N/A: Alguns de vocês estão subestimando Elizabeth, tenho que dizer para esperarem para ver. ;]
POV Erika
Não… Não podia ser verdade….ela não pode ter ido….Beth não pode ter me deixado…. Ela não pode, mas tinha. O médico a minha frente que ajudava Alex a me tirar do chão e me sentar numa das cadeiras era a prova disso. Ele tinha acabado de me dizer exatamente isso. Elizabeth tinha nos deixado, à mim e ao bebê…
O bebê. A simples realidade de que ele estava bem foi o bastante para fazer o meu choque inicial passar, mas também era mais um fato que me fazia não conseguir acreditar que ela tinha nos deixado. Aquela criança precisava dela, precisava da mãe. Meu sobrinho ou sobrinha não pode crescer sem a mãe e sem o pai….. Que tipo de mundo é esse?!? Onde fica a justiça da vida?!?
Mas novamente a realidade não me deixa em paz e, no fundo, eu sei que é assim. Não há justiça, o mundo não é justo com ninguém. Aos poucos vou me acalmando e assim tendo consciência novamente do que está acontecendo. A primeira coisa que me põe de volta a realidade é o abraço de Alex, ela está na cadeira ao meu lado, me envolvendo enquanto meu rosto se esconde no pescoço dela, só nesse momento percebo que estou de olhos fechados.
Depois sinto calma, ela está ali comigo, sinto que está chorando também, mas Alex me apoia. Então eu respiro fundo e começo a parar de chorar ainda abraçada a ela. É nesse momento que escuto a conversa da minha mãe com o Dr. Mason.
– Eu sempre soube que seria um menino, sentia isso – dizia ela num tom calmo, mas era possível notar a felicidade dela por saber que o neto estava vivo – Elizabeth foi muito boba em não querer saber antes, na minha época não era tão fácil assim, e agora veja só. Ela não pode sequer escolher um nome por causa dessa bobagem.
– Elizabeth não se importava se era um menino ou uma menina, ela apenas queria o bebê saudável, independente de qualquer coisa – falou o médico defendendo minha amiga.
– Ah…continua tendo sido uma tola – murmura minha mãe – É realmente uma tristeza ela não estar mais aqui, uma mãe não deveria ser privada de criar o próprio filho. Mas esse bebê não ficará desamparado, ele tem à mim ainda. Tenho certeza de que ele será um bom homem, assim como foi o pai dele.
– Sim ele será – falo me afastando um pouco de Alex e me levantando, logo sinto ela fazer o mesmo, mas estou encarando minha mãe que me olha com certo desprezo.
– O que quer que você ainda tenha a fazer aqui não é da minha conta – falou ela controlando o tom, mesmo que seu olhar me encarasse com raiva.
Brigar com ela aqui e agora não vale a pena, por isso mantenho Alex ao meu lado quando ela tenta avançar. Não tenho humor pra responder a essas provocações da minha mãe, nem sequer para ser sarcástica com ela agora. É como se meu corpo estivesse dormente, assim como a minha mente e meus sentimentos.
– É um menino? – pergunto me direcionando ao Dr. Mason.
– Sim, é um menino – ele me responde e logo completa também se dirigindo à minha mãe – Mas vocês não vão poder chegar perto dele por enquanto. O bebê precisa passar por alguns exames, apesar de tudo ele é prematuro e passou por situações que podem afetá-lo de uma forma ou outra. Mas em meia hora ou menos ele estará sendo levado para a sala das incubadoras, vamos mantê-lo aqui por alguns dias….Vamos providenciar um pouco de leite do banco que temos….. De toda forma, uma semana pelo menos ele terá de ficar isolado para avaliarmos se realmente não houve nenhuma sequela à ele.
– Entendo – falo respirando fundo enquanto minha mãe só falta pular sobre mim para me mandar calar a boca, mas ela quer manter as aparências e por isso se controla – Eu vou até a recepção, deve ter papéis que alguém precisa assinar – um aperto me faz travar por um segundo… velório e enterro… É o que eu tenho que preparar e isso me deixa mal, mas eu tenho que fazer. Só quando Alex aperta levemente minha mão é que consigo respirar e voltar a olhar o médico – Eu vou cuidar de toda a papelada – digo pra ele que me dá um sorriso triste – Se o senhor puder me indicar onde, eu quero já registrar o nome do bebê.
– Nome? Quem disse que você tem direito a alguma coisa aqui? Quanto mais a batizar o meu neto? – minha mãe se intromete entrando entre mim e o médico e apontando um dedo na direção do meu rosto – Isso não é assunto seu! – ela fala se exaltando – Se quer cuidar das coisas relacionadas ao enterro de Elizabeth, certo. Faça isso. Mas não se atreva a tentar interferir em algo relacionado ao meu neto, assim que ele sair desse hospital você não vai nem chegar perto dele de novo, está me ouvindo?!? – grita ela ainda apontando um dedo para mim.
Afasto a mão dela com um tapa leve, mas que joga o braço dela para o lado, não usei força nenhuma e não a machuquei, mas minha reação rápida junto a minha expressão séria a assustam. Sinto Alex ficar preocupada e se posicionar mais a minha frente, como se para me afastar caso eu perca o controle. Vejo o Dr. Mason fazer o mesmo com minha mãe. Eu sei que vou me controlar, mas não acredito que ela possa.
– Arthur – eu falo de um jeito sério, mas cansado – É o nome do meu sobrinho. Beth me disse que queria que ele se chamasse Arthur se fosse um menino e é assim que ele vai se chamar – digo fazendo ela se surpreender – Quanto ao meu contato ou a falta dele com o Arthur, bom… Acho que isso não vai ser decidido por você, mãe – digo suspirando e vejo a confusão no olhar dela, mas não me importo com isso, me viro e começo a seguir pelo corredor com Alex do meu lado e segurando a minha mão.
– O que você quer dizer com isso?? – pergunta minha mãe quando estou quase virando no corredor, me volto para encará-la e vejo um olhar irritado e confuso.
– Quero dizer que só uma ordem judicial vai me impedir de estar perto do meu sobrinho – respondo calmamente – Isso porque eu vou até os tribunais garantir que ele possa ficar comigo.
POV Narradora
Aquele amanhecer foi triste e cansativo. Erika tomou a responsabilidade por preencher toda a papelada para a liberação do corpo de Elizabeth. Com a ajuda de Alex a morena também conseguiu organizar o velório e o funeral da amiga que seria enterrada ao lado de Phillip. Quando o sol nasceu e tudo estava preenchido Erika se sentou num banco de cimento do lado de fora do hospital. Alex estava logo a frente falando com o pessoal da banda e ligando para os amigos das duas. Então Erika pegou o próprio celular e discou o numero de Angeline.
– Alô? – uma voz sonolenta atendeu a chamada depois de quatro toques, era a voz de Katerine.
– Kat, pode passar pra Angeline por favor? – pediu a morena, o cansaço transparente em sua voz.
– Erika? O que aconteceu? – perguntou a loira notando que algo estava errado e acordando definitivamente, a morena pode ouvir o barulho de alguém se movendo na cama e logo depois de Katerine abrindo uma porta.
– O bebê nasceu – fala a morena com um pequeno sorriso – É um menino, vai se chamar Arthur….. Mas Beth não resistiu as complicações do parto – murmura a lutadora fechando os olhos para impedir as pagrimas de reaparecerem – Ela se foi…
– Vou levar todos até ai – diz a voz de Angeline que tinha ouvido tudo porque Katerine havia colocado a chamada no viva-voz – Chegamos no mais tardar no meio da tarde, eu prometo.
– Obrigada Ange – agradece a morena vendo Alex se aproximar já com o telefone no bolso – Mas eu preciso que você me faça uma outra coisa – diz ela e quando só ouve silencio entende que deve continuar – Eu preciso de um advogado… Alguém bom, mas que eu possa pagar.
– O que houve Erika?? – pergunta Angeline confusa com o pedido, mas já indo atrás de sua agenda onde guardava o numero de alguns advogados da emprea e outros que eram conhecidos.
– Minha mãe – fala a morena enquanto Alex se senta ao seu lado e a abraça pela cintura a puxando para mais perto – Por enquanto ela não pode me impedir de nada porque o Arthur está no hospital, mas ela já deixou claro que vai me impedir de chegar perto dele….Eu não pretendo esperar que ela tenha algo pra usar. Quero agir antes dela…ou ao menos ao mesmo tempo.
– Vou achar alguém e mandar imediatamente – responde Angeline – E não se preocupe com os custos, seu contrato de patrocínio tem uma clausula sobre serviços de advocacia. Provavelmente vai ser algum advogado da empresa a cuidar disso – falou a ruiva de um jeito decidido – Se o seu contrato de patrocíno não cobre isso eu garanto que agora vai cobrir.
– Obrigada por isso – diz Erika ao ver sua mãe descer as escadas da entrada do hospital falando ao telefone parecendo irritada e exigente.
Quando Angeline se despediu dizendo que ia preparar tudo Erika agradeceu de novo e desligou. Sua mãe sequer as notou sentadas ali, apenas a alguns metros da entrada do hospital, e seguiu direto para o estacionamento que era do outro lado do edifício. As palavras “Providencie isso de uma vez” foram as únicas coisas que as duas conseguiram ouvi-la dizendo antes da senhora Anderson sumir no estacionamento.
——xxx——
Pelo vidro Erika e Alex olhavam uma dúzia de bebês, alguns de rosa e outros de azul, la no fundo, um dos poucos que estavam quietos, havia um bebê vestido num azul tão claro que com o reflexo certo de luz até pareceria branco. De longe as duas podiam notar que ele tinha os mesmos cabelos castanhos de Elizabeth, mas um pouco mais lisos do que os da mãe, apenas parcialmente encaracolados como os de Phill eram. Enquanto olhavam o pequeno ali deitado parecendo estar dormindo um mínimo sorriso se formou nos lábios de Erika. Ela se aproximou mais do vidro colocando uma mão sobre ele e apoiando a testa logo ao lado da própria mão.
– Ele ainda não abriu os olhos, mas eu e Beth tínhamos apostado se seriam azuis ou castanhos sabe. Ela tinha certeza de que seriam azuis – falou a voz do Dr. Mason fazendo Erika e Alex se virarem para trás e o notarem parado ali olhando também para além do vidro – Ainda não sei quem de nós dois ganhou a aposta.
– Vocês se conheciam bem? – perguntou Erika erguendo uma sobrancelha por saber que a amiga não apostaria algo assim se não gostasse da pessoa.
– Ficamos amigos – ele disse sorrindo tristemente – Minha esposa, ela é enfermeira e estava na recepção, me avisou que a Senhora Anderson havia saído, por isso vim aqui, esperava encontrar vocês duas – com um suspiro cansado ele se aproximou mais do vidro – Elizabeth e eu nos tornamos amigos, ela era uma jovem incrível……ainda não me perdoo por não ter conseguido salvá-la – ele comenta com uma expressão triste – Ficamos amigos quando, depois de eu me tornar o médico dela, eu comentei sobre o aniversário da minha filha mais velha. Beth me indicou o presente certo.
– Por isso reconheceu Alex também – murmurou a morena vendo o médico acenar confirmando – Ela sempre foi boa em desvendar os gostos das pessoas – disse Erika voltando a olhar para dentro do vidro.
– Ela era boa em nos fazer de idiotas isso sim – disse Alex com um meio sorriso triste – Sempre parecia saber das coisas.
– Ela tinha me contado um pouco sobre a questão com a Senhora Anderson – falou Christopher – Eu não achei que estivesse no nível que está. Venham, vou pegar a bolsa do Arthur pra vocês, creio que você precisa de alguns documentos que estão dentro dela pra conseguir registrar o garoto como filho do Phillip não é?
– Sim – respondeu Alex no lugar de Erika que continuava com os olhos fixos no sobrinho – Eu deixei tudo junto na bolsa da Beth…..achei que….fossemos ir pra um quarto com ela e o bebê depois.
Dr. Mason guiou as duas por alguns corredores brancos até que chegaram à uma porta que dava a uma sala que antecedia aquela onde estavam os bebês. Ele bateu na porta e uma enfermeira atendeu. Depois de dizer o que queria a enfermeira concordou e entrou fechando novamente a porta. Então Christopher olhou para trás de si vendo Erika e Alex enquanto as duas pareciam conversar baixinho. Ele não era conservador, mas também não estava acostumado com um casal do mesmo sexo. Só que ele sabia que Alex e Erika eram um casal. E sabia também que, segundo Elizabeth, elas eram incrivelmente unidas.
Naqueles curtos segundos em que ele as observou sem que elas notassem Christopher pode notar o porque de Elizabeth se referir a fofura das duas sempre que elas eram o assunto. As mãos dadas, com os dedos entrelaçados, ambas estavam com roupas simples e com olheiras enormes, ambas pareciam cansadas e tristes. Estavam com os corpos parcialmente de frente uma para a outra, Alex afastando algumas mechas do cabelo preto que caíram sobre os olhos da maior e logo depois disso Erika ergueu as mãos das duas que estavam juntas beijando o dorso da mão da menor. E nessa hora o Dr. Mason teve certeza de que, em uma coisa, Elizabeth não tinha errado. Ela não estava enganada quando disse a ele que, se algo acontecesse à ela, não haveriam outras pessoas capazes de cuidar e fazer feliz sua criança além daquelas duas.
– A bolsa já está aqui – disse ele chamando a atenção das duas para si quando a enfermeira abriu a porta novamente, mas ele olhou para a moça e lhe disse algo num tom muito baixo, a enfermeira o questionou e ele reafirmou o que havia dito, depois disso ele sorriu e se virou novamente para as duas – Venham – ele disse chamando ainda com a bolsa do Beth e Arthur nas mãos – Eu vou autorizar a entrada de vocês, mas apenas por um minuto – ele avisa fazendo as duas se surpreenderem.
– Mas….o senhor mesmo disse que ele precisa de isolamento – murmurou Alex sem acreditar já indo na direção do médico que abria a porta para as duas.
– É eu disse – riu Christopher ao notar o sorriso de quase alegria que se formava nos rostos das duas – Mas as vezes algumas regras devem ser burladas.
——xxx——
Erika e Alex estavam usando máscaras, toucas e aventais descartáveis. A enfermeira havia feito elas lavarem muito bem as mãos e dispensado as duas das luvas porque Arthur apesar de precisar de certo isolamento, não era tão prematuro assim. Dr. Mason não as acompanhou, ficou apenas observando pelo vidro da sala de enfermagem a jovem enfermeira em trages brancos guiar as duas até o berço onde estava o pequeno Arthur. Elas foram instruídas a não tentar tirá-lo de lá e a não acordá-lo caso ele estivesse dormido.
Chegando lá Arthur estava com os olhinhos fechados e parecia dormir mesmo com o choro de um ou outro dos seus companheiros de sala. Os poucos cabelos realmente tinham o mesmo tom castanho chocolate de Elizabeth, mas eram menos encaracolados do que os dela. Depois de alguns segundos ele se move fazendo o pequeno fio a pulsera que estava em seu braço se prender na sua orelha e isso o faz acordar chorando sem nem mesmo abrir os olhos. Rapidamente a enfermeira solta a pulseira dele e a recoloca mais ajustada ao pequeno pulso, mas mesmo assim ele não para de chorar o que faz as três sorrirem.
– Vamos garotão – diz a enfermeira que estava de luvas enquanto ajeitava ele que havia empurrado a coberta e contiuava a chorar – Vai mesmo ficar chorando na frente das suas tias??
Nem com pequenos carinhos Arthur parou de chorar. Quando a enfermeira, quase cinco minutos depois, estava para desistir e pegá-lo no colo para tentar fazê-lo parar Erika aproxima o rosto do berço.
– When tomorrow comes. I’ll not be on my own. Feeling frightened up. The things that I don’t know. When tomorrow comes; tomorrow comes; tomorrow comes – ela começa a cantar baixinho mas se mantem sem tocar Arthur – And though the road is long. I look up to the sky. In the dark I found you, I stop and I won’t fly. And I sing along, I sing along, then I sing along.
– I see the shadows long beneath the mountain top – Alex se inclina como a morena e canta baixinho também enquanto, por trás da máscara, ela sorri ao notar que o choro de Arthur ia diminuindo – I’m not the afraid when the rain won’t stop. Cause you light the way. You light the way, you light the way.
As duas então começam a cantar juntas e o choro de Arthur simplesmente vai parando aos poucos.
– I got all I need when I got you and I – cantou Erika sozinha colcando uma mão dentro do berço acariciando os fios de cabelo que Arthur já tinha.
– I look around me, and see sweet life – continuou Alex olhando do bebê para a namorada.
– We are stuck in the dark but you’re our flashlight – canatram as duas juntas com Alex também com a mão dentro do berço de forma que Arthur agarrou um dos dedos da guitarrista – You’re gettin’ us, gettin’ us through the night.
Enquanto elas cantavam o choro dele finalmente parou e logo depois Arthur abriu os olhos. Olhos azuis escuros e profundos, assim como os de Erika e de Phillip.
We can’t stop our heart when you shinin’ in our eyes.
Can’t lie, it’s a sweet life. We are stuck in the dark but you’re our flashlight.
You’re gettin’ us, gettin’ us through the night. Cause you’re our flash light.
Cause you’re our flash light, you’re our flash light
Erika e Alex e o mistério de como conseguiram cantar a musica ao little Arthur sem se perder nas lágrimas – owwwwnnnnn
Linda cena!!!!
Isso sempre será um grande mistério (Alex até se entende, ela é cantora, mas Erika kkkk ninguém nunca saberá como Kkkkk)
;]
Bem querida eu imaginei que não tivesse sido nada fácil escrever o capítulo anterior. E não quis subestimar Elizabeth, até porque ela conhece e sabe do que Judith será capaz de fazer para ficar com o bebê, mas as vezes não fazemos a parte legal com rapidez suficiente.
Fiquei muito comovida com essa cena das meninas cantando para Arthur!! Lindas demais, muito emocionante. As lágrimas ainda estão aqui.
Amei
Hehe, acho q muita gente esperou isso, mas Elizabeth era uma caixinha de surpresas. E ela guardou a melhor de todas para o final. Vc vai gostar =]
Ain…eu ainda choro com essa cena, é emocionante demais a ligação que elas desenvolvem com o Arthur.
Até os próximos capítulos ;]