POV Angeline
Erika voltou um tempo depois, tempo bem maior do que o necessário para que ela tivesse apenas ido ao banheiro, mas eu não comentei nada nem pareci ligar para isso. Ela se aproximou do sofá onde eu estava deitada e se abaixou para voltar a sentar na frente da guitarrista, mas antes disso elas se beijaram rapidamente. Eu não posso negar que sinto certa inveja das duas. Elas tem um relacionamento ótimo, se entendem, confiam uma na outra, se apoiam…..e eu? Eu não tenho nem previsão de ter alguém assim pra mim.
Katerine era uma oportunidade?? Bom, eu já não tenho mais certeza alguma. Ela era discreta, isso eu notei rápido, mas também era direta, algo que me chamou muito a atenção. Entretanto….eu não conseguia desvendar se estava em terreno propicio ou não com aquela loira. Claro que o fato de eu não poder fazer as minhas tentativas comuns não me ajudava a ter certeza. Mas eu tinha dito à Erika que não trataria a amiga dela como apenas mais uma e eu iria cumprir a palavra que dei a morena.
Só que Katerine não era só mais uma…..Aquela loira tinha algo no olhar que me chamou a atenção de um jeito que eu não sabia explicar. E não era só isso….a voz dela me agradava de uma forma que eu não conseguia entender. Eu já sabia que ela não seria só mais uma desde o instante em que a ouvi falar e comecei a pretar atenção nela. Foi diferente do meu interesse pela morena, me interessei por Erika por causa das coisas que eu soube dela e pelo jeito que ela lutava e, não vou negar, pelo físico dela. Por falar nela, mesmo com o pensamento longe eu notei a troca de olhares entre a lutadora e Alex. Seja lá o que aquilo significava algo me dizia que tinha haver com a loira que ainda não havia voltado.
Tentei inutilmente prestar atenção à conversa animada dos amigos de Erika e Alex, eram pessoas muito divertidas e faziam muitas brincadeiras hilárias, mas meu riso era fraco e sem vontade porque eu acabava desviando o olhar para a porta do meu quarto que levava ao único banheiro do lugar. Quando ela voltou eu até agradeci que Ted tivesse falado algo bobo que fez todos rirem porque assim o meu sorriso teria uma desculpa.
Kat caminhou pela sala e encarou o lugar em que tinha ficado sentada até pouco tempo. Ela soltou um pequeno suspiro que eu notei, então a loira voltou a se sentar no mesmo lugar, mas eu notava que várias vezes o olhar dela desviava pra mim. No começo estranhei porque ela não estava fazendo isso antes. Ela olhava pra mim, percebia que eu estava encarando-a, desviava o olhar rápido então olhava de novo como se pra confirmar que eu ainda a estava encarando.
Foi assim por mais longos minutos até que eles resolveram pedir pizza. Alex ligou e encomendou quatro grandes de vários sabores. Pouco mais de 30 minutos depois eles estavam batendo na porta do quarto para entregar aquilo. Eu liguei para o serviço de quarto e pedi regrigerantes, algumas cervejas, pratos, copos e talheres apesar de achar que nenhum deles iria usar aquilo, eu mesma desisti de usar. Quando voltei com Erika trazendo tudo, as pizzas e as coisas que o serviço do hotel trouxe, todos estavam sentados no chão em volta da mesa de centro da sala. Eu ri daquilo e larguei as bebidas em cima da mesinha junto com as pizzas que Erika deixou ali também.
Todos já tinham se ajeitado, quando eu e Erika fomos nos sentar algo esquisito aconteceu. A guitarrista estava do lado da loira, mas quando eu e a morena nos aproximamos Alex simplesmente se arrastou para mais longe da loira fazendo com que eu fosse obrigada a sentar ao lado de Katerine. Não que eu não tenha gostado disso, mas foi estranho. Acabei me sentando ali mesmo e passamos a próxima hora comendo, bebendo e rindo.
Vez ou outra meu braço encostava no da loira. Nas primeiras vezes eu sentia ela se assustar e se retrair, mas depois da quarta ou quinta vez Katerine parou de se incomodar, o que não foi muito bom pro meu auto controle. Mas não demorou muito para ficarmos desconfortáveis, aquela mesa de centro não era grande o bastante para todos nos sentarmos calmamente em volta dela. Foi quando os casais começaram a se sentar mais perto. Ted ficou sentado mais atrás de Mel que ficou mais de lado para poder olhar pro namorado, cena bem fofa porque os dois são divertidos e engraçados. Erika e Alex também se sentaram de lado, mas dessa vez com a morena atrás da guitarrista.
Tudo estava normal, todo mundo prestando atenção nas palhaçadas que Frederick estava fazendo junto com Alex. Todo mundo comento calmamente, até que…sem que eu notasse e eu juro que foi sem nem notar, eu e a loira já estávamos muito perto uma da outra, o que era desnecessário porque que já havia mais espaço em volta da mesa. Eu notei isso e não soube como reagir, mas não consegui me afasta. Ela tinha um cheiro bom de perfume, algo mais doce e floral que me deixava muito a vontade. Quando tudo foi acabando todos começaram a se recostar nos sofás, ainda sentados no chão, mas logo já estavam falando em ir embora. Mesmo assim Katerine não se afastou muito de mim e eu nem tentei sair do lugar.
O braço dela encostando no meu me fez perder completamente o foco, então mal notei quando todos começaram a se levantar pra sair. Alex e Erika foram as ultimas e só quando elas começaram a se mover foi que eu prestei atenção em volta. Frederick estava falando com Pablo e Ted com Melissa quando as duas chegaram perto de mim e Katerine.
– Nós já estamos querendo ir – falou a guitarrista tranquilamente, elas ainda estavam sentadas no chão, mas chegaram mais perto de mim – Levamos o Frederick também e o Ted vai com a Mel. O Pablo disse que pega um taxi mesmo porque ele mora pra um lado totalmente diferente.
– Claro – respondeu a loira se inclinando um pouco na minha direção porque era pra onde estavam as duas – Eu não sei, ainda tem um pouco de pizza e….não sei – ela respondeu um tanto sem graça desviando o olhar de mim.
– Bem, eu só espero que cheguem bem, melhor não deixar o Ted nem você dirigir Alex – falei brincando com o fato dos dois amigos terem sido os que mais beberam cerveja.
– Eu e a Mel é que vamos dirigindo – falou Erika rindo e passando um braço em volta do pescoço da guitarrista que fez uma cara emburrada.
Katerine e eu rimos e as duas começaram a se levantar. Quando a loira se levantou pra se despedir deles eu me levantei também pra fazer o mesmo. Levei todos até a porta, Frederick e Pablo olharam para Katerine que não os seguia, Frederick confuso e Pablo desconfiado. Me despedi deles na porta e antes de sair Erika parou ao meu lado.
– Só não aja como uma babaca – ela me disse com um meio sorriso antes de dar as costas e acompanhar a guitarrista que já estava entrando no elevador com os outros.
Com aquela frase na cabeça eu suspirei e fechei a porta do quarto. Antes de me virar encarei a madeira pensando naquelas palavras…Será que eu saberia como não ser uma babaca?
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Comemos mais um pouco, mesmo assim sobraram alguns pedaços, enquanto conversávamos. Eram coisas bobas, assuntos leves e pouco profundos. Apenas nós duas falando qualquer coisa pra que não acabássemos em um silencio desconfortável. Chegou uma hora em que eu e ela estávamos sentadas uma de frente pra outra com a mesinha de centro ao nosso lado, conversando e sorrindo e eu nem sequer me lembro do conteúdo da conversa.
Então a conversa morreu e ficamos nos encarando sem saber como recomeçar ou continuar. Eu encarei aqueles olhos azuis cristalinos e perdi completamente a vontade de falar, mas eu tinha que dizer algo pra manter ela ali. Só que não sabia como, não tinha ideia de como fazer isso, só sabia que eu queria muito ela ali.
– Porque você me encara tanto Angeline?? – ela perguntou de repente me tirando das minhas divagações e me fazendo raciocinar de novo.
Eu não soube responder, encarei o rosto dela com uma expressão pensativa, mas não soube responder e por isso abaixei o olhar encarando o tapete macio sobre o qual estávamos sentadas. Eu poderia dizer que era porque ela era linda, mas isso seria uma cantada barata. Poderia dizer que era porque estava interessada na beleza dela, mas isso também soaria como uma desculpa boba para uma conquista simples. Poderia ainda dizer que era porque eu estava encantada com ela, mas dizer isso me deixaria estranhamente sem graça.
– Não sei, Katerine – foi o que acabei respondendo depois de alguns segundos encarando o chão e pensando – Eu realmente não sei.
– Não sabe ou não quer me falar?? – insistiu a loira me fazendo soltar um riso baixo – Vamos Angeline, diga.
– O que espera ouvir?? – perguntei com um meio sorriso divertido, mas no fundo sentia algo em mim se agitar, acabei por me aproximar dela um pouco mais.
– A verdade. É isso o que eu espero ouvir, ruiva – disse ela apoiando um cotovelo na mesinha de centro e parecendo nem notar minha aproximação – É isso o que eu quero, a verdade.
Me aproximei mais um pouco, podia alcança-la facilmente agora. A encarei por alguns segundos e suspirei perdendo o sorriso de canto que eu sempre usava como máscara.
– E se a verdade não te agradar? O que é que eu faço? – perguntei de um jeito sério.
– Você é uma mulher de negócios. O que faz quando sua proposta não agrada ao investidor para quem você a fez?? – ela me perguntou com um sorriso discreto.
– Eu convenço a pessoa de que a minha proposta é a melhor que ela pode encontrar – respondi seriamente enquanto ela me encarava ainda com um sorriso.
– Pois então, faça isso – falou a loira à minha frente ficando um pouco mais séria, o que só me fez ficar ainda mais atenta à boca dela.
– A verdade que você quer não é uma simples proposta de negócios pra mim, Katerine – falei encarando-a de uma forma muito séria – Nem você é apenas um investidor que eu tenho que convencer. Se essa verdade não te agradar tudo o que eu poderia fazer é sorrir, pedir desculpas e me afastar – disse encarando os olhos dela de um jeito sério.
Vi ela respirar fundo e então parecer pensar um pouco enquanto me encarava de volta. Notei o olhar dela vagando pelo meu rosto e então voltando pros meus olhos. Vi o corpo dela se inclinar um pouco na minha direção e então ela respirou fundo de novo e me encarou com um olhar diferente.
– Talvez eu saiba que essa proposta vai me agradar e por isso esteja te falando para dizer ela de uma vez – ela disse num tom baixo, quase como num sussurro e eu arregalei os olhos e engoli em seco e então decidi arriscar tudo logo, grandes investimentos atraem grandes riscos no fim das contas.
Ergui a mão direita até encostar no rosto dela, a loira fechou um pouco os olhos quando toquei sua pele. Então me aproximei mais um pouco ficando com meu rosto muito próximo do dela. Ergui o olhar dela até mim e nos encaramos, aquela troca de olhares me fez quase perder o fôlego, quase. Quase perdi também o foco porque aqueles olhos azuis cristalinos me hipnotizavam, mas também foi só um quase.
Suspirei e encarei a boca dela deixando claro o que eu pretendia fazer e, principalmente, deixando claro que ela poderia impedir se quisesse já que minha mão só encostava de leve no rosto dela. Mas Kat não se moveu, ao contrário, ela continuou me encarando seriamente com aquele olhar calmo e até desviando os olhos pra minha boca. Foi quando eu desisti de esperar mais e me aproximei até estar com meus lábios roçando nos dela.
– Que fique claro – sussurrei contra a boca dela e senti a loira tentar juntar nossos lábios o que me fez sorrir de leve ao evitar que ela conseguisse – Que fique claro que a verdade que você queria é que eu estou incrivelmente atraída por você.
Então eu a beijei e logo senti ela retribuindo e colocando uma mão na minha nuca.
