Nos Corais de Veronna

Capítulo 19 – Verdades de um coração ferido.

19.Capítulo: Verdades de um coração ferido.

Mabhe e Mia caminhavam lado a lado. Mantinham um silêncio conveniente para ambas. A tarde nublada fizera com que os banhistas procurassem outros meios de lazer, o que tornou a praia deserta. Quando as primeiras gotas começaram a cair, apressaram o passo, como ainda estavam distantes da cabana, foram pegas pela chuva na metade do caminho.

__ Nossa! Essa chuva não era pra agora, não temos onde nos abrigar. – Disse a morena.
__ O melhor que temos a fazer é correr, a cabana não está tão longe.

A chuva surgiu com toda força. Começaram a correr em busca de abrigo. Mia via a ruiva correndo ao seu lado e não pôde deixar de notar o quão sensual ela ficava com aquelas roupas molhadas grudando em seu corpo, os lindos cabelos rubros que colavam em sua nuca, pequenos detalhes que a enlouquecia de desejo. Ao chegarem à cabana, Mabhe retirou uma pequenina chave do bolso e abriu a porta.

__ Fica aqui, vou pegar toalhas pra nos secarmos.

Assim que a mergulhadora saiu, Mia lembrou-se dos momentos que passaram naquele lugar, do seu joguinho de sedução. Riu ao recordar como Mabhe ficara vermelha ao vê-la nua.

__Posso até imaginar o por quê desse sorriso. – A ruiva chegara enrolada numa toalha, estendeu outra para Mia, que pegou e se dirigiu para um pequeno quarto a fim de se trocar.

Ao voltar, viu que Mabhe medicava o punho.

__ Posso ajudar?
__ Não precisa, não fez muito estrago, aposto que ele está pior. – Parou o que estava fazendo e observou melhor a morena que estava em sua frente enrolada numa felpuda toalha. __ Não me lembro de ter visto tanto pudor da sua parte da ultima vez que estivemos aqui.
__ Não era necessário ter feito aquilo, eu sei muito bem me cuidar. – Desconversou. Procurava não fitar os olhos da mergulhadora.
__ Eu não suportei ver ele te agarrando daquele jeito. – Buscava os olhos de Mia.
__ Mas isso não lhe diz respeito. – Conseguiu encarar os olhos da ruiva. __ O meu corpo não lhe diz respeito, seja ele tocado contra a minha vontade ou não.
__ Você sabe que isso não é verdade.- Olhou a morena com desejo. __ E o seu corpo sabe disso melhor que você.
__ Você acha que sabe tudo sobre mim não é? Acha que tem o controle dos meus sentimentos, dos meus desejos.
__Não dos seus sentimentos, mas eu sei exatamente tudo sobre esse desejo que te consome toda vez que me ver. – Avançou um passo na direção de Mia, que deu meia volta e procurou se afastar. Ela seguiu atrás. __ Quem apagou esse teu fogo heim? – Disse exaltada. __ Não pode ter sido a Luna, ela está com a Renata, eu sei, não sou boba, diz! – Sorriu de nervoso. __ Eu sabia que aquela história de apaixonada era tudo besteira, eu que caísse nesse seu joguinho de conquistadora barata…

Mia ouvia calada tudo que Mabhe tinha a dizer, essa, por sua vez estava diante de uma Mia Levien que nunca tinha visto antes: Calma, serena e controlada.

__ Pronto? Terminou? – Ao ver que a ruiva havia calado, continuou calmamente. __ Sabe qual é o seu problema Mabhe? Você não acredita na sinceridade do meu amor, mas crer fielmente no desejo que sinto por você. Sim, eu te desejo… Desejo como nunca desejei ninguém, mas eu quero mais que isso de você, mais que o seu corpo, mais que o seu gozo, mais que sua pele roçando na minha… Acontece que pra você é mais cômodo ter o que o meu corpo possa oferecer, mas isso eu já sei, o que eu ainda não sei é se isso é medo de me amar, então prefere usar o meu corpo pra estar ao menos perto de mim, ou se você apenas me deseja e nada mais. – Pausou na esperança de uma resposta de Mabhe, essa apenas baixou os olhos. __ Sabe… – Sentiu os olhos encherem de lágrimas. __Eu não te culpo se você só quer transar comigo, eu já fiz isso tantas vezes, com tantas mulheres, mas de uma coisa tenho a consciência limpa: Sempre respeitei os limites dos sentimentos das pessoas. Cansei de correr atrás de você, simplesmente cansei… Nossa! Fiz um monte de loucura em tão pouco tempo pra conquistar esse amor. – Afastou-se da ruiva, dando-lhe as costas, respirou fundo buscando forças para contar-lhe tudo que a sufocava. Quando sentiu-se preparada, voltou-se para Mabhe, que ouvia atentamente cada palavra da fotógrafa.
__ Eu fui capaz de fazer, uma das minhas melhores amigas, simular um afogamento  numa ideia idiota de aproximá-la de você para que assim eu pudesse testar seus sentimentos e saber um pouco mais da mulher que eu tanto amo.
__ Você o que? Não… Não acredito, você não está falando sério…A … A Luna é sua amiga? Aquilo tudo foi mentira? – Buscou os olhos serenos de Mia.
__ A Luna veio a Veronna a meu pedido. Tudo foi uma grande mentira, um jogo para tentar te conquistar. – Mabhe pôs a mão na boca num ato de perplexidade, correu seus olhos para os de Mia, que permanecia calma.
__ Isso é loucura. – Conseguiu em fim dizer.
__ Uma grande loucura que não deu muito certo, você se irritou, quis me ter da pior forma possível, me acusou de te usar pra acabar com os traumas do meu corpo, me ofendeu e me descartou friamente e o que me dá mais raiva disso tudo é que quando te vejo, não consigo sentir raiva de você… Me diz, se isso não é amor, eu desconheço totalmente esse sentimento.
__ Mia eu…
__ Mas que chato não é mesmo! Lá venho eu novamente com esse papo cansativo de amor, afinal de contas a única coisa que te interessa, é isso. – Deixou a toalha cair.



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