FREYA: A RECONSTRUÇÃO

Capítulo 26 – Emboscada

Freya: A Reconstrução

Texto: Carolina Bivard

Revisão: Naty Souza e Nefer

Ilustrações: Táttah Nascimento


 

Capítulo 26 – Emboscada

 

— Ele está a caminho do esconderijo da caverna. Podemos interceptá-lo. — Kara observou.

— Se me permite, tenho uma ideia melhor que a sua, Kara. 

A ministra fitou Decrux. O sangue subia para sua face, deixando-a vermelha. Kara tinha ganas de pegar o médico. Estava desesperada para saber o que acontecia com a noiva. Mil loucuras passavam por sua cabeça e cada uma alimentava mais seu desespero e ira.

—  Não me fale que devemos deixá-lo ir, Decrux, porque não permitirei.

— Deixar esse cretino escapar? Assim você ofende minha inteligência, Kara.

Decrux respondeu, brejeira. Ela fazia essa piada, sempre que alguém se mostrava duvidando de suas opiniões. Kara relaxou o corpo sobre a poltrona de comando da nave. Apertou os olhos com os dedos, na tentativa de dissipar a tensão e retornar ao eixo. 

— Fale. O que tem em mente?

— Nos anteciparmos a ele. Descemos com uma nave auxiliar e assim que ele entrar na caverna, bloqueamos a entrada. Ele estará encurralado. Negociamos a sua troca pela de Bridget. Lógico que não será exatamente o que faremos. Você já se recuperou?

— Está falando da transmutação? Não mesmo. Ainda não consigo controlar completamente meu estado fisiológico.

— Você não precisará ir. Eu vou em seu lugar. 

Helga se adiantou, se oferecendo.

— Do que está falando?! Você nem sabe atirar direito, Helga. Nunca arriscaria a sua vida. 

— Ela não precisa atirar. – Oton se adiantou. – Nós estaremos lá para protegê-la. Eu e Caeté somos, antes de mais nada, militares treinados.

— E estão esquecendo de mim. – Decrux interveio na conversa. – Vocês dois, – apontou para Caeté e Oton – conhecem a minha capacidade marcial. Não me coloquem de fora dessa investida. Quem está lá é Brid e não irei ficar aqui sentada, somente deliberando sobre o que farão. 

— Não mesmo! Você não irá.

Helga altercou com veemência. Kara vendo a agitação da Olaf e do restante da tripulação, entendeu que todos estavam alterados. Precisavam se acalmar, senão não conseguiriam articular um bom plano.  

— Acalmem-se todos! – Virou-se para Decrux. – Infelizmente você não poderá ir, Decrux. Precisamos de sua expertise na nave e sabe disso. Você é a nossa visão e audição, além de reagir rápido o bastante para nos tirar de lá, ao menor sinal de perigo. – Olhou para Helga. – E você, mesmo que tome minha forma, não tem nenhuma formação militar. Estaria exposta e não podemos ter preocupações adicionais. – Virou-se para Oton. – Preciso saber se está bem para ir. Mal saiu do regenerador dérmico e do tratamento médico.

— Felizmente o estrago que Rurik fez pôde ser tratado com rapidez. Perdi a consciência na luta porque ele atingiu várias vezes minha mandíbula, pressionando o nervo vago, mas não tive nenhuma lesão séria. 

— Certo. – Virou-se para Caeté. – O quão boa é sua pontaria?

— Pode não parecer, mas sou a melhor da nave, tenha certeza. Era atiradora de elite, quando estava na República. Luto bem, mas não tanto quanto Oton e Brid. – Caeté focou em seu amigo. – Até agora não sei como Rurik te pegou de jeito.

— Muito simples: na trairagem. Ele me pegou de guarda baixa.

— Ok. Então eu serei a isca. Lembrem-se que estou desgastada e ainda não me recuperei. Oton será meu guarda-costas e você, Caeté, ficará recuada e escondida. Espero que ainda tenha uma boa pontaria. 

— Nunca deixei de treinar. A nave Decrux pode ser de exploração antropológica, hoje em dia, mas estamos sempre sujeitos a perigos, quando fazemos pesquisas.

— Ótimo.

Kara se ajeitou na poltrona da nave e ordenou:

— Vamos direto para a caverna. Decrux! – Chamou a subcomandante. –  Nos camufle e pouse a nave pelo menos a um quilômetro de distância. Não iremos com a nave auxiliar. Preciso que você esteja integralmente ligada a nave, e não por emuladores. Esse cara não fugirá de lá com nenhum de nós para lhe dar proteção.

Ela foi enfática e segura. Decrux sentia segurança na fala e se inflou de confiança.

— É pra já, comandante interina!

Gracejou, obedecendo imediatamente a ordem da Ministra de Defesa de Freya.

Edith comia a fruta amarelo-laranja que havia colhido da árvore em que os pequenos primatas se alimentavam. Tinha verificado a composição nutricional antes. Os nutrientes daquela fruta eram interessantemente bons. Tinha um paladar doce e incomum, deixando uma adstringência nos lábios, que faziam eles grudarem.  Segurava o fruto por um apêndice que parecia ser a semente e, ao final, não tentou mordê-lo. Como havia mapeado a composição do fruto, sabia que aquele apêndice tinha uma toxina.

— Terei que comer outro para matar minha fome. 

Retirou mais uma fruta do bolso, enquanto adentrava a mata e a mordeu, deliciando-se com o sabor. Não andou muito para sentir que a areia misturada a terra preta se tornava mais compacta. Era estranho ao tato dos pés. Agachou eando com as mãos onde havia pisado e encontrou partes de um piso preto. 

— Nossa! Se Brid estivesse aqui, ficaria fascinada com isso. Parece que a floresta retomou seu lugar. São partes de algum tipo de pavimentação…

Levantou e continuou a sua exploração, encontrando veículos tomados pela vegetação e, à medida que se distanciava do mar, se deparou com construções, que há muito foram abandonadas e a mata cobrira com seus braços fortes. Vez ou outra, alarmava-se com alguma forma de vida, que igualmente se alarmava com a presença dela, correndo na direção oposta. 

Exploraria um pouco mais e voltaria à nave para descansar, antes de recomeçar a sua jornada de retorno. 

— Ele entrou na caverna. – Decrux informou.

Havia triangulado as imagens dos satélites do planeta para ver tudo que ocorria no entorno do esconderijo. Como Kara tinha planejado, descera em uma clareira com a nave camuflada, há mais ou menos uns oitocentos metros da formação rochosa.

— Ótimo! Então vamos colocar nosso plano em andamento. 

Kara e o restante da tripulação estava no hangar, à espera daquela confirmação. 

— Verifiquem seus termorreguladores. Não podemos nos camuflar como a nave, mas não quero que ele consiga detectar nossas assinaturas térmicas; principalmente da Caeté.

— Tudo certo comigo. – Oton respondeu.

— E comigo também. – Foi a vez de Caeté responder.

— O meu está ajustado igualmente. 

Quando Kara olhou na direção da voz, se viu e sabia que não era a imagem de um holograma. A voz também levava o mesmo tom que o dela.

— O que está fazendo, Helga?

— Eu ficarei escondida na retaguarda, mas se algo der errado e aquele idiota conseguir pegar você, me apresentarei como “Kara” para confundi-lo, e não ouse me impedir. Estou farta dessa gente e de, como é mesmo que a Brid fala? Ah, sim! Estou de “saco cheio” de ficar somente na parte da estratégia, vendo meus amigos se arriscarem por conta de um bando de “lambe-saco”.

 — Vejo que está determinada, Olaf. 

Oton gracejou, ao escutar a estadista utilizar duas expressões terráqueas que Bridget costumava falar, em uma mesma frase. Kara emudeceu por instantes, pensando sobre a proposta da amiga. 

— Está certo. Mas, ficará escondida junto com Caeté e permanecerá lá se nosso plano funcionar. Decrux será quem dirá a você o momento em que irá atuar e isso se, e somente se, tudo der errado. Concorda?

— Sim, eu concordo.

— Está escutando isso, Decrux?

Kara perguntou, pois a IA estava na ponte. A subcomandante se aglutinou ao lado da esposa. 

— Escutei. – Ela se virou para a Olaf. – Sei que não é imprudente, mas confie: nessas horas faço uma avaliação de situação melhor que você. Não ouse me desobedecer.

— Apenas se me prometer que não será superprotetora comigo. 

— Eu prometo, Olaf.

Decrux sorriu e segurou o rosto da esposa, beijando-a.

— É bizarro ver Decrux me beijando…

Kara balbuciou e Decrux revirou os olhos, fazendo a Olaf rir.

— Então vamos. Estamos perdendo tempo.

— Deixa que eu transporto vocês. – Decrux falou, pegando o plate sobre o console da T.I.M. – Todos prontos?

Não houve tempo para resposta, a IA acionou os controles, transportando-os para seus devidos locais de ataque.

Oton e Kara apareceram próximos à boca da caverna, atrás das árvores para se protegerem, enquanto Caeté e Helga foram transportadas para uma elevação rochosa do lado direito da entrada. Também estavam protegidas por algumas coníferas e por grandes pedras da elevação. 

Caeté se posicionou deitada, amparando o rifle phaiser de longo alcance entre as rochas, procurando através de sua mira, o local certo para espreitar. Helga se colocou ao lado e retirou um binóculo da calça de campanha que vestira, fazendo o mesmo. 

Viram e ouviram quando Kara gritou, para chamar a atenção de Rurik.

— Não era isso que queria Rurik, que eu estivesse ao seu alcance? Estou aqui. Saia para conversarmos, mas saia com Bridget! Caso contrário, não faremos nenhuma troca.

Assim que chegou, Rurik havia colocado Bridget sentada num canto da caverna, enquanto recolhia equipamentos que acreditava necessários para seu plano de fuga. Apesar do antídoto, a comandante continuava febril e em semiconsciência. Suava muito e se sentia fraca e, por vezes, entrava numa bruma em que não percebia o que estava à volta. 

A ferida, provocada pela seta que Rurik alvejara, começava a purgar, pois os cuidados do raptor foram superficiais. Ele não queria que ela morresse para dar andamento ao seu intento, entretanto não diminuía a vontade perversa de vê-la fraca, humilhada e em sofrimento. Quase saboreava em sua boca, salivando quando pensava sobre a dor que ela devia estar sentindo.

Escutou uma voz que há muito não ouvia, gritando ao lado de fora. 

— Merda! Me acharam muito rápido!

Esbravejou, procurando à volta algo que pudesse usar contra a comandante e que intimidasse a Ministra. 

Levou algum tempo para que Kara e os outros escutassem a voz do médico em resposta ao apelo. Ele parecia nervoso.

— Não vejo você e, também, não consigo mapear sua assinatura térmica. Não vou sair de peito aberto. Entre na caverna, Kara. Você é quem eu quero.

— Disso tenho certeza, Rurik, mas também não entrarei aí. Amo essa mulher que está com você, sabe disso. Também sabe que não sou otária. Trabalhou muito tempo comigo para entender como funciono. Apareça com ela, na entrada, e eu aparecerei para você. Eu tenho palavra, Rurik, e sei que a sua palavra sempre funciona de acordo com a sua conveniência. Estarei com o Oton, suboficial da nave. Se você matá-la, quando eu aparecer, ele o matará. Ou será dessa forma, ou não haverá uma troca.

Rurik foi até uma bolsa que havia levado e retirou uma pistola de injeção. Segurou o braço de Bridget, sacudindo-a forte, para que voltasse à realidade. A comandante abriu ligeiramente os olhos, voltando a fechá-los. 

— Vamos, sua vadia! É tão fraca assim? Estou com uma facada na parte detrás de meu ombro, que não consegui tratar direito e estou de pé. Já dei o antídoto pra você. Levante!

Puxou-a com força, levantando-a do chão. Colou o corpo da comandante na frente do seu, segurando a pistola de injeção contra seu pescoço. O outro braço passou em torno da cintura para ampará-la. Segurava naquela mão uma pistola phaiser. Conduzia-a espremendo o corpo dela junto ao seu. A comandante mal aguentava dar as passadas e sua consciência fugia em vários momentos. 

Rurik apareceu na boca da entrada.

— Agora saia de onde estiver, Kara, senão sua amiguinha irá ter um pouco mais de veneno no pescoço.

A Ministra ensejou sair do abrigo das árvores, sendo segurada por Oton. 

— Espere. – Ele acionou seu comunicador. – Tem uma visão precisa dele, Caeté?

— Ainda não. Ele está protegido nas rochas laterais da caverna. Tem que sair mais para tê-lo na minha mira. 

Oton olhou para Kara e fez um sinal para que ela falasse algo para que ele viesse mais para frente. A ministra acenou afirmativamente.

— Não estou vendo Bridget direito, Rurik. Nem sei se ela está viva ou presa a seu corpo por um campo magnético. Quer que eu me exponha por nada?

Embora falasse com segurança, a vontade de Kara era correr para fazer a troca. Seu coração se apertou, vendo Bridget pálida e desfalecida nos braços daquele homem. Ela era sempre tão forte e segura, que a angustiava vê-la tão frágil. Um bolo se formou na sua garganta. 

— Agrrr! Você é irritantemente em prol das regras, Kara. Eu conheço as instruções do manual normativo para resgates da frota de Freya. 

— Sabe que não tenho pessoal suficiente para executar todos os procedimentos, Rurik, mas o mínimo cumprirei, como por exemplo, o da segurança de troca. Desse não abrirei mão.

A verdade é que Rurik conhecia a ministra como superiora e tinha certeza de sua lisura.  Isto era o que o irritava mais ainda, mesmo sabendo que podia confiar na palavra dela. Deu três passos à frente.

— Não me aproximarei mais, enquanto não se mostrar, Kara. Falo sério!

— Ainda não o vejo completamente, mas tenho a mira na cabeça dele. 

Kara escutou a engenheira de comunicações e atiradora de elite. Mesmo sob protestos de Oton, resolveu sair do abrigo para se mostrar para o sequestrador. O subcomandante não teve alternativa a não ser acompanhá-la.

Se aproximaram a uma distância segura. Oton tinha um rifle empunhado na direção do médico. 

— Vou me aproximar até a metade do caminho. Oton ficará parado. Você a soltará e deixará que nos encontremos. Se eu não caminhar até você, tem a vantagem de atirar em mim. É lógico que se fizer isso, Oton matará você. E assim estaremos quites.

Rurik enrugou o cenho. Não havia sido o que planejara.

— Está bem. 

O médico afrouxou o agarro e fez menção de deixar a comandante cair aos seus pés, somente pelo prazer de humilhá-la. No último segundo, mudou de ideia e inoculou a comandante novamente com o veneno, antes de empurrá-la agressivamente. Ela caiu a alguns metros da Ministra. Todos se etaram, consternados e Kara correu e se ajoelhou, amparando-a em seus braços. Revoltado, Oton fez mira com o rifle na direção de Rurik. 

— Não, não, meu amigo. Não pode atirar em mim. – Rurik falou com rudeza e empáfia. – Só eu posso ajudar essa vadia, agora. Só eu tenho o antídoto, lembra?

O subcomandante tremia e o rifle trepidava junto com ele. Tudo dera errado. Custava a acreditar que o cretino fizera a pior aposta. Estava sem ação. Não sabia como agir. Todos pensaram, até mesmo, na possibilidade dele tentar atirar em Kara, mas não que envenenasse Bridget novamente. 

— Atire. Mate-o. 

A Olaf ordenou para Caeté que, sem entender e ainda abalada, desviou o olhar da mira para encarar a estadista. Helga não esperou ser questionada e esclareceu a dúvida da oficial.

— Eu sinto as emoções dele, mesmo daqui. Está tão confuso, cheio de ódio e revolta que não pensa em mais nada além de sua raiva e vingança. Ele não deixaria Bridget sair ilesa, bem como não deixará Kara. Quer a morte das duas e uma morte dolorosa, mesmo que signifique colocar a própria vida em risco. – Desviou o olhar do binóculo e encarou a companheira de campanha. – Acredite-me, Caeté, sei do que estou falando. Nunca na vida consegui captar sentimentos tão fortes de alguém, à essa distância. Atire, se quiser salvar as duas.

Caeté voltou para a mira e viu que Rurik se aproximava de Kara e Bridget. Estava certa de sua mira na cabeça do facínora, quando Kara levantou-se de súbito e o agarrou, começando uma luta raivosa. Não podia atirar, sem ter a certeza de que o alvejaria em vez da amiga.

Kara o derrubou, agarrando a sua cintura. Jogou-o sobre a neve alva, colocando-se sobre ele, socando-o insanamente. Perdera a cabeça. Ela havia se despojado das armas para poder fazer a troca. Tinha que ser convincente para que ele aceitasse os termos. Não imaginava que o médico estivesse tão insano a ponto de arriscar tudo, até mesmo ser morto. 

Rurik não era um homem de compleição frágil. Longe disso. Os anos de exílio permitiram que, com treinamento e drogas, ele se tornasse robusto, hábil em várias artes bélicas. Arremessou-a longe, com facilidade e ela caiu como um saco, batendo forte a cabeça no gelo que se formara próximo a uma rocha. O branco se manchou de vermelho vivo rapidamente. Estava tonta.

Antes de se levantar, Rurik atirou na direção de Oton, que conseguiu saltar livrando-se do tiro e correu, pois o médico continuava a atirar nele. Tinha que ganhar tempo para conseguir trocar o modo de disparo mortal de seu rifle para tonteio. Tudo ocorria muito rápido e a mente do subcomandante só pensava que não podia matá-lo para ter alguma chance de salvar a sua comandante e amiga. 

Mesmo atirando na direção de Oton, Rurik alcançou Kara rapidamente. Agarrou a perna da calça dela, arrastando-a pela neve. 

— Ele vai levá-la para dentro da caverna, Caeté. Atire!

Incentivada pela Olaf, Caeté não teve mais dúvidas. Atirou.

Rurik parou. Ainda estava de pé, encarando fixamente a ministra no chão. Os olhos foram perdendo vida e Kara conseguiu vislumbrar a luz do sol pálido, naquele lugar gelado, através do orifício no centro da testa de seu agressor. Ele tombava em sua direção e ela, sem muita destreza, rolou para o lado, para que ele não caísse sobre ela. 

Helga tocou em seu comunicador.

— Decrux, tire todos daqui agora, menos eu. Preciso recolher algumas coisas. Transporte Bridget para a enfermaria imediatamente. 

A Olaf viu todos sumindo sob seu olhar. Desceu a pequena formação rochosa e correu para a boca da caverna, que havia se transformado numa arena de luta, instantes atrás. Correu o olhar por todo o local, à procura de algo.

— Tem que estar por aqui… 

Ela foi até o corpo do médico, caído de bruços. Tentou virá-lo de frente, impressionando-se com o peso do homem e a força que teve que fazer. Conseguiu.

Procurou em todos os bolsos que a roupa de campanha dele tinha e achou o que procurava. Antes de pedir para que Decrux a levasse de volta à nave, deu uma última olhada no corpo inerte. Havia uma faca de campanha cravada em seu coração. Acionou o comunicador.

— Decrux, me leve imediatamente para a enfermaria.

— É pra já!

Quando se materializou no meio da enfermaria, viu que os médicos tentavam reanimar a comandante. Segundos pareceram horas. O rosto de Kara estava banhado em lágrimas e o pescoço e roupas cheios de sangue. Ela se aproximou da amiga, mas nada falou. Entendia o desespero de Kara. Já havia passado por isso quando, na época da luta com a República e Cursaz, achou que perderia Decrux. Colocou seu braço sobre o ombro de Kara, numa forma débil de confortá-la.

— Ela voltou!

Kiara comunicou eufórica, assim que o doutor Fredrik a reanimou. 

— Coloque-a em criogenia agora! Só assim conseguiremos parar o envenenamento, até acharmos o antídoto. 

A voz desesperada de Decrux chegou aos ouvidos da Olaf. Nunca havia visto Decrux com uma expressão tão desesperada e sombria. Pela segunda vez na vida, via lágrimas brotarem dos olhos da mulher que amava. 

Kiara imediatamente vedou a cama de atendimento para manter os sinais vitais da comandante monitorados, até preparar a câmara de criogenia da enfermaria. Não foi preciso. Etou-se ao ver o console da câmara disparar vários sinais e, em segundos, ela já estava preparada. 

Decrux estava num impasse, porém pensou que se algo acontecesse com seus bebês, poderia engravidar novamente, a vida da pessoa que a acolheu, educou e deu a vida por ela, não. Relembrou o tempo de insegurança em que ela poderia ser pega e desmembrada para ser estudada e a pessoa que fez ser possível uma vida normal, estava em risco. Bridget precisava dela mais do que nunca e não decepcionaria, mesmo que seu coração apertado pela decisão a falasse para que não fizesse. 

A probabilidade de Bridget morrer era alta em comparação a baixa probabilidade de ocorrer algo com seus filhos e foi nisso que se pautou.

Colocaram a comandante na câmara de criogenia e Decrux fez os procedimentos. Tinham que ser rápidos.

— Colhemos o sangue de Brid. Vamos analisar e separar os antígenos do veneno. 

 


Nota: Presentinho de Páscoa para vocês! Consegui terminar a tempo. rsrs 

Algumas leitoras não compreenderem bem uma passagem do outro capítulo. Provavelmente formulei mal o trecho da história. Assim que eu reformular, colocarei um aviso para que vocês releiam, ok?

Cuidem-se e boa Páscoa para tod@s!



Notas:



O que achou deste história?

10 Respostas para Capítulo 26 – Emboscada

  1. Semana passada foi corrido por aqui, então li dois capítulos hoje. Essa visita de Edith no planeta terra regenerado me fez refletir. Será que os terráqueos acordarão a tempo de evitar tudo isso? Sabemos que estão repensando algumas coisas, mas penso que está indo muito lento. Mas como disse o rei Roberto: “Diante da economia quem pensa em ecologia? Se o dólar é verde, é mais forte que o verde que havia… eu não sou contra o progresso mas apelo pro bom senso. Um erro não conserta o outro, isso é o que eu penso.”
    Então diga aí, Edith comeu caju, não foi? rs foi a única fruta que me veio à mente. E se for caju ela perdeu o uniforme, pois colocou no bolso, dá nódoa kkk. O suco causa uma mancha eterna em tecido. Lembranças da infância no interior. rs.
    Cara, que tensão foi esse resgate! Fiquei sem ar. Eu pensava que Rurik tinha uma paixão doentia por Kara, mas vi que era ódio mesmo. A fúria de Kara foi tão grande que cravou uma faca no peito dele.
    Quero Brid boa logo. Eu tô sofrendo, Kara tá sofrendo, e Decrux? Olha a escolha que a bichinha fez para salvá-la. Foi muito desesperador.
    Helga não pegou o antígeno? Eu jurava que ela ia chegar na nave já espetando a agulha em Brid. Que maldade, Carol!
    Beijo e boa Páscoa!

    • Oi, Fabi!
      O importante é que conseguiu ler e4ssa semana. Espero que esteja tudo bem aí com vocês!
      E respondendo a sua pergunta, ela comeu caju sim! rsrsrs Olha, não sei se ela perdeu o uniforme, pois no futuro deve haver uns tecidos mais elaborados e uns “tira mancha” também, mas… caju é caju, né? Talvez nem “tira mancha” futurista resolva a nódoa! kkkkkk
      Vou ser breve hoje e quero só agradecer pelo carinho de sempre, Fabi e mandar um beijão pra você e família!

  2. Antes de qualquer coisa uma
    Boa Páscoa pra vc e sua família.

    Caramba eu achando que a Helga tinha pego o antídoto, mas enfim, torcendo pra que consigam fazer o antídoto rápido, nossa Brid ainda tem muito o que lutar, uma esposa pra cuidar e uns filhinhos a serem concebido kkkk.

    Bjs

    • Oi, Blackrose!
      Sabe que era exatamente essa a minha intenção! rs Queria que vocês imaginassem o que a olaf estaria buscando. rs Hoje tem a resposta. 😉
      Vamos ver o que ela pegou, logo no primeiro parágrafo. rs
      Obrigadão, Blackrose!
      Um beijão pra você!

  3. Brid em perigo de morrer. Luta muito boa e morte de quem merece. Agora a Autora vai nos fazer sofrer junto a Kara?

  4. Oie,

    Carol, eu tb achei q Olaf tinha pego o antidoto
    mas, parece q me enganei, sniff sniff…

    Please, não deixa Brid sofrer mto mais…

    Bjs,

  5. Oieee, Carol!! Boa Páscoa TB! N sou de páscoa, mas bons desejos pra quem festeja.

    Nossa, vc sempre tem que aprontar, né?!!!
    Pensei que o que Olaf buscava era o antídoto…mmmm
    Agora Brid tá em perigo…e quando ficar boa, n QR saber a guerra q vai ser , vai matar todo mundo nessa revolução…
    Kara, tadinha, desesperada , pior que já perdeu uma esposa e o filho…
    Gosto de uma porradaria, mas só nos fics 😝😁.
    Tudo muito massa!!!
    Sobre semana passada, viajamos na parte confusa, mas deu pra entender..qndo vc ajeitar, vou reler sim!!!Pó deixar!!
    Beijos e cuidem-se!!!

    • Oi, Lailicha!
      Olha eu aqui de novo! rs Essa semana não atrasei, mas vou ser breve na resposta ao coment. 😉
      Você pensou que a Olaf buscava o antídoto? Então lê hoje. rsrs A resposta está logo no iniciozinho. rs
      Um beijão, Lailicha e se cuida. Fica na paz!

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