Freya: A Reconstrução>
Texto: Carolina Bivard>
Revisão: Naty Souza e Nefer>
Ilustração: Táttah Nascimento>
Capítulo 6 – O esconderijo>
Helga se aproximou da amiga, antevendo o que acontecia. A Olaf também captava os sentimentos da comandante e já acompanhara alomares no seu despertar para saber que Kara não saberia como se proteger de tais sentidos. Tocou o ombro da ministra. Kara sentiu como uma brisa que passava suavemente por ela, serenando-a. Tudo retornava ao seu lugar. Lançou um olhar discreto para a amiga em agradecimento. >
— Você nos deu um belo susto. – Helga também estava aliviada. – Como se sente de verdade? – A Olaf perguntou.>
Kara se apartou mais um pouco de Bridget. O costumeiro conforto dos braços da comandante não estava aquietando sua ansiedade. Provavelmente deixaria que Bridget serenasse também, para voltar a tê-la nos braços.>
— Sinceramente não sei bem, pois me sinto ótima! Meu único problema é que consigo vivenciar cada sentimento que vocês emanam e isso me perturba um pouco. Às vezes, não consigo saber o que é meu ou de alguma de vocês.>
— É por isso que, na antiga Freya, tínhamos monitoramento dos alomares em transformação. É um processo e um aprendizado, até conseguir bloquear o que vem de fora e separar os sentimentos que são seus. Eu lhe ajudarei com isso.>
— Agora estou bem. Quero ajudar a pegar essa cretina!>
— Sugiro nos separarmos para arrumar essa bagunça com o governo. – Decrux declarou. – Helga e Kara podem resolver os trâmites legais, junto ao Ministério de Segurança, para a gente manter a nave aqui no espaço e, eu e Brid, vamos para a ponte para ver se conseguimos planejar com Olsson outra forma de pegar Saga. >
— Não é perigoso entrarmos em contato com o ministério? – Kara perguntou.>
— Bom, eu acho que darei a Saga o mesmo veneno que ela nos deu. – Decrux afirmou, sorrindo. – Criptografei a linha de transmissão de nossas conversas com o Ministério numa base de uma civilização bem diferente das que havia no Espaço Delimitado e, também, do sistema de Ugor. Rodan, meu pai, foi bem criterioso quando me deu esses conhecimentos. – Ela sorriu novamente. – Duvido que essa cretina consiga rastrear as nossa mensagens.>
— Consegue fazer o mesmo com nossos comunicadores?>
Bridget perguntou animada.>
— Com certeza. Já estou até terminando de reescrever o código. A comunicação com o Ministério de Segurança já está feita. – Decrux olhou para as duas freynianas. – Vocês já podem entrar em contato. Nossos comunicadores estarão prontos em alguns minutos. >
— Então, vamos agilizar.>
Bridget decretou, aproximando-se de Kara e lhe beijando carinhosamente. Fitou-a, retirando alguns fios de cabelo soltos de sua face, colocando-os atrás da orelha. >
— Depois que falarem com o ministério, vá para nosso alojamento, tome um banho e troque de roupas. Se sentirá melhor.>
— É o que pretendo, amor. – Kara a beijou rápido.>
Bridget não esperou despedidas. Saiu, caminhando em direção à ponte e, desta vez, Decrux não desaglutinou. A acompanhou pelo corredor.>
— O que dirá a Olsson? Depois do teatrinho entre você e Helga, ele ficará reticente em aceitar seu comando.>
— Eu não direi nada. Quem dirá será você. Você consegue se esconder de alomares quando mente. >
— Não temos certeza disso. Nunca consigo me esconder de Helga. >
— Porque você não quer e porque não assume o controle de sua fisiologia em casa. Por acaso, esqueceu como é ser uma IA orgânica integrada a essa nave? >
— Pra falar a verdade, eu gosto de ser uma humanoide comum quando estou em casa. E sim, isso me faz esquecer um pouco as minhas possibilidades, mas… Hoje estou particularmente animada em assumir a minha magnânima superioridade sobre vocês, humanoides comuns.>
Decrux riu ao caçoar da amiga, que revirou os olhos.>
— Não se “ache” tanto. Se esquece que toda a sua esperteza fui eu quem ensinou? Não adianta de nada ter esse “cabeção” computacional se não sabe o que fazer com ele. >
Antes que Decrux pudesse responder a porta da ponte se abriu e Bridget entrou, sem que desse tempo da subcomandante retrucar.>
— Agente Olsson, está tudo resolvido.>
— O que está resolvido?>
O agente perguntou para a comandante sem entender.>
— A Olaf falou com o Ministro de Segurança e a comandante Nícolas assumiu a chefia da força-tarefa.>
Decrux respondeu para o agente. A sua simbiose com a nave dava a ela informações privilegiadas. Escutava a conversa de Helga e Kara na sala de reuniões, ao mesmo tempo que dava as informações para o agente. >
O ministro havia aceitado os termos das leis de proteção à autoridade federal, entretanto, ainda negociavam a troca da chefia da força-tarefa para que Bridget assumisse. Contudo, Decrux assumiu que sua esposa conseguisse convencê-lo.>
O agente Olsson tentou perceber qualquer traço de mentira que poderia advir da subcomandante, todavia não percebeu indícios de falsidade. Olhou para Bridget.>
— Por que o ministro faria isso? Você foi intransigente com a Olaf.>
— A Olaf entendeu o meu impulso, porém está tudo resolvido. Eu estava dentro da lei de proteção a uma autoridade federal e ela sabe que tenho conhecimento na área de segurança, pois fui eu quem atuou para implementar o Ministério.>
Bridget respondeu sem qualquer medo. Aquela era a pura verdade.>
— Por que a Olaf não está aqui para anunciar essa mudança?>
O agente ainda desconfiava.>
— Porque não temos tempo a perder, Olsson, e isso você aprenderá comigo.>
Bridget começava a se irritar. Sentou-se na cadeira de comando e não deu mais atenção ao agente, fazendo-o recuar em sua desconfiança.>
— Decrux, coloque um mapa do planeta num plano em que consigamos ver todo o relevo e continentes.>
Não levou um segundo para que Decrux mostrasse a imagem na tela central. Bridget se voltou para o agente.>
— Você entrou em contato com o agente Barns?>
— Não. Pensei sobre o que falou e temi que colocasse meu parceiro em perigo.>
— Ótimo. Passe para Decrux o canal de transmissão e talvez ela possa modificar alguns códigos, antes de fazermos o contato.>
Bridget se ateve ao mapa do planeta aberto em sua frente, estudando-o com cautela e Olsson digitava em um painel as informações que a comandante demandou para ele. Mal terminou de digitar e Decrux comunicou:>
— O comunicador está desativado. Não há conexão. >
— Suspeitava disso. – Bridget afirmou. – Essa mulher é ardilosa e inteligente. Viveu no Espaço Delimitado como uma proscrita e tenho certeza de que deve ter se associado aos piores criminosos. Lógico que ela faria um escaneamento no corpo do agente Barns para ver se tinha algum sinalizador. Se encontrou o comunicador, o retirou e destruiu.>
Bridget não falou o pior que pensava ter ocorrido com o agente para poupar seu parceiro. >
— Se isso ocorreu, ele tem poucas horas. Embora tivesse tomado a forma de outro freyniano, que para nós não é grande desgaste, não conseguirá ficar transmutado na aparência da ministra espacial por muito mais tempo. Temos que achar logo essa mulher! – Olsson declarou, enfático. >
— É o que pretendemos, agente. Nos auxilie aqui. – Bridget pediu.>
— O que estão pensando em fazer?>
— Mapear cada porção de terra que conseguirmos no planeta.>
— Isso levará dias, comandante! E não é certo que consigamos.>
— Nem tanto tempo assim, espero…. – Foi a vez de Decrux contestar o agente. – Essa nave é uma nave de exploração antropológica. Estamos equipados com sistemas de mapeamento de área e detecção de novas espécies. >
— O que isso quer dizer?>
Olsson perguntou para a subcomandante, intrigado.>
— Quer dizer que se tivermos parâmetros, nossa varredura será mais precisa.>
Enquanto Decrux explicava a tecnologia da nave, Bridget olhava a vastidão da superfície do planeta. >
— Decrux, rastreie aquela região ao sudeste do continente oriental, ao sul do planeta.>
— Lá não tem nada, comandante Nícolas.>
Bridget o olhou com intensidade e perguntou.>
— Quantos anos tinha quando o antigo planeta foi destruído?>
O agente pigarreou, antes de responder.>
— Dezoito anos.>
— Entendo… Havia entrado no programa da agência há pouco tempo, antes do seu planeta explodir. – Bridget constatou. – Então, preste atenção no que lhe direi. Alguém quando quer se esconder tem duas possibilidades. Ou ele se esconde debaixo dos narizes de todos, ou se esconde em um lugar que ninguém iria. A nossa criminosa já se escondeu debaixo do nariz do governo. >
— Entendo… Depois que se expôs, não poderia mais circular pelas cidades.>
A comandante voltou seu olhar para a tela.>
— Não há ninguém naquela área remota, Brid.>
Decrux deu seu parecer, marcando aquela região como vasculhada e começou a verificar outros locais com as mesma características. Helga entrou na ponte.>
— Conseguiram algo? – Perguntou.>
— Ainda não. – Bridget respondeu. – Kara foi para o alojamento?>
— Sim. Não se preocupe com ela. Está bem.>
— Olsson, passe para a Olaf o que estamos fazendo.>
Bridget ordenou, voltando-se para Decrux. Não queria perder tempo. >
— Brid, aquela região no hemisfério oriental norte também não é ocupada. Toda a região daquele continente não é explorada. >
— Faça a varredura. Lembre-se, Decrux, quero o menor rastro de atividade humanoide residual. Mesmo que não estejam mais no local, se puder ver se alguém já esteve, vamos averiguar.>
— Levará tempo dessa vez, Brid. É uma região muito extensa e ainda não foi explorada. Não há nenhuma base de monitoramento instalada lá. Será o último continente a receber os cientistas exploradores. Eu terei que fazer o mapeamento da área apenas com nossos instrumentos.>
— Mesmo levando um tempo maior, faça! Que lugar seria melhor para uma ratazana como ela se esconder?>
Olsson havia terminado de atualizar a Olaf no que foi informado pela comandante a ele.>
— Está tudo bem, agente Olsson. Foi exatamente isso que negociei com o ministro. Esta nave e a força-tarefa estão sob a supervisão de Bridget Nícolas. Ela é certamente a melhor pessoa para conduzir a situação. Conhece nossos valores, bem como os meandros da justiça do Espaço Delimitado, onde a criminosa adquiriu a maior parte do conhecimento para agir contra a ministra espacial. >
Kara chegou à ponte também e Bridget se levantou para recebê-la. Embora estivesse direcionando seus esforços para encontrar Saga, temia pelo estado de saúde da engenheira-médica; e Kara, apesar de gostar da atenção, não queria ser vista como o elo fraco daquela missão.>
— Estou bem, Brid. Estou falando sério. Não precisa se preocupar tanto. Eu prometi a você que se algo novo acontecesse comigo, eu falaria, e não menti. Faça o que sabe fazer de melhor e encontre essa cretina. Estarei bem e auxiliarei no que for preciso.>
— Ótimo! – Decrux falou, cortando a interação das duas. – Assim poderá me auxiliar numa questão.>
A subcomandante chamou a atenção para si.>
— O que quer que faça, Decrux?>
Kara respondeu animada. Odiava se sentir inútil. >
— Vá no painel de comunicação. Lá encontrará arquivos que eu extraí de dados das linhas de reprogramação das comunicações que a Saga executou para hackear o sistema do governo e da casa de vocês. Encontrei códigos muito diferentes e que, a mim, pareceram antigos.>
— Antigos como?>
— Códigos que seu planeta natal utilizava há séculos. Não existem na minha base de dados, mas se você os reconhecer e puder me dar parâmetros do tipo de programação, poderei extrapolar e, talvez, conseguir rastrear a origem. >
Kara não perdeu tempo e se colocou na frente do painel para averiguar o que Decrux pedira. Bridget sentou-se em sua cadeira, analisando os dados que apareciam na tela central da ponte, do mapeamento que a subcomandante disponibilizava, e Helga apenas sorriu, se sentando ao lado da comandante Nícolas para auxiliá-la na análise. Para a Olaf, parecia que tinham retornado ao tempo em que trabalharam juntas quando a República e Cursaz as perseguiram. >
— O que eu faço?>
Olsson perguntou, sem entender muito bem o seu papel naquele cenário.>
— Descanse. – Helga ordenou. – Se Decrux conseguir “remodular” a comunicação com o implante de Barnes, você será nosso contato com ele e talvez, precisará agir para resgatá-lo.>
— Mas…>
— Não tem nenhum “mas”, Olsson. É uma ordem. Precisaremos de você inteiro para fazer o que sabe. Queremos resgatar Barns com vida e prender esses dois. – A Olaf olhou para o agente diretamente. – Nenhuma função nessa missão é maior ou menor do que outras.>
Olsson anuiu, um pouco perdido diante das ações daquelas mulheres. >
— Liberei o alojamento 2c no deck 3, para que possa descansar. Assim que tivermos alguma novidade, eu acordarei você.>
A voz mansa e segura de Decrux fez com que o agente percebesse que ele não estava sendo descartado. Seus sentidos alomares não percebiam qualquer menosprezo por parte de qualquer uma delas. >
— Está bem, mas podem me chamar a qualquer hora.>
Saiu para o seu justo descanso.>
♠
— Não podemos mapear superficialmente os continentes, Brid. – Decrux declarou. – A varredura tem que ser mais pontual. Temos que dividir quadrantes no continente e rastreá-los um a um num nível mais profundo.>
Bridget escutou sua amiga. Estava irritada, pois mesmo com os instrumentos que tinham, detectar duas ou três formas de vida naquele contexto era muito difícil. O tempo urgia. >
— Estamos pensando errado, Decrux. – Bridget declarou. – Estamos usando o que conhecemos em termos de mapeamento de civilizações. Os instrumentos detectarão emissões térmicas de aglomerações de pessoas. Dois ou três indivíduos não serão detectados.>
— Sugere que façamos mapeamento de superfície rasa, Brid? Poderá levar dias.>
— Não. Sugiro elegermos locais específicos. Se eu estivesse me escondendo, não faria construções de superfície…>
— … Cavernas! – Decrux imediatamente entendeu a lógica. – É para já. Vamos mapear as cavernas!>
— Comece do centro do continente, ampliando diametralmente, Decrux. >
— Consegui!>
Escutaram o brado alegre de Kara. Ela havia conseguido identificar o tipo de programação usada no hackeamento da comunicação.>
— Essa mulher é ardilosa e muito inteligente. Não sei como ela conseguiu, mas mesclou uma linguagem de programação muito antiga, com a que utilizamos hoje em dia.>
— Linguagem utilizada na antiga Freya? – Decrux, perguntou. >
— Sim. Essa linguagem não é usada há centenas de anos. – Kara respondeu.>
— E conseguiu identificar como?>
Era a vez de Helga questionar, visto que algo tão antigo não deveria mais ser estudado, pelo menos, não em cursos de engenharia ou medicina, que eram a especialidade da ministra.>
— Quando me especializei em engenharia genética, foi incorporado na matéria histórica algumas linguagens antigas para que pudéssemos ver a evolução genética de nosso povo. O problema é que não foi aprofundado. Sei o tipo de linguagem que ela usou, mas não saberei como reprogramar.>
— Quanto a isso, pode deixar comigo. – Decrux declarou. – Somente insira a lógica da programação que eu tentarei extrapolar. >
— Certo.>
Kara a atendeu imediatamente, feliz por auxiliar na busca aos criminosos. Bridget sentia alívio e estava feliz por tê-la junto a elas.>
— Decrux, amplie a busca naquela região de montanha, ao leste do ponto central do continente. Aquela região com maior número de rochosas.>
Helga pediu, verificando uma anomalia que havia captado. Decrux imediatamente ampliou a sondagem na área.>
— Pegamos! – Bridget exclamou, contente. – Consegue verificar se há cavernas naquelas montanhas, Decrux?>
— Existem sim, Brid. O problema é que o tipo de minério que compõe as rochas não me deixa sondar internamente. E agora, vejo que o calor orgânico que Helga captou fora das rochosas é residual. Tentarei modular a sondagem para tentar captar radiações térmicas no interior.>
— Ok! >
Bridget começou a vasculhar a área externa visualmente, aumentando a lente de visão no modo manual. >
— Se não estão aqui agora, já estiveram. – A comandante declarou.>
Bridget focou melhor o ponto em que observava, em torno de uma elevação e coberto de vegetação. Imediatamente, Decrux colocou na tela central da ponte, o que a comandante via pelo seu console supervisório da poltrona. >
— Estão vendo ali? – Bridget apontou. – Perto daquelas coníferas, naquele vale menor. >
Kara e Helga prestaram atenção na tela compenetradas.>
— Parece que tem um veículo escondido. >
Rapidamente, Decrux escaneou o local. >
— E está certa, amor. – Decrux colocou em perspectiva na tela o equipamento escaneado. – É um veículo-robô multitarefas. Faz limpeza de solo, carregamento de materiais… Consegui extrapolar a sondagem nas cavernas. Há centenas de corredores e alguns salões. Num deles tem equipamentos diversos, inclusive um veículo aéreo para curtas distâncias. >
— Estão lá dentro?>
A comandante perguntou o que mais a interessava.>
— Não, Brid. Infelizmente, foi calor residual que eu captei, eles já não estão mais lá há algumas horas. Provavelmente não retornaram, após terem ido à clínica. >
Kara bufou, impaciente. A esperança havia se esvaído como um balde de água fria. Bridget se levantou de sua cadeira de comando, andando pela ponte a esmo. Passou a mão pelos cabelos castanhos escuros, cortados recentemente. >
Quando cortou num estilo militar, no primeiro dia, desagradara a ministra espacial, pois ela gostava dos cabelos longos. Contudo, quando Kara passou a mão por eles, num carinho leve, adorou a sensação em seu tato.>
— Aproveitaremos para colocar uma vigia na caverna. Instalaremos algumas câmeras bem camufladas e detectores de movimento. Eles estão com Barns em algum esconderijo, próximo à capital. Isso é o que eu faria, se tivesse sequestrado alguém. Não irão retornar até obterem o que desejam.>
— Que é o meu esperma?!>
A ironia no tom de Kara era acentuada, mostrando a revolta e insatisfação crescente que a acometia cada vez mais. Bridget a olhou complacente, para logo depois endurecer a expressão e determinar:>
— Vamos logo. – Virou-se para Decrux. – Vou para o hangar colocar os equipamentos e depois, você transportará a nave auxiliar para perto da entrada da caverna. Certifique-se de que estaremos em um local escondido entre as árvores. >
— Ei! Esqueceram que destruímos o emulador de Decrux, há muito tempo? Ela não pode mais fazer a dobra ponto a ponto com a nave auxiliar.>
— Não se preocupe, meu amor. – Decrux se posicionou, respondendo para a esposa. – Hoje não preciso mais de emulador. Depois da guerra contra a República e Cursaz, reestruturei todas as naves auxiliares e estou integrada a elas também. Não preciso mais de emulador.>
— Vamos acordar Olsson para ajudar? – Helga perguntou.>
— Ele foi descansar ainda há pouco. Não é necessário. Eu ajudarei. >
Kara falava, enquanto saía da ponte em direção ao hangar, não dando tempo de ser retrucada. As outras três mulheres a seguiram caladas. Conviveram juntas na nave, quando foram perseguidas como proscritas, tempo suficiente para não questionarem decisões como aquela. O melhor seria que fizessem tudo o mais rápido possível. >
♠
A dobra ponto a ponto funcionou como queriam e escaneavam o terreno à volta para se certificarem de que estavam sozinhas. Decrux ficara na nave principal para garantir a segurança delas e retirá-las ao menor sinal de perigo. >
— Vamos!>
Quando Bridget ordenou, olhou para trás e assustou-se. Colocou a mão no peito. Havia duas criaturas estranhas sentadas no lugar da ministra e da Olaf. Elas riram, metamorfoseando-se para o estado normal. >
— Muito engraçadinhas, vocês duas. Não achei graça nenhuma. São crianças, por acaso?>
Quando estavam no hangar da nave, Helga orientava Kara quanto à transmutação e ela resolveu pregar uma peça na esposa. Era um mundo novo para a engenheira-médica e começava a controlar sua genética. >
— Desculpe, amor! – Kara se desculpava, rindo. – Mas é que Helga está me orientando na…>
— Não é hora para isso!>
A comandante falou aborrecida, desatando o cinto de segurança, levantando-se da poltrona. Kara demorou um pouco mais que a Olaf para que sua forma voltasse normal e se aproximou de Bridget. Segurou seu rosto, beijando-a profundamente. >
— Me desculpa, ok? É que é novo para mim, mas prometo que não farei mais isso.>
— Vamos colocar essas câmeras e sair logo. Não podemos nos demorar, pois eles podem retornar. >
Bridget se assegurou de que sua arma estivesse carregada e a recolocou no coldre. Fez um sinal para que as outras duas fizessem o mesmo, no que foi prontamente atendida. Ela olhou o dispositivo em seu punho, ligando-o. Kara e Helga seguiram seus passos e verificaram que estavam invisíveis a sondagens térmicas.>
No fundo, Bridget se ressentia em lidar com aquela situação secamente. Queria se alegrar, junto a sua amada nas descobertas que ela fazia sobre a nova condição. Para alguém apaixonado, tanto pela antropologia como pela esposa, em qualquer outro momento, festejaria e brincaria com ela. No entanto, sua antiga veia militar clamava por um foco. Conhecia a maldade e, muitas vezes, pensava que a ingenuidade freyniana de forma geral era algo intrínseco. Não podia deixar que Kara sofresse. >
— Pelo menos, estas pulseiras garantirão que eles não nos descubram através de sondagem. Não sabia que tinha feito melhorias nesse dispositivo, Brid.>
— E por que não o faria, Helga? Sei que o elaboramos na época do conflito, no entanto, é ótimo para expedições antropológicas, caso a sociedade que visitamos tenham tecnologia suficiente para sondagem de calor corporal.>
— Deveria patentear.>
Bridget percebeu que a Olaf tentava dissipar o mal estar. Gostou da abordagem. Assim relaxava sua reação, sem precisar se explicar. >
Conversavam, enquanto pegavam os equipamentos que pretendiam instalar na caverna. Kara verificava novamente a maleta e os insumos para que não esquecessem nada. >
— Eu e Decrux estamos fazendo mais que isso. Estamos desenvolvendo a partir dele, um campo maior para bloquear a sondagem da nave. >
— Isso é incrível, Brid! Gostaria de dar uma olhada depois. Talvez consiga auxiliar Decrux. – Kara falou empolgada.>
— A conversa está muito boa, mas agora temos que ir. Estamos demorando demais. – Foi a vez de Helga intervir. – Brid, você que seguirá na frente, veja se eles têm outros veículos. Assim poderemos colocar um rastreador neles também.>
— Bem pensado. Pode deixar comigo. – Bridget se voltou para Kara. – Vá na retaguarda. Tem mais experiência com segurança do que Helga. >
— Ok. >
— Ainda não entendo por que não chamamos Olsson. Ele poderia nos ajudar. – Helga inquiriu.>
— Porque vocês são as únicas pessoas em que confio. – Bridget foi categórica na resposta. – Não sabemos a que ponto essa terrorista conseguiu se infiltrar. Sei que parece injusto, mas não gosto de operações em que tenham pessoas que nunca vi antes. Conheci Olsson e Barns somente agora. >
Helga entendeu, no entanto custava a acreditar que um agente do Ministério de Segurança pudesse estar de conluio com aqueles criminosos. A Olaf sentiu um ligeiro arrepio e sabia que não era o frio que provocara. Um sentimento para além da questão de confiança passou por ela, como se um fantasma a houvesse tocado.>
Nota: >>
Olá, pessoal! Cada dia elas se enfiam em uma encrenca diferente. Vamos ver semana que vem o que Saga anda fazendo?>>
Um beijo a tod@s>>
Amo demais??
Oi, Lucy!
Obrigadão pelo carinho!
Um beijão para você!
Maravilhoso capítulo como sempre, porém estou angustiada com as nossas meninas ali na toca da loba.
Bjs
Oi, Blackrose!
Bem… Vamos acabar com a sua angústia hoje? Que tal? 😉 Acho que você fez uma previsão do capítulo que sairá daqui a pouco. Toca da loba tem tudo a ver. rsrs
Grande beijo pra ti! rsrs
Enredo interessante d intrigante. Guerra de gato e rato.
Oi, Carla!
Põe guerra de gato e rato nisso. As meninas da nave Decrux ainda vão ter muitas surpresas. 😉
Um beijo grande para você!
Kara está bem e ajudando sua turma, Brid com novo visual e, descobriram um dos esconderijos de Saga. Muita coisa interessante que aconteceu nesse capítulo. Mas…
Só consigo me lembrar e rir do susto que deram em Brid.. kkkkk gostei da peça que pregaram.
Beijo, Carol
Boa semana
Oi, Fabi!
kkkkkk Gente, elas não facilitam para a comandante nem num momento como esse, né? rsrs Brid deve ficar louca com as amigas! rsrsrs
Um beijão pra ti e obrigadão pelo carinho!
Vamos ver o que a psi está fazendo, mas… por que não agora mesmo, pode esticar o capítulo!
kkkkkkkk Sei que está ocupada, entendo, mas a minha imaginação vai à frente, fazer o que né!
TORCER PARA QUE A SEMANA PASSE A JATO.
Bjs
Oi, Ione! Cara, estava com saudades de responder a vocês. Essas últimas semanas foram bem complicadas para eu interagir, por conta de compromissos pessoais, mas tava na saudade. rsrs
Pode colocar a sua imaginação para frente! rsrs Pode imaginar e mais um vez me desculpo com você. Essa semana vou pegar o teu texto. Vamos colocar ele aqui? Topa? rsrs
Um beijão pra ti! Brigadão, Ione!
Carol,
Tu tá me deixando de castigo??
Toda semana quase me mata de aflição…
Guria, tá bom D++++
? ?
Oi, Nádia!
Castigo? Eu? Claro que não/sim! rsrsrsrsr
Não tá dando para soltar extras, mas uma hora consigo! 😉 Xácomigo! rs
Brigadão Nádia, pela força e carinho.
Beijão pra ti!
Oiê,Carol!!
Muitooooo bom!!
Bridd sempre estressadinha..eu rir com Kar e Olg…kkkkk. Humor igual Hahaha
Essa vez vc não avisou(Me ??), mas pensei…já deve ter colocado e n teve tempo!! Hehehe
Beijão, fiquem com Deus!!!
Oi, Lailicha!
Sabia que ia gostar da “trolagem” das duas com Brid! kkkkk
Brid tem que relaxar mais, não é? kkkk Mas… Ela tá preocupada com o que pode acontecer com a Kara, principalmente com essa coisa que ninguém sabe o lance de alomar primordial.
E você? Tá legal?
Fica na paz, Lailicha!
Beijão pra ti!