Ganhamos a primeira partida contra Gana e perdemos a segunda para a Austrália. Nada para se desesperar. Dois times se classificariam para as oitavas de final e na terceira partida teríamos Suzana Alcott de volta. A jogadora não via a hora de poder atuar. Quase enlouquecera com comichões insuportáveis de pura ansiedade por ocasião do jogo contra a Austrália. Sentia-se plenamente restabelecida. Mais do que isso. Sentia-se plena. Estava fazendo o que mais gostava de fazer entre todas as coisas – jogar basquete, e tinha ao seu lado o grande amor da sua vida.
Um dia depois de sair do hospital, tivera uma conversa com Eleonora. A jovem treinadora lhe expôs sucintamente o difícil diálogo com Luciana e também a breve palestra com Regina. Suzana escutou tudo carinhosamente. De fato, doía-lhe ver no rosto de Eleonora o sofrimento por magoar alguém que amava. Impacientava-lhe o espírito irrequieto ter que concordar com Regina e segurar o seu ímpeto de grudar noite e dia em sua loirinha para não conspurcar a harmonia da equipe, mas não conseguia disfarçar o seu contentamento por saber-se única para o amor de Eleonora. Suzana transpirava energia e segurança.
Mas, acima de tudo, a maturidade dera-lhe sensibilidade o suficiente para sentir quando sua amada precisava mais da companheira do que da amante saudosa e, nesse dia, por perceber o quanto o coração afetuoso e compassivo de Eleonora estava ferido, Suzana a envolveu num abraço terno e permitiu que a sua pequena amante repousasse a cabeça sobre o peito largo e chorasse mansamente, sem cobranças. Suzana deixou-se ficar afagando os cabelos loiros e sussurrando palavras doces até que os soluços esvaecessem. A partir desse dia, os laços que as unia tomou outra consistência e era como elas se acarinhassem e se encorajassem só com o olhar, já que, por acordo mútuo, resolveram se apartar discretamente até que o campeonato terminasse. O que poderia ser uma tortura para Suzana, ver aquela pequena beleza desfilar a sua graça encantadora sem poder tocá-la, ou para Eleonora, observar aquela perfeição morena distribuir o seu charme sem a chance de tomá-la em seus braços quando sabia que seria mais do que bem-vinda, transmutava-se em delícia ante a um simples olhar cúmplice, secreto, carregado de significados íntimos e de carícias ocultas.
Foi com esse estado de espírito que Suzana estreou no Campeonato Mundial.
Sobejamente aplaudida pelos presentes no ginásio, a maioria sabedora do drama por que passara a jogadora há poucas semanas atrás, Suzana não os decepcionou. Numa atuação soberba, levou a seleção a mais uma vitória. Saiu da quadra antes do apito final, exausta, mas feliz. Olhou para Eleonora no banco, rápida e intensamente, esperando que ela entendesse que este inebriante sabor de vitória e superação era, em grande parte, advindo dela. Eleonora devolveu-lhe um sorriso pleno de calor e entendimento.
A seleção venceu o outro jogo e foi para as oitavas como o segundo lugar do grupo. Encarou o respeitável time do Japão, disciplinado e renitente. Ganhou no minuto final. As quartas seriam contra a China. Outra pedreira.
O time, no entanto, parecia a cada jogo mais coeso, entrosado e inspirado. A equipe vinha num crescente e Regina enxergava isso como ninguém. Na noite da vitória contra o Japão, ela falou para Eleonora:
– Nós estamos bem, Elê. Nós estamos bem – repetiu pensativa. – Sinto cheiro de vitória. Não quero me antecipar, mas…Eu sinto, entende?
– Entendo perfeitamente, Regina – respondeu a treinadora física. – Eu também pressinto o mesmo.
– Ah! Eleonora. É um sonho. Um sonho realizado em etapas e nós vamos vencê-las uma por uma.
– Uma por uma – concordou Eleonora com um sorriso.
– Isso! – Regina deu um tapinha amistoso no ombro de Eleonora e foi se recolher. A cabeça da técnica fervilhava pensando no próximo jogo.
Passamos pela China com relativa facilidade dada a qualidade e tradição do adversário. A verdade é que, junto com o time, Suzana parecia ainda melhor. Seu jogo se agigantava a olhos vistos e já parecia natural aos espectadores, o longo e forte braço erguido a cada cesta certeira. O time brasileiro começava a despontar como um dos favoritos.
A semifinal foi especialmente dramática. Novamente contra a Austrália que vinha de uma vitória sobre o time da casa. Adversário competente e aguerrido, foram necessárias duas prorrogações para definir-se o vencedor. Ao final da segunda prorrogação, com a seleção brasileira dois pontos atrás no marcador e a dois segundos do final, Suzana executou um arremesso longo extraordinário, mais de um metro atrás da linha de três pontos, e o Brasil ganhou por um ponto de diferença na mais emocionante partida até então.
Estávamos na final.
A manhã, após o jogo da semifinal, parecia mais luminosa do que todas as manhãs de que Suzana se lembrava olhando a bela Madrid da sacada do seu quarto de hotel. Sua companheira de quarto descera cedo para o café, mas Suzana preferira ficar apreciando o sublime sentimento de sentir-se tão viva. O toque estridente do celular a tirou dos seus agradáveis pensamentos. Ela atendeu:
– Alô.
– Hello, big sister.
– Bobby!
– God, Suzie. Nobody call me like that anymore. Call me Lord Robert Alcott.
– Shut up, Bobby!
As risadas de ambos os lados das linhas denunciaram a brincadeira familiar.
– How are you, sister?
– Like never, brother. Where are you?
– London. But…I got a ticket to some basketball game tomorrow in…I’m not sure…Wait…Madrid, I think.
– You’re kidding me!
– No. I’ll go, Suzie. I’m very proud of you.
– Thanks. I’m waiting for you. I love you.
– I love you.
Suzana desligou com um sorriso radiante nos lábios. Alguém bateu timidamente na porta. Suzana foi abrir imaginando que num dia assim não era possível nada acontecer de ruim. Estava certa. Abriu a porta para ter o indescritível prazer de ver Eleonora. Não disse uma única palavra. Puxou-a para dentro do quarto. A jovem loira só teve tempo de falar:
– Suzana!
Ganhou um rápido e travesso beijo na boca.
– Você não desceu para o café…
Ganhou outro.
– Vim saber se você está bem…
Suzana não chegou a roubar o terceiro. A loirinha pegou o rosto moreno com ambas as mãos e quando Suzana achou que iria levar uma reprimenda por sua molecagem, foi puxada para o beijo mais quente e sensual das últimas semanas. Eleonora, então, segurou-a pelo pescoço com uma das mãos e com uma força imprevista pegou-a com a mão restante pelos quadris e encaixou a sua coxa entre as coxas morenas com ímpeto e precisão. Suzana se derreteu. Parou o beijo surpreendente e delicioso somente para exclamar:
– Uau!
Eleonora deixou escapar um único comentário:
– Que saudade, meu amor.
Pegou a mão de Suzana e puxou para o quarto.
– Elê, você tem certeza?
– Você trancou a porta do quarto?
– Sim, mas…
– Então venha.
– O que iremos dizer se a minha companheira de quarto voltar?
– Não sei. Não quero saber. Inventamos qualquer coisa. Deus, Suzana. Eu quero você mais do que respirar.
Eleonora enfiou as mãos entre o pijama e a pele de sua mulher e capturou a nádega firme com um suspiro de prazer. Qualquer protesto razoável que Suzana pudesse pensar nesse momento esvaiu-se como fumaça. Caíram sobre a cama sem pararem o beijo ardente.
Eleonora levou os lábios sedentos ao pescoço da morena saboreando-lhe os contornos precisos e o cheiro inebriante. Perdida num desejo imperioso, sentiu um ímpeto violento de rasgar a malha da parte de cima do pijama de Suzana para expor a pele aveludada de que tanto sentia falta.
Suzana anteviu a urgência de sua amante e tirou depressa a camiseta.
Eleonora afundou a boca no mamilo que se apresentava túrgido de excitação mesmo antes do primeiro toque. Sugou com volúpia os seios divinos. Suzana gemia alucinada agarrada aos cabelos loiros. Insaciável, Eleonora correu a língua pelo abdômen definido e descrevendo uma linha de fogo ventre abaixo, foi tirando com as mãos a parte debaixo do pijama enquanto a boca exigente explorava a pele desnuda entre beijos lépidos e lambidas lancinantes e se aproximava dos cachos negros exalando o cheiro sedutor da excitação feminina. Tirânica, Eleonora desdenhou o paraíso a sua disposição e continuou puxando as roupas perna abaixo, passeando os lábios quentes por dentro das coxas musculosas. Suzana respirava com dificuldade e só conseguia balbuciar:
– Eleonora…
Impiedosa, a loirinha retornou e mergulhou a língua sedenta na virilha macia, saboreando-lhe a carne tenra e demonstrando-lhe claramente o que viria depois. Suzana implorou:
– Por favor, meu amor…
Suzana ainda pôde ver olhos verdes marotos olhando para o seu próprio rosto transtornado de desejo antes de afundar a boca no centro pulsante do sexo da jogadora que precisou morder os lábios para não alertar meio hotel do estado altíssimo da sua excitação. Suas pernas tremiam de forma incontrolável, seu ventre se contraía forte e involuntariamente e, mais rápido do que ela conseguia se lembrar, o orgasmo veio intenso e delicioso. Antes que pudesse raciocinar, Eleonora alcançou-lhe a boca num beijo profundo e íntimo como somente são os beijos em que o ser amado trás na boca o nosso próprio gosto. Suzana sentia o peito tronar como mil baterias de escola de samba…Pronta para devolver à sua amada o prazer que ela lhe concedera, foi surpreendida por batidas firmes na porta.
– Suzana, você está aí?
– É a Márcia – a jogadora constatou, aflita. – Já vou! – gritou nervosa e olhou para Eleonora. – E agora?
Estranhamente, a loirinha riu como se tivesse se divertindo com a situação.
– Você tem um guarda-roupa? Só não me coloque na geladeira. Sou friorenta.
Suzana vestia a roupa apressada.
– Calma, Suzie. Nós podemos fingir que estávamos apenas conversando.
– Com essa minha cara pós-sexo e com esse seu rostinho malicioso, Eleonora? Nem meu avô acreditaria. Já sei! A sacada.
– A sacada?
– É. Eu dou um jeito de me livrar da Márcia em pouco tempo.
Eleonora foi para a sacada e Suzana fechou a porta e a cortina antes dela. Correu e abriu a porta.
– Desculpe, Márcia. É…Eu estava no banheiro.
– Você está bem, Suzana? Parece meio alterada.
– Éééé…Diarréia. Um pouquinho só…- completou Suzana com um sorriso sem graça. Sem saber porque, parecia enxergar uma certa loirinha tentando bravamente conter uma sonora gargalhada a poucos passos dali.
– Ih! A Regina não vai gostar nada disso.
– Não, não – apressou-se, Suzana. – Foi só um pequeno desarranjo. Já passou. Estou ótima.
– Que bom. Preciso usar o banheiro também. Você não o deixou imprestável, não é? – brincou a colega de time.
– Não. Pode usar sem medo. Fui uma lady sobre o trono – Suzana retornou a brincadeira.
Quando Márcia entrou no banheiro, Suzana correu para a sacada.
– Pronto. Pode ir. Rápido!
A jovem treinadora tinha lágrimas nos olhos devido ao riso reprimido. Caminhou tranqüilamente para a porta de saída. Suzana abriu a porta do quarto e sussurrou:
– Que traquinagem foi essa, Srta. Cavalcanti?
Eleonora respondeu no mesmo tom:
– O doce sabor da vingança. Lembra-se do escritório no ginásio?
– Ah! Uma mulher vingativa. Pois isso será uma eterna vendeta, minha amiga. Você não perde por esperar.
Eleonora retornou-lhe um olhar tão quente que Suzana quase perdeu o ritmo respiratório.
– Eu mal posso esperar.
Saiu.
Suzana fechou a porta, recostou-se nela e suspirou bem no instante em que a colega saia do banheiro.
– Você não vai tomar o desejum, Suzana?
– É, acho que vou, sim. De repente me veio uma fome…Uma fome de leão – riu da piada íntima e foi tomar uma ducha rápida.
O ginásio estava lotado para a grande final do Campeonato Mundial de Basquetebol Feminino entre as seleções do Brasil e da Rússia que vencera os Estados Unidos na outra semifinal. Os comentaristas se dividiam entre aqueles que acreditavam mais na tradição e afinamento do jogo das russas e os que admitiam uma vitória do surpreendente time brasileiro comandado pela melhor jogadora do campeonato, a primorosa Suzana Alcott.
Tinha tudo para ser uma grande final. E foi.
A partida começou nervosa para o jovem time brasileiro que, menos acostumado à pressão de uma final, errava muitas bolas fáceis e cometia faltas desnecessárias e tolas. Felizmente, o destempero não demorou muito. Habituada a inúmeras finais de campeonato, Suzana tomou para si a incumbência de acalmar a equipe, requisitando a bola nas transposições defesa-ataque e cadenciando o jogo até que os nervos do time alcançassem a harmonia entre ansiedade, agressividade e frieza.
O jogo equiparou-se. Os dois times se alternavam no placar. A diferença no marcador chegava a no máximo cinco pontos e invariavelmente tornava à igualdade. Suzana se esvaía em suor. Os cabelos negros outrora firmemente amarrados num rabo de cavalo encontravam-se despenteados e muitos fios soltos vinham grudar na tez molhada, mas a bela face não desmanchava a feição concentrada e determinada. A morena alta lembrava, nesse instante, uma guerreira comandando com segurança e altivez o seu pequeno exército. Gritava, apontava, instruía, incentivava e acima de tudo incendiava de ânimo as outras jogadoras.
Ao final da partida, a equipe russa converteu uma cesta e passou dois pontos à frente. Onze segundos para o final. Regina pediu tempo. O time acorreu a ela atento e nervoso. Regina pegou a prancheta para definir a jogada que escolhera para esta última tentativa de alcançar o topo do basquete mundial.
Eleonora e Suzana se olharam brevemente e nessa fração de segundo ambas retornaram nove anos no tempo e se lembraram de uma outra final não tão importante, mas não menos marcante em suas vidas. Suzana voltou o rosto atento para o que dizia a técnica. Definiram a jogada. Só que, desta vez, diferentemente de há quase dez anos atrás, quem seria duramente marcada para não receber a bola em condição de arremesso não seria uma jogadora da equipe adversária, seria Suzana – o coração da equipe brasileira.
O time brasileiro soltou a bola. A armadora Adriana a recepcionou e seguiu driblando para a quadra russa, marcada de perto pela adversária. Durante esses mesmos segundos, Suzana postou-se na cabeça do garrafão russo, quase imóvel. A jogadora que a marcava praticamente respirava em sua nuca e outra jogadora permanecia de guarda a menos de dois metros dali. Adriana chegou perto da linha de três pontos. Oito segundos. Suzana movimentou-se para a lateral do garrafão. Rapidamente, a pivô que se encontrava naquela posição avançou de encontro à marcação de Suzana e realizou um corta-luz perfeito. Como um raio, Suzana correu para a zona morta, atrás da linha de três pontos. A guarda correu desesperadamente atrás dela. Dois segundos. Adriana passou a bola para Suzana que a recepcionou e a arremessou quase em um único movimento enquanto a marcadora russa voava à sua frente tentando barrar-lhe o arremesso. Quando a bola voou das mãos de Suzana, milhares de olhos dentro do ginásio acompanharam o arco que ela descreveu no ar antes de cair certeira na cesta.
Fim de jogo.
Campeãs.
Um grito em uníssono ecoou do banco brasileiro e toda a equipe invadiu a quadra numa alegria incontida. Suzana foi erguida pelas companheiras e os braços levantados para o alto assinalavam um inconfundível gesto de vitória. Todos se abraçavam emocionados.
Suzana foi seguindo de abraço em abraço procurando por uma cabecinha dourada. Encontrou-a escondida como um cachorrinho nos braços de um urso envolvida pela maior jogadora do time brasileiro, com dois metros e cinco de altura. Não conseguiu reprimir um sorriso divertido pelo flagrante descompasso. Deu um tapinha no ombro da grandona e foi a sua vez de ser envolvida pelos braços monumentais. Ao final do carinhoso esmagamento, Suzana voltou-se para Eleonora. Abriu os braços num gesto tão conhecido e amado e Eleonora se aninhou no peito da mulher que amava.
Esqueceram-se por um momento do tumulto em sua volta, perdidas no prazer de estarem unidas, felizes e realizadas.
Meia hora depois, para o fim definitivo dos traumas passados de Eleonora, estavam todas presentes na premiação. A jovem treinadora se viu entrando com toda a equipe para ocupar o lugar mais alto do pódio juntamente com Suzana que envergava com a costumeira elegância, mas com incomum felicidade, o agasalho da seleção brasileira. Choraram juntas ao som do Hino Nacional. Acenaram, radiantes, para os torcedores de ambos os lados do ginásio. E, foi difícil saber quem estava mais orgulhosa quando Suzana recebeu o troféu de cestinha do campeonato mundial.
Um dia para nunca se esquecer.
Terminada a premiação e as aparentemente infindáveis entrevistas, Suzana alcançou Eleonora conversando com Regina. Pegou a mão da treinadora e perguntou à técnica:
– Posso requisitar a minha mulher um pouquinho pra mim?
Se Regina ficou surpresa com o comentário, não demonstrou. Sorriu compreensiva e respondeu:
– É toda sua. Você merece – disse e olhou carinhosamente para Eleonora. – E você também, Elê.
Eleonora, num gesto expansivo e sentimental, abraçou a técnica calorosamente.
– Todas nós merecemos, Regina.
Suzana puxou Eleonora em direção às cadeiras do ginásio do setor A, postadas à frente dos bancos de reserva.
– Aonde vamos? – Eleonora perguntou.
– Quero que você conheça alguém – explicou Suzana.
– Quem?
– Robert.
– O seu irmão? – Eleonora arregalou os olhos. – Mas eu estou toda desarrumada, Suzana!
Sem diminuir o passo Suzana retrucou:
– Ao contrário do resto da família, Robert é uma pessoa muito simples.
Eleonora olhou para Suzana com um cara de descrédito e súplica mudos. Suzana ignorou os sinais de aflição com um sorriso condescendente e a puxou ainda com mais firmeza. Entraram na área comum do ginásio onde ficam a lanchonete e os toaletes do setor. Suzana apontou para um homem jovem, alto e magro, de cabelos ruivos cuidadosamente aparados, recostado de frente ao balcão da lanchonete saboreando uma fumegante xícara de café. Ele se virou para elas no momento em que vinham se aproximando e Eleonora pôde constatar que ele tinha os olhos de um verde denso e algumas sardas no rosto tipicamente inglês. “Não se parece em nada com Suzana”, Eleonora pensou. Mas então ele sorriu…O mesmo sorriso quente e avassalador e a loirinha não duvidou mais do parentesco.
– Suzie! – ele exclamou.
Suzana abriu um sorriso largo.
– Bobby!
– Oh, please…- Robert reclamou.
Abraçaram-se fortemente.
– Esta é Eleonora – Suzana apresentou.
– Muito prazer, Eleonora. Ouvi muito falar de você – cumprimentou Robert em um português perfeito, apertando a mão de Eleonora com firmeza.
– Você fala português…- Eleonora constatou baixinho.
O ruivo riu com gosto e comentou com Suzana:
– Você tem razão, Suzie. Ela é encantadora – olhou para Eleonora. – Eu fiz português como língua opcional na faculdade – explicou. – Além disso, uma certa pessoa… – piscou para Suzana -…Fazia da minha vida um inferno se eu errasse uma simples frase.
– Pois, então, deu certo. O seu português é excelente.
– Viu? – provocou, Suzana.
Robert abriu os braços em derrota.
– All right! Podemos ir jantar?
Suzana dirigiu-se a Eleonora:
– Com fome, amor?
Eleonora passou a mão sobre a barriga e fez cara de sofrimento.
– Isso lá é pergunta que se faça?
Os três saíram rindo bem humorados em direção a uma farta e grata refeição.