Nightingale

POV Alex

Eu tinha um show marcado para às 21h. iriamos abrir um show de uma banda maior que também tinha contrato com a mesma gravadora. Então esse seria o nosso maior público na história, porque haveria muita gente lá para assistir à banda principal. Mas quem disse que eu estava nervosa por isso??? Tudo em que eu conseguia pensar e me concentrar no momento era que a minha morena iria entrar num octógono para lutar em algumas horas. A luta dela seria a ultima da manhã de domingo, ela entraria às 11h e deveria estar terminando a luta perto das 12h se ela seguisse até a decisão por pontos.

Eu a deixei dormir mais enquanto eu preparava um café da manhã pra ela, fiz tudo o que pude pra deixa-la descansada. Fomos as duas para a academia onde aconteceriam as lutas por volta das 10h. A terceira luta do dia já estava acontecendo, Henry e Frederick lutariam na parte da tarde, mas tinham vindo para ver a minha namorada. Mel já estava na porta dos fundos nos esperando para nos guiar até um dos vestiários. Erika já estava com um short preto por baixo da calça do agasalho, o casaco estava completamente fechado cobrindo o top azul com a logo das empresas Carter’s.

Entramos no vestiário, Erika começou a se alongar enquanto eu separava as faixas para as mãos dela e as luvas azuis que ela usaria. Deixei tudo arrumado, incluindo as coisas dela que Michael levaria com ele, e me sentei vendo ela terminar de se alongar. Estávamos ali há uns 20 minutos quando a porta do vestiário se abriu e por ela passou um Pablo animado e sorridente. E logo depois dele entrou a ruiva com seu costumeiro meio sorriso e usando um terno feminino  na cor azul marinho com a camisa branca por baixo.

– Olá – cumprimentou ela com um sorriso ao notar a nossa surpresa.

– Bom dia Angeline – disse Erika sendo educada como sempre e estendendo a mão para a ruiva apertar, eu levantei do banco onde estava e cheguei por trás da minha morena passando o braço esquerdo pela cintura dela.

– Olá – disse estendendo a mão para a ruiva também e dando um sorriso.

– Alex – ela me cumprimentou sorrindo também – Eu vim ver a suas lutas nesse campeonato, ainda não tinha vindo acompanhar nenhuma das suas lutas, então achei que já estava na hora. Espero que se saia bem, Erika.

– Obrigada, eu estou bem preparada – falou a minha morena colocando uma mão sobre a minha que estava na cintura dela – Tudo vai correr bem.

– Eu tenho certeza que sim – a ruiva disse sorrindo de volta e deu pra notar que ela tinha soltado um pequeno suspiro – Você tem feito um ótimo trabalho não é mesmo Alex – ela se virou pra mim e piscou me fazendo rir.

Ela ainda estava interessada na Erika, era nítido. Mas também já não considerava mais a minha namorada como uma possibilidade e isso me deixava muito contente. Depois de Pablo nos cumprimentar também Michael entrou. Os três conversaram um pouco e logo depois os dois saíram e o treinador da minha morena veio para perto de nós.

Ele fez toda a parte de preparar Erika, fez ela terminar de se aquecer, conferiu todo o equipamento, colocou as faixas e depois as luvas. Então ela sentou e eu fiquei em pé atrás dela com minhas mãos massageando de leve os ombros da lutadora enquanto Michael dava as ultimas instruções.

O campeonato tinha um limite de peso maior, assim Erika pode se manter com 62Kg porque o limite era 70. A oponente dela era menor, pesava 60Kg. Era uma novata, mas uma novata nas lutas resgistradas. Segundo as informações levantadas por Katerine (a nossa especialista em descobrir as coisas) a garota já era muito reconhecida fora do mundo profissional. Traduzindo: ela tinha vindo do mundo das lutas ilegais e muita gente já conhecia ela.

O nome era Trisha, uma garota de 27 anos, cabelos loiros, olhos castanhos e 167cm. Menor que Erika? Sim, muito! Mas Kat tinha nos dito que ela era acostumada a lutar até com homens nas lutas ilegais em que fazia antes de entrar numa das academias mais conhecidas da cidade. Eu estava preocupada, mas Erika estava muito calma. Bom, eu sei que ela também tinha que lutar com os homens na academia porque não achava nenhuma mulher no nível dela, mas mesmo assim eu ficava preocupada toda vez que ela entrava num ringue.

– Alex! – ouvi a voz dela me chamando, provavelmente depois de ter feito isso outras vezes, e olhei pra baixo, para o rosto dela que tinha um sorriso divertido – Presta atenção, mulher – disse ela rindo e colocando uma mão sobre a minha no ombro dela – Vamos, eu tenho que tirar a corrente agora – me disse ela e eu suspirei levando as mãos para o metal da corrente dela.

O anel de Erika já estava pendurado na corrente dela desde que ela tinha começado a se aquecer, e como já estava quase na hora dela ir pra luta eu iria tirar aquilo do pescoço dela e deixar no meu até ela sair. Como a corrente era comprida eu nem precisei abrir o fecho, só ergui ela por cima da cabeça da morena e passei pela minha deixando o anel dela com a medalha ficar sobre o meu peito. Erika se levantou e, com delicadeza colocou a corrente por dentro da minha regata verde antes de me abraçar.

– Vocês tem 3 minutos – falou Michael rindo e saindo do vestiário para esperar na porta.

– Vai dar tudo certo – me garantiu ela antes de beijar o canto da minha boca me fazendo sorrir.

– Tem razão – concordei sorrindo e colocando as mãos na cintura dela só para logo depois escorrega-las para a parte baixa das costas de Erika e trazê-la para mais perto ainda de mim – Você vai acabar com aquela garota – falei fazendo carinho nas costas dela e erguendo o rosto – E eu vou estar na primeira fila gritando seu nome.

– Isso mesmo – ela concordou comigo e se inclinou para nos beijarmos.

Foi um dos nossos beijos calmos, mas cheio de sentimento com os nossos lábios se movendo de forma tão sincrônica que até parecia ensaiado. Michael não precisou entrar para nos separar, terminamos o beijo com selinhos e eu beijei o pescoço dela perto da garganta. Quando Michael entrou eu já estava colocando o casaco em Erika e puxando o capuz sobre a cabeça dela. Depois de mais um beijo, esse mais rápido, eu sai e fui para as arquibancadas.

Mel tinha guardado um lugar pra mim na primeira fila ao lado dela, Ted tinha vindo também e estava sentado do outro lado. Angeline acabou sentada do meu lado esquerdo com Kat logo ao lado dela e Pablo ficou na fila de trás logo atrás de mim e da chefe dele. Quem entrou primeiro foi a outra garota, depois de todos os procedimentos ela entrou e correu em volta do octógono erguendo uma mão e sorrindo antes de parar em frente ao corner vermelho.

– Trisha Henders, 27 anos, 167cm, 60Kg – falou Katerine com um tom sério que fez todos olharmos pra ela – Ela nunca perdeu nas lutas ilegais, descobri isso agora pouco sondando os colegas de academia dela.

– Isso é preocupante? – perguntou Angeline fazendo a loira olhar para o lado como se tivesse esquecido que havia uma presença desconhecida por perto.

– Bastante – continuou ela com um pequeno sorriso antes de desviar os olhos.

– Kat é a nossa especialista em probabilidades e estatísticas – falei rindo e olhando para a ruiva, acabei por notar o sorriso confuso que ela deu ainda olhando para a loira que tinha os olhos azuis claros fixos na direção do vestiário por onde sairia Erika.

– Compreendo – falou Angeline voltando o olhar para a porta do vestiário que Michael já estava segurando aberta, mas eu notei que ela ainda desviou os olhos para a loira ao lado dela duas vezes, claro que depois disso eu não vi mais nada porque Erika saiu do vestiário e eu não conseguiria olhar para outro lugar.

O ritual da minha morena foi o mesmo até ela entrar no octógono. Como sempre Erika não demonstrava sentimento nenhum naquela expressão neutra que ela sempre colocava, como uma máscara, antes de entrar numa luta. Trisha no entanto tinha um sorriso debochado que me fez lembrar de Megan Gonzales e eu não gostei nada disso.

POV Erika

Ela tinha um olhar de deboche enquanto olhava pra mim, mas isso não me irritou. Só serviu para que eu confirmasse algumas das informações que Katerine tinha passado pra mim. Essa Trisha é apenas uma idiota que acha que lutar e brigar são a mesma coisa. Eu mostraria pra ela que não.

Quando a luta começou ela não veio direto pra cima de mim, era mais inteligente do que isso e então resolveu me circundar para procurar um ponto fraco. Ela não acharia nenhum, mas pra provar que eu não tinha medo dela eu abaixei a guarda um pouco. Ela riu e parou de se mover, então eu voltei a erguer meus braços e a encará-la de forma ainda mais séria.

Os primeiros golpes que nós duas soltamos eram apenas para testar uma a outra. Michael tinha me dito para ir com calma e estudar os movimentos porque não sabíamos o que ela era capaz de fazer, essa era uma das poucas vezes em que eu concordava com ele. Como teríamos apenas dois rounds de cinco minutos cada eu decidi força-la um pouco para descobrir o que ela faria.

Para a minha felicidade Trisha era uma lutadora que preferia ficar em pé e, mesmo quando eu a pressionava ela sempre reagia mantendo a distancia e se esquivando dos cantos. Perto do fim do round, quase que em um consenso, começamos a avançar com mais força. As duas acertamos alguns golpes, mas nada que pudesse garantir que uma tinha mais pontos que a outra. Quando eu me sentei em frente ao corner azul Michael me deu água e abaixou na minha frente, eu permaneci encarando ela.

– Leva ela pro chão Erika, já deu pra notar que a garota ta evitando isso – falou ele arrumando as luvas e lavando um pouco o protetor bucal que eu usava – Você é boa nisso, a luta vai estar garantida se você colocar ela pra baixo.

– É fingimento – sussurrei quase sem mover os lábios fazendo ele erguer o olhar pra mim e se levantar um pouco ficando na minha frente, eu olhei pra ele com a minha expressão calma de sempre – Ela está me levando a acreditar que está evitando o chão, mas eu acho que é ao contrário.

– Erika….você não tem como…. – ele começou a dizer mas eu sorri fazendo ele me encarar surpreso.

– Já ouviu falar em sexto sentido, Michael? – perguntei voltando a minha expressão calma – Ela tá me induzindo a levar a luta pro chão pra me surpreender ai.

– O que vai fazer??? – ele perguntou curioso pegando a minha garrafa de água.

– Vou acabar com ela antes que ela consiga raciocinar – falei colocando o protetor bucal de volta na boca e levantando.