O hospital tinha uma pequena capela, por vezes quando um paciente morria os familiares resolviam fazer o velório ali mesmo, evitava muito transtorno. Foi o que Erika pediu ao hospital e o corpo de Elizabeth foi velado na pequena capela. Alex e Erika estavam na porta, olhando para dentro. Elas não ficaram ali sozinhas o tempo todo, alguns amigos e conhecidos de Elizabeth passaram por ali durante toda aquela tarde. O sol já havia aparecido e a manhã, a segunda manhã sem Elizabeth, já havia começado quando o grupo composto por Angeline, Katerine, Melissa e Ted chegaram.
Quando ouviram os passos Erika e Alex se viraram, mas continuaram paradas no mesmo lugar esperando eles se aproximarem. As duas tinham expressões cansadas e com olheiras. Melissa e Ted se adiantaram e Mel abraçou a lutadora enquanto que Ted fez o mesmo com a guitarrista. Quando eles se soltaram Erika olhou para todos e deu um mínimo sorriso.
– Como vocês estão? – perguntou Melissa tocando o braço esquerdo da morena.
– Já estivemos melhor – respondeu Alex suspirando e segurando a mão direita da lutadora.
– Nós estamos aguentando, Mel – disse Erika com o cansaço evidente na voz – Beth vai ser enterrada daqui algumas horas, as pessoas já foram para casa e depois vão direto para o cemitério.
– Vocês duas já foram para casa? – perguntou Katerine reparando que elas pareciam te ficado ali a noite toda.
– Fomos ontem a tarde – respondeu Alex – Depois de certarmos toda a papelada a respeito do Arthur e do enterro da Beth eu fiz Erika ir em casa tomar um banho.
Erika estava com um jeans azul escuro e uma camisa preta de mangas curtas com gola em “v”, nos pés tinha um coturno preto e numa cadeira dentro da capela estava a jaqueta de couro preta que tinha sido do irmão dela. Já Alex usava uma calça jeans preta, uma camisa cinza de mangas curtas com uma social preta aberta por cima, nos pés um all star azul escuro. Todos os outros estavam com roupas escuras e pretas.
– Vamos aproveitar que a minha mãe não voltou ainda – falou a morena tentando parecer um pouco mais animada – Vamos lá em cima pra vocês conhecerem o Arthur.
Todos concordaram e subiram com elas. As duas guiaram o grupo pelos elevadores e corredores até que pararam em frente ao enorme vidro por onde se podia ver os bebês.
– Aquele lá no fundo, com a roupinha quase branca – apontou Alex com um sorriso bobo assim como o de Erika.
Todos se aproximaram do vidro olhando o pequeno que parecia dormir.
– Ele tem os olhos azuis como os da Erika – contou Alex olhando a namorada que sorriu um pouco mais.
– Como os do Phil, o pai dele – falou a morena suspirando ao se lembrar do irmão.
Quando eles iriam começar a conversar o som de um celular tocando os interrompe. Angeline rapidamente retira do bolso interno do blaser preto o aparelho que tocava e o atende.
– Angeline Carter falando – ela diz num tom sério e parando para ouvir o que a pessoa do outro lado estava falando – Tem certeza disso? Já foi aberto?? – ela pergunta parecendo surpresa e tensa enquanto espera a resposta – Entendo. Sim, chegaremos logo – ela diz antes de encerrar a ligação.
– O que houve? – pertunta Kat chegando perto da namorada que passa um braço em volta da cintura da loira.
– Temos que ir para o cartório da cidade agora – avisou a ruiva encarando Erika – Nossos advogados estão lá com os advogados da sua mãe e ela própria. O tabelião chamou o juiz daqui. Sua mãe parece que exigiu uma audiência de urgência para obrigar você e Alex a ficarem longe do Arthur, mas o tabelião ao saber da morte de Elizabeth informou ao juiz que há um testamento.
– Testamento? – perguntou Erika completamente confusa – Quando foi que ela fez isso? – ela sussurrou para si mesma.
– Não importa agora – disse Angeline seriamente – Vamos todos para lá, eu aluguei um carro no aeroporto, caberemos todos nele.
– Não, estou com o carro da Beth – disse Erika já se movimentando na direção da saída – Vocês nos sigam que eu guio todos até o cartório. Vamos logo com isso.
POV Angeline
Quando chegamos ao tal cartório, que era apenas um prédio um tanto maior do que os ao redor, era evidente o cansaço de Alex e Erika. Saímos todos dos carros e eu pude ver uma caminhonete ford estacionada mais perto da esquina, era um modelo que parecia relativamente novo. Erika olhou naquela direção e pareceu ficar ainda mais tensa. Ela se virou para nós e suspirou.
– Gente, antes de tudo eu queria pedir algo pra vocês – ela falou suspirando outra vez – Minha mãe vai estar lá dentro e… eu gostaria realmente de pedir para que vocês não discutam com ela. Bom… Ela vai falar muito de mim e Alex e talvez Kat e Ange porque, bom, é bem nítido que vocês são um casal então ela pode falar algo dirigido a vocês também. Eu só queria que não deixassem a discussão seguir. Primeiro porque não vale a pena e depois porque isso não vai fazer ela mudar de ideia.
– Certo – concordou Katerine – Nós prometemos não discutir com a sua mãe, isso não inclui processá-la por danos morais, calúnia, ofensa entre outras coisas possíveis já que homofobia é crime.
Erika riu um pouco e eu cortei a conversa dizendo que tínhamos que entrar logo. Encontramos um dos dois advogados que eu trouxe comigo logo depois de passarmos pela porta de entrada. Ele veio quase correndo na nossa direção me cumprimentar e e apresentei Erika, quem ele estava defendendo por ordem minha. Eles se cumprimentaram e logo ele foi nos passando o resumo da situação.
– Aparentemente a Sra. Anderson entrou com um pedido de guarda provisória com intenção, posteriormente a isso, de pedir pela adoção do bebê Arthur. Bem, quando se foi tentar dar entrada na documentação o sistema acusou haver um testamento feito e registrado pela Senhorita Elizabeth. Por esse motivo o juiz não concedeu a guarda provisória e pediu a abertura do testamento antes de tudo – foi falando o advogado, um jovem de 29 anos, cabelos negros e olhos castanhos, jovem, porém um ótimo profissional.
– É possível fazer a abertura do testamento tão rápido assim? – perguntou Erika caminhando ao meu lado.
– Não é em casos normais – respondeu o advogado – Sua mãe exigiu que o pedido de guarda provisória fosse julgado imediatamente, mesmo com a existência do testamento. O juiz estava para cogitar essa possibilidade quando nós chegamos e exigimos a abertura antes de qualquer decisão. Isso porque, como estávamos entrando com um mesmo pedido de guarda provisória nós pontuamos que o conteúdo do testamento da Senhorita Elizabeth era de suma importância para a correta decisão judicial a respeito desse caso. Por isso o juiz pediu pela abertura em caráter de urgência. Todas as pessoas citados no testamento foram chamados, mas independente da presença dos outros assim que a senhorita Erika estiver na sala o testamento vai ser aberto.
Erika concordou e nós seguimos o resto do curto caminho até uma sala com duas mesas longas uma de frente para a outra e uma mesa mais alta que ficava numa das pontas das mesas mais baixas. Do lado oposto a entrada estava uma senhora loira com olhos verdes claros e um senhor já com certa idade que deveria ser o advogado dela. O juiz deveria ter por volta dos seus 45 anos e estava sentado na mesa mais alta. Haviam algumas cadeiras mais perto da porta e o advogado que nos acompanhava nos indicou elas. Já Alex e Erika foram se sentar ao lado do segundo advogado.
– Bom – foi dizendo o juiz – Como as duas partes mais interessadas já estão presentes vamos dar prosseguimento. O cartorário vai abrir o testamento.
– Isso é ridículo – disse a mãe de Erika – Com ou sem o que diz ai dentro é óbvio que a melhor escolha para o meu neto é ficar comigo. Sou eu quem tenho que cuidar dessa criança.
– E porque? Porque é o filho do seu precioso Phillip? – perguntou Erika calmamente – Você só quer essa criança porque vê nela a chance de ter o meu irmão de volta. Mas ele não é o Phill mãe e nunca vai ser.
– Você fala como se soubesse de alguma coisa – falou a mulher com certa raiva – Olha só a sua situação! É mais do que óbvio que você não tem condição alguma de criar uma criança!
– Na verdade ela tem condições sim e muita – falei num tom alto e claro fazendo todos me encararem seriamente.
– E a senhorita, quem seria? – perguntou o juiz me encarando com um olhar sério.
– Angeline Carter, presidente das Empresas Carter, patrocinadora oficial de Erika Anderson e amiga pessoal da mesma – me apresentei encarando o juiz que sorriu vendo o meu tom calmo.
– Como a senhorita pode afirmar que a senhorita Erika tem condições de criar o sobrinho? – ele me perguntou voltando ao tom sério.
– Simples, o contrato de patrocínio que a Erika tem com as minhas empresas rende à ela um salário mensal superior a renda mensal de muitas pessoas no país todo. Junto à isso ela tem serviços de saúde assegurados pelo contrato, além das comissões que recebe por lutas que vence – falei listando os pontos que eu realmente conhecia sobre a renda da morena – Fora isso ela ainda recebe uma pequena quantia do treinador por representar a academia onde treina. Erika não paga alguel e tem sua conta de telefone paga pelo meu patrocínio e isso apenas listando os quesitos financeiros.
– Além disso, Erika treina em casa literalmente – afirmou Katerine me completando – O que daria a ela tempo para cuidar do bebê, com ou sem lutas em vista. E eu sou amiga da Erika, antes que pergunte meretíssimo, meu nome é Katerine.
– Fora isso excelência – eu continuei – Erika ganhou uma competição importante recentemente, está em férias dos treinos e tem grandes possibilidades de conseguir novos contratos de patrocínio.
– Um instante – pediu o juiz me interrompendo e se dirigindo à Erika – Senhorita Anderson, qual exatamente é a sua profissão??
– Eu sou lutadora profissional na modalidade de artes marciais mistas – respondeu Erika normalmente.
– Agora fica muito claro que quem deve criar essa criança sou eu – falou a mãe de Erika com desprezo – Isso sequer é uma profissão. Senhor juiz, convenhamos que uma criança não deve ser criada por pessoas desse tipo.
– Convenhamos que a senhora não está se referindo ao fato de eu ser uma lutadora – disse Erika rolando os olhos e se apoiando com os cotovelos na mesa – O seu problema não é o que eu faço para viver, mas sim com quem eu vivo.
– Esse é só mais um motivo para que o juiz não permita que meu neto fique com você – disse aquela mulher e eu já comecei a ficar irritada, mas Kat colocou uma mão no meu braço me impedindo de falar algo.
– Senhoras, expliquem-se – exigiu o juiz com um semblante levemente irritado.
– Como se isso já não fosse algo bem claro – falou a mulher apontando para Erika e Alex – Porque motivo o senhor acha que essa pessoa está sentada ali também? – ela olha para Erika outra vez enquanto ainda aponta uma mão para Alex – É muita falta de noção permitir que essa – ela olha Alex com um olhar de nojo antes de continuar – Essa mulher, esteja sentada ao seu lado em frente ao juiz.
– Só porque essa é a sua opinião sobre o assunto isso não significa que você esteja certa, mãe – falou Erika num tom sério, serio demais o que me fez pensar que ela estava começando a se irritar.
– Não ouse me chamar assim – falou Judith Anderson se levantando da cadeira e apontando o indicador para Erika que também se levantou, mas com calma – Eu não sou sua mãe, eu me recuso a ser mãe de alguém como você!!
– Você já se recusava a ser minha mãe desde o dia em que eu nasci, ou melhor, desde o dia em que comecei a não ser o que você queria que eu fosse – falou Erika com uma calma que chegava até a assustar – Mas isso não muda o fato de que sou sua filha. Não muda o fato de que você É e sempre vai ser a minha mãe. Mesmo que não suporte isso.
Eu não conseguia entender como Erika se mantinha tranquila e controlada ao ouvir as coisas que aquela mulher dizia para ela. Alex estavam com uma expressão de raiva que chegava a assustar porque parecia que a qualquer momento ela iria avançar na velha senhora Anderson. Mas a tal Judith também não parecia nada calma, era como se a qualquer instante ela fosse passar por cima das mesas e partir para cima de Erika. Ainda bem que o juiz resolveu interferir, ou talvez ele apenas tenha mesmo se irritado com aquela discussão estúpida.
Preciso postar aqui pelo menos uma vez esse shout out:
ANGELINE EU TE AMO!
Pronto, obrigada hahahahahahahahahaha
Nós a amamos kkkkk. Obrigada, de nada kkkkkk
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Judith não perdeu tempo e para sorte de Érika o advogado já estava no tribunal e conseguiu evitar qualquer ação da megera kkk. Adoro o jeito tranquilo-nervoso da morena, é sublime.
O juiz me pareceu entender tudo o que estava acontecendo neste imbróglio todo e o que Judith fez e está fazendo com Érika, ao menos é o que a leitora aqui desejou quando estava lendo kkkkk
Só esperando pela leitura do testamento.
Judith me irrita até hj –‘ Mulherzinha desprezível. Mas sim, ela foi rápida, só que Angeline foi mais rápida ainda hehe =]
Vc vai entender pq o Juiz parecia saber exatamente o que se passava entre elas kkkkkk, e vai se surpreender com algumas coisas que vão surgir nesse testamento =P
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