Freya: A Reconstrução>
Texto: Carolina Bivard>
Revisão: Naty Souza e Nefer>
Ilustração: Táttah Nascimento>
Capítulo 19 – Tripulação em ação>
A assistente da Olaf viu quando o Secretário de Segurança foi embora, e tinha que verificar se Javer havia entrado na cafeteria. Despediu-se da atendente, garantindo que entraria na página da loja mais tarde. Ganhando a rua, tratou de informar o que ocorrera para a Olaf e a comandante. >
— Me desculpe, mas tive que improvisar e me esconder. Desmond estava do outro lado da rua vigiando a entrada da cafeteria.>
— Desmond? – A Olaf perguntou, intrigada. – Mas Kevin havia dito que o mandaria para o esconderijo de Saga para “cuidar dela”.>
— Talvez não seja Desmond, e sim um alomar no lugar, para que ninguém sinta a falta dele. – Bridget especulou. – Ou então, ele ainda não foi se encontrar com Saga… Temos que ficar mais atentas ainda.>
— De qualquer forma, Elisa, quando entrar nos avise, mas não pode falar mais nada na presença de Javer, ou mudar de postura, para ele não desconfiar que estamos em contato direto com você. Estaremos somente na escuta, sem transmissão de nossos áudios para você.>
— Certo. >
Bridget desligou o som delas. >
— Ela tomou o medicamento que enviamos para ofuscar a percepção alomar de Javer?>
— Tomou sim, Brid, há uma hora mais ou menos. Mandamos um suprimento para que, nesse período, ela usasse constantemente. Não precisamos nos preocupar com os alomares que ela encontrar nesse período. >
— Santo Fredrick e Santa Kiara. – Bridget exclamou.>
— Na verdade, esse medicamento já existe há muitos anos. Eles só sintetizaram. >
— E todo mundo conhece esse medicamento em Freya?>
Helga sorriu brandamente.>
— Há coisas, felizmente, que são passadas somente de Olaf para Olaf, e também, há médicos específicos em que os Olafs conferem esse conhecimento e são muito bem avaliados antes de liberarmos para eles. >
— Só Fredrik e Kiara tem essa substância em seu poder?>
— Por que acha que eu requisitei os dois, pessoalmente, para cuidar de Kara na clínica?>
— Não é tão bobinha quanto faz parecer, Helga. Isso, às vezes, me irrita em você, sabia?>
Helga riu novamente. Sabia que Bridget não estava irritada. Sentia a satisfação emanando da amiga. >
— Entrando. >
Escutaram a deixa da secretária para que prestassem atenção. Elisa foi até o balcão e pediu um café puro, torradas e “geleia de rigano”, uma fruta nativa de sabor doce e, ao mesmo tempo, ligeiramente ácida. Era um contraste interessante e incomum. >
A cultura do café não era presente em Freya, antes da guerra. Os freynianos adquiriram gosto pela bebida e suas inúmeras variações, quando viveram os anos de exílio no Espaço Delimitado e, se foi algo que quiseram manter dos anos de sofrimento no novo planeta, foram as cafeterias. Na época, elas passaram a ser um local de encontro e de prazer entre o povo freyniano.>
Como previra, àquela hora da manhã, a cafeteria estava cheia e Javer estava sentado numa das mesas. Ele não era exatamente um homem metódico, entretanto, gostava de tomar seu desjejum com calma e confortavelmente. Por este motivo, saía de casa um pouco antes do horário para poder pegar um lugar na cafeteria próxima ao prédio central. Ele não gostava do sabor das iguarias da cafeteria do prédio do governo.>
A secretária se aproximou do ministro e pediu para se sentar. Javer se etou um pouco, pois sempre a via lá e a convidava, mas Elisa nunca havia aceitado. Ela costumava comprar apenas um café para a viagem e quando ele olhou para suas mãos cheias, presumiu que naquele dia ela saíra de casa sem comer nada.>
— Claro. >
Ele se levantou, auxiliando-a a colocar os pratos na mesa e afastou a cadeira para que ela se sentasse. >
Após um tempo de conversas amenas, a secretária introduziu a conversa sobre a mensagem, quando Javer lhe perguntou como iam as coisas para ela, já que Helga não estava em Freya. >
— Posso lhe confessar algo, ministro?>
— Lógico, mas somente se me chamar de Javer.>
Ele foi agradável, sem tom de provocação ou insinuações.>
— Estou receosa.>
Elisa olhou para os lados, como se procurasse por olhos ou ouvidos atentos a eles, o que fez com que Javer se retesasse na cadeira e percebesse que algo havia acontecido com a secretária. >
— Prometa que esta conversa será somente entre nós. Que escutará tudo, antes de tomar qualquer atitude.>
— Você está me deixando nervoso, Elisa. O que aconteceu?>
— Não é o que aconteceu e sim, o que irá acontecer. É sobre a Olaf. Ela entrou em contato comigo…>
— A Helga?… >
Ele começou a frase num tom alto e diminuiu o tom, também olhando para os lados. >
A partir dali, a secretária e ele tiveram uma conversa extensa. Concordou em receber a mensagem. Estava ansioso com o sumiço Helga e particularmente perturbado com a reação de Knut à sua abordagem no dia anterior. Decidiu-se por confiar, parcialmente, na secretária, visto que não conseguiu analisar emoções e reações dela. >
Ela parecia estar segura no que dizia. Esticou seu braço discretamente sobre a mesa, entre os pratos e copos do desjejum dos dois, e a secretária o dela. Quando seus punhos se tocaram, sentiu que seu plate intradérmico captava a transmissão.>
Ele queria ver o que a mensagem dizia, o mais breve possível. Despediu-se e se encaminhou para o prédio central, ganhando rapidamente corredores, elevadores e, por fim, chegou à sua sala. Cumprimentou seu assistente, tentando parecer tranquilo. Ele não sabia por que estava tão ansioso e desconfiado, desde a noite anterior. Embora confiasse em Knut, sua percepção alomar alcançou algo diferente no coordenador que não conseguiu definir.>
Descarregou o arquivo em seu sistema e o abriu, fazendo a imagem da Olaf se formar sobre o tampo de sua mesa.>
— Parar transmissão.>
Ordenou e a imagem congelou. Javer trancou a porta, antes de reiniciar a vídeo-mensagem. >
Javer escutou a mensagem inteira. Estarrecido, contatou seu assistente e pediu para que não fosse incomodado naquele dia.>
— E se alguém disser que tem algo de suma importância para falar com o senhor? >
— Veja o que é e transmita para minha sala. Hoje eu decido o que é importante ou não.>
— Perfeitamente, Ministro. >
Javer voltou um pouco a mensagem para escutar outra vez a última parte e novamente a imagem da Olaf apareceu.>
“Vá até a minha sala às 13:30 hs pelo elevador privado da presidência e chame Elisa. Ela instalará um aplicativo de transmissão codificada, onde poderemos conversar com segurança. Espere que entrarei em contato com você. Esse aplicativo não deverá ser instalado na sua sala, pois se algo der errado, não quero que nada de mau aconteça com você.”>
O ministro passou a mão pelos cabelos. Não sabia o que pensar e não sabia mais em quem confiar. Resolveu passar a mensagem por um programa de certificação de identidade, para ver se era original ou editada. Segundos se passaram até que o programa terminasse a varredura. Poucos instantes apenas que pareceram séculos para Javer. O programa parou dando a informação de que tudo no arquivo era original.>
As horas até o momento de ir à sala de Helga foram de agonia.>
♠
— Está pronta?>
Kara perguntou para a Olaf, entregando-lhe um botton de segurança para seu retorno à nave.>
— Depende do ponto de vista, Kara.>
A engenheira médica sorriu, mesmo nervosa. Tentava ser firme e segura aos olhos de todos, porém a ideia não lhe agradava. Acionou no plate em suas mãos e Helga foi desvanecendo até sumir aos olhos da tripulação.>
♠
Javer estava esperando, sentado em uma poltrona em frente à mesa de Helga na sala dela. Estava nervoso e pediu para que Elisa entrasse e acionasse a trava de segurança da porta, para que ninguém mais pudesse entrar. Temia que alguém procurasse a assistente da Olaf na antessala, querendo acessar algum arquivo na base de dados do gabinete. Sabia que o parlamento ainda não havia liberado tal procedimento, entretanto, após o vídeo que viu sobre Knut, começou a pensar e desconfiar de todos. >
Assustou-se, jogando o corpo para trás, quando viu a Olaf se materializar em frente a ele, e Elisa parecia espelhar os gestos do ministro, tal foi o eto.>
— Acalmem-se, não sou um fantasma. >
A Olaf estendeu seu braço para que Javer pudesse ler seu identificador pessoal, no intuito dele se certificar que era ela mesma. Ainda assombrado, pegou um plate identificador em seu bolso e aproximou do braço dela, verificando a identidade.>
— Por Eiliv, como?…>
— …Explicarei tudo que se passou desde que saí, mas temos que ser rápidos para você não ficar muito tempo fora de sua sala. – Ela colocou a mão no bolso e retirou um pequeno dispositivo. – Pegue isto e instale esse programa em seu comunicador pessoal. – O ministro pegou o artefato. – Se algo acontecer e não tiver saída, destrua seu comunicador. Esse programa fará uma linha direta comigo, para que consiga me contatar a qualquer momento, sem que a Segurança de Freya consiga rastrear. >
— O que está acontecendo, Helga? Eu quase infartei quando vi o vídeo de Knut. Não posso acreditar que ele e Kevin estejam por trás de uma conspiração como essa! >
— O pior é que não são somente os dois. Terá que ficar muito atento, Javer. – A Olaf se sentou na cadeira que lhe pertencia, desde que instalaram o governo. – Existem muitos outros que não temos conhecimento e não poderá contar com ninguém, até sabermos quem são. Me ajudará a desmantelar esse esquema terrorista dentro de nosso governo?>
— É lógico, Helga! Mas você tem certeza disso que está me falando?>
— Veja, por você mesmo, tudo que apuramos nestes dias. >
A Olaf colocou todos os arquivos que compilaram desde o início em perspectiva num holograma multidimensional, onde ao longo de meia hora foi exibindo e explicando cada uma das evidências. Ao fim de tudo, Javer estava estarrecido e mais irado por ser tão ingênuo e estúpido ao longo dos anos. A revolta era latente e não fez questão de se proteger de um possível escrutínio da Olaf.>
Melhor assim, pensou. Dessa forma, a estadista veria o que lhe vinha na alma.>
— Creia-me, Olaf, – chamou-lhe pelo nome do cargo, pois queria demonstrar o maior respeito que pudesse – não fazia a menor ideia de que isso ocorria entre os nossos. – Olhou para Elisa. – Peço que não me compare a eles.>
— Não o comparo, ministro.>
Elisa respondeu, vendo a agonia no olhar de Javer. Não precisava ser alomar para ver a decepção do ministro. Helga cortou o momento. Etos e decepções poderiam ficar para depois. Teriam que agir. >
— Diante de tudo que mostrei, peço para que seja meus olhos e ouvidos aqui dentro. Não fale com ninguém sobre minha visita e coloque alguém que saiba que pode minimamente confiar ou comandar no lugar de Knut. Ele não retornará. Está na carceragem da nave e você poderá elaborar uma desculpa para tirá-lo do cargo. >
— Posso tirá-lo do cargo por inação. – Javer foi incisivo. – Quando conversei com ele ontem, era para fazer exatamente isso. Eu não tive coragem, pelo tempo que nos conhecemos. Optei por uma via alternativa que, agora, vejo que foi um erro. Tenho uma pessoa em minha mente para ocupar o cargo e, se me permite, talvez conheça, Helga, e poderia avalizar se estou sendo tendencioso demais, por gostar dela, e pouco objetivo.>
— Quem seria?>
— A Comandante Geral das Forças da Frota, Illa Vertana.>
— Ela não é alomar e talvez isso seja interessante nesse momento, e é uma mulher inteligente e competente. Kara confia nela e a chamou para ser a Secretária de Defesa, mas a comandante não aceitou, dizendo que não era seu perfil. Por que acha que ela aceitaria ser uma simples coordenadora no Ministério de Segurança?>
— Porque ela foi destituída de seu cargo, assim que o Secretário Vander assumiu interinamente o Ministério de Defesa no lugar de Kara. Ele colocou um capitão amigo dele chamado Murchada.>
— Alguém de patente menor que Vertana? Eu nem conheço esse nome e olha que eu conheço a maioria dos oficiais.>
— Creio que estamos começando a ver quem está dentro dessa conspiração…>
A fala de Elisa expressava o que a Olaf e o Ministro pensavam. Ela havia ficado em silêncio até aquele momento e resolveu fazer algumas anotações para se orientar. >
— Acho que devemos colocar esses dois na lista de pessoas para observarmos. – Elisa fez questão de falar quem colocou em suas anotações. – Já temos o Ministro de Relações Exteriores Kevin, o Ministro Interino de Defesa Vander, o Comandante Geral das Forças da Frota Murchada… ah, e o seu Secretário de Segurança Alberest Desmond.>
— Não vou perguntar por que desconfia dele, Elisa. Eu mesmo comecei a desconfiar, depois que vi isso tudo aqui. Na última semana, ele tem sido negligente, evasivo em determinadas questões que ordeno e ele não executa, principalmente em relação aos agentes que estão ligados ao caso de Saga. >
— Bom, terei que ir agora. Eu entrarei em contato quando conseguir saber, pelo menos, algumas das pessoas que estão envolvidas, além dessas que Elisa citou. Temos que pegar, se não todos, a maioria dos conspiradores e principalmente os cabeças.>
— E quanto a Saga, Helga? Irá deixá-la livre durante este tempo?>
— Decrux está fazendo vigilância constante ao local em que ela está escondida, Javer. Você mesmo viu o que Kevin planeja para ela. Passou a ser descartável, para o Ministro. A verdade é que teremos outra missão que será protegê-la, mesmo à distância. Com Saga morta, é provável que eu e Kara tenhamos que retornar, pois não poderemos mais invocar a Lei de Proteção à Autoridades Federais.>
— Mesmo esta lei tem seus limites, Helga. – Javer a lembrou. – Sabe que, após vinte dias sem contato, o Parlamento poderá requerer uma busca por você e estabelecerá um Conselho de Governo para que o planeta não fique sem orientações de um Olaf. Isso sem contar que poderá juramentar um novo Ministro de Defesa no lugar de Kara. >
— Eu sei, mas ainda faltam alguns dias e podemos renovar, se acaso eu enviar uma mensagem para algum parlamentar e ele apresentar em plenário. Resolverei isso, mas a mensagem que enviarei, deverá ter outra linha de codificação não rastreável, diferente da que fazemos com vocês. Não quero que usem isso para identificar nossa transmissão.>
— E que parlamentar pretende mandar essa mensagem? Não sabemos quem está conosco e quem está contra, Olaf.>
— Ainda não sei, Elisa, mas certamente avaliarei entre os que são freynianos típicos. É pouco provável que algum deles esteja dentro dessa trama louca. >
Acertaram os últimos detalhes e escutaram quando a Olaf comunicou a Kara que já poderia transportá-la. Embora Helga tenha explicado que conseguiram desenvolver o projeto da T.I.M., ainda os etava. Ela começou a sumir diante dos dois, até desaparecer por completo. Ambos ficaram em silêncio durante algum tempo. Javer levantou-se da poltrona, andando a esmo pela sala. >
O Ministro estava nervoso. Mal acreditava que foi um joguete durante tanto tempo na mão daqueles que considerava amigos. Além de decepcionado, a raiva borbulhava como uma caldeira de óleo fervente. >
— Eu sou um idiota completo! Como pude ser tão cego?>
Elisa levantou-se e aproximou-se dele, colocando sua mão no ombro do ministro.>
— Não pense assim, Ministro. É um homem bom e nobre. Isso não é um defeito.>
— Mas fui ingênuo e isso é um defeito para um Ministro. >
— A Olaf também nunca percebeu a trama e supostamente ela deveria ser mais atenta, por isso é uma Olaf. O fato é que, com tudo que ocorreu na guerra e antes dela até, julgávamos nossa sociedade perfeita. Não foi ingenuidade sua ou da Olaf, foi o sentido que todos tinham de um lugar seguro e de um planeta bem sucedido.>
Ele passou a mão pelo rosto alvo. Seu cabelo, mesmo que loiro prateado, já dava sinais da meia idade, com fios completamente brancos entremeados e Elisa reparou na beleza aparente a olhos vistos.>
— Tudo bem. Não deixaremos esses cretinos nos enganarem outra vez. – Javer falou seguro. – Elisa, pedirei um grande favor a você. >
— Pode falar…>
— Não posso entrar em contato com Vertana, diretamente. Podem desconfiar. Olhos e ouvidos podem estar em toda a parte. Ela costuma ir à cafeteria do prédio lanchar no meio da tarde. Sei disso, porque é um horário em que eu vou até lá para relaxar do dia.>
— O espaço-porto tem um restaurante-cafeteria. Por que ela vem aqui?>
— Não sei. O espaço-porto é próximo e talvez não se sinta bem lá. Imagine alguém que foi destituída sem mais, e não entende o porquê? Talvez eu fizesse o mesmo…>
— Tudo bem, Ministro. Quer que eu marque para ela lhe encontrar fora daqui?>
— Não mesmo. Quero encontrá-la ainda hoje e que as coisas sejam claras. Se ela aceitar, pretendo empossá-la o mais rápido que puder. Diga-lhe que estou convocando para ir à minha sala imediatamente e que peço para que seja discreta. >
— Mas não será discreto se ela for à sua sala.>
— O que não quero é entrar em contato por nossas redes, para que me ouçam chamá-la à minha sala, mas quero que vejam que ela foi até lá.>
— Para que o vejam atuando como sempre fez, mas não saberão antecipadamente dos seus atos.>
— Exato.>
Os dois sorriram.>
♠
Helga chegou e se sentia aliviada. A conversa tinha sido boa e agora contavam com mais uma pessoa a lhes auxiliar dentro do governo.>
— Ugor nos contatou?>
— Ainda não, Helga. – Kara lhe respondeu. – Pelo visto, Decrux estava certa. Colocar a nave abaixo dessa camada de marcita, nessa depressão das montanhas de Veiga, nos deixou completamente fora de qualquer sondagem.>
— Ela foi imprudente. A marcita é um minério isolante, pode abalar nossas comunicações também. Não só as dos ugorianos. >
— Acho que você esquece que sua esposa é uma IA, Helga. Além de saber todas as ligações e compósitos do mineral, trabalhou com Caeté para que isso não limitasse nossa transmissão. Ela nos tirará daqui na hora certa, para entrar na sondagem de Ugor, quando for necessário. Eles acharão que saímos de dobra ponto-a-ponto e nós é que entraremos em contato com eles.>
Helga sorriu. >
— Ela conhece mais desse planeta que qualquer um…>
— Ela é uma ugoriana. Lembre-se que Rodan a fez a imagem da filha dele. – Kara sorriu. – Ela conhece este planeta até o núcleo. Rodan garantiu isso.>
Ambas caminhavam lado a lado, em direção à ponte. Pegaram o elevador. >
— Onde estão todos, Kara?>
— Caeté, Decrux e Oton estão na ponte, nos esperando. Discutem a abordagem que devemos fazer em relação a Ugor para a troca de tecnologia. Brid está na carceragem. Foi falar com Knut. >
— Ih! Não queria estar na pele dele.>
Kara riu um certo ar com ar de perversidade.>
— Ela não é esse demônio todo, Helga. Que maldade!>
— Já esqueceu o que ela fez com o tal de… Como era mesmo o nome dele? Aquele negociador na época em que estávamos lutando contra a república. Ah, deixe para lá. Águas passadas. – Helga passou a mão pelos cabelos prateados. – Não acho que ela seja um demônio. Meu problema é começar a gostar da forma dela lidar com esses crápulas. Quando estamos em guerra, há uma linha tênue entre o que queremos e o que é o correto a se fazer. >
— Ei! Ela sabe disso, Helga!>
– E nós também, até nossa ira sobrepujar a razão. Não sabe a raiva que estou de Knut, mas meu desejo era que Kevin estivesse naquela cela, Kara, e sabe por quê?>
A engenheira-médica balançou a cabeça em negativa, mesmo intuindo qual seria a resposta da amiga.>
— Kevin foi meu pupilo e eu tinha muito carinho por ele. Foi amigo de meu finado marido, desde a época da universidade. Ele me traiu de inúmeras formas, Kara. Hoje sei que ele quis estar sempre próximo para ganhar poder e influência e não pelo bem de Freya ou pela amizade que conquistou de mim.>
— Você nunca percebeu nada, Helga? Está certo que, com alomares nossa percepção é diferente e na maioria das vezes, temos que aguçar nossos sentidos empáticos, mas…>
— Pode me chamar de otária, Kara, mas sempre levei a sério nossas normas éticas. Uma delas é nunca perscrutar um aliado sem a sua ciência, e você sabe disso. É algo que um alomar aprende desde criança para não causar constrangimentos. Lembro-me que quando tinha onze anos, discuti com uma amiga da escola e a perscrutei, a fim de zombar dela. Além de sofrer repreensão na escola e em casa, perdi uma amiga que me era muito querida.>
Kara nunca tinha pensado sobre aquele aspecto da alomorfia e de seus sentidos empáticos. Conhecia as condutas éticas de um alomar, era verdade. Não eram leis, mas sim normas sociais. Compreendeu que após tudo estar resolvido, se elas retornassem ao governo, teria que ter um suporte para reaprender a convivência social com a sua nova condição.>
— Enfim, o que quero dizer, Kara, é que se não me apegar a condutas de boas práticas com muita força de vontade, eu provavelmente seria muito pior que Brid, com nossos prisioneiros. Ela, pelo menos, tem uma formação de combatente. Provavelmente sabe os limites, embora eles sejam mais extensos do que os limites das leis de guerra freynianas.>
— Então, está dizendo que por conta de nossas leis desaprova a conduta dela, mas que por você, arrancaria até as unhas de Knut só para vê-lo sofrer?>
As duas riram cúmplices, se abraçando enquanto andavam. >
— Ah, vai! Você também está mostrando satisfação, imaginando Brid arrancar as unhas de Knut.>
— Seria sadismo se dissesse que sim?>
Gargalharam. >
— Bom, pelo menos não é Kevin. Eu imaginaria Brid arrancando os olhos dele com os dedos, somente para meu deleite.>
Kara parou momentaneamente, com o semblante falsamente escandalizado, voltando a caminhar, arrancando novos risos de ambas.>
♠
Bridget havia entrado na carceragem, há mais de quinze minutos, e tinha colocado uma cadeira em frente à cela, esperando a hora que o coordenador acordasse. Imaginava inúmeras maneiras de assustá-lo. Deixou que as lembranças do que acontecera com Kara, sendo abusada por Saga, e todas as outras coisas que ocorreram a partir dali, viessem à mente unicamente para atiçar seu ódio.>
O coordenador se mexeu, colocando uma das mãos na testa. Parecia estar acordando e a comandante se ajeitou na cadeira, lançando um olhar em chamas na direção do prisioneiro. >
Notas finais:>>
Oi, Pessoal!>>
Quero agradecer à leitoras que puderam ajudar com a doação. Infelizmente ainda estamos longe de conseguir o valor para a reconstrução do site. Continuamos a fazer a campanha de doações. Algumas leitoras entraram em contato para dizer que não conseguiam fazer pelo paypal, mas queriam contribuir. Estamos vendo uma forma de colocar um link de doações através de boleto bancário. As doações podem ser de qualquer quantia, sem valores mínimos.>>
Mais uma vez agradeço a tod@s, pois o Lesword para nós administradoras, é mais que um site de literatura lésbica, ele é casa de muitos personagens que ganharam vida através das letras de cada história que vive aqui.>>
Quero também avisar que a partir da semana que vem os capítulos passarão a ser postados as quintas-feiras.>>
Um beijão à tod@s! >>
Mais um SHOW de capítulo, estou louquinha pra vê esse ódio acumulado da Brid sendo descarregado 😈😈, vou assistir de camarote.
Bjs e Fé que tudo vai dar certo e o que é bom não pode morrer jamais.
Opa! Começando a responder o capítulo anterior. rsrs Vou aos pouquinhos e consigo colocar os comentários em dia!
Bom, o ódio da Bridget você já viu. Então, só tenho a agrecer por seus comentários, sempre estimulantes, Blackrose!
Oie, Carol!!
Ei, poderia colocar por mercado pago…pode transfserir ou por código QR no mesmo mercado pago.
Pôxa,acabou logo ali,queredo muito ver Brid em acao!!Nao quero detonar a galera..tá só um pouco! kkkk. Agora quero Brid detonando Knut!Essa raivinha n será boa qndo ele negar ou ser sarcástico…como será ela maldosa???!!A bicha c a imagem de Kara sendo abusada vai pegar fogo e pode se descontrolar!!Helga e Kara só rindo, sao pura maldade tb kkkkk.
Decidi agora…Brid vai com tudo!!!!!!!!!!!
Javier vai conseguir ser um bom aliado e essa tal que vai chamar pra tá c ele é confiável ainda ou tá na treta tb?!!
Isso tudo, nos próximos capítulos,n percam!!rs
O capítulo foi muito bom mesmo,apesar que achei q tivesse pulado algum…kkkk. Fiquei perdida no comeco dele e nem sei o pq.
N respondi antes, mas acho q vc estará na fase 3!!
Minha prima/tia gracas a Deus saiu da UTI do covid,foi pra UTI normal e agora no quarto em reabilitacao,ela estava NUM ESTADO muito grave,entubada por mais de 20 dias, muita fé, te digo!!Ela mora em Macaé!
Vc soube que Nessa e Die tb pegaram,né?! N consegui mais falar com elaS nem ter news,se souber de algo me avisa, tá?! Tenho pedido todos os dias..
Falando que eu n espere q algumas pessoas tenham os mesmo valores, tava retada semana passada por isso,uma amiga disse q tínhamos pontos de vista diferentes e eu dizendo que n era uma opiniao e sim respeito, valores,preocupacao c o outro….Disse q tava agorrando ela pq comentei que se ela pegasse ia aprender…. morrer n vai,mas bem,acho q vc entendeu o q quis dizer,n tava agorrando. É uma boa pessoa,bons valores por isso n entendo…eu sei que sou mt exigente,critica e moralista,n gosto quando n respeitam normas,fico possessa,tenho que ser mais flexível quanto a isso…
Esse covid é maligno mesmo! Espero que n afete todos da mesma forma senao estaremos mais froididos ainda..
Eu já to quase pirando…rsrs. Vem uma maldade pura em mim cada vez que passa um ser a menos de 2 metros de mim sem máscara ou em casa q passa na frente indo pra praia…minha esposa tá mais bitolada q eu..”mantenha-se a 10 metros de distância de mim..” Mas enfim,fazer o quê! Q chegue vacina pra todo mundo pra melhorar o panorama…melhorar o quadro geral…
Enquanto isso,vamos nos cuidar cada um como pode. Se cuida, Carolcita e sua esposa tb!!Beijaoooo
Ps:Espero que possa conseguir a verba pro site!!
Ufa! Fiquei aliviada vendo que Desmond não tentou nada contra Javer e Elisa.. pelo menos até agora. E que bom que Helga conseguiu explicar tudo a eles pessoalmente, graças a inteligência de Kara e companhia.
Knut está lascado. Bem feito! Brid vai arrebentar ele.
Beijo Carol
Tu di bom!
A ação aumentado e as peças sendo posicionadas
Show!!
Mama mia! Agora começa o desenrolar da vingança aos cretino traidores. Não vejo a hora de serem desmascarados pro planeta inteiro e a paz, depois de tantas coisas que passaram chegar. Huuummm, como será este bebê!? Só espero que este alomar fdp, assuma a forma de Brid para confundir todo mundo, ele tem que levar umas por… uns tapinhas. Me perdi esta semana e acabei só lendo hoje, de certa forma levarei menos tempo aguardando o próximo capítulo rsrs
Bjs
Oiê , Carol!
N pude te ler essa semana, desculpa, está difícil!!
Sim, queria colocar algo pra ajudar, me passa o mesmo com Cris, fico sem graça, mas obrigada por entender, te dou 3 mil x70 ajudas que chegarão logo!!:). A fé é tudo!
E sim, nossos valores são diferentes de muitos, tenho certeza que as q passam por aqui TB pensam o mesmo. Diferenças às vezes é um grande aprendizado de tolerânci, paciência e amor.Mas torna difícil com.o tempo pq nós incumbe,enfim! Mantemos na luta, pra frente e tamos quase Lá!!!
Me pergunto entre os que tem consciência e falta dela, ainda existe outro grupo ” Se tem passar, passará”.. N sei em qual grupo entra.
Talvez leia junta semana q bem
Aqui em casa tb estamos ajeitando coisas, tirando outras que eram de minha sogra, doando…
Vida segue como podemos, nos adaptamos a tudo que venha!!!!
Logo lerei Brid e as meninas!
Beijos pra vc e sua esposa!!!
hehe… eeee…
Quero mto ver isso… Bridget acumulando raiva até ficar
a ponto de explosão…
Gostei disso.