14. Capítulo : Cruelmente linda
A noite de Veronna fora abrilhantada com uma linda lua cheia. A praia já recebia seus primeiros convidados para o luau. Mabhe, junto a Renata, se ocupava dos últimos detalhes da festa. Desde o ocorrido na trilha, tratavam apenas de assuntos profissionais.
__ Por favor, Renata, preciso que organize uma equipe para acender as tochas que iluminam o caminho do hotel ao luau. O vento apagou algumas e os novos hóspedes estão tendo problemas em chegar à festa. – Comandava Mabhe.
__ Vou providencia agora mesmo. – Virou-se. Andou alguns passos e voltou-se novamente para Mabhe. __ Mabhe… Sinto falta da nossa amizade. Me perdoa, eu não sabia que ela… – Deu uma pausa. __Enfim, não vamos deixar que nada estrague isso, eu gosto muito de você. – Renata falava insegura, temia que fosse rejeitada, Mabhe sabia ser muito fria quando desejava.
A ruiva abriu os braços convidando a cunhada a um abraço caloroso. Renata abriu um sorriso e correu para abraçar a amiga.
__ Estou contigo pro que der e vier, viu? – Sussurrou no ouvido de Mabhe enquanto a abraçava. A ruiva desfez o abraço e fixou seus olhos azuis nos de Renata.
__ Rê onde você quer chegar? – Mabhe já sabia do que Renata se referia. Perguntou na inocente ilusão de estar enganada.
__Apenas quero que saiba que pode contar comigo pra qualquer coisa. –Segurou as mãos da cunhada. __ Vou cuidar das suas tochas. Nos vemos depois. – Beijou o rosto da ruiva e partiu.
“Nunca me senti tão em evidência. Será que está tão estampado assim?” – Pensava enquanto caminhava pelos arredores do luau.
De longe avistou a causa dos seus problemas. Mia sorria ao lado de Guto, a quem se tornara um “fiel escudeiro”. Ela estava linda. Sorria de forma tão solta, tão inocente e ao mesmo tempo maliciosa, essa era sua maior característica. Estava de cabelos soltos, não que não fosse sexy com seu rabo de cavalo, mas quando ela soltava seus cabelos negros, tornava-se majestosa.
__ Cruelmente linda. – Disse sem pensar.
__ Que crueldade há na beleza de Mia? – Renata chegara sem ser notada. Mabhe assustou-se.
__ Há quanto tempo está aí? – Perguntou aparentemente calma tentando disfarçar o susto que levara.
__ O suficiente. – Disse naturalmente. Mabhe sorriu e voltou a observar Mia. __ Me responde… Por que “cruelmente linda?”. – Ambas conversavam sem tirar os olhos da fotógrafa.
__ Porque me afeta, me atormenta, me tortura. – Disse sem se importar em esconder o que na verdade estava nítido: O poder que Mia exercia sobre ela.
__ Nossa! Que flagelo. – Disse irônica __ Conheço uma santa padroeira que pode te livrar desses tormentos aí.
__ Mesmo? – Entrou na brincadeira. __ E quem é essa?
__ Nossa Senhora Maria Anastácia Levien, protetora das mergulhadoras apaixonadas. – Sorriu.
__ E das instrutoras perdidas. – Mabhe completou maliciosamente.
__ Assumo que caí em tentação, mas não foi a paixão que me moveu. – Virou-se para a amiga. __Eu estava cega de desejo por ela e não nego que eu corria um grande risco de me ver perdidamente apaixonada se… – Retirou uma mecha de cabelo que cobria os olhos de Mabhe. __ Se eu não visse a dor de um amor reprimido impresso nos seus olhos. – Mabhe baixou os olhos.
__ Eu estou perdida, Renata. – A morena levantou-lhe o queixo.
__Não Mabhe… Você acabou de se encontrar.
__ Você sabe o que seu irmão é capaz de fazer se descobrir.
__Por quanto tempo mais você vai deixar de viver por medo de Pierre? Enfrente-o, Mabhe. Ele é o “todo poderoso” aqui em Veronna, saia daqui, fuja com ela!
__ Você ficou maluca? Quem te garante que a Mia me ama? O que te faz pensar que eu não sou mais uma das tantas que já passaram na vida dela?
__ Sinceramente? – Seus olhos buscaram Mia na multidão. __Os olhos dela.
__ Ah me poupe Renata! Eu não sou mais uma adolescente boba que jogaria tudo pro ar por conta de meia dúzia de palavras ensaiadas e olhar de cachorro que caiu da mudança. Olhe pra ela.- Voltou a fitar Mia, que no momento era rodeada por lindas mulheres. __ É uma caçadora! Quando consegue o que quer, se aproveita do que interessa e depois abandona. – Renata balançou a cabeça negativamente.
__ Meu irmão te tornou uma mulher amargurada e medrosa. Como pode julgá-la dessa forma se você nem teve coragem de tentar?
__ Esse assunto já deu o que tinha que dar por hoje, Renata. Preciso ver se está ocorrendo tudo bem no luau. – Retirou-se.
Horas depois…
__ Droga Luna! É apenas um luau, não tem nenhuma passarela por aqui. Dá pra você vir logo ou vou precisar de um reboque pra te tirar desse quarto? – Mia falava irritada ao celular.
__ Anastácia tenha calma! Você ficou muito chatinha depois que se apaixonou. Só estou dando os últimos retoques. Foi você mesma que disse que queria uma “loira avassaladora” nesse luau.
__ Eu disse isso há cinco horas. Já estou me contentando com uma “loirinha bonitinha”. – Disse impaciente. __ Não demora, se não vou te buscar. – Desligou.
Meia hora depois…
Mia respirou aliviada quando viu sua amiga. Luna arrancava suspiros e por onde passava, pessoas abriam caminho. Vestia um de seus fatais e curtíssimos vestidos. Por mais provocante que fosse, Luna era uma mulher de classe. Sabia ser sexy sem ser vulgar. Mia saiu de cena por alguns minutos. Depois do impacto que a chegada de Luna causara, o luau voltou a correr normalmente.
__Mabhe, o pessoal da banda precisa de… – Renata simplesmente perdeu a voz ao ver a mulher que se aproximava por trás da mergulhadora.
__ Precisa de quê?… Renata? – Virou-se para ver o que tinha feito sua cunhada petrificar.
__ Oi Mabhe! – Disse sorrindo. __ Te procurei por toda parte.
__ Oi Luna. – Retribuiu o sorriso. __ Vejo que está ótima hoje.
__ Devo isso a você. Pensei muito sobre tudo que conversamos.
__ Mabhe… – Renata tentava se concentrar e terminar o que dizia, mas a presença de Luna a perturbava.
__ Sim Rê, a banda precisa de quê mesmo?
__Água. – Disse sem conseguir tirar os olhos de Luna.
__Deixei com o Guto, água e outras coisas separadas para servir a banda. Por favor, Rê avise-o do que estão precisando.
__Ok. – Antes de sair, lançou seu melhor sorriso para a loira, que evitou ao máximo dar sinais de seu recíproco interesse. __ Simpática sua amiga.
__ Cunhada. Desculpa por não apresentá-la, está uma correria hoje, mas não é tarde, quem sabe ela não seja a mulher que você aguardava conhecer essa noite e que pode ser o amor da sua vida.
__ Pena, eu já encontrei essa mulher e era exatamente por isso que eu estava te procurando. – Mabhe olhou desconfiada.
__ Há não bobinha! – Soltou uma gargalhada. __ Não é de você que eu estou falando. Quando cheguei, meus olhos bateram nessa mulher e nossa! – Se abanou. __ Que mulher! Perfeita! Queria apresentar minha salvadora a ela, vem comigo! – Puxou Mabhe pelas mãos sem dar-lhe a chance de contestar.
Pararam em frente a Mia.
__ Mia, essa é a moça que te falei! – Disse empolgada.