– Bem, esse é o hotel de vocês – disse Pablo sorrindo ao levar Erika e Alex para dentro do enorme hotel perto do centro de Dallas – A Srta. Carter também está hospedada aqui e o meu quarto é no andar inferior ao de vocês.
– Isso é um hotel 5 estrelas Pablo – falou a guitarrista olhando em volta admirada enquanto segurava firmemente a mão de Erika com os dedos das duas entrelaçados.
– Não entendo porque a necessidade disso tudo pra nós duas – falou Erika desconfortável com aquele ambiente.
Pablo vestia um de seus ternos pretos com camisa branca e gravata que hoje era azul escura. Já Erika e Alex estavam muito mais simples. A morena usava um jeans azul escuro com seus coturnos e um moletom cinza por cima de uma camisa de mangas curtas marrom. A guitarrista estava com um jeans mais claro, all stars verdes escuros e uma camisa social bege com as mangas dobradas até os cotovelos.
– Não fiquem assim – falou Pablo rindo – Vejam, a Srta. Carter já estava hospedada aqui a alguns dias atrás quando decidiu que as gravações deveriam ser feitas com a supervisão dela. O que aconteceu é que se tornou muito mais cômodo que todos nós ficássemos no mesmo hotel, por questões logísticas. Venham, me esperem no elevador que eu vou pegar as chaves.
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– Nossa – falou Alex parando de frente para a cama coberta por lençóis azuis – Isso é enorme.
O quarto das duas era no 13° andar e ficava bem perto do elevador. Tinha uma pequena sala com três sofás médios em volta de uma mesa de centro e com uma televisão de tela plana pendurada na parede logo a esquerda da porta de entrada. Um pequeno corredor se formava entre a parede esquerda e uma outra parede que era parte do pequeno bar onde havia uma mini geladeira e uma estante com diversas bebidas. Atrás dos sofás ficava uma porta branca que dava acesso ao quarto em si. Havia a enorme cama bem ao centro do lugar, dois criados-mudos aos lados da mesma, uma ampla janela com sacada à esquerda da cama e a direita um guarda roupas enorme e uma porta que dava no banheiro. Tudo em tons de azul, branco, preto e amarelo.
– Você está pensando no que eu estou pensando?? – perguntou a menor olhando para a morena com um sorriso sugestivo que fez Erika corar.
– Eu com certeza não estou – falou a lutadora indo na direção do guarda-roupas com a sua pequena mala – Pelo menos não estava – sussurrou ela soltando a mala, mas a menor a tinha seguido de perto então pode ouvi-la.
Alex abraçou a morena por trás colocando as mãos por dentro da camisa da lutadora e empurrando-a para mais perto do guarda-roupas de forma que Erika ficou prensada contra o móvel.
– Alex – disse a morena suspirando e segurando as mãos da menor impedindo-a de coloca-las mais para baixo – Pablo vai chegar daqui a pouco para me falar sobre o que vou ter que fazer e quando vamos começar, nós não temos tempo pra isso agora.
– O que é uma pena eu devo dizer – falou a guitarrista rindo um pouco e fazendo Erika virar até a morena estar com as costas contra o guarda-roupas – Adoraria poder experimentar essa cama enorme.
– Outra hora – disse Erika rindo baixo e passando os braços em volta do pescoço da morena – Agora, vamos arrumar as nossas coisas.
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Pablo guiou as duas para um elevador, os três estava num prédio onde havia um estúdio e vários escritórios de outras coisas. Eles desceram no oitavo andar e o rapaz guiou as duas por alguns corredores até a porta certa. Havia uma moça sentada atrás de uma mesa pequena no que parecia ser uma recepção. Ela sorriu e disse para todos entrarem. Lá dentro eles encontraram um homem de uns 40 anos que seria o diretor e dois rapazes, os câmeras, que deveriam ter entre 25 e 30 no máximo. O diretor se chamava Thomas e tinha cabelos brancos misturados aos pretos, era alto e muito sorridente.
Thomas começou explicando o que Erika teria de fazer que seria apenas fingir treinar e bater em um saco de areia que já estava pendurado no centro da ampla sala, depois disso ela apenas faria uma segunda cena com ela bebendo um pouco de um suplemento numa garrafa com o logotipo da marca e da nova linha de produtos. Ele explicou e explicou e então pediu para Erika fazer um pequeno ensaio, antes mesmo da morena ir trocar de roupas.
Ela parou de frente para o saco de areia e pensou em si mesma e nos movimentos que fazia durante seu treino, então imitou alguns deles mais lentamente a pedido do diretor que queria visualizar toda a cena lentamente antes de finalmente gravar. Erika estava de lado para a entrada da sala e deu alguns socos se mantendo no mesmo lugar.
– Agora experimente se mover enquanto faz isso – disse uma voz feminina com um timbre claro e suave chamando a atenção de todos na direção da porta da sala.
Ali estava parada uma mulher, cabelos avermelhados num tom cobre e olhos verdes. A pele branca se destacava por causa da camisa social de mangas compridas num tom de vermelho vivo, ela também usava uma saia social de uma cor marrom escura que descia até os joelhos destacando bem as coxas grossas, no braço esquerdo o blazer da mesma cor da saia que formava o conjunto, a mão direita segurando uma pasta de couro preto. Nos pés ela usava um sapato de salto alto preto e, pendurado na camisa que tinha os dois primeiros botões abertos, estava um óculos de vidros retangulares com uma armação bem discreta.
– Senhorita Carter! – falou Pablo correndo para alcançar a moça – Seja bem vinda senhorita – disse ele pegando a pasta e o blazer da ruiva que sorriu amigavelmente e caminhou para dentro da sala.
Erika saiu de perto do saco de areia e parou ao lado de Alex, o diretor ficou um pouco a frente das duas e cumprimentou a mulher com um sorriso e um aperto de mãos. Logo depois o olhar dela se virou para as duas, mais especificamente para a morena.
– Finalmente nos conhecemos pessoalmente, senhorita Anderson – disse a ruiva com um sorriso de lado parando bem em frente à lutadora – Você é maior do que eu esperava que fosse – ela completou com um riso baixo olhando a morena de cima a baixo e analisando cada detalhe, só depois o olhar dela se voltou para a guitarrista que estava bem ao lado da morena.
– Erika, pode me chamar apenas de Erika – disse a lutadora com um sorriso constrangido e estendendo a mão para a ruiva – É um prazer conhece-la senhorita Carter.
– O prazer é todo meu – disse ela sorrindo e voltando a olhar para Erika – E se posso te chamar de Erika então você pode me chamar de Angeline, não há necessidade das formalidades gerais creio eu – falou ela abrindo um sorriso calmo e largo enquanto segurava a mão da morena com firmeza.
– Bem, essa é Alex Lancaster – disse a morena sorrindo timidamente e segurando a mão da menor que sorriu mais alegre – A minha namorada – falou Erika por fim, vendo a ruiva arregalar os olhos surpresa ficar sem reação – Não…não há nenhum problema em ela estar aqui, não é? – perguntou a morena receosa pela reação da ruiva, Alex também ficou parcialmente apreensiva por conta disso.
– Não….Não! Claro que não – falou Angeline se recuperando do susto e voltando a dar um meio sorriso – Não há nenhum problema, pelo contrário. Bem, acho que devemos começar logo com o trabalho que viemos realizar não acham? – e dizendo isso ela se afastou das duas e foi até o diretor.
– A senhorita tem razão – falou Thomas sorrindo abertamente – Erika, querida, aquela porta ali é um banheiro, sua roupa já está lá. Pode ir se trocar, sim? – disse ele apontando uma pequena porta de madeira num canto mais afastado da entrada da sala.
Erika foi até lá enquanto que Alex ficou parada ao lado de Pablo, perto de onde o diretor e Angeline Carter haviam se sentado. Assim que se sentou a ruiva olhou diretamente na direção da guitarrista analisando-a com tanto interesse que em certo ponto, segundos depois de Erika fechar a porta, a ruiva acenou para Pablo e apontou para a menor pedindo que ela se aproximasse.
– Olá – disse Angeline apontando uma cadeira ao lado da qual ela estava usando – Sente-se, Alex não é?
– Exato – respondeu a guitarrista sorrindo e se sentando – Eu espero que não haja nenhum inconveniente no fato de eu estar aqui. E eu me refiro ao fato de eu ser namorada da Erika.
– Não existe nenhum problema no fato da lutadora a quem eu ofereço patrocínio preferir estar com uma mulher do que com um homem – disse Angelina com um meio sorriso que Alex começou a achar que era a expressão comum dela – Quando eu assumi a empresa do meu pai eu me certifiquei de acabar com todo e qualquer tipo de preconceito que pudesse vir a existir. Temos uma política muito rígida quanto a isso na empresa.
– Entendo – disse a menor um tanto aliviada, mas ficando curiosa sobre a reação anterior da ruiva.
– O que eu queria era…bom – falou Angeline rindo um pouco – Porque não me conta mais sobre Erika? Eu sou alguém que se preocupa muito com meus negócios e Erika Anderson é o meu mais novo e promissor investimento. Eu estou realmente apostando no sucesso dela.
– Nossa, eu não achei que vocês estivessem apostando tanto na Erika – falou Alex sorrindo animada – Bem, ela é um tipo de pessoa incrível. Mas…não sei bem o que posso contar ou não, algumas coisas são bem pessoas e intimas. E eu não acho que sei mais do que você jpa deve saber sobre as lutas dela.
– Eu só tenho algumas perguntas – falou Angeline sorrindo calmamente e fazendo a guitarrista pensar que, se fosse a uns seis messes atrás, ela provavelmente já estaria flertando com uma mulher tão bonita sorrindo daquela forma para ela.
– Bem, dependendo da pergunta eu posso responder – falou Alex dando de ombros calmamente.
– De onde ela é? Deu para notar que não Erika não é do Texas….algo no jeito dela falar – disse a ruiva se sentando confortavelmente e cruzando as pernas ficando parcialmente virada para a guitarrista.
– Oregon – disse Alex calmamente – Ela veio para cá a pouco mais de dois anos, dois ou três anos pelo que sei.
– E a família dela? Quando Pablo fez o cadastro dela na empresa para nossas formalidades, não foi informado nenhum parentesco e, se não me engano, os únicos contatos que ela deixou na ficha foi o seu e o de uma mulher chamada Elizabeth.
– Essa já é uma pergunta complicada – sussurrou a menor olhando para frentes – O pai dela morreu a uns três meses e meio, mais ou menos. Ela só tem a mãe viva, mas…..a Sra. Anderson não apoia a carreira da Erika como lutadora.
– Isso é um absurdo – falou Angeline num tom sério, mas não exaltado – Erika é uma das lutadoras mais promissoras dos últimos anos.
– Existem complicadores nessa história toda que eu não posso contar – falou a guitarrista suspirando e dando de ombros.
– Ok, entendo – falou a ruiva calmamente – Mas e você, faz o que?
– Sou guitarrista, tenho uma banda, estamos pra começar a gravação de um album teste pra uma gravadora – contou Alex com um sorriso.
– Uma guitarrista e uma lutadora – riu Angeline – Difícil imaginar como isso aconteceu.
– Uma coincidência eu diria, se eu acreditasse nesse tipo de coisa – falou Alex rindo e se sentindo muito confortável em conversar com a ruiva – Uma amiga dela namora meu melhor amigo e baterista da banda, um dia essa amiga levou a Erika num show nosso. Eu e ela tivemos um desentendimento bem complicado…..mas depois eu soube que estava errada e fui me desculpar.
– E como foi que isso virou um namoro? – perguntou a ruiva realmente parecendo muito interessada.
– A Erika sempre se pareceu e agiu como um tipo diferente de mulher, mas algo no olhar dela mexeu comigo na primeira vez em que eu a vi – contou a guitarrista se lembrando daquela noite – Ela sempre pareceu esconder algo, foi a primeira impressão que eu tive dela. Mas….acabei descobrindo que ela escondia a si mesma. Simplesmente me apaixonei pelo jeito único dela – contou a menor encarando um espaço vazio – Acho que antes de eu me apaixonar nunca ninguém tinha tido coragem de dizer a ela o fato de que ela é uma mulher incrivelmente linda, mas ela é mesmo que não faça o ‘tipo’ de todo mundo.
– Ela realmente tem uma beleza única – disse a ruiva deixando Alex em dúvida se ela tinha dito aquilo apenas para concordar com o que ela dizia ou se era uma opinião realmente pessoal – Vocês duas estão juntas a muito tempo??
– Quase quatro meses – contou Alex desconfiada.
– Olha, ela já terminou – disse a ruiva desviando o olhar da guitarrista e olhando para trás.
Alex fez o mesmo e viu a morena se aproximar com um short preto bem solto na altura do meio das coxas e um top com o logotipo da empresa e as mãos envolvidas numa faixa azul.
– Perfeita – sussurrou Angeline se levantando e caminhando na direção da morena deixando uma Alex confusa e preocupada para trás – Vamos começar com a parte dela treinando Thomas – disse a ruiva num tom alto sendo ouvida e atraindo os olhares de todos, ela se aproximou de Erika e, segurando levemente a morena pelo braço, puxou a lutadora para perto do saco de areia – Faça como você tinha demonstrado antes, mas se movendo mais, queremos dar realismo a tudo isso e creio eu que, dessa forma, ficará perfeito – falou ela se afastando para que Thomas se aproximasse e checasse todos os detalhes.
Enquanto isso Alex se levantou e foi para um canto mais afastado da ruiva. A guitarrista estava com uma sensação confusa em relação àquela mulher.