Nos Corais de Veronna

Capítulo 8 – A festa do ponche

8. Capítulo: A festa do ponche.

Mia sentia-se desolada. Não estava acostumada a ser rejeitada, muito menos daquela forma. Pela primeira vez na vida sentiu-se usada. Encontrava-se na porta da cabana imaginando como atravessaria toda aquela areia até chegar ao hotel. Mesmo enfaixado, seu pé ainda incomodava, demoraria horas andando pela areia quente.
Não distante, avistou um triciclo vindo a toda velocidade na direção da cabana.

__ Vim te buscar. Aceita uma mãozinha? – Disse a sorridente Renata.
__ Claro. – Estendeu-lhe a mão.
Partiram.

__ Qual é o problema da Mabhe, heim? Ela é sempre assim ou realmente não foi com a minha cara?
__ Não liga não… Ela não anda nos melhores dias. – Fitou o pé da morena. __ O corte foi muito fundo? – Desconversou.
__ Não, mas ta incomodando pra caramba! Tinha tantos planos para hoje.- Suspirou frustrada.
__ Sempre se pode achar uma coisa interessante pra fazer por aqui. – Fitou a morena.__ Mesmo estando com o pé machucado. – Sorriu maliciosa.
__ Jura?! E será que você pode me mostrar? – Lançou um olhar sedutor.
Pararam em frente ao hotel.
__ Será um prazer. Trabalho durante à tarde, mas a noite tem a festa do ponche. É uma festa realizada no jardim do Hotel, podemos ir juntas… Você vai gostar.
__ Claro!
__ Então nos encontramos ás 20 horas na recepção, tudo bem?
__ Te vejo lá!

Já no hotel, foi ajudada por Guto a chegar em sua suíte. Mancava um pouco menos, mas o rapaz insistiu em acompanhá-la.
__ Prontinho, entregue. – Disse pondo-a sentada na cama.
__ Obrigada, Guto. Você é um amor de rapaz.
__ Que é isso dona … Digo, Mia. É sempre um prazer. – Sorriu simpático. __ Ah! Já ia esquecendo. – Tirou um caderninho de anotações do bolso. __ Aqui está a lista dos esportes radicais praticados na ilha, todos organizados pelo Hotel. Assim que se sentir em condições é só me avisar.
__ Amanhã mesmo começamos. – Olhava a lista. __ O corte não foi fundo, amanhã estou pronta pra outra. – Sorriu para o rapaz.
__ Mia, me pediram pra te comunicar que o Sr. Pierre chegará ao Brasil amanhã e deseja ter uma reunião com você pela manhã. Ele à convida para tomar café da manhã com ele e sua esposa.
__ E quem é esse? – Perguntou indiferente. O rapaz a olhou surpreso.
__ Pierre La Vi. O dono do hotel.
__ Ah ta… Eu deveria ter estudado aquela bendita pasta. – se referia a pasta de trabalho que seu irmão lhe entregara. __ Ok, pode avisar que estarei nessa reunião. Agora vou descansar um pouco, quero estar bem disposta nessa festa do ponche. – Disse empolgada.
__ Recado dado. Até mais. – Despediram-se.

Após um delicioso banho quente, Mia repousava na cama imersa em seus pensamentos, todos eles voltados a Mabhe. Que mulher era aquela que conseguia mexer com todos os seus sentidos? Que a rejeitava e a abandonava sem nenhuma cerimônia? Que era grossa e ao mesmo tempo atenciosa?
Mia não conseguiu ficar deitada. Estava impaciente. Era inevitável pensar na ruiva. Imaginou-se percorrendo com as mãos, o corpo bronzeado de Mabhe. Sentou na cama. Sentiu calafrios ao imaginar os seios rosados da mergulhadora. Levantou-se abruptamente.

__ Já sei o que é isso… Só pode ser falta! Mas hoje resolvo isso de uma vez por todas. – Andava impaciente pelo quarto. __ Renata não me escapa. – Sorriu.

Passou o restante do dia no quarto. Pegou seu laptop e tentou distrai-se na internet. Mandou e-mails quilométricos para Luna e Samantha, já que não as encontrava on-line e nem no celular.
“Devem estar aprontando” – Pensou. Depois de algumas horas adormeceu.
Já se passavam das 17:30h quando despertou. Caminhou até a sacada e espreguiçou-se olhando o mar. Tinha uma vista privilegiada de onde estava. Parou por breves minutos para contemplar o clima de fim de tarde, o mar calmo e o céu avermelhado do entardecer. Pegou sua câmera e tirou algumas fotos daquela imagem.
Ás 20:00h em ponto estava na recepção à espera de Renata. Olhou o relógio.
__ Mia Levien pontual? Sal não acreditaria.
__ Falando sozinha, Mia? – Chegara por trás da fotógrafa.
__ Não, eu só… – Deparou-se com uma morena vestida para matar. Estava clara a intenção de Renata: seduzi-la. Vestia um curtíssimo vestido preto tomara-que-caia capaz de enlouquecer qualquer pessoa. __ Uau! Você está linda. – A outra sorriu orgulhosa.
__ E você magnífica. – Lançou um olhar lascivo no decote do vestido de Mia. __ Vamos?
__ Essa noite promete. – Piscou para Renata.
A festa acontecia no grandioso jardim do hotel. O clima de sedução entre Mia e Renata, esquentava a cada minuto.
__ Quer dizer que você é fotógrafa? – Falava bem próxima a ela.
__ É o que eu gosto de fazer, dentre outras coisas. – fixou seus olhos nos de Renata.
__ Você tem os olhos mais lindos que eu já vi. – Disse completamente entregue.
Nesse momento Mia avistou Mabhe passando apressada em direção a piscina, atrás dela, um homem alto trajando um alinhado terno escuro, a acompanhava aparentemente bravo.
__ Acho que algum desses ponches não me fez bem, vou ao banheiro e não demoro. – Tentou despistá-la.
__ Não está se sentindo bem? Eu posso acompanhá-la…
__ Não precisa Renata. Estou bem… Não demoro. – Afastou-se apressada em direção a piscina.
A cena que viu a deixou indignada. O homem, que dava uns dois de Mabhe, a segurava pelo braço de forma ríspida enquanto esbravejava descontrolado.
__ Você está me machucando, me solta. – Afrontava-o.
__ Solta ela seu idiota! – Ordenou.
O homem parou o que estava fazendo.
__ Não se meta nisso senhorita, não é da sua conta. Sabe com quem está falando?
__ Sei que estou falando com um pedaço de cavalo todo engomadinho que com certeza deve ser alguém importante nessa porcaria de hotel no qual estou hospedada e totalmente disposta a fazer uma campanha contra, tão bem feita, que só os caranguejos frequentarão isso aqui. – Disse ameaçadora.
O homem engoliu a arrogância inicial.
__ Não quero escândalos no hotel. Nos falamos depois, Mabhe. – Girou nos calcanhares e partiu.
A mergulhadora a olhava com um riso tímido nos lábios. Mia se aproximou.
__ Você está bem? – Lançou um olhar preocupado.
__Estou sim. Sabe com quem você falou?- Mantinha um riso nos lábios.
__ Seu… Patrão? – Respondeu insegura. Mabhe sorriu. Era lindo vê-la sorrir. Mia se derreteu. __Ahh para de rir de mim. – Pediu encabulada.
__ Você acabou de afrontar o todo poderoso Pierre La Vi. O dono desse hotel e de quase toda ilha.
__ Sério? – Assustou-se. __ Soube que ele chegaria amanhã… – Ficou pensativa. __ Ai caramba! Eu tenho uma reunião marcada com esse cara amanhã. – Pôs a mão na testa. __ O Sal vai me matar!
__ Espera aí… Você é a fotógrafa da revista Levien Lugares? – Perguntou perplexa.
__ Se eu disser que sim, vai se afastar novamente? – Perguntou quase que suplicando uma resposta negativa.
Mabhe se encheu de ternura por aquele olhar. Tocou a face da fotógrafa.
__ Mia eu…
__ Mia? – Renata apareceu. __ Estava preocupada com você, mas já vi que encontrou alguém para curar seu mal estar. – Disse e saiu irritada.
__ Droga! – Disse irritada com a situação. __ Acho que tenho que ir atrás dela. – Pegou na mão da ruiva. __ Eu preciso conversar com você, Mabhe. Me diz onde eu posso te encontrar ainda hoje? Amanhã depois da reunião com aquele gorila e com a mulher dele, que deve ser outra arrogante, não sei se continuarei aqui em Veronna por muito tempo, preciso… – Sentiu os dedos da mulher que mais desejava nos últimos dias, tocarem seus lábios.
__ Eu vou atrás dela, confia em mim. Eu preciso que você vá descansar agora. Pode ter certeza que o dia será complicado amanhã. – A fotógrafa retirou lentamente os dedos que selavam seus lábios e apertou forte em suas mãos.
__ Promete que amanhã eu te vejo?
__Prometo. Agora vai. – Mia seguiu.
Sentiu por Renata, mas não pôde conter a felicidade de ver Mabhe tão entregue. Tão desarmada. Tomou banho e deitou-se na tentativa de adormecer. Por horas, pensou no acontecimento da noite, em especial no olhar cheio de sentimentos que a mergulhadora lhe dirigira, era pouco comparado ao que desejava, mas era tudo o que tinha. A reunião com o dono do hotel, o qual tinha afrontado veemente, era o que menos importava no momento.

A reunião.

Acordar cedo acabara se tornando um habito para Mia. Levantou-se designada a convencer Pierre La Vi de que o incidente ocorrido na noite anterior e o trabalho que desempenharia para o hotel, deveriam ser vistos como fatos isolados, afinal de contas, sua revista levaria aquela pequena ilha para todo o Brasil.
Chegou á recepção e foi atendida por Guto:
__ Mia, o Sr. Pierre e sua esposa já estão a sua espera no jardim do hotel, o desjejum será lá. Eu a acompanho.
Conduziu Mia até o local. Ao aproximar-se do lugar, Mia estacou o passo e agarrou-se no braço de Guto.
__ O que ela faz lá? – Olhava petrificada para o casal.
__ Quem? A Mabhe?… Ela é a esposa do Sr. Pierre, Sra. Mabhe La Vi.



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