

  2. longe de mim reclamar seus capítulos chegam pra mim nos momentos mais críticos chegam como bálsamos avisando que vai passar ainda não entendi como mas funciona kkkkkk

    • Nossa, Rose!

      Acho que este foi um dos melhores comentários que já li sobre as minhas histórias. É muito bom saber que, de alguma forma, o que escrevo te ajuda.

      Espero que os seus momentos críticos passem logo e que tudo fique bem.

      Beijos!

  3. Olá, tudo bem?

    Tudo no seu tempo para a sua criação, querida Autora, mas o prazer é muito grande em lê-la!

    Post Scriptum:
    ”Não existe nada mais poderoso no mundo do que a ideia que chega na hora certa. ”
    Victor-Marie Hugo,
    escritor e político francês
    [1802-1855]

    • Obrigada, Kasvattaja!

      Sei que a demora é chata, mas fico feliz que ainda não tenha desistido de O Castelo do Abismo.

      O prazer é todo meu por ter a sua companhia.

      Beijos!

  4. uhuuuuuu 🙌
    Atualização!
    e o melhor com a batalha em pleno derramamento de sangue inimigo.

    Que bom q esteja melhor! Saúde física e mental sempre em primeiro lugar.

    • Valeu, Blackrose!

      É sempre importante saber quando você chegou ao seu limite. 😉

      Que bom que curtiu o capítulo. Espero trazer mais emoções em breve.

      Beijão pra tu!

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