Nosso Estranho Amor

35. Confusão, quebra-pau e verdades expostas.

Quando retornamos para a mesa, Ágatha parecia estar mais calma, só que continuava calada e com o pensamento longe. Acho que para ter certeza de que eu não fugiria dela, a ruivinha me apertava mais contra o seu corpo, só que em determinado momento o aperto foi tão forte que machucou minha cintura e eu reclamei. Essa foi a gota d’água para que outra situação desagradável acontecesse.

–Meu amor, não me aperta muito. A minha cintura já tá doendo. –disse enquanto tirava sua mão do meu corpo.

–Não sei do que estar reclamando. Eu adoraria estar no seu lugar. As mãos da Ágatha parecem ser extremamente macias. –Elisa falou chamando a atenção de todos, principalmente a minha.

–Garota, eu já saquei que desde o início da noite você tá de olho na minha namorada. Eu sou paciente, mas não fique me testando, a menos que no final consiga arcar com as consequências. –falei já sentindo meu sangue ferver.

–Não sei do que está falando. Sou namorada da Tainá, não faz o menor sentido o que você está dizendo. –Elisa respondeu dissimuladamente aumentando minha irritação.

–Tenha mais respeito pela minha namorada, Giovanna. Temos uma relação amistosa por causa da Ágatha, mas não vou permitir que desrespeite a Elisa. –Tainá falou se metendo na conversa.

–E você é uma grande corna conformada, Tainá. Sua namorada está paquerando com todas as mulheres desde que chegamos, mas está ainda mais comendo a Ágatha com os olhos. Se você é corna, problema é seu, mas não vou deixar essa puta dar em cima da minha namorada.

–Em matéria de chifres a Giovanna tem doutorado e PHD… –Débora comentou fazendo a tal Elisa rir.

–Então é por isso que ela é tão insegura com uma ruiva linda dessas, não se garante.

–Garota, para de se jogar pra cima da minha namorada ou…

–Ou então o que? Você não é capaz de nada. –Elisa comentou.

–Você não vai falar nada, Ágatha? –perguntei vendo que Elisa e Débora se divertiam às minhas custas. Os outros, até mesmo a Pietra estava séria, ninguém se metia na confusão.

–Amor, o que quer que eu fale? Não posso fazer nada…

–Então deixa que eu faço algo.

Elisa não parava de rir e esse fato me aborrecia ainda mais. Como já disse várias vezes, nunca era de me aborrecer fácil, mas quando esse fato acontecia, jamais deixava o serviço incompleto, era mais explosiva do que a própria Ágatha. Levantei tranquilamente e agarrei a namorada de Tainá pelas costas lhe puxando fortemente pelos cabelos. Estava fora de mim e com uma força que não sei de onde veio… Em questão de minutos arranquei o aplique do seu cabelo, arranhei toda sua cara, lhe dei alguns tapas e acabei dando dois socos no seu estômago, fazendo com que Elisa gemesse de tanta dor.

Queria acabar com aquela vadia ali mesmo, mas um par de mãos me afastou dela bruscamente.

–Amor, por favor, para! Esse barraco já deu por hoje. –fiquei furiosa tentando me livrar das mãos da Ágatha, mas sem sucesso.

–Agora eu vou acabar com você sua idiota. Esse estrago no meu rosto não ficará em vão. –Elisa disse partindo para cima de mim.

–Nem ouse tocar na Giovanna que eu não vou deixar. Você é mesmo uma oferecida, garota. –Pietra se prostrou na frente de Elisa evitando que ela avançasse na minha direção.

–Não se meta nesse assunto, Pietra. Deixa que sou grandinha o bastante para saber defender minha namorada. A Gi não precisa que você banque a salvadora. –Ágatha e seus ataques de ciúmes.

–Você também não tem o mínimo de escrúpulos, cala a boca. Essa menina passou o tempo todo se jogando pra cima de você. Então Ágatha… Já que não és capaz de honrar e proteger a sua namorada, deixa que eu faço isso, muito melhor do que você por sinal. –Pietra respondeu gritando.

A Ágatha já era uma pessoa explosiva por natureza, insegura com relação à Pietra, estava ainda muito mais puta da vida por saber que justamente a minha ex-namorada seria a madrinha do seu sobrinho, tudo com a concordância e consentimento do irmão, então não fiquei muito surpresa quando ela se soltou de mim e partiu com tudo para cima da Pietra. As duas já estavam a fim de se esmurrarem há muitas horas, essa foi a gota d’água.

O pior de tudo foi que a briga estava tão feia que nem o Arthur, Dani, Tainá, eu e outras pessoas desconhecidas conseguiam apartar a porrada, as duas estavam com força de outro mundo. Na primeira vez que a Ágatha deu vários tapas na Pietra, a ruiva saiu vitoriosa, mas dessa vez as coisas mudaram… Ágatha batia na DJ, mas também apanhava e não era pouco. Fiquei me indagando onde a Pietra aprendeu a brigar tão bem.

–Agora você tá feliz sua idiota? Além de roubar a Ágatha de mim, ainda faz a minha namorada brigar por sua causa. –Débora disse começando a me tentar.

–Pelo que me conste a Pietra não é, nunca foi e nunca será sua namorada. Ela não baixaria o nível a esse ponto. –rebati gritando.

–E se nós estivermos namorando? O que você tem haver com isso? Quer as duas aos seus pés? Acho que tá pedindo muito. Daqui a pouco vai dizer que tem ouro no lugar de uma buceta. –respondeu baixando o nível de vez.

–O que tem na buceta eu não sei, mas posso te garantir que minha mão é peso pesado.

Após fazer essa afirmação parti para cima da idiota da Débora. Se minha namorada e a Pietra já estavam fora de controle, eu estava muito mais. Tinha verdadeiro ódio da Débora, ódio acumulado desde a época da escola, principalmente pelo fato dela fazer a cabeça da Ana Luisa e da Nicole contra mim, e ainda por cima, provocar toda a confusão que fez meus pais descobrirem minha sexualidade, somado ao fato dela querer estragar o meu namoro com a Ágatha, e ainda por cima insinuar que está namorando a Pietra. Estava revestida de ira, há muito tempo queria dar uma surra na nissei.

Não preciso nem dizer o resultado dessa madrugada. Com todo o barraco, circo armado, fomos expulsas da boate e pela primeira vez na vida andei em uma viatura… Estava quase amanhecendo e pensem na seguinte situação. Ágatha, Pietra, Débora e eu estávamos em uma delegacia qualquer prestando depoimento, ou melhor, lavando roupas sujas na frente do delegado.

–A culpa de toda essa confusão é da Giovanna. Ela pensa que tem mel na perereca, as duas brigaram por causa dela que ainda teve a petulância de me agredir. Veja o meu estado caótico! –Débora gritava enquanto tentava se desfazer das algemas.

–Não acredite no que ela está dizendo. A Débora é uma praga na minha vida e tenta a qualquer custo estragar o meu namoro. E se eu bati na DJ de araque é porque ela paquera descaradamente a minha namorada.

–Você é uma idiota, Ágatha. Não tenho culpa da sua insegurança e se você não se garante como mulher. –Pietra retrucou.

Vieram mais palavrões e trocas de xingamentos, um verdadeiro “espetáculo”. Apenas estava morrendo de fome querendo minha cama e um banho, fora a enorme dor de cabeça que estava sentindo, resultado de uma grande bebedeira e também pela consciência pesada. Eu estava em silêncio, mas as três continuavam a se digladiar, e o delegado parecia se divertir com tudo. Determinado momento, o olhar da Pietra pousou sobre o meu, percebendo o meu silêncio, ela também se calou e se pôs a ficar me observando. Cansado de tanta confusão, o delegado nos levou para quatro celas separadas.

Nós iriamos sair dali apenas depois de pagar uma quantia bem gorda. A Pietra era muito bem de vida, então foi a primeira que saiu. Com tudo o que aconteceu, não fiquei surpresa quando o pai da Ágatha apareceu para pagar a fiança da filha e da Débora, por ele eu continuaria a mofar ali. Eu até teria dinheiro, mas estava toda enrolada com a dívida dos cartões de crédito e com a minha mudança. Ágatha disse que iria sacar um dinheiro e em breve voltaria para me liberarem.

Á Ágatha havia sido liberada, e quinze minutos depois um guarda apareceu me liberando da prisão. Achei muito rápido, mas dei graças a Deus por estar longe daquele local pequeno e sujo. Na recepção da delegacia esperava encontrar com a ruiva, mas fiquei surpresa com a pessoa que esperava por mim.

–Pietra, por que ainda está aqui? Você já foi liberada há muito tempo. –falei sem entender.

–Apenas queria me certificar de que você sairia em segurança.

–Espera… Não me diz que foi você que pagou aquela fiança, o preço era muito alto.

–Mais ou menos. Expliquei nos mínimos detalhes tudo o que ocorreu para a minha mãe, ela passou o cheque com a quantia, sabe o quanto ela te adora, acho que gosta até mais de você do que de mim. Não me diz que achou que te deixaria mofando nesse lugar?!. Jamais faria isso. –mesmo sem querer um sorriso tímido escapou dos meus lábios.

–Muito obrigada mesmo, Pietra. Não sei nem como te agradecer. Prometo que com o passar do tempo vou devolver a quantia. –respondi timidamente.

–Apenas me dar um abraço e estaremos quites. Não esquenta com dinheiro, sabe que não é problema pra mim.

Mesmo que encabulada com toda essa situação, aceitei dar um abraço na minha ex-namorada, apenas mesmo como forma de retribuir o ato generoso. Só que durante esse abraço, eis que a Ágatha aparece e entendeu tudo errado.

–Que ceninha mais fofa! Essa cena tão romântica está me comovendo ao extremo. –falou ironicamente.

–Ágatha, não é nada disso que você está pensando. –disse me soltando abruptamente dos braços da DJ. –Apenas estava agradecendo a Pietra por ter pago a minha fiança.

–Giovanna, te falei que eu é que cuidaria desse assunto. –estranhamente a minha namorada estava calma. –E você, Pietra… Se pensa que está tendo esses atos de bondade para roubar a Gi de mim, saiba que está completamente enganada. Nesse chegue está toda a quantia. Não te devemos mais nada. –Ágatha jogou o chegue na direção da DJ.

–Pois saiba que não quero nada que venha do seu dinheiro sujo sua mimada. Olha o que eu faço com esse maldito chegue. –Pietra pegou o cheque e rasgou com muita raiva em pedacinhos extremamente pequenos. –Sempre vou fazer o que estiver ao meu alcance para reconquistar a confiança e o carinho da Gi, e não é você que me impedirá.

–Sua sem noção, escrota… –quando Ágatha estava sem argumentos partia para palavras de baixo calão e odiava tal comportamento. Mas a essa altura do campeonato, eu não era ninguém para julgá-la.

–Ágatha, vamos embora. –disse lhe puxando pelo braço.

–Você não tem mais nada pra dizer? A Pietra acabou de dizer que irá lutar por ti, e você tá aí toda tranquila. –a ruiva estava totalmente desequilibrada.

-Já disse… Estou indo embora, se quiser vir comigo tudo bem, caso contrário fica aí sozinha xingando a minha ex-namorada. Por falar nisso, muito obrigada Pietra. –disse já me encaminhando para fora da delegacia e fazendo sinal para um táxi. A minha namorada logo entrou ao meu lado.

Um fator a mais para me deixar com raiva foi quando a minha namorada deu o endereço dela para o taxista.

–Ágatha, eu vou para a minha casa, não para o seu apartamento. –falei com raiva.

–Giovanna, você sabe que amanhã eu viajo. Ainda preciso arrumar as minhas malas. –a ruiva rebateu impaciente.

–Não seja por isso. Pode ir para o seu prédio, mas agora apenas quero comer, tomar banho, um analgésico e dormir. Mas tudo isso na minha CASA. –frisei bem a última palavra.

–Tudo bem Giovanna! Vamos para sua casa então. –Ágatha disse dando de ombros e se recostando no banco. Ambas estávamos exaustas.

Chegamos até minha casa no maior silêncio possível e eu fui logo tomar banho, estava exausta fisicamente e emocionalmente. Assim que sair do banho notei o cheiro de uma comida quentinha, não escondi o meu sorriso.

–Sei que você adora comida italiana, então tratei de ligar pro restaurante que vi na sua agenda.

–Obrigada Ágatha! Senta aqui comigo e vamos comer.

Apesar do clima tenso, sentamos bem próximas e fizemos nossa refeição no mais absoluto silêncio. Nenhuma de nós duas queríamos tocar no assunto passado até porque seria sinônimo de mais uma briga, e eu queria aproveitar as últimas horas ao lado da ruivinha antes de conversar sobre a minha traição, logo eu, quem sempre odiei traição, fiz a mesma coisa, e com uma namorada tão maravilhosa.

Depois de comer fui para o quarto deitar, tentar dormir um pouco.

–Ágatha, não quer dormir um pouco? –perguntei enquanto a via mexendo no celular de forma entretida e sentada na poltrona que havia ao lado da cama.

–Depois eu durmo. Também preciso de um banho e ainda preciso terminar de resolver alguns assuntos sobre o evento.

Estava tão cansada que rapidamente adormeci. Acordei com o movimento de um braço no meu quadril. Ao lado Ágatha dormia profundamente parecendo um anjo, uma deusa nórdica, nem parecia a mulher de temperamento explosivo quando estava com raiva. No mesmo instante meu coração se encheu de amor, mas ao mesmo tempo lembrava as últimas atitudes bondosas da Pietra, e minha mente deu um giro de 360°.

Etei-me quando vi que já passavam das oito horas da noite. Ágatha viajaria na tarde seguinte, e ainda precisava arrumar suas malas. Com muito carinho lhe acordei.

–Oi meu amor. Não dá pra dormir mais? –perguntou manhosa ainda com os olhinhos fechados.

–Infelizmente tá muito tarde. Você ainda precisa ir para o seu apartamento preparar as malas.

–É mesmo, já tinha esquecido. –comentou começando a se levantar. –Nos vemos no final da próxima semana então?

–Claro que não! Vou com você te ajudar a preparar tudo e vou te levar no aeroporto.

–Pensei que estávamos de mal. –Ágatha respondeu coçando a cabeça.

–Não é bem de mal, só estou chateada porque a Elisa estava te comendo com os olhos, e não me diga que não percebeu porque é mentira.

–A Tainá é minha melhor amiga, apenas não quis gerar brigas, mas em nenhum momento você me viu correspondendo às investidas dela.

–Isso é verdade… –respondi concordando.

–O que me deixa magoada mesmo é que parece que todo mundo, até a Dani e o meu próprio irmão preferem a Pietra do que eu. Tudo bem que não me dou bem com crianças, mas isso faz de mim alguém ruim? Fico pensando se um dia você vai cansar de mim e querer voltar pra ela. –nessa altura do campeonato Ágatha já estava se vestindo tristemente.

–Minha princesa, a Dani é amiga da Pietra há algum tempo, creio que seu irmão apenas quis satisfazer a vontade da namorada. Você é a melhor pessoa que conheço e eu te amo. –disse lhe dando um beijo apaixonado e sendo correspondida.

–Parece que o universo está conspirando para aproximar ainda mais vocês duas, indiretamente a Pietra já é da família. Promete que se um dia deixar de me amar e quiser ficar com a Pietra, você me falará a verdade, mas nunca me trairá? –Ágatha perguntou insegura e eu já não estava gostando do rumo dessa conversa. Eu precisava falar a verdade e era agora.

–Ágatha, eu preciso te contar uma coisa… –minha voz sumiu quando as lágrimas jorraram pelo meu rosto sem aviso prévio. Minha namorada apenas me olhava assustada sem entender nada.

–Fala logo, Giovanna. O que foi que aconteceu? Não tenho o dia todo. –a ruiva falou alterada. Ela sabia que havia algo de errado.

–Na boate encontrei com a Pietra no banheiro, odeio admitir, mas fui fraca, vacilei, eu te trair, beijei a minha ex e não sei o que teria rolado se a Dani não tivesse aparecido por lá. Tô me sentindo o pior ser humano nesse momento. –falei com o rosto mais do que vermelho e inchado de chorar. Olhei para a Ágatha e percebia apenas seu olhar em um ponto fixo da sala, mas ela não dizia nada. –Pelo amor de Deus, fala alguma coisa… Me bate se quiser, me xinga, sei que mereço, mas não fica calada!

–O que você quer que eu diga, Giovanna? Que eu estou completamente decepcionada com você? Sim, estou… –Ágatha falava tranquilamente, mas chorando nesse momento. –Apenas me fiz de besta fingindo que acreditei na desculpa esfarrapada da Daniela. Sou advogada, estou acostumada a prestar atenção nos mínimos detalhes. Precisei de muito sangue frio para não surtar no meio de tanta gente. Sua boca estava inchada, algo que acontece depois que se beija muito. O seu pescoço estava com uma mancha de batom vermelho, o mesmo batom que era da Pietra logicamente. Só não entendo porque você me usou desse jeito se a única coisa que fiz foi te oferecer todo meu amor. –Ágatha disse ainda com seu olhar decepcionado. Nesse momento lembrei da fala do tio Damon sobre usar a minha namorada como válvula de escalpe, mas meu coração sabia que não era esse motivo que me ligava à Ágatha, eram sentimentos muito mais profundos.

–Ágatha, eu… –tive minha voz cortada.

–Sabe Giovanna, as pessoas falam que o verdadeiro amor é desinteressado, agora percebo que é verdade. Nosso namoro vai terminar e você ficará livre para dar uma segunda chance à Pietra, espero de coração que possam se acertar e que ela não te traia novamente. –Ágatha disse com o rosto choroso enquanto abria a porta da minha casa. Só aí estava me dando conta do que havia feito e não lhe deixaria partir antes de ouvir minhas últimas palavras.

–Eu sei que minhas atitudes não merecem perdão, mas eu realmente desenvolvi sentimentos por você Ágatha, estou bastante confusa. Se você acha que quero terminar contigo para ficar com a Pietra, saiba que está enganada. Sou completamente apaixonada, louca por você, desde que conversamos pela primeira vez, no restaurante, não consegui parar de pensar em você um instante sequer, o período que permanecemos separadas foi um inferno, não comia, só vivia com insônia e isso nunca aconteceu comigo antes, nem mesmo quando terminei com a Pietra, mas ao mesmo tempo não posso te impedir de ser feliz e procurar alguém melhor do que eu e menos complicada. Seria muito egoísmo!. –falei enquanto enxugava minhas lágrimas.

–Nesse momento apenas queria te odiar, Giovanna… É apenas isso que você merece, o meu ódio, mas não consigo deixar de te amar, queria saber por quanto tempo iria me enganar com aquela história mirabolante da Daniela, mas você foi verdadeira, e prezo muito essa qualidade em alguém. Vamos fazer o seguinte… Eu vou viajar, quando retornar de viagem, teremos uma conversa definitiva sobre o nosso relacionamento. Não quero tomar uma decisão de cabeça quente.

–Só de você cogitar a possibilidade de não me deixar já fico feliz. –ia abraçar a Ágatha, mas claro que ela me impediu.

–Preciso ir! Nós nos veremos em breve. –minha namorada falou de maneira seca enquanto deixava a minha casa.

Finalmente, não lembrei da minha ex-namorada nesse dia, o meu pensamento girava ao redor apenas da minha ruivinha e sobre o que seria do nosso namoro. Estava decepcionada com as minhas atitudes e me odiando por ter feito alguém tão maravilhosa quanto a Ágatha sofrer, só sabia chorar.

Fui ao aeroporto observar de longe a minha ruivinha partir, fiquei em um local onde tinha plena certeza que a ruivinha não me avistaria, mas nossa mente parece que era conectada, ela percebeu meu esconderijo secreto, estranhei quando a advogada me chamou para perto de onde ela e alguns dos seus familiares estavam próximos.

Sem falar absolutamente nada, Ágatha me puxou para perto dela, abraçando-me, enquanto acariciava meus cabelos loiros. Instantaneamente nossas bocas se perderam em um beijo com gosto de incertezas e despedida, nossas línguas se acariciavam de maneira carinhosa, não ligávamos para homofóbicos de plantão.

–Não quero interromper as pombinhas, mas o seu voo já está sendo anunciado minha irmã. –Alex disse nos trazendo para a realidade.

Minha namorada não falou absolutamente nada sobre como seria nossa relação dali em diante, o jeito seria esperar que aquela semana passasse rapidamente e aguentasse o sabor da incerteza.

Com uma certa tristeza fui obrigada a ver minha namorada partir. No sábado ela estaria de volta, mas para mim seria uma eternidade. Ao mesmo tempo pensava que talvez fosse necessário ficarmos uma semana afastada. Pensava que em uma semana iria decidir quem era a dona do meu coração, e isso me deixava otimista.



Notas:



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