Nos Corais de Veronna

Capítulo 12 – A aliada

12. capítulo : A aliada.

Já se passavam das dez horas da manhã e Mia relutava em sair da cama. Estava exausta pela caminhada do dia anterior e totalmente desmotivada por tudo que lhe ocorrera. Olhou o telefone ao lado e resolveu pedir o café no quarto.

__ Oi, por favor, eu gostaria que me trouxessem o café da manhã e olha… Quero ser atendida pelo Guto.

Minutos depois.

__ Nossa, Mia! Você está se sentindo bem? Está com uma péssima aparência. – Assustou-se o rapaz.
__ Obrigada pela franqueza, Guto. – Pegou uma maçã. __ Pode encostar o carrinho na cama, não pretendo sair de lá tão cedo. – Pulou novamente entre as cobertas.
__ Quer que eu chame um médico? – preocupou-se o rapaz.
__ Meu mal vem daqui. – Pois a mão no lado esquerdo do peito. __ To sofrendo de amor, já sentiu isso? Dói pra cacete, Guto.
__ Já sofri muito disso, hoje prefiro não levar tão a sério.
__ Eu nunca levei a sério. – Ficou pensativa.__ Deveria ter me preparado né? Afinal todo mundo sente isso um dia. – O rapaz sorriu do comentário.
__ Sabe Mia… Você é muito gente boa. Acho que essa pessoa que esta te fazendo sofrer, não te merece. – Disse tímido, porém sincero.
__ Sabe que eu também acho!? – Sorriram. __ Mudando de assunto… Fiquei sabendo que a Renata é irmã do Pierre, mas ela não me parece francesa… Ela é adotada?
__ Não. Ela é filha do segundo casamento de seu pai com uma brasileira… Ele ficou como tutor da irmã após a morte do pai.
__ Sei… “Chave de cadeia” – Pensou.
__ Ah! Por falar em Renata. – Tirou um bilhete do bolso. __ Já ia esquecendo, toma… Ela mandou te entregar. – Mia pegou o papel da mão do rapaz sem nenhum entusiasmo.
__ Ah ta… Obrigada.
__ Mia… O dia está lindo. Se não quer sair pra fotografar, ao menos tome um banho de mar. Tenho certeza que se sentirá melhor.
__ O mar de Veronna é muito perigoso, meu amigo. Não se preocupe, quando tomar coragem, eu pulo da cama. Não vou te prender mais aqui. Pode ir, qualquer coisa, te ligo.

Assim que o rapaz saiu do quarto, Mia olhou o papel em sua mão.

__ Não Renata… Agora não. Mais tarde eu vejo o que você tem a me dizer, agora preciso de um banho. – Deixou o bilhete na cama e seguiu para o banheiro.

****

Enquanto penteava os cabelos, a fotógrafa imaginava o que faria naquela manhã de segunda-feira. Tinha uma semana pra tentar convencer Mabhe a decidir ir embora com ela. Como faria isso, ainda não sabia. A ruiva fizera cair por terra muitas convicções da confiante Mia. Não sabia se era amada ou se não passava apenas de um objeto de desejo. Nem seu ciúme explícito era prova de alguma coisa.

__ “O ciúme alimenta apenas o ego de quem ele é direcionado, Mia”. –Repetiu de forma debochada, a frase de Mabhe. __ Pro inferno com seu discurso politicamente correto! Ciúme é ciúme e pronto! Você sentiu e isso é fato. – Ficou pensativa. __ E se essa é a única arma que eu tenho… – Sorriu. __ É exatamente ela que usarei!

Vestiu-se e antes de sair do quarto, resolveu ler o bilhete de Renata.

“Bom dia Mia. Espero que tenha tido uma noite melhor que a minha, pois não consegui dormir nem um pouco pensando em tudo que aconteceu na trilha. Engraçado como os sentimentos são…
Interrompeu a leitura.

__ Aiaiai só falta dizer que se descobriu apaixonada agora. Toma Mia! Todo castigo pra cor… – Toca o telefone. __ É pouco! – Pegou o aparelho. __ Alô.

__ Senhorita Maria Anastácia, uma moça chamada Luna Gouveia pede permissão para visitar-lhe em sua suíte.
__ Luna!! Mas é claro… Pede pra ela subir agora mesmo!

O ânimo de Mia subiu de zero a cem. A loira adentrou no quarto da amiga, tão resplandecente quanto o sol. Abraçaram-se por minutos intermináveis.

__ Ai minha amiga, que saudade! – Abraçava emocionada a amiga. __ Parou e buscou os olhos de Luna como se neles achasse a solução para seus problemas.
__ Êi, isso aqui mudou você mesmo heim? Ta uma manteiga derretida. –Limpou a lágrima que escorria pela face da amiga. __ Tenha calma que a solução dos seus problemas chegou com toda a minha loirisse e gostosura.
Mia sorriu.
__ Por que não me avisou? Eu te buscaria no aeroporto.
__ E estragar a surpresa? Ah! Fala sério né morena!
__ Claro, claro, não seria você se contasse. Você já se hospedou?
__ Ainda não.
__ Ok, então cuida logo disso. Eu vou mexer os pauzinhos para que seu quarto seja bem próximo ao meu. – Falava empolgada. __ Tenho tantos planos pra você!
__ É… Disso eu já estou sabendo… Só não sei quais são… Desembucha logo!
__ Primeiro deixa eu te contar as coisas que me aconteceram ontem…

Mia narrou detalhadamente o que lhe acontecera na trilha. Luna se entusiasmava a cada relato.

__ Uau! Me mostra essa Renata hoje mesmo!
__ Nem começa Luna. Já te falei que ela é problema.
__ Não minha querida, o problema é você querer levar a mulher do francês… O resto é fichinha. – Provocou a amiga que lhe tacou o travesseiro.
__ E além do mais… Eu acho que a Renatinha se apaixonou… Ou seja, problema em dobro.
__ Você também saiu varrendo heim? Cadê a generosidade?
__ Sua boba! – Avistou o papel que havia deixado em cima da cama. __ Ah! Até me mandou um bilhete hoje pela manhã. Ta aí do seu lado.
__ Humm Deixa eu ver. – Pegou o bilhete.

__ “Cara destruidora de corações…” – Brincou.
__ Para sua boba. Leia direito. Eu nem terminei de ler, parei ao receber a ligação de que você estava aqui no hotel.
__ Ok, Vamos lá:

“Bom dia Mia. Espero que tenha tido uma noite melhor que a minha, pois não consegui dormir nem um pouco pensando em tudo que aconteceu na trilha. Engraçado como os sentimentos são. Ontem foi um dia bastante revelador pra mim. Eu vi o amor se manifestar de forma que nunca tinha presenciado antes. Você sabe do que estou falando… – Mia interrompeu.

__ Ta vendo? É louca!
__ Shiii. Deixa eu continuar. – Luna retomou a leitura

… Só poderia ser mesmo você para tirar a minha doce e controlada cunhada do seu inabalável autocontrole. Eu procurei uma reposta que me explicasse o motivo da pessoa, que até então me tratou como uma mãe e sempre foi cabeça aberta, agir daquela forma tão dura e ríspida comigo. Não… Não poderia ser para não manchar a imaculada imagem do meu irmão e de seu fabuloso hotel. Ela não se importaria com Pierre, a quem juntas, nutrimos grande ódio. O motivo era você. Sim… Agora eu sei o por quê os olhos da minha amada amiga voltaram a brilhar e estou feliz por ela. Talvez ela ainda não saiba, mas ela te ama e pelo que notei, você não é indiferente a esse amor. Saiba que estou disposta a ajudar no que for possível.

Beijos.
Renatinha.”

Ao terminar a leitura, Luna não conseguiu fazer nenhuma gracinha como era de costume. Ficou por alguns segundos tentando decifrar a expressão de Mia que parecia perplexa e a ponto de explodir.

__ Bem… Ela já é sua. O que nos resta é fazê-la se dar conta disso e pelo que to vendo… O que não faltam são aliados. – Sorriu pra amiga.



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