Não sei precisar por quanto tempo dormimos, mas eu acordei com uma voz feminina alta já dentro do quarto.>
–Ei Ágatha, por que você ainda não desceu pro jantar? O papai… –neste instante a estranha deu de cara comigo e se calou. Eu bastante desajeitada apenas puxei o cobertor para esconder minha nudez.>
–Quem é você? –perguntei super envergonhada.>
–Eu que deveria fazer essa pergunta. –a desconhecida apenas me olhava de cima a baixo.>
–Ágatha, Ágatha, acorda logo caramba! –comecei a chacoalhar a ruiva para que ela acordasse. Ela tinha o sono de pedra>
–Amor, o que foi? –Ágatha apenas balbuciava. –Já quer ir embora?>
–Ágatha, acorda logo merda! Pode me explicar o que é isso? –com a voz da desconhecida, a ruivinha mais do que depressa acordou.>
–Caramba, o que você tá fazendo no meu quarto? Não sabe mais bater na porta? –percebi a chateação da ruivinha.>
–Eu bati, mas simplesmente você não atendeu. Tá na hora da janta e o papai quer saber porque você ainda não desceu. –a estranha não parava de me olhar.>
–Por favor, eu já vou descer. Apenas me dá alguns minutos. Nada de comentar com ninguém o que você viu aqui.>
–Nem precisa pedir, com licença meninas! –assim aquela moça de cabelos castanhos saiu, deixando-nos a sós.>
Juro que quando aquela mulher saiu a minha vontade era de fazer um buraco na terra, enfiar a minha cabeça como um avestruz e nunca mais sair, estava morrendo de vergonha.>
–Gi, precisamos descer agora. Vamos jantar. –Ágatha falou na maior naturalidade.>
–Jantar com a sua família? Tá doida? Eu tô morrendo de vergonha, afinal, quem era aquela mulher que estava aqui?>
–Acabei esquecendo de apresentar vocês com toda a confusão, aquela intrometida é a minha irmã Alana, mãe do Enzo.>
–A mãe de um dos meus alunos me pega peladona na sua cama, não sei onde enfiar a minha cara. –sim, a vergonha não ia embora tão cedo.>
–Não esquenta, a Alana é muito de boa, logo ela esquece o que aconteceu. Sem falar que você é professora lá na escola, fora dela você é uma pessoa normal com uma vida pessoal.>
–Só que eu não sei como agir, tem como eu sair daqui sem sua família me vê? Alguma passagem secreta pra Nárnia?>
–Que exagero, Gi! Por favor, janta comigo, assim te apresento pra todo mundo.>
–Não sei, o que a sua irmã vai pensar de mim? E o Enzo me vendo aqui? Melhor não, Ágatha.>
–Aposto que ele vai adorar te vê, por favor, janta com a gente. –a ruiva pediu fazendo biquinho, era impossível resistir.>
–Mesmo sabendo que posso passar a maior vergonha do mundo, por você eu aceito. –respondi lhe dando um selinho.>
Para dissipar o cheiro de sexo dos nossos corpos nos banhamos rapidamente e passamos um perfume amadeirado forte e logo descemos, a cada passo dado eu ia rezando mentalmente para que a família da Ágatha gostasse de mim e que eu não passasse mais vergonha.>
–Amor, para de tremer. –Ágatha se acabava de rir.>
–Eu não tô tremendo. –respondi para a ruiva quando estávamos a pouquíssimos passos da sala de jantar.>
Mal havíamos adentrado a sala quando ouvimos um grito e alguém praticamente se jogou em cima de mim.>
–Tia Gi, você tá tão linda! O que tá fazendo por aqui? –recebi um abraço muito apertado de um pinguinho de gente.>
–Oi Enzo, tô fazendo uma visitinha surpresa. –enquanto acariciava os cabelos castanhos do menino de nove anos, com o olhar pedia ajuda de Ágatha.>
–É meninão, a sua tia da escola é minha amiga, ela vai jantar com a gente.>
–Amiga é tia? Não me engana, sou criança, mas não sou burro. –quantos anos esse menino tinha mesmo?>
–Enzo, que modos são esses? Vá já para o seu lugar na mesa. –Alana, a mesma moça que me flagrou na cama da Ágatha ralhou com o filho que foi sentar cabisbaixo.>
–Oi família, espero que não se importem, hoje trouxe uma pessoa para jantar conosco. Desculpa não ter avisado com antecedência.>
–Não começa pica-pau, sabe que com a gente você não precisa de cerimônia! –um jovem falou divertido arrancando uma sobrancelha franzida de Ágatha, deduzi que deveria ser um dos irmãos dela.>
–Galera, essa é a Giovanna…>
–Ela é minha professora de português, muito legal e muito linda, combina com você tia Ágatha. –Enzo interrompeu a apresentação de Ágatha despertando alguns risos.>
–Já sabemos que você conhece essa moça bonita, Enzo. Agora deixe sua tia apresenta-la para o restante da família. –um senhor ruivo, bem alto e muito elegante comentou calmamente.>
–Muito obrigada pai! A Giovanna é minha amiga, Gi essa é a minha família. Este homem simpático e muito bonito é o meu pai, o Sr. Gustavo, a pessoa ao lado dele apenas tem a cara fechada, mas é super gente boa, é a minha mãe, dona Michele, as duas pestes lá da ponta é o Alexandre e o Artur, do outro lado tem a Alana, ao lado dela o Geraldo que é meu cunhado, e essa criança linda, nosso querido Enzo, você já conhece.>
–É um enorme prazer conhecer vocês. –disse cumprimentando timidamente cada um deles.>
–Venha cá Giovanna! –percebi que a mãe de Ágatha me chamava, acho que ela não foi muito com a minha cara, tinha um semblante muito sério. –É um enorme prazer te conhecer, Deus escutou minhas preces e finalmente a Ágatha tomou um rumo na vida. –uma impressão muito enganosa, a dona Michele me puxou para um abraço mais apertado que o do Enzo, parecia não querer me soltar mais.>
–Maninha, eu preciso te parabenizar, você tem um gosto muito bom para mulheres. Você é uma gata, Giovanna! –fui elogiada pelo Arthur.>
–Obrigada Arthur. –respondi tímida.>
–Controla esses hormônios, fedelho! –Ágatha disse repreendendo o irmão.>
–Já chega crianças, não vão deixar nossa convidada constrangida. Vamos jantar na santa paz. –Sr Gustavo colocou fim ao bate boca que se formaria a seguir.>
Posso dizer que o jantar estava correndo na mais perfeita ordem, mesmo sem ser planejado, estava amando conhecer a família da Ágatha, estava me sentindo muito bem à vontade. Já ao final do jantar, Enzo soltou uma pergunta nos colocando em apuros, principalmente a mim.>
–Tia Gi, você sempre foi lésbica? –eu meio que me engasguei e não sabia o que dizer.>
–Enzo, não faça essas perguntas a nossa convidada. –o menino foi repreendido pelo pai Geraldo.>
–Tudo bem, eu posso responder. Na verdade Enzo, eu não sou lésbica…>
–Ué, você não é a namorada da tia Ágatha? Como assim não é lésbica? –o menino não parava de me encher de perguntas e eu não sabia o que responder. Eu namorei com homens, depois gostei da Pietra, agora estava perdidamente apaixonada pela Ágatha, mas não me enxergava como lésbica, gostava da pessoa que estivesse ao meu lado.>
–Enzo, já chega de ser inconveniente. Não é essa a educação que lhe ensinamos. –Alana repreendeu o filho mais severamente.>
–Desculpa tia Gi, não quis faltar com respeito. –o menino parecia arrependido.>
–Tudo bem, eu respondo. Talvez seja difícil para uma criança da sua idade entender, mas eu gosto de pessoas, podem ser homens ou mulheres… –estava completamente sem graça.>
–Tia Gi, então você é bissexual. Por que não falou antes? –o menino não tinha jeito mesmo.>
–Tem certeza que você tem apenas nove anos? –perguntei surpresa.>
–Sou criança no corpo, mas tenho cérebro de gente grande.>
–Daqui a pouco essa gente grande vai pro castigo se não parar de falar e comer logo. –Alana respondeu, arrancando risadas de todos, menos de Enzo.>
–Ágatha e Giovanna, vocês ainda não responderam a outra pergunta do Enzo. Vocês estão namorando ou não? –Sr Gustavo nos colocando em maus lençóis.>
–Pai, pelo amor de Deus, não nos deixe envergonhadas.>
–O papai fez uma pergunta simples, o que custa responder? –Arthur saiu a favor do pai.>
–Já que a Ágatha ficou muda vou perguntar para a Giovanna. –foi a vez de Alexandre perguntar. –Gi, vocês estão namorando? –era só o que me faltava, agora eu não sabia o que dizer, então resolvi seguir meu coração.>
–Bom, a Ágatha é uma pessoa maravilhosa e extremamente especial, gosto muito mesmo dela, mais do que vocês possam imaginar… Da minha parte seria uma honra poder namorar com ela, se a Ágatha aceitar é claro.>
–Um pedido de namoro, que coisa mais linda minha gente. –Arthur comentou.>
–Anda Ágatha, fala alguma coisa. –Geraldo falou.>
–Isso é um pedido de namoro? –a ruivinha perguntou.>
–Claro que é sua idiota, responde logo. –Arthur interrompeu.>
–Eu aceito, é mais do que óbvio. –a minha namorada saiu da cadeira correndo para me abraçar, uma cena fofa de se vê.>
–Seja bem-vinda a família Médici! –recebi um abraço carinhoso dos pais da ruivinha, agora seriam meus sogros.>
–Tia Gi, posso fazer uma pergunta? –Enzo se pronunciou.>
–Claro que sim.>
–Se você e a tia Ágatha estão namorando não precisarei mais estudar para as provas de português e terei notas altas garantidas? –contive a vontade de rir e respondi seriamente.>
–Nada disso mocinho, agora mais do que nunca você terá que se aplicar cada vez mais e ter notas boas, ser um exemplo pra sua turma.>
–Mas tia, português é muito difícil, tenho muitas dúvidas, como vou fazer isso?>
–Agora que sou parte da família vou te acompanhar mais de perto e tirar todas suas dúvidas, combinado?>
–Super combinado tia Gi.>
–Então dá um abraço aqui. –Enzo veio até a minha direção e nos abraçamos longamente.>
O jantar terminou nesse clima de descontração e muita alegria. Ofereci-me para ajudar a Ágatha a lavar a louça do jantar mesmo com os protestos dos meus sogros, era uma forma de retribuir todo carinho que recebi deles.>
Isso ta muito fofo gente
Gostei muito do capitulo
Obrigada pelo comentário, ainda tem muito mais.