Como tudo o que é bom dura pouco, não demorou para que chegássemos ao meu destino…
–Então é nesse prédio onde você mora? Até que eu não moro muito longe daqui… -a ruiva disse após estacionar o carro em frente ao meu prédio.
–Na verdade o apartamento é do meu irmão, estou morando com ele por enquanto desde que terminei com a Pietra. Antes morava com meus pais, mas eles me expulsaram por causa da minha sexualidade.
–Entendi… Então, a Srta. está entregue.
–Muito obrigada mesmo por tudo, Ágatha. -disse tirando o cinto de segurança, pronta para sair do automóvel o mais rápido possível.
–Calma, loirinha! É minha impressão ou tá querendo fugir de mim? Minha companhia te desagrada tanto? -aqueles olhos castanhos me encaravam profundamente e pela primeira vez não fugi daquele contato visual.
–Não é nada disso, podem nos assaltar, apenas acho que se ficarmos por mais tempo aqui pode ser perigoso… -disse gaguejando.
–Tem razão, pode ser muito perigoso para você Giovanna. -Ágatha disse se aproximando mais ainda de mim. -Você é muito inocente e alguém mal intencionado pode se aproveitar de uma loirinha ingênua e linda. -aquilo já não estava me irritando, mas sim estava começando a gostar desse flerte descarado.
–Cuidado que você pode pagar pela boca, advogada. A loirinha aqui sabe fazer muitas coisas que até Deus duvidaria. -disse me aproximando cada vez mais, nesse ponto já estava sussurrando contra seus lábios.
–Por falar em boca, já não tô aguentando ficar longe da sua.
Sem dizer mais nada, a ruiva me puxou para cima dela e começamos um beijo a principio muito calmo, bem tímido, apenas roçando os nossos lábios, a Ágatha parecia reticente se deveria continuar ou não com o beijo, ali conheci seu lado tímido, então tomei a iniciativa de entreabrir a minha boca, ela entendeu o recado, recebi aquela língua doce e quente com a maior vontade e um desejo inigualável se apoderou de nós, a timidez cedeu espaço ao tesão e já nos beijávamos de maneira gulosa, percebi que minha calcinha começava a molhar. Quando já estávamos sem fôlego, com muito custo me separei da boca de Ágatha e desci para beijar e sugar seu pescoço enquanto pressionava meu sexo que não parava de pulsar contra a sua coxa, e a ruivinha não parava de gemer enquanto acariciava meus cabelos, foi fácil perceber que o pescoço era seu ponto fraco.
Estávamos nesse amasso gostoso até que um barulho de buzina nos assustou, nos separamos bruscamente, ao olhar para trás notei que era o carro do meu irmão que queria entrar na garagem, mas não podia visto que o Honda Civic de Ágatha estava bem na frente impedindo a passagem.
–Estava tudo ótimo até que meu irmão tinha que estragar o nosso momento. -falei reclamando enquanto Ágatha movimentava o carro mais para frente.
–Talvez tenha sido melhor assim, Giovanna. Sabe lá o que poderia acontecer se continuássemos daquele jeito. -percebi que a ruiva já evitava o meu olhar, algo me disse que aquilo era sinal ruim.
–Verdade… -me limitei a dizer, só que eu não sabia o que falar. -Tenho o seu número, mas reparei que você não tem o meu número, então, se quiser, pode me arrumar uma caneta e um papel para eu anotar. -O que eu estava fazendo? Estava era implorando para ficar por mais tempo na companhia da advogada.
–Não precisa, loirinha. Você tem o meu número, então liga para o meu celular que salvo aqui o seu contato. -Ágatha respondeu rindo, com certeza estava pasma com a minha burrice.
–Desculpa, é que sou lerda e burra as vezes, até meu irmão reclama. -disse sentindo minhas bochechas corarem enquanto ligava para a ruiva.
–Eu te acho uma gracinha. -disse enquanto seu celular tocava e ela salvava meu contato. -Posso te dar mais um beijo antes de ir embora?
–É claro que sim. -respondi tímida.
Então mais uma vez nos beijamos, só que esse beijo foi mais comportado e rápido, era melhor assim antes que perdêssemos o juízo.
–Vê se não vai se esquecer de mim, você já tem meu número. -disse praticamente implorando para que pudéssemos ter um outro encontro, gostei daqueles beijos e queria muito mais.
–Prometo que não vou esquecer até porque isso seria impossível. Até breve, Giovanna!
–Até mais, Ágatha! -disse saindo do carro e observando a ruiva sumir na segunda curva a direita.
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Adentrei o apartamento com vários sentimentos presentes no meu peito, só que ao mesmo tempo ainda me perguntava se a Ágatha entraria em contato e quais seriam as intenções dela comigo, me sentia como uma adolescente de 15 anos à espera de um pedido de namoro depois do primeiro beijo.
–E essa cara de boba? Já tá apaixonada novamente? Quem foi a garota que veio te trazer em casa? É namoro ou amizade colorida? -era meu irmão me interceptando com várias perguntas quando entro na sala, era só o que me faltava.
–Não tô apaixonada, nem namorando e nem com cara de boba, apenas uma amiga me trouxe, nada demais. -respondi sem paciência para as perguntas do meu irmão.
–Nada demais? Você não consegue me enganar, irmãzinha. Seu batom está borrado, assim chego a conclusão de que você beijou. Você é a moda antiga, então pra você ter beijado na boca é porque no mínimo gosta da pessoa e sentiu borboletas no estômago, então trate de falar tudo.
–Você ganhou, Renan. Eu realmente beijei uma mulher lindíssima, mas estou muito confusa, com tanta mulher nesse mundo tinha que beijar justamente quem não deveria. -falei em uma espécie de desabafo.
–Como é? -Renan indagou interessado. -Por acaso você andou saindo com uma hétero curiosa e comprometida?
–Antes fosse, o negócio é mais complicado que isso…
Assim, em pouquíssimo tempo fiz um resumo sobre o flagra da traição da minha ex-namorada com a Ágatha, nosso reencontro no restaurante, nossa ida à balada, o modo que a ruiva me defendeu da Pietra, nosso primeiro beijo e a gama de sentimentos estranhos que ela me fazia sentir, claro que omiti sobre o desejo, tesão e excitação que aquele mulherão despertava em mim.
–Meu Deus do céu, Gi! Isso tudo que você contou dá para escrever um enredo de novela mexicana, minha irmãzinha está apaixonada por uma das amantes da ex-namorada, nem em um milhão de anos imaginaria algo assim. -meu irmão comentava estopetado com a minha situação.
–Espera, Renan! Eu não disse que estou apaixonada pela Ágatha.
–Nem precisava dizer, seus olhos te entregam pela maneira que você fala nela, acho mesmo que nem a Pietra te deixou desse jeito. -ou eu era muito transparente, ou então meu irmão me conhecia melhor que ninguém. -Você já pensou no que vai fazer?
–No que vou fazer sobre o que? -falei me fazendo de boba, mas sabia muito bem onde o meu irmão queria chegar.
–Ora, a ruiva mesmo disse que não é do tipo que namora ou firma compromisso sério com alguém, por mais que vocês saiam mais algumas vezes e fiquem, para ela isso não será namoro, ela ficará com muitas outras pessoas ao mesmo tempo e você será apenas mais uma na lista dela.
–Renan, tem certeza que você é o meu irmão mais velho que prometeu me amar e cuidar de mim? Fica falando todas essas coisas pra me colocar pra baixo. -falei triste com a constatação do meu irmão apesar de saber que era a mais pura verdade, a Ágatha não se prendia a ninguém.
–Justamente por te amar tanto preciso falar a verdade, não quero que fique criando falsas expectativas sobre um pedido de namoro que talvez nunca aconteça. -não é que meu irmão fosse pessimista, mas ele era realista.
–Sei que tem razão, e mesmo que a Ágatha namore um dia, tenho certeza que eu não seria o tipo de mulher que ela gostaria de ter ao lado, ela está mais acostumada com mulheres de atitudes e que são pra frente, não uma boba e tímida feito eu. -disse resignada encarando a patética realidade.
–Também não é assim, não fique se colocando pra baixo Gigi. Essa mulher tem o seu número, se ela sentiu algo por você não tenha dúvidas de que ela vai ligar e te procurar, caso contrário, Deus sabe o que faz e você vai seguir com a sua vida e conhecer alguém muito melhor. -meu irmão disse me abraçando.
Nos últimos dias de junho ficava que nem uma idiota encarando o aparelho celular, ansiosa para receber ligação, mensagem no aplicativo ou qualquer sinal de fumaça da Ágatha, cada vez que o meu celular vibrava meu coração só faltava sair pela boca, depois vinha a decepção quando via que não era a ruiva, também entrava frequentemente no aplicativo de mensagens e mudava meu status quando via que a ruiva estava online, tudo para ela me notar, mas nada funcionava, online ela estava, online ela continuava, sem falar comigo é claro. Rapidamente o mês de julho chegou, entrei de férias, os dias foram passando e nada de noticias sobre a ruiva.
“É que agora eu só penso em você, não é que eu esteja apaixonada. Eu tô falando sério, eu não quero ninguém, mas se você quiser, eu quero…”. Sim, escutava todos os dias essa música da Márcia e do Jerry, os dois falavam por mim.
Havia pouco mais de um mês que tinha rolado o beijo com a ruiva e falei com o meu irmão sobre a vontade de procurar a Ágatha, quase que ele me bate.
–Giovanna Andrade, nem pense em fazer uma loucura dessas. Se essa mulher sentisse algo a mais ela já teria te procurado, a Pietra já lhe fez de boba uma vez, não deixe que essa estranha faça a mesma coisa. -com esse argumento meu irmão sempre me convencia de que seria uma péssima ideia procurar pela ruivinha.
Na última sexta-feira de julho, pela noite, sair de casa e resolvi ir até a casa noturna onde a Pietra era DJ, mas meu objetivo maior era verificar se a Ágatha estava por lá e com alguma paquera nova. Estava perdida nesses pensamentos procurando a ruiva com os olhos quando senti uma mão no meu ombro.
–Olá, docinho. Posso ajudar? -me virei e dei de cara com a garçonete que havia comentado sobre o fato da Ágatha pegar várias meninas, mas não iludir ninguém.
–Oi Milena, tudo bem? -a cumprimentei com um sorriso forçado. -Gostaria de saber se a Ágatha está por aqui, gostaria de falar com ela. -sim, eu deveria estar implorando para fazer papel de trouxa, librianjos não aprendem.
–Não é que você lembrou o meu nome. -a garçonete disse com aquele mesmo olhar de me comer com os olhos. -Já tem muito tempo que não vejo a Srta. Ágatha por aqui, depois que ela e a nossa DJ brigaram, fizeram aquele barraco, simplesmente a sua namorada evaporou daqui, nunca mais voltou.
–Minha namorada? Como assim? -indaguei confusa.
–Ué, vai dizer que você e a Ágatha não começaram a namorar? Nunca vi aquela ruiva brigar por nenhuma garota desse lugar, você foi a primeira e única por quem ela fez isso, depois ela não voltou mais, então achei que estivessem namorando. -a fala de Milena fez que brotasse um sorriso nos meus lábios, namorar com a Ágatha… Seria bom demais para ser verdade.
–É impressão sua, depois daquele dia nunca mais encontrei com a Ágatha.
–O que não falta são boates nesse Estado, talvez ela cansou das garotas daqui e foi pra outro lugar.
–Sim, é bem provável. -essa era a realidade. -Foi bom falar novamente com você, Milena. Preciso ir.
–Mas já? A festa ainda nem começou.
–Por isso mesmo… -disse sem entrar em detalhes deixando aquele lugar.
Enquanto ia para casa me indagava se foi bom ou ruim não ter encontrado com a Ágatha naquele lugar, foi ruim porque a saudade apertou ainda mais, mas teve o seu lado bom… Não presenciei a ruiva beijando ninguém.
Não apenas o meu cérebro e meu coração estavam com saudades da ruiva, mas naquela sexta-feira meu sexo também reclamou a falta dela, mesmo que nunca tivéssemos ido além de uns beijos e amassos, naquela noite antes de dormir, acariciei meus seios e meu sexo imaginando a ruiva glamorosa tocando cada parte do meu corpo com suas mãos e língua, rapidamente gozei proferindo palavras de baixo calão e chamando por Ágatha.
Logo agosto chegou e com ele meu trabalho como professora de português reiniciou com força total, foi algo que me deixou completamente feliz, pois isso me deixava com menos tempo para pensar naquela ruiva que nem deveria mais sequer lembrar-se de mim.