Nightingale

POV Alex

Raiva

Quando o primeiro round acabou e eu vi a minha morena sentar eu podia resumir o que eu estava sentindo nessa palavra. Raiva. Que ficou ainda maior quando eu a vi levantar porque a forma com que ela o fez me mostrou claramente que ela estava com dor

Era uma raiva de Erika por ter decidido lutar daquele jeito, raiva do Michael por deixar, raiva de mim por não conseguir fazê-la mudar de ideia…..mas era também muita raiva daquela vadia que tinha quebrado a costela da Erika naquela luta a tanto tempo atrás. Porque, querendo ou não, Erika só tinha uma costela trincada por causa de tê-la quebrado antes e isso era o que me dava mais raiva.

Vi ela parada em frente a oponente, o arbitro entre elas, e então Erika fechou as mãos em punhos depois as abriu e então as fechou de novo. Eu conhecia aquele gesto, ela só fazia aquilo quando queria fazer algo que não sabia se conseguiria. Aquilo não terminaria bem de jeito nenhum e tive a certeza quando a luta recomeçou e a minha nmoradaa ficou parada mo mesmo lugar sem nem erguer os braços.

Tudo depois disso foi um grande borrão e não me refiro ao fato da minha mente estar confusa quanto ao que ocorria, falo das cenas em si. Eu nunca tinha visto golpes tão rápidos, nunca tinha visto Erika sendo tão agressiva numa luta. Ela foi pra cima da tal Jessica e a outra mulher tentou de tudo para afastá-la e impedí-la, mas Erika apenas avançou. Como uma avalanche descendo por uma encosta que vai levando pra baixo tudo o que fica em seu caminho. Era como Erika estava se parecendo naquele momento.

Eu já estou de pé gritando o nome dela. Sei que os outros a minha volta fazem o mesmo, mas, mesmo com todo o barulho, eu consigo distinguir o grito de dor que a minha lutadora dá quando está se erguendo de novo ainda prendendo a outra contra a grade. E depois, quando ela se afastou, eu soube que ela estava preparando um chute, mas nada me preparou para a aflição que senti ao ouví-la gritar de dor outra vez antes de acertar um chute na cabeça de Jessica.

No mesmo instante em que ela caiu eu pulei do meu lugar e corri pra perto do octógono. O arbitro estava olhando Jessica e logo depois sinalizando o fim da luta enquanto Erika estava ainda de joelhos esperando para levantar ou não. Senti alguém tentar me segurar, o que era compreensível, eu não deveria entrar ainda, mas me soltei e continuei a ir na direção da minha morena. Pelo canto do olho vi Michael entrar no octógono, Erika tinha deitado no chão porque o arbitro já tinha dado a vitória pra ela. Corri lá pra dentro enquanto ele ainda estava acabando de se ajoelhar ao lado dela. O arbitro tentou me parar quando me viu, mas me esquivei dele e só parei quando me ajoelhei ao lado de Erika.

– Você não pode estar aqui ainda, Alex! – brigou Michael, mas eu só encarava a minha morena que estava de olhos fechados, mas tinha acabado de abrí-los e me encarava de volta.

– Deixa ela – sussurrou Erika me encarando, aquele mar azul dos olhos dela continuava igual, com o mesmo brilho de sempre, mas eu via a dor que ela sentia refletida ali também.

– Guarde as minhas palavras – disse num tom baixo e já colocando uma mão de leve no rosto dela num carinho leve – Quando você se recuperar eu vou te bater por ter me feito passar por essa situação. Da próxima vez que se foda tudo, eu não te deixo entrar numa luta se estiver machucada, está me ouvindo???

– Sim senhora – disse ela com um sorriso leve enquanto fechava os olhos de novo e erguia a mão direita para tocar a minha que estava do lado esquerdo do rosto dela – Nunca mais luto com uma costela trincada. Dói mais do que eu imaginei.

– Tem algo errado?? – perguntou o arbitro chegando perto da gente junto com o treinador da tal Jessica que estava sentada descansando no corner vermelho.

– Creio que a Erika vai ter que receber o prêmio em outro dia – falou Michael ficando sério e suspirando o que fez minha morena soltar um riso fraco e logo depois um gemido baixo de dor.

– Céus Michael! O que aconteceu?? Eu não vi nada na luta que pudesse fazer a sua lutadora ficar assim – falou o treinador de Jessica se ajoelhando ao lado do Michael.

– Erika lutou com uma costela trincada – respondeu Michael fazendo os olhos do outro treinador se arregalarem – É eu sei que foi irresponsável, mas eu não consegui impedí-la.

– Eu estou bem – avisou a minha morena num tom baixo, mas firme – Só preciso de analgésicos e repouso. Só isso.

– Pablo foi buscar meu carro. Vamos levar você para o hospital onde seu médico vai fazer outro Raio-X pra ver se continua tudo certo com você – disse a voz de Angeline se aproximando de nós – Na verdade você vai para um hospital onde eu fiz um convênio pra você – disse ela se abaixando ao meu lado, sorte que estava de calça e não com as saias sociais ou se abaixar daquele jeito teria sido complicado – Vou pedir pro Pablo levar seu carro pra sua casa, Alex vem com a gente.

– Você é uma ótima patrocinadora – disse Erika olhando para a ruiva, a mão direita dela ainda segurando minha mão esquerda enquanto a outra fazia um cafuné leve nos cabelos negros molhados de suor.

– Sou é uma boa amiga – falou a ruiva se levantando, só então notei que Katerine e Melisa tinham entrado no octógono também – Mel e Kat, vão buscar as coisas dessas duas que ficaram no vestiário. Nós vamos levar a Erika pro carro.

Vi as duas garotas concordarem e a loira se inclinar num beijo rápido que Angeline quase prolongou o que fez eu e Erika sorrirmos por termos notado como ela ficou boba vendo a loira se afastar. Depois Erika começou a se mover o que me fez voltar a olhar apenas ela. Minha morena estava claramente sentindo muita dor, tanto que não conseguia se apoiar direito, mas comigo ajudando ela conseguiu se sentar.

– Vamos levantar você agora Erika – Michael avisou segurando-a por um braço e eu segurei o outro.

Quando conseguimos colocar ela em pé eu passei o braço direito dela por sobre meus ombros e senti Erika se apoiando em mim. Angeline foi quem guiou o caminho até o lado de fora, Michael ficou cuidando das coisas sobre a premiação enquanto que a ruiva tomaria conta do atendimento à Erika pelo hospiral. Mel e Kat apareceram quando estávamos chegando ao lado do JEEP branco que Angeline sempre usava quando estava aqui

A própria ruiva assumiu a direção, já que Pablo levaria o carro de Erika até a casa dela. Kat entrou ao lado da ruiva deixando a chave do carro dela com Melissa que levaria o veículo pra casa dela e depois voltaria para o hospital com Ted. Dali até o tal hospital foi algo rápido. Atenderem Erika também foi questão de segundos após chegarmos. Ela foi levada diretamente para uma sala onde faria o raio-X e eu, Angeline e Kat ficamos esperando num quarto, para onde a morena seria trazida depois do exame.

Eu me sentei sobre a cama mesmo enquanto que Angeline foi direto para a poltrona perto da janela. Como não tinha o que fazer meu olhar acompanhou o movimento das duas. Kat acabou indo para o lado da ruiva e se sentando sobre um dos braços da poltrona marrom. As mãos das duas logo estavam se tocando, seus dedos se entrelaçando, mesmo que ambas olhassem em direções completamente diferentes, como se aquilo fosse apenas algo automático. Isso me fez rir porque era assim que eu sabia que Erika e eu agíamos.

– Como vão vocês duas? – acabei por perguntar já que não tinha nada pra fazer e ficar pensando apenas na Erika estava me deixando nervosa.

– Olha Alex – disse a loira com um suspiro – Eu agradeço a preocupação, sua e da Erika. Foi legal terem advertido a Ange sobre não tentar algo se não fosse sério e essas coisas. Foi….legal da parte de vocês duas quererem cuidar de mim. Mas agora já chega. Minha relação com a Angeline não tem nada haver com mais ninguém além de nós duas. Já me basta a Melissa querendo falar o tempo todo sobre como eu e ela estamos indo. Eu e ela estamos bem. Eu estou bem com a forma como as coisas estão acontecendo. Ponto. Nada mais diz respeito a ninguém.

– Mel tem andado te incomodando muito com isso hein – falei rindo baixo por causa da reação da loira, Angeline estava segurando um riso também.

– Desculpa Alex, mas realmente tá chato vocês querendo se meter nisso – disse a loira rolando os olhos.

– Vocês não oficializaram nada, não é isso?? Aposto que é esse o motivo da Mel não largar do seu pé – falei rindo enquanto via Kat suspirar e Angeline não se segurar e rir.

A loira virou o olhar para a ruiva com certa irritação, mas Angeline só abraçou a cintura dela e a puxou o que fez Kat acabar sentada na poltrona sobre o colo da ruiva. A loira até tentou reclamar e levantar, mas Angeline parecia saber muito bem como lidar com ela e a segurou firmemente colocando o rosto no pescoço da outra e Kat não conseguiu se afastar. Eu só pude rir porque tenho certeza de que se não fosse a minha presença essas duas estariam se pegando fortememte.

– Ok, ok. Se vão se agarrar é melhor irem pra outro lugar, se a Erika chega e vê as duas assim ela vai ficar super-mega-hiper constrangida e daí adeus para as MINHAS chances de ter uns amassos com ela aqui – falei fazendo a ruiva tirar o rosto do pescoço da loira e as duas me encararam rindo e riram mais ao ver meu sorriso falsamente inocente – Agora sério – suspirei olhando pra elas – Não é por nada não. Vocês não me devem explicação… E também não tem que definir nada. Só, falando por experiência própria…..as coisas mudam quando a gente pode dizer a si mesma e aos outros que tem alguém e quando pode chamar essa pessoa de namorada e essas coisas. Mas isso é só o relato de uma apaixinada boba e incorrigível que já foi uma verdadeira babaca, mas agora tá completamente a mercê de uma só mulher. Fato que eu amo devo dizer – disse saindo da cama e indo na direção da porta do quarto – Vi uma máquina de sucos mais lá na frente, vou lá pegar um enquanto espero a Erika – avisei saindo logo depois.

Saí do quarto, primeiro porque a expressão que Angeline fez quando eu citei a palavra namorada foi realmente interessante a princípio. Deu pra perceber que aquilo fez ela pensar em algo e ficar tensa e séria. Segundo porque eu não queria mesmo correr o risco de ver as duas quase se pegando na minha frente enquanto eu esperava a minha namorada. Fato que eu não recrimino de forma alguma já que sei que faria o mesmo se estivéssemos em papeis trocados e fosse eu, com a Erika no meu colo, sentada naquela poltrona. Mas eu também precisava me acalmar pra estar tranquila quando aquela morena idiota e irresponsável chegasse.

 

 

N/A: Para quem ficou curioso abaixo está a foto do carro da Angeline