FREYA: A RECONSTRUÇÃO

Freya: A Reconstrução

Texto: Carolina Bivard

Revisão: Naty Souza e Nefer

Ilustração: Táttah Nascimento

---

 

Capítulo 23 – Ações em Movimento

A Tenente-Brigadeiro havia saído com o caça e a Comandante decidira que todos tinham que descansar, visto que não dormiam há mais de vinte e quatro horas. Dariam um tempo para que Edith chegasse ao seu destino. 

Decrux relaxava seu corpo sobre a cama e Helga a acompanhava, com a cabeça pousada no ventre da IA. 

— Você sabe o sexo deles?

A Olaf perguntou, tentando escutar algo dentro do abdômen da esposa, mesmo que soubesse ser impossível pelo tempo de gravidez. Acariciava as pernas dela e sentia os dedos de Decrux acariciarem sua cabeça. Seu rosto foi pressionado pelo movimento que o abdômen fez, por conta do riso que arrancou da esposa.

— Eles ainda não têm sexo. Não se desenvolveram o suficiente. – Decrux riu novamente. – Sou uma IA, mas não prevejo o futuro, meu amor.

Helga abriu um largo sorriso e elevou seu rosto para encarar a esposa divertida.

— Ora, ora. Pensei que soubesse qualquer coisa que ocorresse com você. Acho que me enganou quando a conheci…

A Olaf simulou levantar da cama, fazendo Decrux rir mais e segurá-la pelo braço para que retornasse. Helga retornou, pousando a cabeça no travesseiro, trazendo a IA para se aconchegar ao seu ombro. As duas levavam no rosto uma felicidade compartilhada e tranquila. 

— Freynianos têm a gravidez mais breve que ugorianos. – Helga divagava sobre as diferenças. – E quando freynianos engravidam de outra espécie, a coisa não costuma ser muito tranquila…

Decrux elevou o rosto e deu um beijo estalado na bochecha da esposa.

— Eu não sou qualquer espécie, meu amor.

A IA respondeu divertida. Sabia das preocupações da Olaf. Normalmente, quando freynianos engravidavam de outra espécie, a gestação era quase cem por cento bem-sucedida, o que não ocorria na forma inversa. Decrux tinha consciência dessas estatísticas. Não podia dizer que não a preocupava, pois seu corpo era, em parte, a base do corpo de um ugoriano. 

— Estou me monitorando, não se preocupe. Mesmo que não possa interagir com meus attochips diretamente sobre a gestação, ainda posso monitorar. 

— Eu sei, mas não tira o fato de nós freynianos termos uma gestação de sete meses e os ugorianos gestarem dez meses.

Helga se virou na cama, de frente para Decrux e afastou com os dedos uma mecha de cabelo negro que caía pelos olhos da esposa. Beijou suavemente seus lábios e suspirou, conformada com a realidade que as pegara de surpresa. Queria poder apreciar cada momento da gravidez da esposa.

Decrux rolou para cima de Helga, encaixando-se sobre o quadril dela. Pegou a mão da Olaf e colocou sobre o seu ventre.

— Daqui a duas semanas saberemos o sexo deles.

— Foi uma pergunta boba. Não me importa o sexo deles, Decrux. Só queria poder senti-los.

A IA debruçou-se sobre a esposa e a beijou com um ar maroto. 

— Que tal a gente aproveitar esse tempinho e fazer amor? Assim eles poderão sentir o quanto nos amamos. – Parou por segundos. – Me espere aqui.

Decrux se levantou e foi até o banheiro. Quando retornou, estava nua e tinha vestido um dildo. Helga elevou uma sobrancelha.

— Por que acho que já planejava isso?

— Porque, senhora Olaf, é uma mulher muito esperta… 

♥

Assim que o sinal soou nos aposentos, todos levantaram, se aprontaram e se dirigiram para o refeitório. Bridget tinha levantado mais cedo do que todos e fora preparar o desjejum. Pelo tempo que Edith saíra, em breve teriam alguma resposta de sua missão. 

— Descansaram? Espero que sim, porque não saberemos quando iremos ter outra pausa. 

Bridget saiu de trás do balcão da cozinha, com travessas na mão. Panquecas, ovos mexidos, pães, frutas, bules de café e leite, sucos e outras iguarias ganharam espaço na mesa maior. Os médicos-cientistas, juntamente com os suboficiais, além de Helga e Kara, tomaram lugares à mesa. Os tripulantes costumeiros da nave conheciam esse ritual da comandante em dias tranquilos, o que os deixou intrigados. 

— Que eu saiba estamos praticamente em guerra, Brid. Por que esse desjejum tão farto? Não que esteja reclamando…

— Porque estou impaciente e tenho que esperar que Edith entre em contato para darmos o próximo passo. Oton, ainda não aprendeu que quando faço isso, não se trata de vocês, e sim de mim? Que é onde controlo minha ansiedade?

— Por mim, tudo bem se controlar sua ansiedade assim. Não aguentava mais comida de sintetizador. – A cientista médica Kiara falou, colocando uma panqueca em seu prato. – Não sou talhada para viver numa nave. Ainda bem que sou médica e pude trabalhar numa clínica, em um planeta de produção, na época que vivi no Espaço Delimitado…

Fredrik sorriu, pois pensava o mesmo. 

— E Olsson?

— Está dormindo e ficará assim até que tudo termine. Não se preocupe, comandante, ele está estável e nem perceberá o que ocorreu quando tudo isso acabar.

— Ótima notícia, Fredrik. Quero agora uma outra coisinha de vocês…

Kiara depositou seu garfo sobre o prato, cerrando os olhos, contrariada.

— Sabia que essa fartura tinha um preço. – Kiara rebateu desanimada. –  Vai, fala o que quer de nós, Brid. Eu amaria suas ideias, se não quisesse que fizéssemos num tempo ínfimo.

Bridget sorriu de lado. 

— Ainda bem que concorda que minhas ideias são boas. – A comandante tinha uma expressão cínica no rosto. – Conseguem fazer alguma substância para bloquear a maturação de óvulos em alomares?

— Ela realmente não facilita. – Fredrik disse, colocando também seu talher sobre o prato. –  Sabe quanto tempo os pesquisadores levaram para fazer os estimulantes de indução de gênero na clínica? Já temos contraceptivos; não serve?

— Não serve, mesmo.  Quem estava na clínica não eram vocês dois, que conhecem mais de fisiologia alomar que qualquer outro. Contudo, fizeram um bom trabalho na pesquisa de medicamentos que estimulam a ovulação e outros para estimular a indução de gênero. 

Bridget também se livrou de seus talheres, encarando os dois cientistas.

— O fato é que temos menos de oito horas espaciais para colocar nosso plano de “extração” de Saga do esconderijo. Sabemos que se prenderem Kara, tentarão pegar os óvulos dela, mas precisarão de tempo e um local específico para isso.

— Ter um medicamento que impeça a ovulação, daria tempo para vocês me resgatarem.

Kara falou incisiva, sabendo onde a sua noiva queria chegar. Bridget segurou a mão dela, por baixo da mesa. Estava orgulhosa e a segurança com que Kara se expressou dizia que a noiva compreendia e concordava com o plano. Para todos poderia parecer frieza, a forma com que lidava com a situação, mas a comandante não se importava. A opinião da mulher que amava, esta sim, lhe importava. 

— Vejam, senhores, eu precisarei de tempo, se acaso for capturada. Eles estão acuados e… – Virou-se para Bridget. – Como falam na sua cultura? Não matariam a galinha dos ovos de ouro? – Bridget fez um sinal afirmativo. – Se não conseguirem extrair meus óvulos, tentarão induzir meu gênero para extrair meu esperma. Precisarão de um tempo maior, pois estou tomando contraceptivos. Terei que ser inoculada com outros tipos de estimulantes, vocês sabem.

— E aí, teremos tempo de recuperar Kara… Até que você é inteligente, Brid.

Decrux concluiu, pegando a última porção de ovo mexido e mais um pão. A comandante semicerrou os olhos e alfinetou.

— Tome cuidado, amiga. Você não está podendo usar os attochips para qualquer coisa. Vai engordar desse jeito…

♠

— Como está indo com o R.C.A., Caeté?

— Entendi por que Decrux foi bloqueada no acesso do R.C.A. Eles usaram um algoritmo para impedir acesso de IAs que não eram cadastradas. Mesmo com senha de administrador, o sistema bloqueia esses acessos remotos de IAs.

— Mmm… Um firewall.

— Sim. 

— Consegue burlar, Caeté?

— Sim, conseguiria subescrever para dar acesso a ela, mas levaria algum tempo, Brid; e isso não temos. Achei uma outra forma de conseguirmos ver quem são os traidores. Entrei no sistema e estou resgatando as conversas feitas pelas pessoas cujo nome Edith nos deu. Assim, as conversas estarão baixadas aqui na nave e Decrux poderá fazer uma análise rapidamente. Ela encontra os nomes que não estão na lista da Tenente-Brigadeiro, passa para mim e vou baixando as comunicações dessas outras pessoas.

— Demorará um pouco mais do que previmos, mas acredito que teremos os nomes de todos e provas contra eles, quando tudo isso acabar. Decrux! – Bridget chamou e a subcomandante se aglutinou na ponte rapidamente. 

— Pode falar, Brid. 

— Está tudo certo para nossa investida no esconderijo?

— Consegui mapear todos os explosivos que estão espalhados pelos corredores até a parte central. Infelizmente, ainda não consegui invadir o local onde eles estão. Não sei como é a arquitetura e nem se tem mais explosivos. Sinto muito, Brid…

— Não sinta. Você já me deu o que preciso. Fez o que lhe pedi mais cedo? 

— Sim, está pronto. Oton e Kara estão no hangar terminando os outros preparativos.

— Então, me acompanhe. 

Bridget se levantou da sua poltrona de comando, dando uma última olhada na projeção da área que invadiriam e saiu em direção ao elevador, acompanhada de sua subcomandante. Minutos mais tarde entravam na enfermaria. Kiara desviou o olhar do equipamento que estava manipulando, vendo a comandante entrar a passos cadenciados.

— Ainda não está pronto. 

— Não quero descer para essa missão sem que Kara tome esse medicamento, Kiara. Não deixarei que ela vá nessa incursão, se não estiver segura. 

Decrux segurou a mão de Bridget suavemente para confortá-la. 

— Sabe que posso ir no lugar dela, não sabe? Eles querem Kara e não a mim. Caeté pode fazer o que eu faria aqui e eu tenho habilidades militares.

— Agradeço muito, Decrux, mas não é uma boa opção. Você no controle da T.I.M. poderá nos tirar mais rápido de lá, além do mais, se eu a levasse, amanhã mesmo estaria solteira. – Bridget sorriu desanimada, passando a mão pelos cabelos curtíssimos. – Kara não me perdoaria se algo acontecesse a você ou aos bebês, e muito menos eu. Além do mais ela será a… Deixe para lá. Você ir no lugar dela não vai rolar.

♠

Edith teve que fazer dois saltos para chegar à proximidade do planeta Terra e depois entrar numa dobra normal, que levou pelo menos quatro horas para chegar. A Terra ficava em outra galáxia. 

Antes de sair, Kara equipou o caça com o sistema de camuflagem. Aquela tecnologia era fantástica e a Tenente-Brigadeiro intuía que haveria um preço sobre ela. Freya não liberaria tão fácil. 

— Pois para mim não importa. Adorei essa belezinha e valerá qualquer preço que cobrarem de Ugor. 

Falou para si mesma, acionando a camuflagem para se esconder da possível nave de guerra freyniana que fora enviada para interceptar a nave Decrux. Estava parada próxima à lua do planeta e vasculhava o espaço.

— Droga! Não há ninguém aqui! Não é possível que ainda não tenham chegado. Será que perceberam que a nave Decrux não veio para cá?

Um sinal soou na cabine de comando e escutou uma voz cadenciada e inexpressiva alertá-la.

— Nave de guerra freyniana detectada na atmosfera do planeta. 

— Obrigada, Divena.

— Não há de que, comandante. – A voz da IA continuou. – A nave tem quatro canhões fásicos, escudos de diamante, dez saídas de torpedos phasers e quinze saídas de disparos phasers aleatórios. 

— Que ótimo! Estão com o melhor da artilharia freyniana. Por que mesmo eu quis vir nessa missão suicida?!

— Não sei responder a essa pergunta, Tenente-Brigadeiro Edith. Mas se quiser uma opinião, a respeito do sucesso da missão, a senhora tem sessenta e seis por cento de chances de incapacitá-los. Essa nova tecnologia de camuflagem lhe dá vantagens.

Edith revirou os olhos. 

— Muito me alenta a sua opinião, Divena. 

— Estou à sua disposição, senhora. 

Edith bufou. Tinha sido sarcástica. Não importava. A IA lhe daria os parâmetros certos para que conseguisse se aproximar e bombardear o comando de armas da nave de guerra. O resto dependeria de sua habilidade. 

♠

— Todos prontos!

— A T.I.M. está estabilizada e pronta, Brid. 

— Me dê mais um transmissor, Decrux.

— Você já está com dois, Brid. Não é exagero?

— Não, não é. Kara não poderá levar os transmissores e Oton está levando somente dois. A gente tem que se prevenir, principalmente se Saga der muito trabalho. 

— Toma, exagerada. Agora vai. 

Decrux entregou para a comandante outro transmissor e se afastou. Estava incomodada e apreensiva. Não eram sentimentos costumeiros para ela, entretanto, tentou se balizar para não errar em seus julgamentos, enquanto eles estivessem no complexo. 

— Acionando T.I.M. 

Os três tripulantes sumiram das vistas de todos. Decrux imediatamente acessou os dados no plate para saber se haviam chegado ao destino. Era esdrúxulo ter que acessar parâmetros fora de seu sistema, todavia a T.I.M. levaria algum tempo para que a estudassem e pudessem entregá-la ao sistema geral da nave. 

Só me faltava essa… Ter que ler dados em um plate. – Pensou. 

 Os sinais vitais estavam fortes e apareciam dentro do complexo industrial. Decrux colocou o mapa multidimensional do complexo no meio do hangar, extrapolando a localização da equipe no holograma para que todos acompanhassem. 

Assim que se materializaram no interior do esconderijo, Kara entregou sua arma para Bridget e foi para trás de uma grande caixa. Estavam em um galpão de carga, como haviam previsto. Permaneciam calados e Oton desdobrou um pacote que levava em sua mão que, aos poucos, tomava forma de uma bolsa.

Um animal de aparência rude surgiu, fazendo Bridget esboçar uma careta. 

— Preferia um lobo, Kara. Esse bicho que escolheu para transmutar parece uma hiena. É muito feio!

Oton riu, defendendo logo depois a Ministra. 

— O “scumar” é um animal típico dessa região. Na época em que fizeram esse complexo, para receberem materiais e equipamentos para as obras, os trabalhadores eram atacados constantemente. Por isso cercaram. 

— Entendi o ponto. Ainda assim é um animal feio demais. – Fez outra careta. – Vamos nos adiantar. 

O animal rosnou e Bridget parou para olhá-lo. Ele se aproximou e tocou o braço da comandante com o focinho. 

— Ah, é verdade!

Bridget e Oton conferiram no display de suas pulseiras para ver se os “termorreguladores” estavam funcionando. Terem os sinais disfarçados era imprescindível e, felizmente, Decrux juntamente com o doutor Fredrik conseguiram fazer um implante intradérmico dos termoreguladores. Ela se preocupava com Kara, que estaria transmutada em um animal.

A comandante virou seu punho em direção à noiva e observou, por seu display, que ela também estava invisível na captação térmica de sensores.

— Perfeito. 

Tomou a dianteira para se colocar ao lado da porta de saída. Tinham que verificar se havia alguém no corredor, antes de avançarem em direção à parte central do complexo. Bridget verificou o display e não havia formas de vida próximas. Fez um sinal para Oton sair e o seguiu, assim como Kara. Avançaram no primeiro corredor e logo se depararam com uma carga de explosivos. Não podiam ultrapassar.

Oton se colocou em guarda com o fuzil em riste, enquanto Bridget usava uma pistola de feixe frio no dispositivo para neutralizá-lo. Precisariam ter muita cautela. Aquele seria o primeiro explosivo dos muitos que neutralizariam até chegar ao objetivo. 

Avançavam devagar e, a cada explosivo, paravam e faziam o mesmo processo. Faltavam alguns corredores quando Bridget detectou duas assinaturas térmicas vindo em direção a eles. Não poderia ser num local pior. Era um corredor completamente vazio, sem nenhuma porta de acesso para outras salas.

♠

— Não estou conseguindo achar Knut, Desmond, e você só consegue entrar em contato comigo, quando Saga não está por perto. Conseguiu ver onde estão? Onde é esse esconderijo?

— Ainda não, Kevin. Ela bloqueou os acessos no sistema e só consigo falar com você, através dessa porcaria de comunicações que ela criou, e isto porque temos que ficar na vigilância da nossa nave de guerra.

— Eles ainda não entraram em contato?

— Ainda não e, também, não temos mais em alcance a nave Decrux. Pelo tempo, nossa nave deve ter chegado ao planeta Terra há poucas horas espaciais. Demorará até ela retornar e entrar em alcance. 

— Mate logo Saga! Se nossa nave retornar com a ministra Lucrétia, não precisaremos mais dela; e se Rurik der trabalho, mate-o também. Estamos sem tempo e aqui as coisas estão saindo do controle. Se tivermos a Ministra, faremos do jeito antigo. Extrairemos seus óvulos e teremos uma freyniana alomar do povo para gerar a criança.

— Acha que o parlamento vai aceitar isso? Alguém vindo do nada e gerando um alomar primordial?

— Inventaremos alguma coisa. Inventaremos que a Ministra teve relações com alguém; agora não importa. Se tivermos que nos impor, temos um terço do governo ao nosso lado, você sabe… A única coisa que não podemos deixar é que alguém fique xeretando o que estamos fazendo e é isso que está acontecendo. Terei que dar um jeito em Javer. Ele colocou Vertana para ocupar o cargo de Knut, por pressão do parlamento. Ela está fazendo uma força-tarefa à parte dos nossos. 

— Está certo. Os dois saíram ainda há pouco para fazer a vigilância do perímetro. Nós não podemos sair do núcleo de controle. Ela nos colocou em rédea curta. Por isso não sei onde estamos. Ela leva mais ou menos quarenta minutos para fazer a ronda e retornar. Nos posicionaremos para recebê-la. – Desmond riu.

— Assim que conseguir matá-la, me contate.

— Certo. 

Desligaram. O agente olhou para o prisioneiro. Sentiu vontade de matar Barns. Não sabia por que Saga ainda o mantinha preso. Ele era um inútil para qualquer lado. Estava desacordado. Provavelmente morreria em um ou dois dias. Estreitou o olhar, pensativo. Saga o privava de sono; e alimentos ou água eram mínimos. Sorriu perverso. O deixaria ali para ver o que aconteceria com o agente.

— Pessoas estúpidas, merecem sofrer. 

Chutou a perna do agente. Parecia um pedaço de carne jogado a um canto. 

♠

— Saga, eles estão dando as cartas. Libere o acesso às dependências. Assim nos desgastamos menos nas rondas. Teremos mais gente para fazer. Além do mais, você não está sendo sensata. Se a nave deles achar a nave de Kara, nós saberemos, porque estamos sintonizados na frequência. Sabe que o capitão da nave irá informar diretamente para Kevin, não é?

Irritada, Saga virou de chofre e colocou o topo do seu machado, pressionado na garganta de Rurik. 

— Você é um estúpido, mesmo. Esqueceu o que fizeram conosco quando deu tudo errado na antiga Freya? Nos descartaram, Rurik! Nos descartaram… Quer mesmo acreditar nesses imbecis? Eles falam para nós o que lhes convêm. Fazem os acordos que lhes é melhor e nos descartam na mesma velocidade. 

— Eu não esqueci, mas quero o meu pagamento! Eu quero Kara em minhas mãos e você está dificultando isso!

Ela o empurrou até que ele batesse com as costas na parede. Tomou a forma de um homem musculoso e prendeu o pescoço do aliado com o cabo do machado. Saga tinha armas enluvadas em dois coldres e três facas presas ao cós da calça e pernas, entretanto, seu machado de família era seu companheiro fiel. 

— Você é um merda, Rurik. Está cedendo aos apelos deles.  Percebi que, quando saí ontem, estava diferente depois que retornei. Eles são alomares, idiota, e conseguem se esconder de minhas percepções, mas você não. Pense bem do lado de quem quer estar, pois eu não estarei aqui para defender você se me trair e, acredite, quando digo que sinto o cheiro da traição em você.

Ela voltou à sua aparência normal e afrouxou a pegada, o encarando com o olhar mais terno que ele jamais vira.

— Eles não se interessam por você, Rurik. Só querem te usar contra mim. Pense nisso.

— Eu quero Kara em minhas mãos, Saga. Você sempre soube disso. 

— Eu prometi isso a você e cumprirei minha promessa. Só tenho que engravidar dela. Não esqueça de que se eu estiver morta, eles poderão prendê-la por tempo suficiente para estimularem maturação de óvulos para extração. A única pessoa que realmente precisa de seus conhecimentos sou eu. 

Algo chamou a atenção de Saga que fez um sinal para que Rurik fizesse silêncio. 

---

Nota: Capítulo em dia! A partir de agora será bem agitado para a tripulação de Decrux! Partiu para a porradaria!  😉

Pessoal, estamos com um probleminha no link do pagseguro que gera os boletos, e assim que conseguirmos consertar, colocaremos no ar novamente. A conta para depósito está ativa e quem quiser doar, pode mandar um email para contato@lesword.com que nós enviaremos a conta diretamente. O Paypal está certinho e podem doar por lá também. 

Um beijão a todas!