Freya: A Reconstrução>
Texto: Carolina Bivard>
Revisão: Naty Souza e Nefer>
Ilustrações: Táttah Nascimento>
Capítulo 25 – E As Loucuras Não Param>
Um zunido incômodo no ouvido trouxe a Tenente-Brigadeiro à tona. Abriu os olhos devagar. Sentia enjoo e a luz vermelha do painel do caça a incomodava atrozmente. Parecia estar à deriva no espaço, mas quando focou melhor, viu que a nave estava estabilizada. Gemeu, ajeitando-se no banco e sacudiu a cabeça para tentar dispersar aquele barulho do ouvido. >
— A senhora está bem? >
— O que aconteceu, Divena?>
— Tive que retirá-la para longe num salto ponto-a-ponto, pois seria destruída. >
— Como…? Eu não poderia saltar novamente em tão pouco tempo.>
— Sinto muito. Ou era isso ou a sua morte e estou programada para decisões extremas. Não se preocupe, foi calculado. Tive que reprogramar seu genoma para trazê-la de volta à vida. >
— O quê?! Nunca mais faça isso sem pedir permissão para mim, entendeu bem?>
— Sim, senhora. Mas devo advertir que seria insensato. Sua morte seria iminente. >
Edith grunhiu, resmungando. Sentia um cansaço imenso e dores por todo o corpo. >
— O que aconteceu com a nave freyniana de guerra?>
— Antes de reanimá-la, atingi os motores, incapacitando a nave completamente. Reboquei-a para a superfície da lua e a coloquei no escudo de contenção que a senhora havia planejado. >
— Hum! Gostei dessa parte que fez. O problema é que agora, tenho que esperar umas oito horas, vagando por esse espaço que não conheço, até poder retornar. >
— Poderei colocá-la em alguma área segura do planeta Terra, Senhora.>
— Eles não largaram o planeta por terem saturado o ar e destruído os recursos naturais? Pelo que soube, o planeta todo é insalubre para um humanoide respirar. Eu teria que ficar de traje para andar nele.>
— Isto seria verdade há algumas centenas de anos, senhora.>
♣
— Está preparada, Brid? Vou abrir agora.>
— Manda ver, Kara.>
A comandante se posicionou ao lado esquerdo da porta com a sua pistola em punho, enquanto sua noiva desobstruia o compartimento da trava da porta para tentar abrí-la. >
— Por Eiliv! Essa trava é mais fácil de abrir que as das portas dos alojamentos da nossa nave.>
— Não fala mal da nave. Decrux não é “facinha”, não.>
Bridget gracejou, fazendo Kara morder os lábios prendendo o sorriso.>
— Está pronta?>
Bridget inspirou fundo e acenou com a cabeça. A porta se abriu e ela entrou preparada para atirar. Foi inútil. Um humanoide grande e de couraça a segurou pela garganta, suspendendo-a no ar. Kara assustada, logo atrás dela, reagiu, atirando em outras duas criaturas que vinham ao seu encontro. Eles também estavam transmutados em perissodeus. >
A ministra se jogou para a direita, rolando sobre seu corpo, para escapar das mãos dos rivais. A carga elétrica das pistolas não penetrava na couraça e eles sentiam somente um pequeno impacto. Também tinham armas nas mãos e começaram a disparar. Ela correu em ziguezague para se esconder atrás de um console ao fundo da sala. Imediatamente trocou a carga de sua pistola para o modo de phaser e disparou dois tiros na direção dos brutamontes. Tinha que ganhar tempo. Ouviu o gemido de Bridget sendo estrangulada pelo primeiro homem. >
— Merda! – Bridget exortou engasgada. – Por que vocês sempre transmutam para essa “coisa”?>
Atirou na linha da cintura do homem, pois ainda tinha a pistola na mão, e ele somente se dobrou um pouco sobre o tronco, absorvendo o impacto. A comandante se debateu diante do aperto mais forte em seu pescoço. O agente sentiu uma dor aguda no abdômen e afrouxou a pegada, permitindo que Bridget se soltasse de suas garras. Olhou para baixo para ver que a comandante retirava a faca de campanha que havia cravado nele e estocava-o novamente. O sangue morno e pegajoso correu pelos dedos de Bridget e o agente andou para trás com as mãos sobre as perfurações. Ele perdia as forças e começava a retornar à sua forma natural. >
Ela pôde constatar o que já imaginava. Aquele era o agente Desmond. Não teve tempo para pensar muito sobre o que acontecia. Os dois outros agentes já se aproximavam para pegá-la. Bridget tentou retirar o fuzil das costas, mas eles estavam praticamente sobre ela. Um dos agentes caiu.>
Tudo ocorreu muito rápido e a comandante somente reagiu. Pulou para o lado, rolando no chão, para escapar do tiro que o agente-perissodeu desferiu contra ela e, quando conseguiu alcançar a sua pistola, que havia caído no ataque de Desmond, viu o agente que a atacava tombar.>
Kara estava com o seu fuzil em punho e do outro lado da sala, via o agente Barns de pé com uma pistola na mão. Ela relaxou. Barns havia matado o primeiro agente e Kara a livrara do segundo. Ela suspirou em alívio. >
— Fico feliz que esteja vivo, agente Barns. – Olhou para Kara. – E que você não tenha hesitado em matar o outro agente.>
— Acha mesmo que deixaria de atirar naquele traidor cretino, Brid? Não compare essa situação com a que ocorreu, há três anos, com o general da República. Pode deixar que, dessa vez, não terei nenhuma dor na consciência. >
— Isso é ótimo, pois ainda temos trabalho a fazer. – Virou-se para Barns. – Você está bem? >
— Não estou no meu melhor, mas também não estou arrasado como eles pensavam. Fingi, na maior parte do tempo, a minha debilidade para que se esquecessem de mim. Saga me dava pouca água e comida e quase não me deixava dormir. Fiquei preso nessas algemas, aqui no canto, e dormia no chão. Passaram a me levar para fazer minhas necessidades, depois que eu não aguentei mais e fiz aqui mesmo. Como era o centro de controle deles, permitiram que eu tomasse banho e me deram essas roupas.>
Ele mostrou as roupas em que estava vestido. Via-se o abatimento e a palidez de seu rosto, além da blusa e calça surradas e sujas. Quando Bridget retornou a sua atenção para Kara, ela já havia largado o fuzil sobre o console e tentava salvar as informações arquivadas nele. Tudo seria importante para que conseguissem descobrir, processar e condenar todos os envolvidos. >
Bridget colocou a mão no bolso e viu que, felizmente, ainda tinha os transmissores. Entregou um deles ao agente Barns.>
— Pegue isto. É um decodificador de seu DNA e Decrux precisará para removê-lo daqui. >
O agente o pegou olhando para o objeto oval em sua mão. >
— Vocês desenvolveram a T.I.M.?>
— Acho que a ciência de Freya nunca avançou tanto em tão pouco tempo, agente. >
Kara respondeu, enquanto copiava os dados do terminal para o seu dispositivo de arquivos e ele se aproximou para se amparar no equipamento. Estava fraco.>
— Quando chegar na nave, quero beber uns dez litros de água. – Comentou.>
— Decrux. – Bridget acionou o seu comunicador. – Transporte Barns para a enfermaria. Ele precisa de atendimento médico.>
— Transportando, comandante!>
Barns sumiu aos poucos.>
A comandante sentiu uma dor aguda nas costas, gemeu e caiu de joelhos. A ministra tentou pegar o fuzil sobre o console, entretanto foi alertada pelo agressor.>
— Parada aí, Kara! Nem tente transportá-las para a nave, porque a flecha que alvejei em sua queridinha está empapada de veneno e ela morrerá muito em breve, se eu não der o antídoto. >
Rurik tinha uma “besta” na mão, engatilhada na direção de Kara. Ela levantou as mãos, agoniada por ver que Bridget tinha desacordado. Via a flecha fincada na parte detrás do ombro dela e o sangue escorrendo. Se apavorou. >
— Calma, Rurik! Podemos fazer uma troca. Eu vou com você se deixá-la ir para a nave.>
— Você não tem o que negociar, Kara. Vocês duas vem comigo. Ela não sobreviverá mais que duas horas, se eu não aplicar o soro para o veneno. >
Kara sentiu seu corpo formigar e, quando se deu conta, estava no hangar da nave.>
— O que você fez, Decrux? Ele envenenou Brid! Vai matá-la!>
— Você não está pensando direito, Kara. Se eu a deixasse lá, vocês duas morreriam. Agora temos uma chance de salvar Brid. Ele não deixará que ela morra, pois quer você.>
— Você não sabe disso! Me devolva para lá.>
Ela correu para pegar o plate de controle da T.I.M. das mãos da IA e Helga a interceptou, segurando-a pelos ombros. Helga e os demais viam que Kara estava histérica. As lágrimas escorriam pelo rosto e a face alva estava mais branca que o de costume. >
— Vem comigo, Kara. Decrux está monitorando Brid e podemos fazer o mesmo da ponte. Decrux está certa. Se vocês duas fossem com ele, não as resgataríamos com vida.>
— E se ele a deixar morrer, o que vamos fazer?>
Decrux se aproximou de Kara e mostrou o plate.>
— Ela está viva, Kara, e sabe que eu amo Brid, tanto quanto você. Se Rodan foi um pai para mim por me criar, Brid foi praticamente minha mãe. No início de meu desenvolvimento, o único contato que eu tinha era com ela. Ela me ensinou como evoluir a minha humanidade. Eu não a deixaria se não tivesse calculado que a maior chance dela viver seria ficando com ele. Agora vamos para a ponte que temos que nos camuflar e seguir a nave dele.>
— A nave dele?>
— Detectei uma nave partindo do complexo. Certamente ele não acha mais seguro permanecer lá, tanto por nós, quanto pelos seus amigos traidores do governo.>
— Ele não tem nenhuma ligação com essa ideologia dos freynianos alomares. Somente quer a mim. – Kara especulou, tentando se acalmar. – Então, vamos dar a ele o que quer.>
— O que está pensando em fazer, Kara? >
— Estou pensando que quem quer Rurik nas mãos agora sou eu.>
Kara assumiu uma expressão dura e sombria, passando por todos os amigos para sair do hangar e tomar o lugar de Bridget na ponte. >
♣
Rurik estava desconsolado e raivoso. Deixara Kara escapar mais uma vez, todavia tinha certeza de que ela entraria em contato para negociar uma troca. Tinha ganas de matar a comandante. Bridget representava, naquele momento, o desprezo da ministra por ele, entretanto ainda não podia acabar com a vida dela. >
Prendeu-a num pequeno alojamento, retirou a seta envenenada sem muito cuidado, fazendo-a gemer mesmo estando febril e delirante. Cauterizou a ferida, também sem qualquer zelo. A comandante sangrara muito até chegarem à nave. Certamente havia rompido alguma artéria e ele precisava estancar o sangue para mantê-la viva. Por último, aplicou o antídoto. Ela demoraria um pouco para acordar, pois a substância que ele havia usado se espalhou rapidamente pelo corpo. >
Saiu do alojamento e foi para a cabine de comando. Tinha que sair o mais rápido possível dali e garantir a sua própria segurança. Não podia ficar no antigo esconderijo também, pois a tripulação da nave Decrux conhecia a localização dele.>
— Tenho que, pelo menos, passar lá para pegar algumas armas e explosivos. >
Alçou voo.>
♣
Helga foi até a carceragem. Precisava ver se Saga havia mudado de ideia e aceitado a sua proposta. Quando entrou, escutou Knut berrar dentro da solitária que Decrux tinha feito para ele. Parecia um louco.>
Caminhou tranquilamente até a cela de Saga e a viu deitada sobre a cama de olhos fechados. >
— Como conseguiram um medicamento que bloqueasse a transmutação por tanto tempo?>
Saga perguntou sem abrir os olhos. Era como se percebesse a entrada da Olaf. >
— Temos bons cientistas na nave que, por sinal, não são alomares. >
Saga voltou seu rosto para a cortina magnética da cela, fitando Helga intensamente. >
— Quer saber a minha resposta a sua proposta? >
— Sim, e não.>
Saga enrugou o cenho e Helga suspirou, sentando-se na cadeira que havia colocado ali, na visita anterior. Ela conhecia Saga o suficiente para saber que ela tentaria não demonstrar seus sentimentos ou interesse, entretanto, os novos tempos trouxeram esses medicamentos e não adiantava muito. A Olaf conseguia ler os sentimentos da prisioneira como se fossem os seus. >
Helga não fustigaria alguma revolta para que Saga se contrariasse e se fechasse para o acordo.>
— Você sabe que conseguimos tudo que é necessário para pegar todos.>
— Invadiram o complexo? Me diga que mataram Desmond. Ele era um arrogante e pé no saco. – Saga sorriu.>
— É, ele morreu, mas não era exatamente isso que queríamos. Você viu o vídeo?>
— Não era exatamente isso que queriam? – Saga se sentou na cama. – Por Eiliv! Isso que me irrita em vocês! Ele era um traiçoeiro, escroto e pouco se importava com a sua vida, estimada Olaf. Queria mais que você morresse para colocarem Kevin no poder com uma criança alomar primordial e manipulá-la.>
— Não, Saga. Você é que não entende. Talvez você não seja a perversa que acredita ser nessa história toda, e sim, nós é que somos. Você mata alguém e tudo acaba ali. Já nós, colocamos esse indivíduo exposto para toda a sociedade, julgamos, destruímos a sua credibilidade, reputação e o destituímos de tudo que é prestigioso. O anulamos como cidadão perante a todos para depois matá-los, humilhados. Quem é mais cruel? Nós ou você?>
— Bom ponto. Mas a verdade é que você sofre com isso, e eu não. Para mim, eles merecem.>
— E você? Acha que não merece?>
— Pelas vidas que tirei sim, mas não por meus ideais, Olaf. >
— Entendo e realmente vejo uma diferença entre você e eles, Saga. Somente não concordo com a forma com que pleiteou isso. Na antiga Freya, assim como agora, tínhamos uma forma de você reivindicar às suas aspirações sem as mortes e toda essa luta que empregou para isso.>
— Sim. Apesar de termos um Olaf, as decisões são do plenário. Você é só uma administradora de decisões conjuntas e agora vejo isso. De qualquer forma, sabia que nunca conseguiria ganhar essa disputa, pois nunca teria a maioria, mesmo se eu conseguisse apoio e me candidatasse em eleições.>
— Como sabe disso?>
— A população hoje, em sua maioria, são freynianos típicos. Simples assim. Ninguém quer a volta dos clãs e eu queria.>
— Mesmo assim, os congressistas Teldar, Vidar, Treinush e Beyor foram eleitos. Isso não é desculpa. Alguns de nossa sociedade concordam com você e esse é o ponto em que somos divergentes. Você poderia ter atuado de forma legal para conseguir o que quer, mas preferiu apelar para o terrorismo e o extremismo. Ou esse pensamento era, na verdade, o de seu pai? >
Helga olhou para a arma de família, alguns segundos antes de fitar a prisioneira novamente.>
— Eu estou cansada, Olaf. Apesar de, pela primeira vez, estar gostando de uma conversa com você, não vou discutir questões familiares.>
Helga sentiu um apreço sincero da parte da prisioneira e sentiu-se alegre internamente. Estava conseguindo quebrá-la. >
— É justo. Quem sabe tenhamos futuramente oportunidade de discutir mais coisas. >
— Pelo cosmo! Percebo em seus gestos um interesse genuíno pelas minhas opiniões, Olaf?>
Saga gracejou, sem uma entonação de desprezo.>
— Quando nos enfrentamos pela primeira vez, nós duas éramos muito jovens. Você também mudou e não pode contestar isso. Você não me respondeu se viu o vídeo?>
— Porque foi uma pergunta retórica sua, e essa é mais uma coisa que me irrita em vocês. Odeio quando dão voltas numa conversa. Você sabe que vi. Como não veria? A cela inteira ficou tomada com uma projeção holográfica do vídeo.>
— Assumo a culpa. Fui eu que quis colocar o vídeo desta maneira e você sabe o motivo.>
— Salvaram tudo que tinha no console do complexo?>
— Sim. Na verdade, agora mesmo Oton está lá para pegar todas as informações.>
— Ué? A ministra Kara e a comandante não pegaram? >
— Isso é outra história. Rurik fugiu, extraímos a ministra… Agora Oton está lá, pegando tudo.>
— Então, Rurik escapou, hum? – Saga sorriu. – Bom menino…>
— Ele é um freyniano típico, mas você gosta verdadeiramente dele. >
A Olaf a confrontou. Havia dualidade nos sentimentos da rebelde e a prisioneira esmoreceu. Nutria um sentimento de decepção e conforto, ao mesmo tempo.>
— Ele foi o único que esteve verdadeiramente ao meu lado, você sabe. Quando tudo deu errado em Freya, seus “amigos políticos” nos abandonaram à própria sorte. Ele sempre esteve lá, embora por motivos errados. Vingança nunca é um bom motor para nossas ações. Ele não se alinhava com meus ideais, mas gostava de mim. Me protegeu no Espaço Delimitado. >
— E você não foi movida por vingança? – Helga enrugou o cenho, incrédula. – E sua mãe? Não tem nada a ver com isso?>
— Por que quer estragar nossa conversa, Olaf? Estávamos indo tão bem…>
Helga espalmou as mãos em sinal de rendição.>
— Está bem. Voltemos ao prático. O que diz de minha proposta?>
— Você não precisa mais da minha contribuição. Assim que Oton retornar, já terá tudo para pegar todos. Poderá me expor, me julgar e humilhar publicamente e depois apreciar a minha morte.>
— Pode não acreditar, mas não me interesso pela sua morte. >
— Prefere me prender até que eu morra naturalmente? – Saga gargalhou. – Você tem razão. É muito mais cruel que eu. >
— Eu que digo agora: você não entendeu nada do que sou. Não me interesso pelo seu sofrimento. Você é muito diferente deles, Saga. >
— Mais uma coisa que me irrita em você! – Saga bufou. – Eu matei muita gente. Não seja condescendente. >
— Eles mataram muito mais, quando tramaram no antigo planeta. Eles tinham poder, e você não. Perdemos bilhões de freynianos. Pense sobre a proposta, Saga. Não seja precipitada.>
Helga se levantou para sair. >
— Eu aceito, só porque você está sendo direta e sincera… Bom, porque os quero mortos também. – Saga sorriu jocosa para logo depois tomar uma atitude mais firme. – Nunca foi a minha vontade que o nosso planeta fosse destruído. Sofri com isso e saiba que não estou mentindo. >
— E eu acredito, Saga. Eu acredito… >
— Julga que tenha sido mais um erro meu, não é, Olaf? Me aliar com eles, quando poderia ter essa conversa com você antes.>
— Você continua sem me entender. Não penso no que poderia ter sido. Só estamos tendo esta conversa por tudo que passei e tudo que você passou também. Em outros tempos, ela nunca teria ocorrido. Ah, mais uma coisa: prepare-se porque tenho certeza de que a comandante não deixará barato >
♣
A IA Divena orientou a Tenente-Brigadeiro a pousar em um continente do hemisfério sul no planeta Terra, pois o clima era mais agradável naquela época. Ela pousara no nordeste do continente em uma praia, onde existia o entroncamento de um rio. Poderia se banhar e recuperar as energias, antes de fazer novamente o salto. >
Divena orientou Edith a levar sua arma, pois detectara algumas formas de vida animal. Umas pequenas e outras tão grandes quanto um “Jadar”, uma espécie de felino selvagem de Ugor que chegava a um metro de altura. Assim ela fez. >
Quando suas botas tocaram a areia da praia, elevou a sua visão para vislumbrar todo o horizonte à sua volta. O mar cristalino e calmo lambia a areia com as ondas tão suaves que convidava para o seu regaço. Seguindo o olhar mais adiante e para a direita, viu o rio que desembocava na praia. Atrás, uma vegetação rasteira que encorpava à medida que se afastava da praia, entremeava árvores de tronco longo e folhas grandes, onde frutos grandes, verdes e redondos prendiam-se na copa. >
Ela nunca havia visto um planeta com uma beleza natural maior que aquele. Estava impressionada. >
Caminhou até o rio, atenta aos possíveis animais que poderiam abordá-la por estar invadindo seu santuário. Sondava através de sua pulseira interativa, para não ser pega desprevenida. Chegou ao rio de águas transparentes e verificou pela sua pulseira-interativa a pureza da água e possíveis animais aquáticos perniciosos. Queria usufruir de um banho merecido em segurança. >
A água era tão limpa que poderia bebê-la se o quisesse, e não havia perigo quanto aos animais. Retirou seu macacão de voo, permanecendo com as roupas íntimas e se jogou na água.>
— Pelo cosmo! Isso aqui é um paraíso! O planeta se refez em poucos séculos. Como puderam estragá-lo a ponto de terem que o abandonar?>
Acomodara-se sentada no solo, pois o rio era raso e deixou que a corrente passasse por ela, apreciando o frescor. Sentia-se diferente. Talvez por saber que a vida se esvaíra de seu corpo horas antes e que fora reanimada por uma IA que tomara decisões por ela. Tentava relaxar a musculatura rígida com os olhos fechados, quando sua pulseira começou a apitar. >
Tornou a ficar alerta, observando o perímetro, e lentamente elevou o punho para ver o que seu rastreador indicava. Eram animais que pareciam estar sobre ela e devagar olhou para o alto, para verificar com o que lidaria a partir dali. Expirou o ar que havia prendido nos pulmões. >
Era uma família de pequenos primatas, alojados em galhos de uma árvore, que se projetavam sobre as margens do rio. Alguns dos pequenos animais pegavam as frutas e comiam com prazer. Ela teria que permanecer naquele lugar muitas horas até poder retornar. Resolveu que exploraria um pouco a região, descansaria e talvez comesse alguns desses frutos. Embora o sabor das rações de campanha não fosse ruim, não convidava a uma alimentação prazerosa. >
♣
Kevin procurou Murchada no gabinete da Frota de Freya. Estava agitado. Não olhou para o oficial que fazia a recepção, entrando diretamente na sala. O suboficial se levantou de seu posto, seguindo os passos do ministro. Assim que Kevin entrou no gabinete, o suboficial começou a se desculpar com o Comandante.>
— Desculpe-me, senhor, mas…>
— Saia daqui, seu idiota!>
Murchada dispensou o suboficial, irritado. Odiava ter que lidar com freynianos típicos, entretanto, não colocaria um alomar numa posição tão desprezível quanto a de um secretário qualquer.>
Kevin deixou que o homem saísse para começar a falar de suas preocupações. >
— Não deveria tratá-los dessa forma, pelo menos, por enquanto.>
— Durante muito tempo tive que tratá-los como se fossem iguais. Tive que engolir meu asco, então não me venha com essa conversa mole. O que está acontecendo, Kevin? Knut fazia nossa interlocução e agora tem uma miserável típica no lugar dele. Já não bastou o tempo que estava sob as ordens dela?>
— Pois é exatamente disso que venho tratar. Não poderia usar nossas comunicações. Há algo acontecendo, Murchada, que saiu de nosso controle.>
— Você tem influência no plenário, Kevin. Não pode mudar isso? Javer é medíocre e ninguém nunca o escutou. Por que agora?>
— Porque o pressionaram para resultados. Confiar naquela renegada foi um erro. Ela falhou na antiga Freya e falhou agora. Devíamos tê-la descartado antes. Mandei Desmond dar um jeito nela. >
— E como faremos com a Ministra Lucrétia?>
— Não precisamos mais dessa maluca, Murchada. Ela já fez o que queríamos. Deixe a frota dos nossos de sobreaviso. Como disse antes, não estou gostando do que está acontecendo. O plenário aprovou um novo período da Lei de Proteção. Vander não poderá assumir, em definitivo, o Ministério da Defesa. Ele ainda está como interino. >
— Ele já sabe disso?>
— Sim, sabe. Conversei com ele mais cedo e ele concorda comigo em deixar a nossa gente de sobreaviso. Por isso vim aqui falar pessoalmente com você. >
— Por que quiseram renovar o período?>
— Isso é o que não consegui definir com nossos aliados. Eles também não sabem. O congressista Venir apresentou o pedido e foi votado emergencialmente, pois, amanhã cairia o decreto. >
— Não tem notícias de Knut?>
— Não. Isso é o que está me intrigando, Murchada. Há algo acontecendo e não sabemos o que é. Nenhum de nossos agentes conseguiu descobrir até agora, e Desmond está isolado no esconderijo de Saga. Assim que ele conseguir eliminá-la, entrará em contato. >
Murchada abanou a cabeça em negativa. Previa algo ruim em curso. Levantou-se passando a mão pela barba bem aparada. >
— Acione todos os nossos aliados, Kevin.>
— Não acho necessário.>
— Não passaremos, outra vez, pelo que passamos no antigo planeta por nossa cautela extremada! É hora de agir. Sabe que tenho razão!>
Nota: Espero que estejam tod@s bem. O próximo capítulo tentarei não atrasar e colocá-lo na quinta-feira.>>
Um beijão e cuidem-se!>>
A descrição do planeta recuperado, fez-me lembrar da música Aos nossos filhos, do Ivan Lins.
Ansiosa para ver o resgate de Bridget e tudo no ventilador pra derrubar estes racistas facistas radicais rsrs.
Bjs
Oi Ione!
“Quando brotarem as flores
Quando crescerem as matas
Quando colherem os frutos
Digam o gosto pra mim
Digam o gosto pra mim”
Pois é. Espero que não cheguemos a esses termos. A frase “Salvem o Planeta” parece ter encontrado um lugar comum.
A bagaça e a guerra já está na porta de Freya. Hoje tem brigaaa! rsrsr
Valeu, Ione! Brigadão pelo carinho de sempre!
Um beijão e Boa Páscoa!
Carol,
quero mto ver Kara pegar o Rurik, como uma x pedi… implorei e fui atendida por uma autora amiga q estava escrevendo uma trilogia: QUERO Q ELE SOFRA MTO… nada de morte rápida.
Qto a parte do cap. onde estão relacionados Murchada, Kevin e outros o tico e teco não elaborou a ideia, fiquei flutuando na imensidão da ignorância.
Espero q os cap. vindouros tragam luz ao meu entendimento.
Mto bom…
Bjs,
Oi, Nádia!
Pode deixar que ele vai ter o que merece e é hoje!!!
Não, não foi ignorância sua, não. Na verdade, reli o capítulo e essa parte ficou um pouco confusa. Assim que reformular eu reposto e aviso, ok?
Valeu, Nádia!
Um beijão pra você e Boa Páscoa!
Nossa!!!! Agora o negócio ficou sério. Vejo uma grande guerra a caminho. Brid vai conseguir inutilizar esse Rurik, tô apostando nisso.
Parabéns por mais um belo capítulo
Boa semana
Oi, Blackrose!
Está vendo certo! rsrs Vai ter guerraaaa! rs
Obrigadão, Blackrose e espero que esse capítulo de hoje fique a altura da expectativa. rs
Um beijão e Boa Páscoa!
Ooee, muito bom!!
Me fez sofrer com a comandante…mas Kara pode ser pior que Brid agora lkkk. Tá enfurecida..
N entendi qndo Kevin falou q n precisava mais de Lucrécia…ele conseguiu pegar o q QR dela?!
Vamos ver como resgataram Brid..
E os aliados esses…vais de uma guerra!!! As mulheres deveriam ter se preparado c armas c matassem alomarea qndo transmutavam, mas n seria engraçado..adagas sempre resolve…rs
Fique de boa com o tempo que posta…
Fique bem, Carol!Sua esposa e família TB. Cuidem-se!
Abraços celestiais!!
Oi, Lailicha!
Kara está desesperada e furiosa! rsrsr Ainda bem que ela tem o pessoal para ajudar. rsrs
Cara, vou reformular essa parte e repostarei. Ficou um pouco confuso. Na verdade ele se referia a Saga.
Cara, você ama porradaria. kkkkkk Vai ter hoje! he he he
Valeu, Lailicha!
Boa páscoa pra você e Mocita e fique na paz!