22. Capítulo: L’once femme
__ Para Pierre! – Gritou a ruiva. Desvencilhou-se do marido. __ Eu estou cansada e sem o menor clima para isso. – Caminhou até a porta. __ Vamos embora agora, por favor.
O francês levantou-se.
__ Tudo bem ma belle, compreendo que teve o dia cheio, afinal, é bastante cansativo sair por aí nocauteando maus elementos. – Acariciou a face da esposa. __ Admito que até gostei de saber que tenho uma mulher selvagem em casa… Amanhã continuaremos essa conversinha.
Mabhe tratou de tirar o marido o mais rápido possível da cabana. Temia a impulsividade de Mia.
Ouviram a porta bater e em seguida o ronco do motor. Renata abriu a porta do armário com cautela, ao ver que o ambiente parecia seguro, saiu puxando Mia pelas mãos.
__ Você só pode ser louca!
__ Eu juro que mataria ele. – Disse ainda sentindo o corpo tremer de raiva.
__ Você não tem a mínima noção do perigo né? Não faz ideia de quem seja Pierre. Olha… Se você realmente quer a Mabhe, a única coisa sensata a se fazer é fugir com ela pra bem longe daqui.
__ Pois eu pretendo fazer melhor, e acho que sei como.
__ Se eu fosse você, ficava essa noite por aqui mesmo, deixa a poeira baixar…
__ Nada disso, vou para o hotel. De que ele pode me acusar? De ser lésbica?
__ Que tal de dar em cima da mulher dele?
__ Ele não tem provas disso Rê e me acusar disso seria uma ótima chance de meter um belo processo nele, mas sei que seu irmão é esperto de mais para dar um mole desse. Vou fazer as coisas do jeito certo dessa vez, Pierre La Vi não sabe com quem está lhe dando.
__ Ok, ajudo no que eu puder, mas não posso me expor. Agora vamos, já está muito tarde.
Seguiram para o hotel. Próximo ao local, Renata decidiu se afastar para que não fosse vista com Mia.
__ Ele não pode nos ver juntas ou saberá que de alguma forma eu te ajudei. – Beijou a face da morena. __ Se cuida Mia, vê se não faz besteira pelo menos ainda essa noite. – A fotógrafa sorriu.
__Prometo que vou tentar. – Beijou a testa da moça. __ Nos vemos amanhã. – Partiram.
No hotel…
Luna e Samantha estavam aflitas. Dentro da suíte de Mia, aguardavam a amiga.
__ Eu juro que se ela não chegar daqui a cinco minutos, vou atrás dela! – Luna disse olhando o relógio.
__ E se ele encontrou elas juntas? E se ele machucou a nossa amiga? E se…
__ Para Samantha! – Gritou. __ Com esse “otimismo” você não ajuda em muita coisa!
__ Só a Mia mesmo pra sair sem o celular? – Disse a nissei.
__ Já se passaram cinco minutos, vamos atrás dela. – A loira pegou a bolsa e dirigiu-se até a porta, assim que tocou a maçaneta, a porta abriu bruscamente.
__ Mia!! – As amigas disseram em uníssono.
__Oi meninas… Será que posso entrar na minha suíte? – Disse irônica para as amigas que levaram um tempo para desobstruir a passagem.
__ Você está bem? – Luna abriu passagem.
__ Estou precisando de um banho e uma noite longa de sono. – Disse tirando as roupas a caminho do banheiro.
__ Mas… Conta o que aconteceu, o cara saiu daqui transtornado gritando “eu mato aquela lésbica!” – Samantha e Luna seguiam Mia no seu trajeto ao banho.
__É Mia, conta, ficamos preocupadas. – Luna reforçou.
__Como vocês podem ver, estou viva… E pronta para contra atacar. – Ligou o chuveiro. __ Por que não vão dormir? Teremos um dia longo amanhã.
__ Dormiremos essa noite com você! Como nos velhos tempos. – Samantha disse empolgada.
__ Hã?
__Exatamente. Para o caso de algum marido traído resolver adentrar nesse quarto. – Luna completou. Só então Mia se deu conta de que as amigas estavam de pijama.
__Ah não gente! Eu preciso dormir, a cama não é tão grande. – Vestiu o roupão e seguiu para o quarto. __ E além do mais a Sam ronca.
__ Mentira! – Jogou o travesseiro na amiga.
__ E a Luna fala obscenidades dormindo, me sinto dentro de um filme pornô. – Sorriu marota.
__Agora você vai ver sua morena safada! Atacar!
Luna e Samantha pularam em cima da amiga e começaram uma tortura de cócegas. Mia sentia-se em paz perto das amigas, conseguia esquecer os problemas que a perturbavam. Pediram algo para comer, enquanto comiam, Mia, mais calma, relatava o acontecido na cabana, relatou também, quais seriam seus próximos passos. Não demorou muito para que as três adormecessem.
No dia seguinte…
A fotógrafa estava elegantemente vestida num terninho bege. Sentada numa mesa no jardim do hotel, tomava seu desjejum. Viu de longe a silhueta do homem que aguardava. Pierre La Vi caminhava em sua direção a passos firmes e largos, praticamente marchava ao caminhar. Mia respirou fundo e manteve-se calma.
De frente a mesa, Pierre lançou um olhar de desprezo para a morena, que em nenhum momento, se deixou intimidar.
__ Sente-se, por favor. – Apontou a cadeira.
__Espero que seja breve senhorita Levien.
__ Certamente serei. – Fixou o olhar no homem a sua frente. __ Soube que por um motivo que realmente desconheço, ontem o senhor saiu gritando pelo hotel que “mataria aquela lésbica” que no caso, sou eu… – Pierre não esperava ser abordado de forma tão direta, diante a sua surpresa, Mia continuou. __ Eu gostaria que o senhor esclarecesse alguns pontos cruciais nessa frase. Partindo do ponto em que fui ameaçada, mesmo que indiretamente, eu não só desejo, como exijo uma explicação coerente. – Terminou a frase sem desviar o olhar ou dar algum sinal de insegurança. Tinha a voz firme e pausada, seu olhar pesou sobre o francês, que num gesto visível de desconforto, afrouxou o nó da gravata.
Escondida num arbusto, Renata observava-os de longe. Mabhe, vendo a cunhada à espreita, aproximou-se.
__ Rê o que você está… – Assustou-se com a cena que presenciou. __ O que aquela maluca está fazendo ali?
__ Não sei, também me assustei quando vi, mas vou descobrir agora. – Discou o número de Luna.
Pierre soube no primeiro momento que conheceu Mia, que se tratava de uma mulher forte e segura. Ponderou as palavras que usaria para respondê-la, caso contrário teria sérios problemas.
__ Sei bem aonde quer chegar, senhorita e te asseguro: Não se sairá bem. Desista enquanto está sendo agraciada com a bondade da minha paciência. – Mia arqueou a sobrancelha.
__ Luna, o que vocês estão pretendendo fazer?
__ Estamos apenas conhecendo o campo inimigo.
__ Vocês estão é cutucando onça com vara curta. – Mabhe arrancou o celular da mão da cunhada.
__ Luna venha agora tirar sua amiga daquela mesa! – Ordenou.
__ Sinto muito Mabhe, mas não posso fazer isso. Relaxa que a Mia sabe o que faz…Ah! E a propósito… A onça ali é ela!… Beijinhos, tchau. – Desligou.