FREYA: A RECONSTRUÇÃO

Capítulo 10 – Montando uma Equipe

Freya: A Reconstrução

Texto: Carolina Bivard

Revisão: Naty Souza e Nefer

Ilustração: Táttah Nascimento


Capítulo 10 – Montando uma Equipe

Helga tomou um susto ao ver sua esposa se aglutinar em frente a ela, no mesmo momento em que escutava palavras calmas e carinhosas.

— Você não foi tola, e sim, uma mulher de princípios e honrada.

Decrux se sentou ao lado da Olaf, abraçando-a com carinho. Sentiu o corpo da esposa enrijecer e, mesmo que a Olaf tentasse se esquivar, segurou-a um pouco mais forte. Helga foi se acalmando e relaxou nos braços de Decrux e só então a IA se levantou da cama, ajoelhando-se de frente para a mulher que amava. 

 — Por tudo que já escutei de você, Freya sempre prezou por uma consciência de igualdade, principalmente após a guerra civil de novecentos anos atrás. Essas pessoas são irascíveis e pensam que a pequena vantagem genética as faz melhores, tornando-os supremacistas. Eu sei que não existe essa vantagem que pensam, pois tenho o conhecimento da evolução de milhares de espécies aqui. – Decrux tocou a testa com o dedo indicador. – A evolução de cada espécie se dá de acordo com a evolução da cultura, tecnologia e outras peculiaridades. Os alomares tendem a evoluir para freynianos típicos, pois Freya progrediu nas artes, na cultura, na tecnologia…

— Você acha que mesmo que consigam vencer nessa “revolução” étnica que querem fazer, chegará um dia que não existirá mais alomares?

— Não prevejo o futuro, Helga, mas por todo conhecimento que tenho sobre evolução de civilizações, sim. Alomorfos existiam porque precisavam se esconder, se camuflar para sobreviver em seu planeta, há milhares de anos. De lá para cá, vocês ganharam o espaço sideral. Para que precisariam se metamorfosear com tantos recursos tecnológicos?

— Para fazer brincadeiras na cama com quem amamos?!

Helga respondeu em um pequeno sorriso e expressão de desânimo, levando Decrux a gargalhar. 

— E eu adoro, mas estou falando de centenas e centenas de anos à frente e não da nossa era. Ainda bem, porque amo nossas brincadeiras. – Decrux sorriu para logo depois endurecer a expressão do rosto. – Só me preocupo com Kara. O fato dela ter nascido com a gênica de um alomar primordial, faz dela uma joia para esse povo maluco.

— Eu não deixarei que nada aconteça com ela.

Helga falou ao mesmo tempo que se levantou, permanecendo de costas para Decrux. Seu olhar era perdido, nas sombras de outro tempo. Um tempo em que acreditava no sistema de governo de Freya. Novamente a IA foi até a esposa, abraçando-a por trás para confortá-la.

— Nós não deixaremos. Você se sente usada, eu compreendo, principalmente diante de todos os acontecimentos que cercaram a sua vida até aqui, mas lembre-se que não somente você que foi usada. Eu, Brid… a própria Kara. Penso hoje que a sua câmara de estase ter parado aqui, na nave, no conflito contra a República e Cursaz não deve ter sido tão aleatório, afinal…

— As duas mulheres mais importantes de Freya juntas em uma nave de carga, naquela época de ebulições políticas e comerciais? Agora tenho certeza de que não foi aleatório mesmo. – Helga virou-se nos braços da esposa para abraçar a cintura dela. – E nós achávamos que tudo se relacionava a mim e minha genética…

— Para a República e Cursaz, talvez. Esses supremacistas não contaram para eles sobre Kara, disso tenho certeza.

— Por que tem tanta certeza sobre isso, Decrux?

Decrux sorriu e apontou outra vez para a cabeça.

— Porque calculo probabilidades com uma precisão incrível! Ou não sabia disso? 

Helga esboçou um sorriso maior do que os últimos que conferiu à esposa. Muitas vezes esquecia que Decrux era uma pessoa única, criada para acumular conhecimento e lançar mão dele com coerência e objetividade. Beijou-a, sentindo o sabor do gloss, que dava um leve tom púrpura aos lábios macios da IA.

— Que beijo gostoso! – Decrux arrancou mais um sorriso da esposa. – Voltando ao assunto, Helga, conheço Brid o suficiente para saber que ela vai mover planetas para achar esse pessoal e não garanto que, desta vez, permanecerá com a cabeça no lugar.

Helga se desprendeu dos braços da esposa, dando um passo na direção do espelho do quarto. Observou seu reflexo durante um tempo e se voltou para a IA.

— Sinceramente, De, acho que até torço por isso e, se ela o fizer e nós conseguirmos sair dessa, prometo para você que ela não ficará nem um minuto presa. 

— Que bom que está pensando assim. Sabe que uma das coisas que mais amo em você é o jeito como pensa em relação a preservação da vida, contudo, eu não tiro a razão de Brid e, nesse caso, concordo com ela.   

— Não acredito no que estão suspeitando…

O agente se remexia na cadeira, incomodado. 

— Cala essa boca, Olsson.

Bridget interveio, levantando-se da mesa de rompante. Permaneceu em silêncio de costas, antes de voltar a falar. A comandante rememorava tudo que precisaram passar para fugir das garras do Espaço Delimitado.

– Não sabe um terço do que Helga passou no Espaço Delimitado por conta desse “esquecimento” de seus superiores. Por acaso Javer, algum dia, lhe contou que a Olaf do planeta estava naquela nave de vocês? Estiveram juntos tanto tempo e ele não falou nada para você? Que doença foi essa que o ministro Hakon adquiriu na estação de resgate?

— Eu não sei! — Olsson se exasperou. 

Kara, embora a irritação se avolumasse e somasse as suas próprias indignações, via que o agente estava confuso e desgastado com as revelações. Respirou fundo, na tentativa de acalmar o bólido que subia inclemente pela sua garganta, no intuito de tentar se apaziguar e aos ânimos de todos.

— Se acredita que Freya não precisa de outra guerra, Olsson, tem que nos contar tudo que percebeu de estranho, não só desde que chegamos ao novo planeta. – Kara o pressionou.

O doutor Fredrik tinha os olhos fechados, como se tentasse entender o que havia acontecido ali, e a doutora Kiara mordia o lábio. Parecia tensa. Olsson ensaiou uma resposta, entretanto, Bridget havia se virado para a mesa novamente, observando a todos. 

— E o que você tem para falar, Kiara? Parece-me que se lembrou de algo…

Ela fechou os olhos brevemente e depois os abriu, não querendo acreditar no que suas lembranças lhe gritavam.

— Quando o hospital ligou, informando que a ministra Kara seria transferida para a clínica, o secretário da área de Saúde Alomar me contatou, dizendo-me que seria bom para o meu currículo que eu pegasse o caso da ministra como a médica responsável. 

Doutor Fredrik encarou a médica etado.

— O secretário sabe que, em casos como esse, eu sou o chefe da área!

— Por isso disse a ele que não o faria, Fredrik. – Kiara respondeu de pronto. – Achei a proposta dele constrangedora. Não é assim que atuamos.

— E por que não me falou antes? 

— Porque, como disse, achei a proposta dele descabida, Fredrik. Não queria criar atrito entre nós.

— Ele estava medindo a temperatura entre vocês. 

Bridget afirmou convicta, e começou a andar ao redor da mesa, pensativa. Os tripulantes novatos a acompanhavam com o olhar. 

— Isso não é um caso simples de uma louca terrorista que quer um filho alomar primordial. É uma conspiração que começou lá atrás. Queriam afastar Helga Hirtor do cargo de Olaf, mas pelas leis de Freya não poderiam. Parece que Saga fez muito mais, na época em que se infiltrou no governo. Ela angariou adeptos.

Kara começou a ofegar. Sentia toda a revolta, indignação, medo e incompreensão, vindo de todos os cantos do refeitório. Seus sentidos começaram a captar tudo, como se cada célula de seu corpo reagisse ao menor sentido vindo de seus companheiros. O monitor no plate da doutora Kiara apitou e ela o retirou do bolso, colocando sobre a mesa, abrindo uma imagem holográfica interativa.

— Está desestabilizando, senhora.

Enquanto falava, a doutora passava os dedos nas imagens, analisando os dados fisiológicos da ministra que eram mostrados. Kara respirou mais calmamente, tentando perceber cada sentido, tentando forçar seu corpo a entrar em um estado de equilíbrio. 

— Vamos levá-la para a enfermaria.

— Não! – O doutor Fredrik contestou a colega de trabalho. – Olhe. – Ele apontou para alguns parâmetros. – Ela está conseguindo se autoajustar.

— Isso é fantástico! Nunca aconteceria tão rápido com um alomar comum, nessa fase de adaptação. 

A doutora Kiara exclamou, concordando com seu tutor e amigo. Estava fascinada com a rapidez com que a ministra se reequilibrava. 

— Ela está bem? 

Bridget perguntou, alarmada. Tudo relevante as descobertas sumiam de sua mente, quando via que Kara estava em perigo. 

— Estou bem, Brid! Nunca tinha experimentado a sensação de tantas pessoas com os mesmos sentimentos num só lugar. 

A comandante fitou o médico. 

— Ela está bem. Todos os parâmetros fisiológicos dela voltaram ao normal. 

Olsson se levantou da cadeira, encarando Bridget de pé. Tinha um olhar um pouco perdido e trocou o apoio de pernas várias vezes antes de falar. A comandante somente esperava. Avaliava os gestos do agente.

— Acredite; nunca pensei que algo assim pudesse estar acontecendo no meu departamento ou… ou mesmo no governo. Sempre acreditei em nosso sistema. Achava justo. Meus pais não são alomares e nenhum de meus irmãos. Provavelmente, minha mãe tinha um dos genes alomar e meu pai também. Nunca faria nada que prejudicasse eles, ou qualquer outro da cidade em que eu nasci. Cresci no meio de freynianos típicos. Não sou traidor e não tenho nada a ver com o que está acontecendo. Me chame de estúpido, se quiser. 

Bridget voltou seu olhar brevemente para Kara e a viu fazer um gesto afirmativo. Parecia que o agente estava falando a verdade. 

— Você não é estúpido, Olsson. Em seu lugar, talvez pensasse o mesmo. A minha vantagem, mesmo não sendo alomar, é que nasci no Espaço Delimitado e aprendi muito cedo o que é a ganância pelo poder. 

Bridget inspirou fundo, passando a mão pela cabeça, sentindo os curtos cabelos acariciarem a palma de sua mão. 

— Vamos. Temos trabalho a fazer, mas não fale mais que Barns, Knox ou qualquer outro é idôneo. A esta altura, temos que tratar todos como possíveis conspiradores. – Olhou para Kara. — Venha comigo. E vocês todos, – Virou-se para os médicos e o agente – nos encontrem daqui a meia-hora na sala de reuniões. Decrux!

Gritou pela amiga. Não levou mais de dez segundos para a IA se aglutinar no refeitório.

— Como Helga está? 

— Estava mal, mas agora melhor, embora revoltada ainda. 

— Ótimo. Espero que a revolta dela dê frutos para essa missão. Meia-hora está bom para nos encontrarem na sala de reuniões?

— Está ótimo. Estou reconfigurando alguns de nossos sistemas. Não demorará muito e, na reunião, estará prontinho para mostrar a vocês. 

Decrux desaglutinou e Kiara não parava de se admirar com a IA. 

— Feche a boca, doutora. Está olhando demais para a esposa de sua Olaf.

— Hã?! Ah, não! Não é isso, desculpe. Não estou olhando com esse sentido. 

Kara riu da chacota da noiva. 

— Não ligue para o que Brid falou. Às vezes, ela pode ser simpática e brincalhona… só às vezes.

— Todos estão presentes?

Bridget perguntou assim que entrou na sala de reuniões na companhia de Kara. 

— Sim. — A Olaf falou, secamente. 

— Muito bem. Decrux, a palavra está com você.

Bridget se sentou na cabeceira da mesa e a ministra espacial ao seu lado direito. Helga já havia tomado um lugar qualquer, assim como os outros.

— Oton e Caeté já devem estar chegando…

— Quem são Oton e Caeté? – O agente Olson perguntou.

— Oton é o meu outro sub-comandante e a Caeté, é minha engenheira de comunicações. – Bridget respondeu. – São pessoas de minha confiança e que trabalham comigo, há muitos anos. Caeté tem um conhecimento vasto na área de comunicações e poderá auxiliar Decrux com a programação de rastreadores e Oton é um excelente estrategista.  Era capitão de nave de guerra na época do conflito entre Cursaz e os planetas independentes. O planeta dele também foi destruído.

— Concorda que nós estamos em desvantagem e teremos que nos apoiar em pessoas que conhecemos?

Decrux complementou a fala da comandante e se voltou para o centro da mesa. Ela não se sentou como os outros e simplesmente fez aparecer o holograma de situação, que mostrava o mapa aéreo da cidade de Akas. Ela não precisava tocar no holograma para interagir e todos viram uma área específica da cidade se aproximar. 

— Existem ainda três áreas adjacentes à cidade em que há galpões da época de construção, que não foram concedidos para indústria, ou outro fim. – Ela focou em um deles. – Este conjunto que está mais deslocado a leste não tem qualquer bloqueio. Consigo fazer varreduras térmicas, magnéticas e sonoras. Não há nada lá a não ser animais silvestres, que se apossaram das construções por não haver mais ninguém circulando por lá.

Enquanto Decrux explanava o que havia descoberto, a porta se abriu e, Oton e Caeté entraram. Traziam bolsas de pertences na mão, deixando-as na entrada. 

— Já chegaram?

Bridget se levantou para cumprimentá-los. Estava feliz por tê-los ali. Desta vez, podia contar com sua equipe mais próxima. Abraçou Oton e depois Caeté.

— Viemos assim que Decrux nos contatou. Ela disse que era urgente e pelo relatório que nos enviou para escutarmos durante a viagem, vimos que estão em maus lençóis. – Oton revelou.

— Fiquei contente que nos chamou, Brid. 

Caeté deu um tapinha no ombro da comandante e se dirigiu para a mesa.

— Está bem, amiga?

Caeté perguntou diretamente para Kara. Além de terem se conhecido quando Kara ainda trabalhava na nave, na época em que viviam no Espaço Delimitado, era comum que se encontrassem em confraternizações. Tornaram-se amigas.

— Agora estou bem, Caeté, mas a situação toda está muito ruim. 

— Vamos resolver. – Caeté falou com segurança e se voltou para a mesa. – Como vai, Olaf Helga?

— Estou bem, Caeté, na medida do possível. Esperava vocês na inauguração do novo laboratório no Centro de Antropologia, mas sua chefe resolveu que ainda tinha coisas a fazer em Bengdala IV.

— É, ela só chama a gente para trabalho, Olaf. 

Caeté respondeu sorrindo, sentando-se à mesa.

— Bom, não temos tempo para cortesias e confraternizações. – Brid se voltou para Oton. – Sente-se, amigo. – Virou-se para o restante da mesa. – Estes são meus companheiros de trabalho, Oton – o sub-comandante fez um gesto com a mão se apresentando – e Caeté. 

— Acho que já me conheceram. 

A engenheira de comunicações falou.

— E estes aqui, – Bridget apontou para os outros da mesa – são Olsson, agente de segurança; Doutor Fredrik, médico especialista em fisiologia alomar e Doutora Kiara, também especialista em fisiologia alomar. 

— Uma grande equipe, Brid. – Oton ironizou, sem que os outros percebessem. – Você nunca se enfia em uma encrenca pequena, não é? 

Decrux conteve o sorriso. Embora sempre implicasse com Oton, fazia-o por gostar dele.

— Você sempre me subestima, Oton. Preste atenção…

Decrux voltou a explanar desde o início, a situação dos galpões. Como havia mandado um relatório detalhado de tudo que ocorrera até aquele momento, não se preocupou com o prévio conhecimento dos dois.

Continuou a explanar:

— Bom, agora esses outros dois estão bem diferentes. Há bloqueadores de sinal na área de galpões do Sul da cidade e do Noroeste. Até agora, só consegui atravessar alguns bloqueadores nos galpões noroestes e, mesmo assim, não consegui entrar em todos os galpões dessa área. 

— Não conseguiu penetrar em nenhum galpão da área sul, Decrux?

— Não, Brid.

Para alguém como ela, uma IA com tanto conhecimento acumulado de tantas civilizações, era frustrante.

— Eles devem estar nesse galpão. – Olsson falou.

— É uma cilada. – Oton retrucou, voltando-se para Decrux. – Sabem que você tem condições de desabilitar milhões de tipos de bloqueio. 

— Concordo com Oton. – Bridget se levantou também, andando pela sala. – Conseguiu achar outros lugares na cidade que tem esses tipos de salvaguarda, Decrux?

— Consegui, sim, Brid.  São poucos e a maioria consegui desbloquear e penetrar com as varreduras. Mas, em alguns lugares, não. – Decrux pausou a fala momentaneamente. – Todos dentro do governo e… – Decrux fitou a esposa constrangida – … um deles é seu gabinete, Helga. 

— Merda! – Helga xingou, batendo com a mão fechada sobre a mesa. – Armaram muito bem para nós. Nos afastaram do governo central!

— Ainda não conseguiram algo que queriam.

Todos olharam para o doutor Fredrik, pensando sobre a afirmação que fizera.

— Não conseguiram um filho meu. Saga não achou que falharia em sua missão de gestar um alomar primordial. – Foi a vez de Kara argumentar, complementando os pensamentos do doutor.  – Ainda temos vantagem, pois…

— … Pois não conseguirão dar um golpe, sem provocar revolta entre a população. Estão jogando com nossas leis antigas e nossos dogmas. – Helga afirmou. – Para a população geral, retirar um Olaf do cargo sem um justo motivo, seria uma grave traição. Para isso, teriam que armar para mim, com provas bem embasadas, atos de traição, homicídio ou incompetência configurada. Mesmo assim, minha saída se daria por meio de plebiscito. A população seria quem votaria.

— Poderiam ter feito isso por conta da guerra. Por que agora?

Olsson indagou e Helga o encarou. Ele estava sentado em frente a ela.

— Esqueça o fato de eu ser a Olaf de Freya e me responda com toda a sinceridade, aliás, me respondam. – Ela incluiu os médicos. – Vocês votariam para me retirar do cargo, por conta da guerra com Cursaz?

— Com certeza, não. – Kiara foi a primeira a responder. – Essas decisões foram tomadas em assembleia pública e você expressou a opinião sobre o presidente de Cursaz. Disse abertamente que ele tentava nos manipular. Os ministérios que acordaram em continuar com as negociações. 

— Eu também não votaria pela sua retirada. – Olsson falou. – Você nos tirou do exílio, dando-nos um novo lar, mesmo quando os ministérios falharam, levando a guerra à nossa porta.

— Bem, acho que não preciso dizer o que penso. Trabalhei minha vida inteira em prol do bem-estar do alomares. Sou um freyniano típico, imbuído somente pelo apreço pela ciência. Para mim, nossa sociedade havia adquirido sabedoria com a guerra civil. Agora vejo que não.

— Não é bem assim, doutor Fredrik. Sou alomar e não vejo sentido no que estão fazendo!

Olsson foi enérgico na afirmação. Levantou-se da cadeira inquieto, passando a mão pelos cabelos. Mostrava-se encolerizado com as provas que surgiam, sobre uma manifestação de insurgência de alguns membros do governo e, quiçá, do parlamento.

— Não é possível… – Falava balançando a cabeça. – Não é possível…

— Ainda acha que estamos errados, Olsson?

Ele encarou Bridget com o olhar entristecido. A pergunta dela o colocou de volta no eixo. 

— Não. Só me condeno por ser um agente e ter sido tão ingênuo, durante tanto tempo. Sinceramente, ainda penso que Barns não está dentro disso. 

— Colocaria sua mão no fogo por ele?

Bridget o interpelou, novamente. Ela foi inclemente. Era desconfiada por natureza 

— Há uns dias colocaria, mas não hoje. Só peço para não julgá-lo, antes de termos certeza. 

A comandante assentiu com a cabeça e ele voltou para a mesa. Ainda teriam muito para discutir e planejar. 

— Bem, vejamos as possibilidades. – Caeté se voltou para Decrux. – Passe para meu console da ponte todas as comunicações codificadas que não conseguiu rastrear. Verei o que consigo fazer para decifrar. Se conseguirmos ver com quem Saga, ou Rurik, entraram em contato e escutarmos as transmissões, talvez saibamos com o que estamos lidando.

— Seu desejo é uma ordem, engenheira Caeté. Já estou agrupando e transmitindo para seu console.

— Vou para a engenharia. – Kara anunciou. – De lá, tenho todas as informações que preciso para auxiliar Decrux a quebrar esses bloqueios.

— E nós ficaremos aqui, durante mais um tempo, para montar uma estratégia. É certo que aqueles galpões completamente bloqueados são uma armadilha. Estão querendo chamar a nossa atenção.

— E chamaram, mas não da forma que pensaram. — Oton respondeu enfático. — Veremos se eles realmente sabem brincar de pique-esconde. 

— Não seja tão confiante, Oton. — Brid rebateu. — Dessa vez pegamos uma turma de peso.

— Turma de peso ou não, Brid, não sabem com quem estão lidando. Não acredito que essa gente tenha passado um terço do que passei naquela guerra, e muito menos a Olaf e você. Você conhece o termo cair de pé?

— Sim. É quando nos derrubam e mesmo assim nos sustentamos e vencemos. 

— Pois é. Nós caímos de pé naquela guerra e mesmo que tenham pessoas influentes por trás, como desconfiamos, não vão conseguir nos derrubar tão fácil como acreditam. 

— Você é muito confiante, sub-comandante. — Kiara contestou. — Esses que estão por trás tem uma estrutura sólida de um governo a favor deles.

Oton e a doutora se encararam por alguns segundos, como se medissem forças. Por fim, Oton falou mais brando.

— Não discutirei com alguém que parece conhecer bem o nosso adversário… 


Nota: Oi pessoal! Ao longo da semana responderei aos comentários, ok? Hoje estou na correria e assim que puder, venho responder tudo!

Obrigada, Pessoal pela compreensão!

Beijos!



Notas:



O que achou deste história?

14 Respostas para Capítulo 10 – Montando uma Equipe

  1. Caramba! Me atrasei um pouquinho e me deparo com essas revelações. Vejo que essa Saga psicopata era apenas a ponta do ice berg e que a guerra passada não foi exatamente o que fizeram parecer. Que safados! Esperaram Helga estabelecer um novo mundo para eles atacarem novamente. Prevejo que Brid e companhia terão que dar serventia a umas balas.

    Beijo Carol.

    • Oi, Fabi!
      Pois é. E Helga naquela época pensando que era puro interesse da República e Cursaz. Lógico que também era, mas as articulações para pegá-la, também veio do próprio governo com essas ideias de supremacia ridícula e etc e blá, blá, blá. Enfim.
      Obrigadão pelo carinho, Fabi!
      Um beijão para você!

    • Oi, Blackrose!
      Menina, mas que ódio no coração é esse? kkkkkk Mas pode deixar que com Brid, se não vai por bem é tiro, porrada e bomba mesmo. rsrs
      Obrigadão, Blackrose!
      Um beijão pra você!

  2. QUERO VER A SAGA DERRUBADA!! MULHER CRETINA E QUE GOVERNO MAIS POLITICAMENTE SAFADO!
    “QUERO VER O AMOR VENCER” rsrsrsrs E A VERDADE PREVALECER. QUANDO NADA NA FICÇÃO TEM QUE DAR CERTO NÉ! BJS

  3. Historia cada vez mais intrigante e cheia de nuances. Traições , conflitos e armações de poder.
    Parabéns!?

  4. Oiee, Carol!

    Estou amando cada vez mais!!
    Será que esse grupinho dá conta?!!kkk
    Achei engracado qndo De cru falou de brincadeirinhas com Olaf..rs

    Quero logo ver o que vai acontecer nesse conflito!!Tudo armado! Em quem confiar realmente?!

    Carolzinha, já voltou a trabalhar? Ou, melhor, ainda tem trabalho?Deculpe a pergunta, fique à vontade pra responder!

    Um beijao grande e se cuidando sempre vcs!!

    • Oi, Lailicha!
      Olha, esse grupinho é pequeno e devem se meter em encrencas e mais encrencas, só que eles tão com uma gana danada desses traidores. Vamos ver no que dá. rs
      Decrux é dessas gaiatas. rsrs
      Então, não estou com trabalho formal, mas tô me virando. Acredito que esse ano todo mundo tá querendo ver pelas costas, né?
      Un beso para vos tambien!

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