Levou alguns segundos até Judith reagir. Ela se aproximou um pouco de Erika que agora estava sorrindo para Arthur.
– Eu posso pegá-lo? – perguntou a Sra. Anderson parando antes de estar muito perto.
Erika suspirou e se virou para a mãe encarando-a de uma forma muito séria. Ela ajeitou Arthur no colo deixando o pequeno brincar com seu cabelo e pegou a bolsa dele que estava sobre o banco antes de se dirigir à Judith.
– Antes de tudo, vamos ser diretas agora – falou Erika com um olhar sério – Toda a paciência que eu tinha pra lidar com a senhora se esgotou com aquele filho da mãe. Por isso eu vou deixar bem claro algumas coisas aqui e agora. Antes de tudo, é bom que saiba que eu nunca tive a intenção de impedir que você tivesse contato com o Arthur. Muito pelo contrário, eu pretendo garantir que ele tenha uma boa convivência com você. Mas para conversarmos sobre isso agora eu vou ter que deixar algumas condições – disse a morena calmamente – Se você não for gritar, recriminar, provocar, insultar ou repudiar a mim e a Alex, então podemos entrar, vamos nos sentar e ter uma conversa como as duas pessoas adultas que somos. Caso o contrário eu saio daqui agora e, tudo o que precisar ser decidido a partir de hoje será feito por meio dos nossos advogados.
Judith encarou-a com um olhar mais calmo e suspirou chamando-a para entrar.
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Judith estava com Arthur no colo sorrindo e andando de um lado a outro enquanto o bebê se distraia com o novo ambiente. Enquanto isso Erika deixou a bolsa dele sobre a mesa e caminhou até um dos armários.
– Os chás ainda ficam no mesmo lugar? – perguntou a morena de costas para a mãe e abrindo um dos armários.
– Sim – respondeu Judith olhando as costas de Erika que abriu um armário no alto e pegou uma caixa – Por favor pegue o de…
– Canela – disse a morena erguendo o pacote e mostrando qual era – Eu ainda me lembro – disse a lutadora calmamente pegando uma chaleira no armário de baixo, enchendo com água e colocando no fogo logo antes de colocar um sache em cada uma das duas xícaras que pegou numa prateleira ao lado dos armários.
Judith não soube como reagir, então optou por apenas não responder e continuar embalando Arthur que parecia estar querendo dormir. Erika se sentou numa das pontas da mesa de seis lugares que havia na cozinha com uma das xícaras à sua frente e a outra deixada no meio da mesa. Ela respirou fundo antes de começar.
– Como eu já disse, eu não quero afastar o Arthur de você, mas eu também não posso largar tudo o que eu já construí longe daqui – falou a morena calmamente.
– Você não tem que leva-lo, ele ficará muito melhor aqui comigo – disse Judith tentando manter um tom neutro.
– Elizabeth quis que eu cuidasse do Arthur – falou Erika – Então eu vou cuidar, do meu jeito, mas sem deixar para trás a minha própria vida.
– Eu não concordo com meu neto sendo criado por você e por aquela…. – Judith começou, mas parou quando notou o olhar sério e irritado – Por você pela sua amiga.
– Isso é só seu lado preconceituoso falando – suspirou Erika – Por mais que você não goste, não aprove e não concorde. Não é algo ruim, não é errado. E Alex não é minha amiga, ela é minha namorada. Mas você está confundindo as coisas mãe. Ela vai me ajudar sim, ela sempre me ajuda, ela e Beth eram amigas também, e ela também ama o Arthur. Só que, quem vai cuidar dele, sou eu. Eu e Alex não somos casadas, nós namoramos. Quem vai criar o Arthur sou eu, mas isso não é parte da nossa conversa.
– O que é parte da nossa conversa então? – perguntou Judith ficando um pouco irritada, mas se controlando.
– A senhora nunca vai entender mesmo não é? – perguntou Erika suspirando e se levantando para desligar o fogão e trazer a água quente para colocar nas xícaras – Eu a amo – falou Erika servindo o chá para Judith – Nós nos amamos. Qual a real importância de sermos ambas mulheres quando o que sentimos é verdadeiro??
Judith não respondeu, apenas se sentou arrumando Arthur no colo e puxou sua xícara mais para perto.
– De toda forma – falou Erika se sentando de novo – Isso não faz parte da discussão.
– Então o que faz?? – questionou Judith.
– Eu não quero afastar você do Arthur, mas também não vou largar a vida que eu construí pra ficar aqui só para você ter ele por perto – falou Erika sendo firme nisso e fazendo a Sra. Anderson ficar com um olhar preocupado – Eu acabei de me recuperar de uma lesão complicada, mas ainda não posso voltar a lutar imediatamente. Tenho que retornar aos treinos, perder 5Kg e voltar ao meu condicionamento anterior. Isso é algo que leva muito tempo, mas eu tenho um treinador e empresários agora para cuidar da minha vida profissional. Apesar do que a senhora acha, eu estou indo muito bem como lutadora e isso já me trás um bom dinheiro.
– Vá direto ao ponto Erika – disse Judith séria.
– Três ou quarto meses – falou a morena ficando ainda mais séria – É o tempo em que eu e Arthur ainda estaremos aqui.
– Não acredito que você vai levar o meu neto embora tão rápido. Ele tem que crescer aqui! Como o pai dele cresceu! O lugar dele é aqui, nessa fazenda, aprendendo o que precisa pra poder cuidar disso tudo um dia! – falou Judith sendo firme, mas não erguendo muito a voz, já que Arthur estava quase dormindo.
– Ele vai aprender o que quiser aprender antes de qualquer um vir dizer a ele o que ele tem de aprender – falou Erika controlando a própria irritação – Phill sempre quis aprender a cuidar da fazenda, mas isso era ele. Arthur não é o Phillip, você não pode e não vai presumir o que ele quer antes dele saber isso por si mesmo. Mas esse não é o ponto, não agora. O ponto agora é como vai ser pra que você e ele tenham o contato que ambos tem o direito de ter. Eu pensei muito e vim aqui com uma solução, se você concordar ótimo, se tiver ideias que julgue melhores e eu concordar podemos acertar tudo pacificamente.
– Fale o que quer – disse Judith ajeitando melhor o bebê e tomando um pouco do chá.
– Durante o tempo em que eu estiver aqui vou trazer o Arthur dia sim dia não para cá, primeiro para ele ter contato com a fazenda e com você e segundo, para que eu possa me interar de como andam as coisas aqui – disse Erika séria.
– Você não vai chegar nem perto de interferir no que eu faço ou deixo de fazer com a minha propriedade – disse Judith se irritando e Erika apenas sustentou o olhar dela mantendo a calma.
– Sim eu vou – disse Erika calmamente – Primeiro porque pretendo garantir que o que existe aqui continue existindo quando o Arthur for herdar tudo. Segundo por que, sendo a guardiã legal dele, eu sou responsável por metade da fazenda.
– O que?!? – se exaltou Judith fazendo o bebê acordar e soltar um resmungo que não chegou a ser choro – Shh, pronto querido, já passou, shhh – ela tentou acalmar o bebê que continuava a choramingar resmungando irritado.
Erika se levantou e, sem deixar a mãe reclamar, pegou o bebê no colo colocando o rostinho dele contra seu pescoço o que fez o pequeno se acalmar e abraçar o pescoço da morena com os bracinhos antes de fechar os olhos de novo.
– Por favor – disse a morena assim que se sentou de novo com Arthur já meio dormindo outra vez – Vamos manter a calma e não acordar ele outra vez – pediu ela.
– Eu sinto muito – disse Judith mesmo contrariada, mas tendo que admitir que tinha errado.
– O pai não tinha testamento – disse Erika num tom baixo e calmo – Juridicamente, por questão de divisão de herança, metade de tudo é seu, a outra metade é dos filhos de vocês dois. Arthur não era nascido, mas eu vou considera-lo assim mesmo. Por essa divisão, um quarto de tudo é meu, outra parte igual a minha que seria do Phill agora é do Arthur. Sendo a guardiã legal dele eu tenho sob minha responsabilidade metade de toda a fazenda.
– Você nunca se interessou por isso. Quem continua tendo autoridade aqui dentro sou eu – afirmou Judith ainda um tanto irritada por não poder contestar o que a morena havia dito.
– Está errada de novo, mãe – suspirou Erika – Eu sempre amei tudo isso aqui. A fazenda, os animais, os campos, tudo. Você e o pai apenas nunca me deixaram nada pra fazer ou cuidar. Eu não quero exigir nada, só peço para que você deixe de ser tão intransigente e permita que eu tenha acesso a tudo aqui. Os cavalos que eram do Phill e o que eles produzem aqui pra você, isso pode continuar como sempre foi. O que eu quero é ter acesso às finanças, às negociações, aos contratos e as decisões que você tomar. Não estou dizendo que vou interferir, eu só quero ter a informação.
– Não concorco com você podendo dar opiniões aqui. Eu cuidei de tudo junto com seu pai e continuei cuidando de tudo depois que ele se foi – disse Judith fazendo uma expressão irritada e bebendo o chá para disfarçar – Não quero você aqui.
– Mas vai ter que me aceitar aqui – falou Erika de um jeito firme – Vou dizer o que eu vou fazer e as minhas condições, quando eu terminar você pode ter o tempo que quiser para pensar e me apresentar contrapropostas – Erika também bebeu do seu chá antes de continuar – Primeiro: durante todo o tempo em que eu estiver aqui, dia sim dia não, trarei o Arthur, mas você sempre pode ir até a cidade para vê-lo. Segundo: eu vou ter livre acesso à fazenda e não vou permitir ser tratada com desrespeito ou discriminação e isso vale tanto para mim quanto para Alex, por que sim, quando ela estiver aqui comigo e eu for trazer o Arthur eu vou trazer ela junto. Terceiro: Em raras ocasiões vamos dormir aqui, você não tem que manter um quarto para ele. Quarto: A escolha de você ficar com ele sozinha ou não é e sempre vai ser minha;,por que eu não quero que fique tentando influenciar ele contra mim ou Alex, motivo pelo qual ele só vai começar a frequentar a fazenda sozinho quando for mais velho. Quinto: Eu quero saber de tudo o que acontece aqui em relação aos negócios, então vou precisar de um relatório depois que voltar para a minha casa. Sexto: Me comprometo a trazer o Arhtur aqui uma vez por mês e ficar por um fim de semana depois que eu voltar para o Texas, mas você pode ir ver ele lá sempre que quiser. E por ultimo: Eu quero o Louis fora daqui.
– Eu não vou comentar as suas outras exigências – falou Judith se controlando ao citar como exigências as condições de Erika – Mas eu não posso simplesmente demitir o Louis. Ele tem sido um ótimo funcionário. É confiável e nunca me trouxe problema nenhum.
– Eu achei que a senhora fosse mais inteligente, mãe – resmungou Erika balançando a cabeça em negação.
– Não seja infantil – reclamou a mãe da morena rindo de forma irritada – Apesar de tudo o que você disse, sem Elizabeth aqui não há como provar que ele tenha feito o que você diz que fez. E, sinceramente, eu prefiro acreditar no meu funcionário de anos do que em você.
– Pois eu tenho a radiografia do estrago que ele fez no meu braço naquela noite – disse Erika com um olhar de raiva só de lembrar – Ele usou um dos enfeites da mesa de centro pra tentar acertar a minha cabeça – ela contou num tom baixo, mas raivoso – Para a minha sorte ele estava bêbado demais para conseguir usar a própria força então só houveram pequenas fissuras. Mas Beth me levou ao hospital e na radiografia era possível ver muito bem essas fissuras nos ossos do meu antebraço esquerdo. Mas se prefere acreditar naquele desgraçado, então acredite. Mas eu tenho certeza absoluta de que quando eu for analizar todos os documentos de todos os negócios que você realizou aqui desde que fez dele o gerente da fazenda vou achar tudo o que preciso para que ele seja demitido por justa causa.
– Eu não conhecia esse seu lado arrogante – provocou Judith dividando do que Erika falava.
– Se está duvidando então não vai ter problema nenhum em me deixar procurar – desafiou Erika com um sorriso.
– É, não terei – respondeu Judith irritada.
– Eu vou voltar pra casa agora – disse Erika deixando a xícara de chá pela metade e se levantando com Arthur dormindo em seu colo – Volto amanhã de manhã e posso deixar ele aqui o dia todo se você puder ficar um tempo com o Arthur. Enquanto isso eu quero ir vendo os registros da fazenda. Pelo que parece agora não vai haver problema nenhum nisso. Só exijo, e dessa vez estou exigindo mesmo mãe, que o Louis esteja bem longe da casa enquanto eu e Arthur estivermos aqui. Do contrário eu vou embora levando o Arthur e, se quiser vê-lo de novo vai ter que ir até a cidade ou esperar eu provar que o Louis não é nada do que você acha que ele é.
Erika dando Fatality não só no octógono, como na vida e na Judith!!! Que grande personagem!! UAU!!!! 100% dona de si, dona do que quer, puro orgulho!!!
Ps: capitulo que traz tranquilidade!!!
Erika adora um K.O. hehe
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Amando esta estória. Torcendo pela Erika e Alex.
Fico muito feliz *-*
Alex e Erika conquistam a gente msm (a mim tbm)
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Como Érika está mudada, é muito bom ver um personagem crescer. Adoro como ela se comporta com a mãe, mesmo que essa não mereça tanta consideração. Érika está mais segura, confiante, uma mulher que sabe o que quer e sabe como e o que irá conquistar.
Erika “cresceu” e amadureceu bastante e fiquei muito contente com essa evolução dela. Dona Judith é um caso complicado e a parte, mas a Erika meio que aprendeu a lidar com a mãe.
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