Nightingale

POV Erika

Quebrar as costelas não tinha doido tanto quanto isso. Elas quebraram, eu tomei os remédios, fiquei de repouso e pronto, sarei. Agora não era assim, os remédios podiam nublar meu raciocínio além de não serem permitidos nas competições e o repouso não era uma opção. Cada respiração doía. Cada golpe que ela acertava em mim, mesmo que na guarda, doía, Cada golpe que eu acertava nela, por Deus, como doía. Mesmo assim minha expressão continuava a mesma apesar da minha respiração e do meu batimento cardíaco dizerem o contrário.

Eu não aguentaria outro round inteiro, a dor era intensa demais, meu corpo não ia suportar e eu já sabia disso quando levantei e senti pontadas na lateral do meu corpo, como se várias finas lâminas estivessem entrando por entre minhas costelas. Resisti a vontade de levar a mão até onde doía e mantive a respiração superficial tentando parecer estar calma. Jessica tinha o rosto, perto do olho esquerdo, avermelhado e eu soube que Michael tinha razão.

Eu precisava ser rápida, precisa e efetiva. Acertar os pontos certos, da forma mais eficiente possível e acabar com a luta logo. Eu não conseguiria imobilizar ela, não teria força suficiente para isso, fora que encostar a costela machucada no chão seria como deixar alguém bater nelas então o que me restava era nocaute. Eu partiria para isso então.

Paramos a alguns passos uma da outra com o arbitro perto de nós, ele nos olhou e nos deu uns segundos para respirarmos, então usei isso para me concentrar. Doeria, mas eu não tinha opção, antes doer muito de uma só vez do que aos poucos por muito tempo. Quando a continuidade da luta foi autorizada e Jessica ergueu a guarda para avançar, mas eu não fiz o mesmo. Isso a fez parar por um milésimo de segundo por incerteza e eu usei isso para acertar um chute abaixo do joelho desestabilizando-a.

Minha perna esquerda se ergueu num chute e eu acerto os braços que Jessica colocou em frente ao peito. Ela é jogada para o lado enquanto eu sinto o mundo rodar com a dor de ter me movido tão bruscamente. Giro para aliviar as costelas e uso o impulso para girar outra vez. Enquanto estou de costas minha perna direita se ergue, um chute alto, a sola do meu pé acerta a guarda novamente ao invés de chegar à cabeça dela, mas isso a faz ser jogada para o lado outra vez, contra as grades. Sinto como se minhas costelas estivessem sendo rasgadas, mas não paro.

Braço esquerdo pra cima, um soco. Braço direito, a mesma coisa. Eu a joguei contra a grade, mas Jessica conseguiu manter a guarda e evitar meus golpes. Um soco dela vem e acerta meu rosto, sinto o nariz inchar, acerto o rosto dela, perto do olho esquerdo. Outro soco dela, esse nas minhas costelas do lado direito, doeu como o inferno porque a força pareceu caminhar pelo meu tronco até o lado esquerdo. Acerto uma joelhada, ela me empurrou e veio com um soco, desvio para o lado e acerto as costelas dela pelo lado direito.

Girei de novo, ela tentou acompanhar e eu avancei sobre ela antes que conseguisse. Meu cotovelo esquerdo na guarda dela. Recuperei o braço, minha mão esquerda passou pela guarda até o queixo, mão direita no abdômen e logo em seguida subindo num gancho. O braço esquerdo dela me empurra. O pé direito dela acerta minha barriga e me joga pra trás. Não consigo me manter firme e recuo até sentir as costas contra a grade.

Quando abro os olhos depois de tê-los fechado por causa da dor vejo Jessica quase em cima de mim, um soco dela vindo na direção do meu rosto. Afasto a cabeça para o lado e a mão dela acerta a grade. Giro um pouco e acerto o cotovelo direito na barriga dela, depois pra cima no rosto, ela escapa indo para trás. Me viro, mão direita pra trás, pego impulso e salto na direção dela. Acerto um soco usando o peso do meu corpo na guarda e isso a joga para trás.

Avanço contra ela. Jessica ergue a guarda se defendendo dos meus socos. Avanço ainda mais rápido, minhas costelas parecem pegar fogo. Ela recua e tento acertá-la perto da grade, mas ela consegue girar e sair pelas minhas costas. Não consigo virar rápido o bastante e sinto o punho esquerdo dela acertar perto da minha cintura do meu lado esquerdo, sinto como se minhas costelas estivessem sendo esmagadas, mesmo que o golpe não tenha sido direto sobre a que está trincada.

Ergo o pé direito contra a grade, uso de apoio, me jogo para trás girando o corpo, ela recua escapando do meu soco. Avanço e dessa vez quando ergo a perna direita ela não é rápida o bastante e eu acerto seu tronco jogando-a para a minha esquerda. Sinto o soco dela acertar novamente meu nariz e, dificultando minha respiração, posso sentir sangue começar a escorrer. Minha mão esquerda sobe com força, o impacto do meu punho contra os braços erguidos da guarda dela provoca uma onda de dor que me faz soltar um som como um rosnado. Minha mão direita acerta as costelas de Jessica enquanto ela ainda está com as mãos pra cima.

O cotovelo dela acerta meu rosto de novo, eu seguro-a pelo antebraço. Minha mão direita acerta outro soco nas costelas dela e eu a ouço arfar. Acerto as costelas de novo, depois o lado esquerdo do rosto dela outra vez. Posso ver o olho esquerdo dela fechar com o inchaço. Solto-a e continuo com socos que passam pela guarda dela e acertam a cabeça e tronco repetidas vezes.

Ela consegue um soco, sem que eu consiga impedir, acertando meu queixo e me jogando para trás. Ela avança, eu me abaixo e a empurro de volta contra a grade. Ela se abaixa, me segura com o braço direito, o esquerdo começa a acertar o lado direito do meu corpo. Minhas costelas parecem que estão explodindo em pequenos pedaços. Ergo o braço direito e seguro o esquerdo dela, quando ela me solta para usar o braço esquerdo eu acerto o meu cotovelo esquerdo nas costelas dela.

Sinto um grito sair pela minha garganta, é dor. Mas eu me ergo e uso o cotovelo esquerdo contra o trondo dela de novo. Depois é a vez do joelho direito, ela acerta o cotovelo direito no meu rosto, mas meu joelho não para por causa disso e eu acerto a barriga dela. Sinto o ar ser expulso dos pulmões de Jessica e acertar meu rosto. Ela ainda tenta me socar, mas eu recuo soltando-a.

Ela avança, mas não tem equilíbrio. Eu desvio e ela vira para avançar outra vez. Eu ponho o pé esquerdo no chão e giro sobre ele pelas minhas costas. Solto um grito de dor quando minha perna direita sobe. A parte de baixo do meu pé acerta a cabeça de Jessica, posso sentir o contorno da orelha dela contra a sola do meu pé direito. Eu caio junto dela porque perco a força no corpo por causa do giro. Me ergo sobre um joelho, subo os braços montando a guarda para tentar levantar, mas o arbitro já está ao lado de Jessica sinalizando o fim da luta.